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Representante de uma categoria majoritariamen-te feminina, a APEOESP sempre atuou na defesa incondicional das mulheres. Todo ano, o Sindicato lança no dia 08 de março um Boletim que celebra o Dia Internacional de Luta da Mulher e leva para a sala de aula, assuntos relevantes, como denúncias de violência domésti- ca e assédio sexual, entre outros. Sabemos que, por muito tempo, as mulheres não foram ouvidas e até eram desacreditadas quando denunciavam assédio, agressões e até estupro. Mas, não estamos mais neste momento; a sociedade e as pro- fessoras e professores, especialmente, sabem que não podemos bana- lizar o assédio e a violência. A culpa não é da vítima! Assédio não é sedução! Para falar sobre estes temas, a APEOESP de Americana lança esta cartilha, com dicas e informações úteis para a comunidade escolar. Afi- nal, a Educação ainda é a melhor maneira de combater não apenas o machismo, mas o bullying entre estudantes, o racismo que ainda faz vítimas no século XXI e tantas outras formas de opressão, visíveis tam- bém no ambiente escolar. As mulheres, sejam elas professoras, estudantes ou funcionárias, precisam saber que não estão sozinhas e que não são culpadas pelo as- sédio. Os homens, por sua vez, precisam entender que esta é uma luta de toda a sociedade e que não há justificativa aceitável para palavras, gestos e atitudes que desrespeitem a dignidade feminina. E di to ria l março/2021 Disque 100 - Disque Direitos Humanos (Criado em 1997, com o nome de Disque Denúncia Nacional Contra o Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes) Disque-Denúncia através do telefone 181 (Serviço do Instituto São Paulo Contra a Violência e da Secretaria de Segurança Pública) Delegacias de Defesa da Mulher Americana: 3462 1079 (Rua São Vito, 1675 - Bairro Santa Cruz) Santa Bárbara D´Oeste: 3455 2421 (Rua Duque de Caxias, 67 - Centro) Conselhos Tutelares Americana: 3471 9800 (Rua Duque de Caxias, 253 – Vila Santa Catarina) Santa Bárbara D´Oeste: 3455 5925 (Rua Dante Torteli, 106 – Centro) Nova Odessa: 3466 5901 (Rua São Paulo, 55 - Jardim São Jorge) março/2021 2 Sucesso internacional, performance denuncia assédio e violência ma performance realizada, no final de 2019, nas ruas de Valparaíso, a 120 quilômetros de Santiago, capital chilena, transformou-se no hino feminista mais poderoso dos últimos tempos. “Um estuprador em seu caminho” (‘Un violador en tu camino’ em espanhol), do Coletivo chileno Las Tesis, usa música e coreografia para denunciar o machismo e divulgar obras como “Calibã e a Bruxa”, da ativista norte-americana Silvia Federici, e a tese da antropóloga argentina Rita Segato sobre o estupro como crime de poder e frustração masculina. No Dia Internacional da Violência Contra a Mulher, 25 de novembro, a performan- ce de Valparaíso chegou à capital chilena, onde reuniu milhares de manifestantes, e desde então, mulheres do mundo inteiro aderiram à coreografia, em diferentes, idio- mas, em todos os continentes. Teoria e prática O Coletivo Las Tesis reuniu-se, pela primeira vez, em abril de 2019 para adaptar teses de autoras feministas para o teatro, em ‘pockets shows’ de 15 minutos. A teoria levou o grupo à análise de fatos como o assédio sexual e o estupro e à constatação de que no Chile, a exemplo de outros países, as denúncias desse tipo ain- da não são apuradas e muito menos punidas com rigor. A culpabilização da vítima também é um fato expresso na música. “A culpa não era minha, nem de onde estava, nem como me vestia. O estuprador é você”, cantam mulheres em Paris, Istambul, Nova York e São Paulo, em referência ao fato de que, em pleno século XXI, mulheres abusadas e estupradas ainda são questionadas sobre como estavam vestidas no momento da agressão. U março/2021 3 Olhos vendados Neste mix de protesto e encenação, as ativistas chilenas incorporaram várias ques- tões que retratam a opressão sobre o corpo feminino. As manifestantes dançam de olhos vendados, para denunciar a omissão da sociedade e da justiça diante dos casos de violência contra as mulheres. As mulheres também fazem agachamentos durante a performance, em referência ao relatório da ONG Human Rights Watch, que denunciou casos de abuso por parte de policiais que forçaram manifestantes detidas a fazer agachamentos, enquanto es- tavam nuas. Estado opressor Infelizmente, a história e o contexto em que a performance surgiu no Chile são muitos semelhante ao Brasil. A memória da ditadura e a violência brutal do Estado sobre o cidadão,vivenciadas por chilenas e brasileiras, inspiraram a composição. “O patriarcado é um juiz que nos julga por nascer; e nosso castigo é a violência que você não vê”, cantam as mulheres. A performance original ‘Un violador en tu caminho’ está no Canal do Coletivo Lastesis no YouTube. Resistência tem nome de mulher! A reportagem sobre o sucesso da co- reografia feminista do Coletivo Las Tesis está na edição 2020 do Boletim do Dia das Mulheres, editado pela APEOESP. Esta cartilha é ilustrada com a arte das edições mais recentes da publica- ção, que incentiva os educadores a levar para a sala de aula temas importantes no debate pela igualdade e no combate à violência contra as mulheres. Boletim Especial • 08 de março de 2013Editorial H á décadas como le-gítima representante do Magistério Paulista, a APEOESP empodera as professoras, que são a maioria na categoria. Seja através da sua pró-pria pauta de reivindicações, que atualmente inclui uma aguerrida luta contra o reforma da Previdência estadual, que vai penalizar especialmente as servidoras, ou através da Secretaria de Mulheres, que abraça o debate das questões feministas.Com Jair Bolsonaro na Presidência da República e João Doria no Governo do Estado de São Paulo, o debate retrocedeu a níveis inacreditáveis para o século XXI. Enquanto propõe abstinência para os jovens, o Gover-no desvirtua a ideia de educação sexual nas escolas, de acordo com uma visão precon-ceituosa, que não dialoga com os problemas reais das crianças e adolescentes em relação à sexualidade.A pauta ultraconservadora ecoa em todo País e em São Paulo, com propostas de escolas militarizadas e projetos para proibir aulas sobre temas como diversidade e gênero.Por isso, cada vez mais, precisamos lutar como mulheres fortes e determinadas a com-bater o desrespeito às diferenças, a violência que mata mulheres todos os dias, o estupro que faz vítimas a cada minuto e o racismo e a transfobia que discriminam, ainda mais, mulheres negras e transexuais.Além de levar para a sala de aula temas recorrentes do feminismo, o Boletim Especial do Dia Internacional das Mulheres destaca boas notícias como a realização da Marcha Mundial de Mulheres no Brasil e o fenômeno internacional do coletivo chileno “Lastesis”.Neste 08 de março de 2020, a APEOESP tem a alegria de destacar essas e outras iniciativas de resistência à ignorância e brutalidade que dominam o cenário político. Boa leitura! Professora Bebel - Presidenta da APEOESP �Basta�de�feminicídio��Violência�Não! �Pelo�fim�do�assédio�moral,�sexual�e�da�cultura�do�estupro �Pelo�fim�da�divisão�sexual�do�trabalho�-�relações�compartilhadas�já �Nenhum�Direito�a�Menos �Liberdade,�igualdade�e�autonomia�das�mulheres �Salário�igual�para�trabalho�igual �Não�ao�machismo�–�Educação�para�a�Igualdade ��Em�defesa�da�democracia,�contra�a�entrega�de�estatais,�pela�reto- mada�do�crescimento�econômico�com�geração�de�emprego�e�renda �Em�defesa�do�emprego,�dos�direitos,�dos� serviços�públicos,�da� educação�e�da�saúde� �Em�defesa�do�saneamento�básico� ��Em�defesa�da�água,�clima�e�meio�ambiente� ��Em�defesa�das�políticas�públicas�universais�e�de�qualidade �Em�defesa�da� aposentadoria�pública� e� contra�o�desmonte�do� sistema�previdenciário ��Empoderamento�da�mulher� e� participação�política� em� todos� os�espaços �Combate�ao�racismo�e�toda�forma�de�discriminação�às�mulheres �Em�defesa�do� trabalho�decente� e� emprego� com�garantia�dos� direitos�e�conquistas��Em�defesa�da�política�de�valorização�do�salário�mínimo ��Em�defesa�dos�direitos�sexuais�e�reprodutivos�das�mulheres ��Em�defesa�do�SUS,�da�saúde�da�mulher�e�do�parto�humanizado ��Em�defesa�da�ampliação�da�participação�política�das�mulheres� nas�eleições Resistência tem nome de mulher!Conheça as reinvindicações das trabalhadoras brasileiras no 08 de março de 2020: Machismo oficial é alvo de denúncias e protestos A repressão como política de Estado página 2 Antropóloga ameaçada é premiadapágina 2 Marielle é tema de Congresso da APEOESP página 3 Mulher brasileira no Oscarpágina 3 Um estuprador em seu caminhopágina 3 Lideranças femininas negras página 4 Tarsila é pop página 4 Estante feministapágina 4 Veja nesta Edição: Nunca�um�presidente�da�República�foi�tão�vulgar�com�uma�mulher,�como�Jair�Bolso-naro�foi�com�a�repórter�Patrícia�Campos�de�Mello.�No�dia�18�de�fevereiro,�em�explícita�insinuação�sexual,�Bolsonaro�afirmou�que�a�repórter�que�investiga�as�‘fake�news’�que�o�elegeram,�queria�‘dar�o�furo�a�qualquer�preço”.� Antes,�no�dia�06,�a�Relatoria�Especial� da�ONU�para� Violência� contras� as�Mu- lheres� recebeu,� denúncia� referente� ao� esvaziamento�orçamentário� do� governo� brasileiro�no�combate�à�violência�contra� as�mulheres.�Segundo�informações�do�Mi- nistério�da�Saúde,�a�cada�quatro�minutos� uma�mulher�é�agredida�por�um�ou�mais� homens,�no�Brasil.Antes�da�denúncia�à�ONU,�a�ministra�da� Mulher,�da�Família�e�dos�Direitos�Humanos,� Damares�Alves,�enfrentou�protestos�na�XIV� Conferência�Regional�das�Mulheres,�que� aconteceu�em� janeiro�na�Comissão�Eco- nômica�para�a�América�Latina�e�o�Caribe. Parte�da�plateia,�formada�por�ativistas�que� atuam�em�defesa�dos�direitos�das�mulheres�e� contra�a�desigualdade�de�gênero�na�América� Latina�e�região,�ficou�de�costas�para�a�ministra,� célebre�por�impor�suas�crenças�religiosas�em� pautas�de�interesse�nacional. P rofessora�de� Inglês�da� rede�pública�de�Vinhedo�há�20�anos,�Virginia�Ferreira�foi�absolvida�no�último�mês�de�fevereiro,�em�um�processo�administrativo�disciplinar,�depois�de� ser�gravada�em�sala�de�aula�por�uma�estudante�e�exposta�no�Facebook�por�mem-bros�do�Movimento�Brasil�Livre.�Seu��crime:�antes�do�Dia�Internacional�das�Mulheres�de�2019,�a�professora�pediu�para�uma�turma�do�8º�ano,�que�pesquisasse� sobre�alguns�conceitos�do�feminismo�e�os�estrangeirismos�relacionados�com�o�conteúdo�do�próprio�livro�didático,�que� retratava�personagens�que�atuaram�a�favor�dos�direitos�civis.O�pai�de�uma�das�alunas�da�Escola�Mu-nicipal�Professor�Ricardo�Junco�foi�à�Secre-taria�da�Educação�e�disse�que�a�professora�estava�utilizando� suas�aulas�para�ensinar�sobre�feminismo�e�“ideologia�de�gênero”.�Para�completar�o�equívoco,�o�denunciante�ainda�acusou�a�professora�de�falar�Portu- Professora é assediada por mencionar feminismo guês�que,� como� todos� sabem,�é�a� língua� mediadora�para�o�ensino�da�Língua�Inglesa. Vinhedo,�que�é�a�cidade�onde�surgiu�o� MBL�em��2014,�já�arquivou�dois�projetos�de� lei� referentes�ao�Escola�sem�Partido,�que� prega�a�doutrinação�de�direita�nas�escolas.� Só�que�a�professora�Virginia�tornou-se�alvo� duplo:� do�MBL� e� dos� conceitos� equivo- cados�do�Escola� sem�Partido:�a�gravação� de�sua�aula�foi�publicada�no�Facebook�do� Movimento�Brasil� Livre�de�Vinhedo�e�ela� enfrentou� um� processo� administrativo� disciplinar,�que�foi�encerrado�no�dia�17�de� fevereiro,� com�um�brilhante�parecer� do� Núcleo�Especializado�de�Promoção�e�Defesa� dos�Direitos�da�Mulher,�órgão�da�Defensoria� Pública�de�São�Paulo.No�parecer� de� defesa� da� professora� Vírginia,� o� Núcleo� argumentou� que� “a� discussão�de�gênero�no�ambiente�escolar� está�em�consonância�com�o�que�preconiza� as� convenções� internacionais� assinadas� pelo�Brasil�e�a�Constituição�Federal;�além� de� condizer� com�o�direito�à�educação,� à� liberdade�de�cátedra,�ao�pluralismo�peda- gógico�e,�principalmente,�com�a�Lei�Maria� da�Penha,�que��afirma�que�uma�das�formas� de�prevenção�é�a�discussão�dos�papéis�de� gênero.”. “Entendemos�que�a�professora�fez�o�de- bate�de�gênero,�que�é�essencial�não�só�por�ser� determinação�legal,�mas�porque�existe�uma� vinculação�entre�discriminação�das�mulheres� e�violência”,�argumenta�a�defensora�pública� Nalida�Coelho�Monte.A�professora�acredita�que� foi�exposta� pela�sua�atuação�sindical�e�partidária�fora� da� escola.� “A� extrema� direita� cria� uma� mentira,� desqualifica� e� acusa.�Mas,� eu� tenho�uma�atuação�como�cidadã.�Não�faço� apologias�que�não�sejam�éticas�em�sala�de� aula”,�justifica�a�professora. março/2021 4 Educação & Respeito: assédio não é sedução ema frequente de debates, o limite entre paquera e assédio nem entra em discussão quando o assunto é a relação entre alunos e professores, chefes e subordinados e, principalmente, quando envolve menores. Simplesmente, porque paquera e assédio não são aceitáveis, de forma nenhuma, nestes contextos. Em qualquer ambiente, em qualquer idade, em qualquer circunstância, as mulhe- res têm direito ao respeito. Têm o direito fundamental de não serem importunadas, insultadas ou assediadas. O que fazer Em uma carta aberta publicada na Revista Vogue, a figurinista Su Tonani ensina que romper o silêncio em situações de assédio é fundamental. A figurinista que denunciou há três anos o assédio violento que sofreu do ator José Mayer, na TV Globo, desencadeou o movimento #mexeucomumamexeucomto- das, que reuniu muitas vozes contra o assédio sexual e moral, inclusive de atrizes da própria TV Globo. t março/2021 5 Saiba o que diz a Lei O assédio de conotação sexual caracteriza-se por constranger alguém, mediante palavras, gestos ou atos, com o fim de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o assediador (agente) da sua condição de superior hierárquico ou da ascendência inerente ao exercício de cargo, emprego ou função (Lei n° 10.224, de 15 de maio de 2001 - Código Penal, art. 216-A). Há, portanto, uma finalidade de natureza sexual para os atos de perseguição e importunação. O assé- dio sexual pode ser consumado, mesmo que ocorra apenas uma única vez. A pena prevista é de detenção, de 1 a 2 anos. Quando o assédio por parte do adulto ocorre com crianças e adolescentes, seja dentro ou fora do ambien- te escolar, o crime está tipificado no Estatuto da Crian- ça e do Adolescente: “submeter criança e adolescente a vexame ou constrangimento” (artigo 232). Não se pode falar em flerte ou paquera, já que não há, de modo algum, uma relação consentida. Em outras palavras, trata-se de comportamento de teor sexual merecedor de reprovação, considerado de- sagradável, ofensivo e impertinente. A lei pune o cons- trangimento que tem o sentido de forçar, compelir, obrigar alguém a fornecer favor sexual. Tal proteção abrange todas as relações em que haja hierarquia e ascendência: relações laborais, educacio- nais, médicas etc. Atitudes fundamentais Dizer claramente não ao assediador; Contar para os/as colegas, amigos e familiares, para outro/a professor/a ou orientador/a da escola o que está acontecendo, formando assim, uma rede de apoio; Reunir todas as provas possíveis, como bilhetes e possíveis presentes; Conversar com colegas que possam ser testemunhas; Relatar os fatos para a diretoria, no caso de uma escola, ou para o setor de recursos humanos, no caso de uma empresa; Denunciar ao Sindicato; Registrar a ocorrência na Delegacia da Mulher e, na falta dessa, em uma delegacia comum; Denunciar no telefone 180. março/2021 6 A escola tem que ser um lugar de confiança odos os profissionais que atuam no ambiente escolar são, obviamente, educados para trabalhar com crianças e adolescentes e, nesta função, têm que estar atentos ao com- portamento dos estudantes. Além de exercer o seu trabalho com respeito e ética, professores e demais profis- sionais devem atuar para inibir qualquer constrangimento contra seus alunos. O assédio sexual não é uma luta de mulheres contra homens; é uma questão que diz respeito a todos quedesejam um ambiente de ensino e aprendizagem saudável. Derrotar a prática do assédio é parte integrante da luta pela igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres. Família O papel da família é fundamental, principalmente para identificar os primeiros sinais do assédio sexual. O diálogo pode facilitar que crianças e adolescentes expres- sem seus medos e constrangimentos. Os pais podem e devem procurar a direção, a coordenação da escola de seus filhos para esclarecer dúvidas e denunciar qualquer caso de assédio, bullying ou agressão. É importante destacar que, em caso de assédio, admite-se até a gravação de con- versas ou imagens. t março/2021 7 Você já passou ou está passando por isso? Elogios excessivos de um superior (professor, chefe ou autoridade), especialmente referindo-se ao seu corpo e seus atributos? Insinuações, explícitas ou veladas, de caráter sexual; Gestos ou palavras, escritas ou faladas, de caráter sexual? Cantadas grosseiras e até vulgares? Promessas de tratamento diferenciado na escola, no trabalho ou outro espaço de convivência social, com insinuações sexuais? Vantagem para permanência ou promoção no em- prego? Conversas indesejáveis sobre sexo? Piadas ou uso de expressões de conteúdo sexual? Contato físico não consentido? Solicitação de favores sexuais? Convites impertinentes e/ou obscenos? Ameaças, veladas ou explícitas, de represálias, como a de não ter nota na escola ou perder o emprego? Perturbação, ofensa? Pressão para participar de “encontros” e saídas? Atos de exibicionismo? Criação de ambientes pornográficos? Mensagens nas redes sociais com conteúdo sexual? Chantagens ou ameaças de divulgação pública, de qual- quer imagem sua com conteúdo sexual por qualquer meio, especialmente pelas redes sociais? Se você respondeu SIM a uma dessas perguntas, saiba que está sofrendo ou so- freu ASSÉDIO SEXUAL! SAIA DO SILÊNCIO! DENUNCIE! Saiba que buscar ajuda e enfrentar o problema é fundamental! Com o afeto e a solidariedade de colegas, familiares e amigos, você terá melhores condições de enfrentar o agressor. março/2021 8 Assédio sexual no trabalho violência sexual é uma prática perversa que atinge homens e mulheres de todas as idades, classes sociais, raças e orientações sexuais, em particular as meninas e mulhe- res. Uma das formas mais corriqueiras desta violência é o assédio sexual no ambiente do trabalho. Trata-se de crime de violação dos direitos, previsto na legislação brasi- leira. O assédio sexual fere a dignidade e demais direitos fundamentais dos servidores públicos, dos empregados e dos estagiários. Viola os direitos de trabalhadores/as à segurança no trabalho e à igualdade de oportunidades, além de prejudicar sua saúde. Quem assedia e quem é assediado? Pode haver assédio sexual de homens contra mulheres, mulheres contra homens, homens contra homens e mulheres contra mulheres. Contudo, as pesquisas indicam ser muito mais frequente o assédio de homens contra mulheres, em particular as mu- lheres negras. Outro grupo particularmente vulnerável é a população LGBTI+. De que maneira? Vertical: Ocorre quando o homem ou a mulher, em posição hierárquica superior, se vale de sua posição de chefe para constranger alguém, com intimidações, pressões ou outras interferências, com o objetivo de obter algum favorecimento sexual. É a forma clássica de assédio, caracterizada como crime no Código Penal. Horizontal: Ocorre quando não há distinção hierárquica entre a pessoa que assedia e aquela que é assediada, a exemplo do constrangimento verificado entre colegas de trabalho ou de sala. Essa forma não é “crime de assédio” previsto no Código Penal brasileiro, embora a conduta possa também ser punida penalmente, enquadrada em outros tipos penais. Já existe projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional para tornar crime o assédio sexual praticado por pessoa de hierarquia igual ou inferior à de quem é asse- diado. Danos Quem é assediado tem a integridade física e psicológica afetada, em consequência da desestabilização emocional causada pelo assédio, do sentimento de vergonha, do autoisolamento e da introjeção da culpa. Também são frequentes os relatos de redução da autoestima, diminuição da pro- dutividade, afastamentos por doenças e até comprometimento permanente da saúde, em razão da pressão psicológica sofrida. a março/2021 9 Responsabilização O assediador pode ser responsabilizado na esfera criminal, administrativa e traba- lhista. O assédio sexual cometido no ambiente de trabalho pode provocar a demissão por justa causa do assediador, conforme a Consolidação das Leis do Trabalho, bem como a abertura de processo administrativo e respectivas consequências (Lei nº 8.112, de 1990). Também na esfera administrativa, o agressor pode ser punido pela conduta de assédio. Na esfera criminal, a punição pelo assédio pode chegar a dois anos de detenção. Prevenção A prática do assédio sexual deteriora o ambiente de trabalho, que deve propor- cionar, antes de tudo, respeito à dignidade humana. A construção desse ambiente de trabalho saudável é de responsabilidade de todos. Os gestores são particularmente responsáveis por monitorar o ambiente de trabalho e prevenir situações constrange- doras para as pessoas que ali trabalham. Punições no serviço público Quando o assediador é um servidor públi- co, a punição pode acontecer em várias esfe- ras: civil, administrativa e penal. O servidor pode inclusive ser exonerado, após processo disciplinar. A prática do assé- dio sexual viola os seguintes deveres: manter conduta compatível com a moralidade admi- nistrativa e tratar as pessoas com urbanidade, conceito que engloba cortesia e respeito. Alguns Estados possuem legislação especí- fica sobre o assédio sexual no serviço públi- co, mas há uma Lei Federal que, embora não aborde expressamente a questão, é taxativa. A Lei n° 8.112/90 estabelece que a conduta do assediador pode ser punida, por afrontar o dever de moralidade. O assédio também é considerado um ato de improbidade adminis- trativa, por atentar contra os princípios da Ad- ministração Pública; por isso, sua prática pode levar à perda da função pública. Vale ressaltar ainda que União, Estado ou Município podem ser responsabilizados civil- mente pelos danos materiais e morais sofridos pela vítima. É que a Constituição prevê que, ao ser comprovado o assédio por agente público, cabe ao Estado indenizar a vítima. março/2021 10 EX PE D IE NT E Diretora Executiva da APEOESP Zenaide Honório Coordenador André Luiz dos Santos Fernandes Secretário Geral Gerson Ferrari Vice-Secretária Eliana Cristina Michelletti Sandes Secretário de Finanças Gilberto Aleixo de Sandes Vice-secretário de Finanças Nilson Ribeiro da Silva Secretários dos Aposentados Ana Lúcia Spigolon e Aparecido Januário da Silva Secretária Sindical Clayton Freitas de Lima Secretária de Formação Julia Carolina Moraes Secretárias de Políticas Sociais Janete Pelisson e Patrícia Sparn Secretários de Legislação Zenaide Honório e Benedicto da Silva Secretária da Mulher Edilaine Barricalla Organização Nova Odessa Ronaldo Perdigão e Herivaldo Pereira Organização Santa Bárbara Gilberto Aleixo de Sandes Organização Americana Nilson Ribeiro da Silva Produção Executiva da Subsede APEOESP de Americana Colaboradores José Geraldo Fábio e Fernando Franzói Secretária Josileila Pires Supervisão Zenaide Honório 1 130 12/11/2020 Secretaria de C omunicação APEOESP EX IGE DA SPPREV F IM DO CONFISC O DOS APOSENTAD OS E PENSIONISTAS