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– ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Introdução: As vezes alterações que envolvem os músculos (da face e músculos da mastigação) em volta da articulação temporomandibular, são caracterizados também como disfunções temporomandibulares e não apenas aqueles problemas que ocorrem na própria ATM. Ou seja, problemas que ocorrem fora da articulação também podem ser caracterizados como DTM. O que é Dor? • Dor: experiência intuitiva, tutora sobre os limites e perigos do mundo. • Definição do final da década de 70: “Uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano tecidual real ou potencial ou descritas em termos de tal lesão”. • Definição do Comitê de Associação Internacional para Estudos da Dor (Maio 2020): “Uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ou semelhante à associada a um dano tecidual real ou potencial”. • A dor pode ou não estar associada ao sofrimento. • Produto final DOR: série de interações e conexões periféricas e centrais que culminam na percepção desse sentimento individual e único. Qual é o caminho da dor: Existem essas variações de um paciente para outro, então o que para um individuo é extremamente um gatilho para desencadear a dor, para que ele interprete aquela sensação como dor, para outro individuo passa completamente despercebido, ou seja, ele não tem aquela sensação de dor. O que para um individuo é um desconforto apenas, para outro é algo bastante imobilizador, bastante incapacitante, precisando de uma medicação, tratamento, intervenção para que se sinta melhor. Outro ponto, é que nem sempre existe uma relação com o fator de lesão, as vezes é uma sensação, um processo psicológico. • “A dor vai da pele para o cérebro por meio de fios muito delgados” René Descartes, 1662. dor orofacial: A dor é um sinal de alerta, algo está dando errado, como um sinal de dano tecidual, uma informação. Foi adicionado o termo “semelhante à associada” na nova definição, pois muitas vezes a dor não tem relação com uma lesão ou com um dano propriamente dito, então pode ser uma sensação, um “parece que”, “sinto que”. Algumas vezes, a dor pode estar relacionada a momentos de felicidade, como a dor do parto. Ou seja, ao mesmo tempo que existe a dor, existe uma satisfação interna. É algo muito individual, particular, multifatorial, desde uma experiencia positiva a uma negativa, como um dano real, um corte, uma dor. A dor é um produto final, existe uma série de processos fisiológicos que acontecem até que se cheguem na interpretação do indivíduo como dor. Esse sentimento é individual e único, tanto na intensidade da dor, quanto na sua qualidade como também sua percepção da existência ou não. Esses fios muito delgados, nada mais são do que os neurônios, indo de fato da pele, das comunicações periféricas para uma conexão central, ou seja, o SNC, o cérebro. Só que nesse caminho, existe uma série de situações e variações, que são importantes para que se entenda o procedimento de dor e efetivamente quando formos realizar uma anamnese e um diagnostico de DTM, a gente consiga entender a manifestação clínica dos pacientes. Na ATM, nos casos DTM o diagnóstico clínico é preponderante, soberano. Existem os exames de diagnóstico, porém o exame clínico e a anamnese são soberanos, decisivos no fechamento de um diagnóstico. Por isso, o relato do paciente é tão importante, cabendo a nós CD interpretar essas informações. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • Etapas neuronais são responsáveis pela codificação, condução e integração de estímulos nocivos – Nocicepção. • Experiência emocional, sensorial e sempre desagradável. • A relação nem sempre é direta. • Nocicepção: - Neurônios periféricos; - Estrutura central da medula espinhal; - Tronco encefálico; - Diencéfalo. • Dor: - Produção complexa no cérebro; - Aspectos sensoriais; - Aspectos afetivos; - Aspectos motivacionais; - Aspectos comportamentais; - Aspectos culturais. Esses neurônios periféricos estão por toda parte do nosso corpo, na face, nas mãos, braços e apresentam características especificas para serem eficientes nessa nocicepção, na interpretação de que algo está acontecendo. Os neurônios periféricos levam essa percepção até uma estrutura central da medula espinhal, que é o núcleo neuronal e depois sobe para o tronco encefálico e depois ocorre uma nova transmissão da informação e em seguida, sobe para o diencéfalo (córtex cerebral), onde ali será interpretado como dor. • Conceito biopsicossocial: - Estímulo, modulação intrínseca, experiências prévias, genética, funcionamento fisiológico das estruturas neuronais centrais. - Altamente individual. Dentre esses vários aspectos que interagem para a interpretação da dor, existe também o conceito biopsicossocial para a interpretação da dor que é altamente individual, que depende da intensidade do estímulo, de qual é o estimulo, de como é o estimulo, precisando da modulação intrínseca, que nada mais é do que esse aprendizado do nosso organismo para modular, ou seja, interpretar isso como dor ou não, além das experiências prévias frente a um estimulo que nos provoca uma dor exacerbada, e quando percebemos que aquela sensação se repetirá a gente já tem a sensação dolorosa antes mesmo que o estimulo aconteça. Além da genética e o funcionamento fisiológico das estruturas neuronais centrais, pois a decodificação da informação que vem da periferia, é sempre feita na região central. Dor crônica x Dor aguda: ❖ Dor aguda: - Dor fisiológica - Características de proteção frente à estímulos nocivos. Ativa mecanismos reflexos (retiramos a parte do corpo exposta ao estímulo nocivo) A dor aguda é considerada uma dor fisiológica, é uma dor que é gerada especificamente porque existe um estimulo nocivo real potencial do nosso organismo. É um mecanismo de proteção. Esse caminho da periferia até o SNC, é composto por etapas neuronais com as funções descritas acima. Sendo a codificação, a indicação de que ali tem algo acontecendo, a condução é para levar a informação até a região central e a integração para que aquilo seja interpretado como dor. Todas essas etapas juntas, formam o que denominamos de nocicepção, que na verdade é a percepção de alguma coisa, como a percepção de algo nocivo. As células periféricas podem ter a nocicepção, podem receber a informação de que ali está acontecendo alguma coisa incorreta, porém nem sempre isso vai ter como produto final a dor. Existe uma série de razões para isso, fisiológicas, genéticas, psicossociais. Em algum momento no caminho, entre a recepção do estímulo externo na periferia até a região central, alguma coisa acontece e quando chega na região do córtex cerebral, isso não vai ser interpretado como dor. Então a dor surge em virtude de uma produção complexa no cérebro, relacionado a aspectos sensoriais, afetivos, motivacionais, comportamentais e culturais, pois em algumas culturas os indivíduos são preparados para enfrentar a dor mais do que em outras culturas. É a dor de quando levamos uma pancada, quando nos cortamos, etc, ocorre quando realmente temos um dano, o que acaba por ativar os mecanismos de reflexos. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • Dor rápida: estímulos causam reações motoras inatas denominadas reflexos de retirada que afastam rapidamente o membro afetado do estímulo nocivo. • Dor rápida (= dor aguda). • Caminho da dor: Quando realizamos a contração muscular como um reflexo frente a uma agressão, geramos uma informação para o nosso núcleo neuronal de que algo está errado, nesse momento automaticamente temos o neurônio aferente levando a percepção de quetem algo errado e o neurônio eferente que vai comandar a contração do músculo. • A dor aguda cessa após alguns minutos. • Dor aguda = Dor nociceptiva - Há relação direta entre o grau do estímulo nocivo e a intensidade de dor. Tem-se um dano conhecido. ❖ Dor crônica: - Dor não fisiológica - Características de dor prolongada (mais de 3 meses). Sem conhecimento etiológico claro, único e simples. - A simples remoção do agente etiológico já não é suficiente para eliminar a dor. • Características de um paciente com dor crônica: - Já passou por diversos tratamentos; - Abusa de medicamentos; -Apresenta comorbidades (depressão/distúrbios do sono); - Mudanças no mecanismo de condução do estímulo (maior excitabilidade neuronal central) Normalmente o paciente que tem uma dor crônica, chega ao consultório com uma lista de medicamentos que já fez uso. DOR AGUDA DOR CRÔNICA Sem problemas de diagnóstico; Sem causa identificável;; Relaciona-se a um evento; Persiste mesmo após a cicatrização ( > 3 meses); Início repentino e desaparece após a cicatrização da área afetada; Histórico de tratamento prévio mal sucedido; Controlada com a remoção da fonte de dor e responde a terapias convencionais; Enfoque multidisciplinar; Mecanismo de proteção; Mecanismos complexos no SNC, alterações sensoriais e cognitivas; Dores orofaciais: Tipos: • Dores intracranianas de origem vascular (ex.: enxaqueca, aneurismas, etc.); • Dores intraorais (são dores relacionadas a cárie, inflamação pulpar, dores de origem periodontal, de erupção de 3º molar, pericoronarite, etc.); • Dores neuropáticas (fibromialgia); • Dores musculoesqueletais (podem surgir em virtude de bruxismo, apertamento, função exacerbada da articulação). O paciente de dor orofacial é um paciente de dor crônica, porém se ele chegar ao consultório com uma dor com menos de 3 meses, temos que investigar o fator etiológico da dor aguda, como uma pulpite, um trismo, um terceiro molar que provoca dor na região do masseter. Porém se ele chega com dor a mais de 3 meses, temos que ampliar a nossa visão, investigação para descobrir possíveis fatores etiológicos que estejam atuando sozinhos ou em conjunto para que causem a dor no paciente. • A capacidade investigativa diferencia o profissional. • Investigar desde as mais simples até as mais complexas (pulpites, dores de origem dentária são muito frequentemente confundidas com dores musculoesqueléticas ou mesmo neuropáticas). Uma das primeiras coisas que devemos perguntar ao paciente é a quanto tempo ele está com aquela dor, se for menos que 3 meses não podemos ainda caracterizar como uma dor crônica. Na dor crônica não sabemos apontar a sua causa, por isso a necessidade da investigação a respeito do seu surgimento, etc. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Prevalência dos fatores etiológicos envolvendo dores orofaciais: 1) Dores com origem dental (ex: pulpites) 2) Dores Muscuesqueletais (ex: DTM) 3) Dores neuropáticas (ex: cirurgias dentais, traumas) 4) Dores Intracaniana de origem vascular (ex: enxaqueca) Muitas vezes a enxaqueca tem relação com problemas hormonais, sendo mais frequente em períodos menstruais e pré-menstruais. A enxaqueca tem características muito especificas, como sendo unilateral, dor mais frontal e normalmente o paciente tem dor de fundo de olho, causando até o lacrimejamento, e normalmente eles têm aversão a luz. Normalmente essa enxaqueca deixa o sistema nervoso central mais excitado, mais provocado, mais receptivo aos estímulos sensoriais, e se tiver outra alteração muscoculoesqueletal, como no temporal, masseter, a enxaqueca acaba por evidenciar mais ela. Ou seja, a princípio o paciente apresenta essa alteração, porém não sente dor, mas ao apresentar um quadro de enxaqueca, a mesma irá evidenciar essa alteração, através da dor muscoesqueletal, que é a alteração narrada acima. Dor referida: • Diversas conexões neuronais – DIFICULDADES. Muitas vezes nessas conexões neuronais, a interpretação nossa da sensação dolorosa acusa um lugar que não é efetivamente aquele onde está acontecendo o problema. Por exemplo, eu tenho uma pulpite em um primeiro molar superior direito e eu sinto dor na região do canino, o que pode gerar divergências para o profissional, pois a radiografia mostra problema em uma região e o paciente narra dor em outra, o que acaba por fazer o CD se perder e realizar uma interpretação contrária, achando que pode ser um problema na radiografia e que o paciente é que está com a razão. Por isso a importância de se fazer o teste de vitalidade pulpar. A dor referida pode ter origem em problemas cervicais e o paciente chegar ao consultório reclamando de dor orofacial. A dor referida surge de um problema na transmissão do impulso nervoso, no caminho, na interpretação da nocicepção, que dão a informação dolorosa longe de onde realmente acontece a dor. Referência: Aula teórica de Dor Orofacial. Faculdade Maurício de Nassau, Odontologia, 2021.
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