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Dor Crônica no Idoso ○ A dor é elemento de alerta que possibilita a detecção de estímulos físicos e químicos nocivos – desencadeia reações de defesa e induz ações de proteção das regiões acometidas. ○ Adoção de comportamentos para evitar situações que possam desencadear a dor ou causar lesões futuras, sendo possível a partir do momento que você já tem o conhecimento daquela experiência. ○ DEFINIÇÃO DE DOR: experiência sensorial e emocional desagradável que pode estar associada a uma injúria tecidual real ou potencial (Associação Internacional para o Estudo da Dor - IASP). ○ PROTEÇÃO: evita lesão ou dano tecidual na exposição aguda a agentes nocivos térmicos, mecânicos ou químicos. ○ DENTRO DO CONTEXTO CLÍNICO/MÉDICO: Importante problema de saúde, visto que muitos pacientes vão atrás do profissional por causa da dor; Atendimento médico, que deve ser sensibilizado para entender essa dor e como interfere; Uso de medicamentos, como automedicação; Implicações psicológicas, emocionais e sociais. ○ Existem formas diferentes de se perceber a dor e do nosso cérebro receber esse estimulo doloroso; DOR NOCICEPTIVA ○ É uma dor protetiva que é alerta a estímulos de alto limiar; ○ Esse estimulo ocorre a partir de um acontecimento muito doloroso, como quebrar um braço, encostar em algo muito quente ou frio; ○ É uma resposta autônoma da dor; DOR INFLAMATÓRIA ○ É uma dor espontânea com uma hipersensibilidade dolorosa, ou seja, devido à inflamação ela acaba fazendo com que a dor ocorra por um tempo maior (até o fim da inflamação); ○ É uma dor protetiva, que resguarda o tecido lesado a fim de evitar que algo pior aconteça; ○ Tem a ativação do sistema imune, logo, houve uma lesão tecidual e que está em um processo de cicatrização; DOR PATOLÓGICA ○ É subdividida, podendo ser uma dor neuropática ou uma dor disfuncional; DOR NEUROPÁTICA ○ Causada por uma lesão ou disfunção no SN, por anormalidades das vias nociceptivas, anormalidade nos estímulos no SNC e SNP, alodínia (hipersensibilidade a uma determinada situação – limiar de dor mais baixo), hiperalgesia (sintomatologia dolorosa exacerbada); ○ A alodínia, hiperalgesia e as demais anormalidade no SN são muito comuns no envelhecimento e em pacientes que realizam tratamento quimioterápico; DOR DISFUNCIONAL ○ É uma dor ocasionada por alguma alteração neuroquímica; ○ Ocorre em pessoas que possuem por exemplo alguma doença autoimune, e devido a isso ela não tem exatamente uma percepção dolorosa do que está sentindo por conta da disfunção sensorial que interfere na percepção e inibição de dor que faz com que a pessoa desenvolva uma patologia, porém só quando chega em um determinado momento ela consegue sentir essa dor e não consegue regredir os sintomas; Ex.: fibromialgia, síndrome do intestino irritável (SII) ○ Dor subjetiva – cada indivíduo a descreve forma personalizada, baseando-se em experiências. ○ Canais sensitivos – adaptados morfologicamente e distribuídos para capturar, transmitir e processar determinadas informações. Podem modificar-se e participar de funções para as quais não foram naturalmente constituídos; variam de acordo com cada indivíduo. ○ A informação sensorial atinge o SNC e a sensação da dor é percebida possibilitando a identificação do local ou região. ○ Antes da percepção, ocorre a transdução – processo no qual o impulso doloroso é percebido pelos nociceptores e transformado em potencial de ação, transmitido até a parte posterior da medula espinhal e modulado antes de chegar no SNC para geração da percepção, integrando os estímulos nocivos com áreas corticais e do sistema límbico. ○ A dor possui um componente sensorial que detecta a intensidade, localização, duração e qualidade do estímulo nocivo, mas também um componente emocional-cognitivo que permite a geração de uma emoção a partir da dor. ○ No caso de um paciente idoso devemos pensar que é um indivíduo que já passou por diversas emoções que vão interferir na reação com a dor visto que essa depende da emoção gerada em cada pessoa. ○ Os neurônios do SNP detectam e transmitem o estímulo doloroso (mecânico, químico ou térmico) através de neurotransmissores. ○ A fibra nervosa aferente pode conduzir tipos diferentes de dor, sendo: Fibras aferentes do tipo Aσ (delta) – de maior diâmetro e pouca mielina – responsáveis pela condução do estimulo da dor aguda e localizada Fibras aferentes do tipo C – não mielinizadas e menor diâmetro – conduzem o estímulo da dor pulsante, moderada e difusa para a medula espinal. ○ O estímulo doloroso quando súbito costuma ativar os dois tipos de fibras, causando, inicialmente, uma dor aguda imediata devido as fibras Aσ, seguida de uma dor difusa, devido a ativação das fibras C. No caso da dor crônica, as fibras do tipo C vão continuar sendo usadas, possuindo aquela característica de dor generalizada; ○ Ao chegar no corno posterior da medula espinhal, o estímulo segue para o tálamo e núcleos do tronco cerebral por meio dos tratos espinotalâmicos. ○ As ligações entre o tálamo e centros corticais procedem com o controle da percepção e da resposta afetiva à dor. ○ As fibras C e Aδ são responsáveis pela condução dos estímulos nocivos, porém, as fibras aferentes do tipo Aβ – mielinizadas de grande diâmetro – estão envolvidas na transmissão rápida de estímulos sensoriais inócuos e após sensibilização central, podem mediar a condução de estímulos nocivos em condições de dor crônica. Então vai haver um estimulo doloroso, sendo ativado todos os tipos de fibra, porém dependendo do tipo de estimulo que chegar no corno posterior da medula espinal, vai ser possível entender qual tipo de dor é (aguda/localizada, crônica ou pulsante moderada e difusa); A depender da situação a sensibilidade pode ser exacerbada, isso se devem aos peptídeos, que estão presentes no corno posterior da medula espinal, fazendo com que a pessoa perceba e sinta essa dor e sinta também o limiar (que é a característica da dor e de como vai ser sentida); - Exemplo: na imagem temos a substância P e o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, que são dois peptídeos extremamente importantes na sensibilização dolorosa; › O peptídeo relacionado ao gene da calcitonina é um peptídeo que atua como um vasodilatador peptídico que pode aumentar a transmissão da nocicepção; - É como se as pessoas possuíssem um limiar alto para dor, demorando mais para senti-las. › A substancia P vai atua como se fosse uma excessiva sensibilidade a dor, sentindo ela de forma mais rápida (comum na fibromialgia); - Nesse caso, as pessoas que possuem um menor limiar para dor têm uma grande liberação dessa substância P no corno posterior da coluna espinal. ○ Envelhecer e adoecer não são sinônimos, porém um dos problemas mais comuns na população idosa, são os quadros de dor crônica (classificada como dor patológica) – comumente descrita como uma dor que dura meses, anos, ou a vida toda. Isso mostra que a idade também é um fator que interfere em como vai ser sentida a dor, logo, o limiar de dor do idoso pode se encontrar mais baixo ou mais alto, a depender do estilo de vida daquela pessoa. Ex.: um idoso que realiza tratamento para o câncer sente a dor de maneira diferente quando comparado a um idoso saldável. ○ Doentes acima de 60 anos queixam-se duas vezes mais de dor que indivíduos mais jovens nas consultas médicas. ○ Definida como uma “experiência sensorial e emocional desagradável que surge de lesão tissular real ou potencial ou apresenta início súbito ou lento, de intensidade leve a intensa, constante ou recorrente, sem um término antecipado ou previsível e com duração de mais de seis meses”. ETIOLOGIA DA DOR CRÔNICA ○ Trauma; ○ Câncere seu tratamento; ○ Infecção; ○ Doenças inflamatórias; ○ Alterações biomecânicas; ○ Causas funcionais; ○ Causas idiopáticas. EFEITO DA IDADE NA PERCEPÇÃO DOLOROSA ○ Alterações no sistema nervoso, bem como em outros sistemas, modificam o processamento, a percepção e o tratamento da dor. ○ Alterações neurais e bioquímicas podem levar a alterações na anatomia e fisiologia do processamento nociceptivo. ○ Aumento no limiar de dor que depende do tipo de estímulo doloroso investigado. O que provoca uma perda da dor protetiva, se tornando um fator de risco para lesões mais graves devido a falta de proteção; ○ É por essa razão que quadros clínicos que ocasionam sensações dolorosas levam mais tempo para serem relatadas por pacientes idosos do que por paciente jovens. ○ Em situações que cursam com dores crônicas, como a fibromialgia, sintomas como cefaleia, ansiedade, estresse e piora no padrão de sono são menos comuns em idosos do que em jovens. ○ A falta de conhecimento das situações clínicas que cursam com as dores mais frequentes no envelhecimento, acaba levando ao sub-diagnóstico e tratamento inadequado da dor nos pacientes idosos. ○ Saber as causas e possíveis origens de uma tipo de dor facilita e ajuda no diagnóstico correto e tratamento dessa dor, e para isso também é importante ter uma visão do idoso como um todo; A dor persistente também pode acarretar repercussões funcionais e psicossociais significativas no indivíduo idoso, como anormalidades do sono e do apetite, redução da movimentação, imobilismo, restrições das AVD’s (atividade de vida diária), alterações de humor e libido, declínio cognitivo, ansiedade e depressão, isolamento social e pior qualidade de vida. QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO ○ A dor crônica é multifacetada: A nocicepção é diferente; O humor está alterado; Comportamento modificado; Função prejudicada ○ Devido esses fatores a abordagem deve ser individualizada! ○ A teoria da cebola propões que o diagnóstico seja feito por etapas/camadas, assim como a cebola, principalmente em casos de falta de expressão do paciente; ○ A pesquisa pode ser feita atravez dos famílias e pessoas que convivem com o paciente, sendo verificado respectivamente: Alterações de humor; Isolamento social; Relacionamento interpessoal e afeto; Dor crônica AVALIAÇÃO DA DOR CRÔNICA NO IDOSO ○ A avaliação e o manejo da dor são dificultados no idoso. ○ No processo de envelhecimento ocorre progressiva diminuição da reserva funcional dos órgãos e, consequentemente, a farmacocinética e a farmacodinâmica ficam alteradas. ○ O sucesso no tratamento da dor depende da identificação da causa de base do processo álgico e seu tratamento definitivo. ○ Em muitas situações de dor crônica, a dor, por si só, torna-se entidade independente e deve ser tratada de maneira específica. ○ Não há marcadores biológicos de intensidade da dor e o relato do paciente é a principal evidência de sua existência. ○ Os profissionais de saúde, assim como os familiares e cuidadores, devem acreditar e investigar a queixa álgica. ESCALAS DE AVALIAÇÃO DA DOR ○ A avaliação da dor em suas diferentes dimensões é facilitada pela utilização de escalas de avaliação, aplicadas aos pacientes que são amplamente utilizadas na prática clínica. ○ Algumas escalas de grande extensão, tem sua aplicabilidade dificultada por apresentar tempo de aplicação prolongado. ○ Estas escalas foram muitas vezes elaboradas para finalidade de pesquisa clínica que exigem ser as mais completas possíveis para analisar uma situação de intervenção. ○ Através da escala Doloplus o Sinal de Dor é dado quando se atinge uma pontuação igual ou superior a 5/30 (benefício da dúvida próximo ao limiar e reavaliação após analgésicos). ○ Essa avaliação pode ser feita em primeiro momento e usada para acompanhamento da dor e do tratamento, vendo as caracteristicas e eficácias; ○ Essa escala é usada em pacientes responsivos, que sabem o que está sendo perguntado e o que eles estão respondendo; Dentro de um cenário de atendimento no dia a dia, sugere-se o emprego de uma escala que tenha facilidade de aplicação com possibilidade de continuidade da aplicação pela equipe. ○ Em idosos sem distúrbios cognitivos, a avaliação da dor pode ser feita de maneira semelhante àquela realizada na população adulta. ○ A avaliação da dor em idosos portadores de demência é feita de maneira semelhante às avaliações em populações neonatais e lactentes, sendo observacional e não auto avaliativa. ○ Dados como expressões faciais, verbalização e vocalização, movimentos corpóreos, alterações nas relações interpessoais, nas rotinas e do estado mental são avaliados durante a entrevista, assim como os relatos dos familiares ou cuidadores. ○ O não tratamento ou subtratamento da dor traz ao idoso portador de demência, maior probabilidade de riscos físicos, depressão, piora das funções cognitivas, diminuição da socialização e consumo aumentado dos recursos de saúde. ○ O tratamento da dor deve ser visto de forma multidisciplinar, visando à adequação da interação física, psíquica e social do doente. ○ Em se tratando de analgesia, vale ressaltar que, diversas vezes a dor é sub-diagnosticada e, consequentemente, sub-tratada. Ela deve ser avaliada rotineiramente, prevenida e tratada. ○ Os profissionais de saúde devem saber as doses eficazes e tempo de ação dos medicamentos para tratar este sintoma em idosos. TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO ○ O idoso apresenta menor reserva funcional dos órgãos e sistemas, portanto, a farmacocinética e farmacodinâmica das drogas a serem empregadas devem ser bastante valorizadas. ○ Em idosos, são comuns: maior sensibilidade aos analgésicos, meia-vida mais longa e aumento do risco de interação medicamentosa. Recomendações presentes nas Diretrizes do Reino Unido e dos EUA. Classificação de qualidade de evidências da Diretriz da American Geriatrics Society (2009).
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