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Primeiro, para compreendermos como funcionam os transtornos da personalidade, devemos entender o que é a personalidade. A personalidade é um conjunto de funções psíquicas que determinam o nosso jeito de pensar, de sentir, de agir e de se relacionar com outras pessoas. A formação da personalidade é um processo contínuo e gradual, vai acontecendo aos poucos e sofre influências dos valores da educação e cultura vivida pelo indivíduo. Alguns teóricos categorizam a nossa personalidade em uma inter-relação de duas instâncias, a primeira é o no temperamento, que pode ser definido como tudo que advém do nosso campo biológico, ou melhor dizendo do nosso componente genético, traços característicos da nossa família. A segunda instância é o caráter, esse advém das nossas experiências vividas ao longo de nossa vida. E a soma do caráter mais o temperamento é o que dá origem a nossa personalidade, o que nos difere das outras pessoas. Dado momento o qual apresentamos problemas no nosso jeito de agir ou lidar com situações e pessoas, gerando um sofrimento, isso ocorre quando temos um transtorno de personalidade. Os transtornos da personalidade são constantes e não podem ser considerados momentâneos, pois quem sofre dos transtornos possuem o comportamento sempre daquele jeito e que vão acontecendo ao longo da vivência. Essa mudança comportamental, interfere principalmente no meio onde vive, no ambiente familiar, no trabalho, pois os primeiros a perceberem a mudança no comportamento, são justamente as pessoas que o cercam. A pessoa com instabilidade na personalidade, geralmente, não se percebe como doente, sentindo-se assim sempre incompreendido por parte da sociedade e muitas vezes age de forma exagerada ou muito destoante do necessário. Para identificar que uma pessoa está sofrendo de um transtorno da personalidade, basta perceber a forma como ela interage com outras pessoas ou como ela controla seus impulsos. Esse padrão de comportamento deve ser persistente e inflexível, causando sofrimento e prejuízo. O manual de diagnóstico de transtornos mentais 5ª edição ou DSM-5, que se trata de um manual diagnóstico e estatístico criado pela associação americana de psiquiatria, divide os transtornos da personalidade em três grupos. Primeiro grupo, que podemos chamar de grupo A, envolve os seguintes transtornos: Transtorno paranóide, esquizóide e esquizotípico, que são transtornos onde os indivíduos parecem esquisitos e excêntricos. O grupo B, são chamados de transtorno antissocial, borderline, histriônica e narcisista, os indivíduos com esses transtornos costumam ser dramáticos e emotivos. E por fim o grupo C, que envolve transtorno evitativo, dependente e obsessivo-compulsivo, os indivíduos desse grupo parecem sempre ansiosos ou medrosos. Em seguida vamos comentar brevemente sobre cada transtorno, começando com o transtorno da personalidade paranóide do grupo A. Nesse transtorno, a pessoa apresenta um padrão de desconfiança, sempre achando que as pessoas estão contra ela ou tramando algo. Por conta disso, a pessoa acaba reagindo de forma agressiva ou exagerada, guardando rancor do outro, por achar que o outro está contra ele. O indivíduo suspeita de estar sendo explorado ou maltratado pelo outro Geralmente as pessoas com esse transtorno, acabam tendo depressão por viverem em isolamento social, podendo ter sintomas de psicose, tendo delírios e alucinações, ou seja, percepção sensorial ilusória. Os sintomas no geral surgem no início da vida adulta.Pessoas com transtorno da personalidade esquizóide não demonstram interesse em se relacionar com outras pessoas e sempre que podem preferem ficar sozinhas, são vistas como pessoas frias, solitárias, excêntricas e é muito comum não sentirem interesse em realizar qualquer atividade, incluindo sexo. Dificilmente se envolvem em relacionamentos de amizade e amorosos.Já no transtorno da personalidade esquizotípico tendem a ter dificuldade em seus relacionamentos interpessoais, principalmente quando se eleva o grau de intimidade entre ele(a) e a outra pessoa.São altamente desconfiados e inseguros, vindo a ter distorções cognitivas e perceptivas, pensando sempre de forma negativa sobre as coisas relacionadas a ele(a) próprio(a). Os sintomas geralmente aparecem no final da adolescência e início da vida adulta. No grupo B, começamos pelo transtorno da personalidade anti social, onde o indivíduo costuma ser impulsivo e imediatista tendo uma tendência a falsidade e mentiras recorrentes, com o intuito de trapacear e obter ganhos.Não medem esforços para atingir seus objetivos, mesmo que isso custe a própria vida ou a vida de terceiros.No transtorno de personalidade borderline, onde o indivíduo possui uma instabilidade emocional muito grande, se encaixando entre a psicose e a neurose. A pessoa tem dificuldade em tolerar um abandono, tendo uma necessidade constante de estarem acompanhados por alguém, são impulsivos e explosivos, não administrando suas próprias emoções. Também é muito comum entre os pacientes com esses transtornos, uma sensação de vazio que nunca passa, mesmo quando tudo está bem.No transtorno da personalidade histriônica, envolve uma reação emotiva constante do indivíduo, buscando sempre a atenção de terceiros. Caso não estejam no centro das atenções, se sentem desconfortáveis e desvalorizadas.Se esforçam constantemente para serem o centro das atenções, se portando como uma figura frágil que necessita de toda a atenção. Ainda não se sabe as causas desse transtorno. E por último do grupo, o transtorno da personalidade narcisista, tem como sintomas um padrão de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia. O sujeito precisa ser sempre valorizado e empoderado, buscando admiração e privilégio sempre, mesmo que seja necessário desvalorizar o outro. E por fim o grupo C, começaremos pelo transtorno da personalidade evitativa, onde o sujeito evita qualquer situação onde eles podem ser avaliados negativamente, muito parecido com a fobia social. A pessoa possui a auto-estima baixa, se compara aos outros, sempre tendo medo de ser julgada ou criticada por outros, assim evitando situações sociais. No transtorno de personalidade dependente, o indivíduo é ansioso e não consegue tomar decisões sozinho, sempre dependendo de outras pessoas. Sendo impossível viver na solidão, sempre procurando pessoas as quais depender. E por fim, o transtorno da personalidade obsessiva-compulsiva, onde o sujeito tende a ser inflexível, perfeccionista e raramente muda de opinião. São geralmente pessoas muito pontuais e exigentes, sendo dedicadas extremamente ao trabalho e às atividades do dia-a-dia, mas uma característica do paciente seria o autoritarismo , por serem autoritárias tendem a ter dificuldades de trabalhar em equipe. Uma curiosidade sobre o assunto é que um indivíduo pode apresentar mais de um desses transtornos, ai vai de um profissional experiente realizar um bom diagnóstico. Existe tratamento para os transtornos de personalidade? Sim. O mais indicado é a psicoterapia junto a um tratamento medicamentoso. Além de um diagnóstico do psiquiatra, neurologista ou psicólogo. O tratamento ameniza e controla os sintomas, reduzindo o sofrimento do paciente.
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