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Redação Preconceito linguístico

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Ao poetizar “a vida não me chegava pelos jornais [...] vinha da boca do povo na língua errada do povo. Língua certa do povo”, o erudito Manuel Bandeira, já na década de 30, possibilitou uma reflexão a respeito de uma problemática que, infelizmente, perdura até os dias atuais: o preconceito linguístico. Tal julgamento discriminatório decorre, basicamente, da atuação midiática, no geral, defensora de padrões dominantes, além dos preceitos tradicionais reproduzidos em muitas escolas do país e resulta em uma tácita e vergonhosa subtração de dignidade humana.
	Antes de tudo, é coerente destacar –tal como Oswald de Andrade fez no Manifesto Pau Brasil- a importância da língua natural e neológica e a contribuição milionária de todos os “erros” para a constituição de uma variedade linguageira tão miscigenada e diversa quanto é o Brasil. Não obstante, é deveras inquietante verificar na prática a proliferação constante de juízos depreciativos no tocante ao português “abrasileirado” e popular, muitas vezes, acentuados pelos discursos de algumas redes midiáticas as quais se vinculam ao poder imperante. Exemplo disso foi a candidatura do Lula ao cargo de Presidência da República, quando muito se propagou nos meios de comunicação de massa a indignação por um operário falante “errado” da norma padrão tentar administrar o país. Essa postura insensata não só alicerça a humilhação social, mas, principalmente, sufoca a expressividade poliglota nacional de um país dito “de todos”.
	Soma-se a esse assédio linguístico o fato de instituições educativas, com frequência, intensificarem o cenário de inflexibilidade ao pluralismo verbal vigente. Aliás, tal pensamento evidencia-se sob a luz da teoria de “arbitrário cultural dominante”, do sociólogo Bourdieu, uma vez que os alunos mais carentes cujos direitos ao capital cultural lhes foram negados, acabam, infelizmente, escanteados e subjugados por uma Violência Simbólica, silenciosa e, sobretudo, supervalorizadora de uma gramática normativa irreal –no sentido da ínfima utilização pragmática. Respaldando-se , então, no ideal de transformação universal proposto pelo filósofo Heráclito, é lúcido avaliar essa conduta desrespeitosa em sendo, para além de um atraso perante o mosaico de dialetos brasilienses, uma atitude a qual cerceia dos cidadãos sua construção identitária.
	Em face a esse problema, urge, por conseguinte, a Mídia Educativa em parceria com atores e atrizes socialmente comprometidos implementarem uma revolução cultural na televisão, a partir de campanhas publicitárias contrárias a essa forma de opressão e de debates com linguistas e sociólogos a fim de coibir tal desacerto. Outra aposta consiste em o Ministério da Educação maximizar o ensino das variações da linguagem nos colégios públicos e particulares, por meio de peças teatrais conscientizadoras e de palestras, com o intuito de repensar, já entre os jovens, o olhar selvagem frente as diferenças, a exemplo do que fizeram os cubistas no Modernismo.
Obs: Sei que no segundo parágrafo a diversidade de áreas ficou prejudicada pelo fato de eu ter focado muito o debate no âmbito filosófico/sociológico/social, mas foi porque eu me identifiquei muito com as duas comprovações interligadas (arbitrário cultural dominante+ Heráclito)!!

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