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Tutorial 2: Em casa de ferreiro, o espero é de pau 1- Fazer diagnóstico diferencial de dor tipo cólica (dor de víscera oca) e sua abordagem. • DOR ABDOMINAL As VÍSCERAS ABDOMINAIS são enervadas por fibras aferentes nociceptivas localizadas no mesentério, no peritônio, na mucosa e na camada muscular dos órgãos ocos. Estas respondem a estímulos mecânicos (distensão) e químicos (substância P, serotonina, prostaglandinas, íons H+) produzindo dor. A dor abdominal ocorre em 3 padrões: visceral, parietal e referida. o A nocicepção VISCERAL envolve, tipicamente, o espasmo e a distensão dos órgãos abdominais, embora a torção e a contração também exerçam o seu contributo. A dor viaja nas fibras C de condução lenta. A dor visceral é indolente, localizada na linha média devido à enervação bilateral dos órgãos. o As fibras aferentes PARIETAIS peritoneais são fibras A delta de condução rápida. A dor parietal é aguda, bem localizada e resulta da irritação direta do peritônio; é lateral, consequência da enervação unilateral do peritônio. o A dor referida ocorre quando aferentes viscerais, transportando estímulos de órgãos doentes, entram na medula espinal ao mesmo nível dos aferentes somáticos duma localização anatômica remota. Geralmente, é bem localizada. Qualquer órgão doente pode produzir os 3 tipos de dor. Como exemplo, contemple-se o caso particular da colecistite aguda. A inflamação vesicular é, inicialmente, sentida na região epigástrica (dor visceral). Quando o processo se estende ao peritoneu parietal, a dor lateraliza-se para o hipocôndrio direito (dor parietal) e, ocasionalmente, para o ombro direito (dor referida). ➢ DIFERENCIAL – LOCALIZAÇÃO A origem embriológica dos órgãos abdominais determina o local onde o doente sente a dor visceral. As estruturas derivadas do INTESTINO PROXIMAL, que incluem o estômago, o pâncreas, o fígado, a árvore biliar e o duodeno proximal, provocam dor tipicamente localizada na região epigástrica. O restante intestino delgado e o terço proximal do cólon (incluindo o apêndice ileocecal) são estruturas do INTESTINO MÉDIO e a dor visceral associada a lesão destes órgãos é referida à região periumbilical. Estruturas derivados do INTESTINO DISTAL, tais como a bexiga, o útero e os dois terços distais do cólon, geralmente, causam dor na região suprapúbica. A dor é, habitualmente, no dorso para ESTRUTURAS RETROPERITONEAIS, tais como a aorta e os rins. • VISCERAL Uma coisa importante é que existe diferença entre estímulos potencialmente lesivos (nociceptivos) e aqueles que produzem dor. Alguns locais, com o os parênquimas pulmonar, hepático e renal, são praticamente insensíveis à dor, mesmo quando estímulos altamente lesivos são aplicados. As vísceras ocas, tais com o estômago, intestino, ureteres e bexiga, são, em condições normais, praticamente insensíveis ao corte e à queimadura, mas são dolorosos quando ocorrem distensão, isquemia ou inflamação. A dor visceral tem algumas peculiaridades: 1. Uma dessas características é a pouca capacidade que o ser humano tem em identificar com precisão a origem da dor visceral. A dor tem localização difusa nas proximidades do órgão afetado ou mesmo à distância. o Isso pode ser explicado pelo fato de que os estímulos viscerais penetram em diferentes segmentos da medula espinal, onde se juntam com fibras oriundas de estruturas somáticas. Por isso mesmo, a dor visceral provoca um fenômeno de SENSIBILIZAÇÃO dessas estruturas somáticas superficiais, que resulta em HIPERALGESIA. 2. São descritas como de intensidade variável, como em onda, com períodos de piora, seguidos de melhora. Devem corresponder aos períodos de contração do músculo liso. 3. Outro fenômeno característico das dores viscerais é a associação mais exuberante com fenômenos neurovegetativos, tais como náuseas, vômitos, palidez, mal-estar, sudorese e aumento do peristaltismo. 4. Ocasionalmente, um a doença que acomete um a víscera pode se alastrar, passando a acometer nervos somáticos (p. ex., na pleura e no peritônio). Quando isso ocorre, a dor, antes difusa, pode se tornar mais localizada. o Tal fato provavelmente se explique pela existência de nociceptores silentes, os quais não manifestam atividade em situações normais, mas seriam ativados pela presença de substâncias químicas liberadas na região afetada quando ocorre sensibilização. • RECEPTORES As vísceras apresentam visceroreceptores (aferentes) que se projetam ao sistema nervoso central (medula ou tronco cerebral) através do sistema nervoso simpático e parassimpático. Alguns desses aferentes possuem função apenas regulatória (autonômica) enquanto outros geram respostas sensitivas, particularmente de dor. Esses receptores são classificados em dois grupos: o grupo de receptores de ALTO LIMIAR para estímulos mecânicos leves, e o grupo de BAIXO LIMIAR para estímulos mecânicos que responde a estímulos agressivos e não agressivos. O primeiro grupo é encontrado no esôfago, sistema biliar, intestino delgado e cólon e o segundo, apenas, no esôfago e cólon. A maior parte das fibras aferentes viscerais, antes de se dirigirem à medula espinal, trafegam para GÂNGLIOS SIMPÁTICOS pré-vertebrais e paravertebrais. o Os gânglios pré-vertebrais são representados pelos gânglios celíaco e mesentéricos superior e inferior. o Os gânglios paravertebrais são representados pelos gânglios cervicais superior, médio e inferior, gânglio estrelado, gânglios toracolombares, gânglio sacral e gânglio ímpar coccígeo (gânglio de Walther). o 1. A via simpática sensitiva aferente do fígado, vesícula e vias biliares, estômago, duodeno, pâncreas, baço e rins atinge a medula espinhal ao nível dó sexto, sétimo e oitavo nervos torácicos (T6, T7 e T8). 2. Ás fibras do intestino delgado, o apêndice vermiforme e a porção superior dos ureteres correspondem ao nono e décimo nervos torácicos (T9, T10), onde penetram na medula espinhal. 3. A via simpática dos órgãos citados abaixo penetram na medula espinhal em vários níveis: (a) ceco, cólon ascendente: T10, T11 e T12; (b) cólon transverso: T12 e L1; (C) cólon descendente: T12 e L1 ; (d) reto e bexiga: plexo pélvico; (e) porção média e inferior do ureter: T11, T12 e L1. Um a pequena parte dos estímulos dolorosos, no entanto, trafega por nervos do sistema nervoso PARASSIMPÁTICO. As fibras aferentes viscerais são poucas e penetram no CORNO POSTERIOR da medula espinal em vários níveis, o que justifica a pouca localização espacial dessas dores. Na medula espinal, as fibras se dirigem especialmente à lâmina superficial (lâmina I de Rexed) e a outras mais profundas (V e X). Daí, os estímulos são transmitidos pelas mesmas vias da dor superficial, como a espinotalâmica, tálamo e daí ao córtex cerebral. Além da espinorreticular e a espinomesencefálica, devem ter papel importante em fenômenos associados, tais como alerta à dor e aos fenômenos neurovegetativos que o acompanham. • DOR EM CÓLICA Por definição, as cólicas são dores relacionadas a vísceras ocas, como estômago, intestino e útero. Geralmente, são dores intensas em ciclos que vão aumentando progressivamente até atingir um pico, e depois começam a aliviar lentamente. Pode ser causada por espasmos, obstrução ou torção, com a consequente distensão do tubo digestivo, dos canais glandulares ou das vias urinárias. O paciente, geralmente, se contorce incessantemente e não consegue ficar parado. ➢ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Intestino delgado: dor mais intensa em comparação à distensão colônica. Intestino grosso: dor menos intensa, localizada frequentemente na área infraumbilical. Vesícula biliar: dor no quadrante superior direito, com irradiação para a região posterior direita do tórax ou para a ponta da escápula direita. Ducto colédoco: dor no epigástrio, com irradiação para a parte superior da lombar. Ductos pancreáticos: dor no epigástrio, com irradiação para a partesuperior da lombar, sendo frequentemente acentuada em decúbito e aliviada em posição ereta. Ureter: dor no flanco, que pode se estender ao mesmo lado do abdome ou para a genitália. Rins. 2- Estudar a cólica renal. • EPIDEMIOLOGIA Ocorre de 2-3 vezes mais em homens que mulheres, com pico de incidência entre a 4a e 6a décadas de vida. É mais frequente nas regiões de clima quente e seco, ou seja, no verão. Da mesma maneira, ocorre mais nos trabalhadores expostos a ambientes quentes, sendo por isso, importante doença ocupacional. Está associada com o aumento do IMC, diabetes mellitus e síndrome metabólica. Taxa de recorrência de 50 a 60% após um episódio e taxas superiores a 80% após dois episódios. E 10% precisam de internação hospitalar. • FISIOPATOLOGIA A obstrução ureteral provoca: o aumento de pressão intraluminal com distensão da parede ureteral; o ativação dos receptores nervosos da lâmina própria. o O músculo liso responde à distensão com um aumento da amplitude das contrações peristálticas e quando não consegue ultrapassar o obstáculo entra em espasmo. o A contração muscular isotônica prolongada aumenta a produção de ácido láctico que irrita fibras nervosas dos tipos A e C. o Estes impulsos aferentes são conduzidos à medula espinal (T11-L1) com projeções subsequentes a níveis superiores do sistema nervoso central (SNC). O fato de fibras nociceptivas viscerais e somáticas do mesmo metâmero convergirem em neurônios comuns ao nível do SNC explica a ocorrência da dor somática referida. A obstrução ureteral unilateral (OUU) completa desencadeia uma resposta hemodinâmica renal trifásica. o Na primeira fase (0-90 minutos após a obstrução) verifica-se um aumento do fluxo sanguíneo renal (FSR) e da pressão ureteral (PU). Esta fase caracteriza-se por uma dilatação das arteríolas pré-glomerulares mediada por eicosanoides produzidos localmente (nomeadamente as prostaglandinas E2 e 12) e pelo oxido nítrico. o Durante a segunda fase (90 mi - 5 horas) a vasoconstrição das arteríolas eferentes ou pós-glomerulares é responsável por uma diminuição do FSR, enquanto a PU continua a aumentar. o A vasoconstrição das arteríolas aferentes inicia a terceira fase e acentua a queda do FSR. Nesta fase verifica-se uma diminuição da PU motivada pela redução da taxa de filtração glomerular (TFG) e por um fluxo invertido da urina (refluxo pielovenoso e pielolinfático). A diminuição da PU protege o parênquima renal e explica a melhoria espontânea da dor várias horas após o seu início. Os efeitos vasoconstritores sobre as arteríolas renais são desencadeados por mediadores específicos, como a angiotensina II, o tromboxane A2, o peptídeo natriurético auricular (PNA) e a endotelina, mas também pela exaustão de agentes vasodilatadores (nomeadamente o óxido nítrico). A expansão de volume associada à obstrução ureteral bilateral (OUB) ou a uma OUU em rim único, parece perpetuar a produção de PNA. Este peptídeo provoca vasodilatação pré-glomerular e vasoconstrição pós-glomerular, aumenta o coeficiente de ultrafiltração capilar glomerular e inibe o feedback glomérulo-tubular. Assim, numa OUB ou OUIJ em rim único a resposta é bifásica, com persistência da segunda fase e duma pressão intraluminal elevada. Num modelo de obstrução renal parcial estas alterações mantêm-se, mas com menor intensidade e um atraso no tempo de evolução. Com a persistência da obstrução verifica-se um desequilibro entre a proliferação e a necrose/apoptose celulares. Histologicamente o rim apresenta infiltrado inflamatório, necrose (sobretudo a nível medular) e fibrose intersticial. Estas alterações são parcialmente reversíveis, dependendo o grau de recuperação renal do tempo de obstrução e do estado do rim contralateral. ➢ LITÍASE RENAL É a doença provocada pela produção de cristais que são eliminados na urina, em decorrência da dieta e do metabolismo interno. Quando ocorre um excesso de cristais na urina, acontece a supersaturação e os cristais vão se agregando para a sua formação. A doença pode ter um caráter recidivante, ou seja, voltar com os mesmos sintomas e dor em cólica muitas vezes ao longo da vida. o Oxalato de cálcio puro (75 a 80%) o Oxalato de cálcio e fosfato o Fosfato de cálcio puro o Estruvita (formado de fosfato amoníaco magnesiano) o Ácido úrico o Cistina As principais teorias da formação de cálculos urinários se baseiam em: o Excesso de solutos - Conforme o excesso das substâncias citadas acima que podem promover supersaturação e cristalização na urina. o Diminuição de ingestão hídrica - A diminuição do débito urinário, secundário a menor ingestão de líquidos, promove maior tempo de permanência das partículas de cristais no sistema urinário e não dilui adequadamente os componentes da urina, que podem vir a apresentar supersaturação e cristalização. o Inibição da cristalização - Atualmente, sabemos que existem substâncias capazes de inibir o processo de cristalização; sendo a mais conhecida e comercializada o citrato de potássio. o FASES: saturação, nucleação (formação do primeiro), agregação, retenção. • QUADRO CLÍNICO A pedra no rim dentro do sistema coletor urinário raramente causa dor. A cólica renal é uma das piores dores relatadas e indica a passagem do cálculo pelo ureter. Pode ocorrer hematúria, náusea e vômito. o Conexões sinápticas ao nível do plexo celíaco (recebe aferências vagais e esplânicos) entre nervos aferentes do sistema nervoso autónomo do rim e do estômago, bem como a irritação local justificam a frequência de sintomas gastrointestinais associados, nomeadamente os vômitos. A hipertensão intracraniana, devido a tumores cerebrais, meningoencefalites, traumatismos, hemorragias e outros, e os distúrbios emocionais – ansiedade, estresse, medo, sustos ou visões, odores e sabores desagradáveis – causam vômitos via terminações aferentes corticais, enquanto as doenças intra-abdominais – obstruções, infecções, isquemia ou alterações da motilidade intestinal, nefropatias, hepatopatias e outras – causam vômitos VIA AFERENTES VAGAIS. As vias eferentes são, também, múltiplas, transmitindo os estímulos motores por vários pares cranianos (V, VII, IX, X, XI) e pelos nervos raquidianos. A DOR é de aparição brusca, extremamente intensa, do tipo em cólica que levam a uma agitação do doente bem característica: o Geralmente a pedra no rim pequena, menor que 5mm, causa dor mais forte do que os maiores. o O momento mais doloroso ocorre quando a pedra no rim tenta vencer a musculatura da bexiga dentro do ureter. Nesta fase ocorre dificuldade para urinar e urgência miccional. o Pode ocorrer febre e calafrios se houver infecção do trato urinário. Nesta situação, há pielonefrite calculosa, ou seja, a infecção bacteriana atingiu os rins obstruídos. o Os sintomas de peritonismo são ausentes. o Quando o cálculo se aproxima da junção ureterovesical, o paciente pode apresentar disúria e urgência uri- nária mimetizando cistite bacteriana. o Ao exame físico, pode ocorrer hipersensibilidade à percussão lombar ou sinal de Giordano positivo. o Uma vez na bexiga, geralmente a eliminação do cálculo pela uretra é indolor. Unilateral, predominante no ângulo costo vertebral, e que irradia para a fossa ilíaca, região inguinal ou órgãos genitais externos, conforme a localização do obstáculo na via excretora ureteral: o um cálculo no ureter médio condiciona uma dor periumbilical irradiando para a área lombar e região inguinal. o um cálculo justavesical acompanha-se de sinais de irritação vesical marcada, com irradiação para os genitais. o a distensão do rim decorrente de obstrução de suas vias é extremamente dolorosa. As fibras aferentes são tanto vagais como simpáticas, essas últimas relacionadas aos nervos esplâncnicos, se dirigindo ao plexo celíaco e daí para penetrar nos níveis da transição toracolombar. • FATORES DE RISCO Há associaçãocom antecedentes familiares, com desidratação, com altas temperaturas, etnia por maior incidência em pacientes da raça branca, obesidade pelo maior risco de obstruções anatômicas do trato urinário, acidose tubular renal, hiperparatireoidismo, hábitos alimentares inapropriados, sedentarismo, infecção do trato urinário causa cálculo de estruvita, principalmente em mulheres com infecção urinária de repetição, distúrbios metabólicos, diabetes mellitus, uso de medicamentos como probenecide, losartana, salicilatos, inibidores de protease, vitamina C, inibidores da anidrase carbônica, suplementação de cálcio, quimioterapia, alteração do pH urinário, redução do volume urinário por desidratação, hiperoxalúria, hipocitratúria, hipomagnesúria, hiperuricosúria, cistunúria. Além disso, a imobilização prolongada, ressecção intestinal, doença intestinal inflamatória crônica causado de diarreia e pós-operatório de cirurgia bariátrica por emagrecimento rápido. • DIAGNÓSTICO 1. Na fase aguda, o ultrassom pode informar sobre os rins, presença de cálculos no sistema coletor urinário, grau da hidronefrose e a localização dos cálculos no ureter proximal e distal e na bexiga. 2. Entretanto, o padrão ouro do diagnóstico é a tomografia computadorizada sem contraste. Informa sobre tamanho, número, localização, além da sua densidade. Portanto, a conduta terapêutica, se clínica ou cirúrgica, é definida por esta informação. 3. A análise sumária da urina revela, quase sempre, uma hematúria microscópica; e a presença de cristais no sedimento são a evidência primeira da constituição química da litíase responsável. 4. A realização de hemograma completo e a função renal (ureia + creatinina) devem ser solicitadas em todos pacientes em risco de disfunção renal aguda ou com indicação de internação. 5. Urocultura deve ser solicitada na dependência de: Sintomas de ITU (diagnóstico diferencial com pielonefrite ou associação da litíase com ITU); Leucocitúria muito importante; Bactérias presentes no exame de urina simples; Nitrito positivo; Características do cálculo (ex: coraliforme, obstrutivo, etc.). • TRATAMENTO Entre os fármacos que produzem relaxamento dos ureteres estão: o AINE o Analgésico e espasmolítico: dipirona o Opioide: morfina, tramadol o Tansulosina: bloqueador alfa-adrenérgico (dilatação) o Nifedipina: bloqueador dos canais de cálcio o Antiemético, se necessário o Antiespasmódico: hioscina (anticolinérgica) e beladona Medidas gerais, como hidratação. Alguns tipos de cálculos podem ser tratados, ou seja, dissolvidos, com adequação da dieta e medicamentos. Portanto, podem ser eliminados espontaneamente ou caso contrário, removidos cirurgicamente. Sabendo-se qual é o tipo do cálculo pode-se planejar o tratamento clínico, principalmente para cálculos menores que 5mm. Cálculos maiores podem ficar impactados e causam hidronefrose, com ou sem dor, com destruição do parênquima renal. Estes cálculos devem ser removidos por ureteroscopia ou cirurgia percutânea renal. Contudo, casos com infecção do trato urinário concomitante deve-se drenar o sistema urinário para depois retirá-lo. Por isso é urgência médica, pois o paciente está sob risco de disseminação da infecção pelo organismo, chamada de septicemia. Portanto, quadro clínico muito grave e pode causar a morte. o Tentativa de dissolução dos cálculos de ácido úrico ou cistina alcalinizando as urinas (pH 7 - 7,5). o Colocação de stent duplo J em cálculos responsáveis por obstrução total. o Ureteroscopia associada a litotrícia mecânica com fragmentação do cálculo e consequente eliminação posterior dos fragmentos. o Litotrícia extracorporal em especial dos cálculos de menos de 15 mms situados no terço superior do ureter. o Nefrostomia de urgência para descompressão do excretor acima do obstáculo. 3- Discutir o aspecto psicossocial da automedicação praticada por médicos. Os profissionais da saúde encontram-se expostos a riscos biológicos, ergonômicos e psicossociais, por isso são mais suscetíveis à manifestação ou instalação de determinadas doenças em função do labor, o que também contribui para a necessidade de aliviar sintomas por meio da automedicação. Entre trabalhadores da saúde têm sido relatado dores lombares, em membros inferiores, estresse, mudança de humor, transtornos do sono, varizes, entre outros.8 Os trabalhadores da saúde detêm conhecimento e acesso aos medicamentos disponíveis e passam a representar um grupo de destaque no que se refere à prática da automedicação. Identificou-se que os medicamentos mais utilizados pertenciam às seguintes classes terapêuticas: anti-inflamatório não esteroide (AINE) (25,8%); antibiótico (9,1%); antigripal (7,6%); anti-inflamatório, corticosteroide, gastroprotetor, relaxante muscular (6,1%); antiespasmódico (4,6%). Teoria do controle do gatilho ou do portão A teoria do portão proposta por MELZACK e WALL em 1965, muito embora possa ser exposta em termos simples, possui diversificações bastante complexas e por isso vem recebendo muita atenção atualmente, pelo fato de levar em consideração um elemento participante do mecanismo da dor: a emoção. Essa teoria pode ser exposta da seguinte maneira: os milhões de receptores do corpo conservam o cérebro abastecido de informações sobre temperatura e condições dos tecidos e órgãos. Estas informações são moduladas na Lâmina II ou substância gelatinosa. Como já visto, os receptores e o sistema nervoso central comunicam-se por meio de um complexo código neural, que compreende a atividade relativa de fibras grossas e fibras finas. As fibras mais grossas ou Aβ transmitem impulsos como os originados nos receptores do tato; as mais finas, do tipo C e Aδ, de transmissão mais lenta, conduzem os impulsos de dor. Esses nervos convergem para a medula espinhal e ali, através de conexões com neurônios WDR, os autores da teoria admitem a existência de um mecanismo semelhante a um portão que usualmente permanece fechado para bloquear a dor, mas, às vezes, pode abrir-se para admiti-la. Quando se arranha a pele suavemente, as fibras grossas conduzem impulsos que são percebidos, porém não traduzem uma sensação desagradável pois a “porta” conserva-se fechada. Se a pele continuar a ser arranhada, cada vez com maior intensidade, mais receptores são estimulados e as fibras grossas sobrecarregadas fazem com que a “porta” se abra e as fibras finas transmitem impulsos dolorosos aos centros nervosos superiores. Sugere-se ainda que a existência de um estímulo nociceptivo não seja um pré-requisito para geração de dor. A dor seria uma experiência multidimensional produzida por padrões característicos ou neuroassinaturas, geneticamente predeterminadas, que podem ser desencadeadas independentemente do estímulo nociceptivo ou modificadas por estímulos nociceptivos ao longo da vida do indivíduo. Esta hipótese poderia explicar o aparecimento da dor fantasma e outras em que a percepção da intensidade da dor é incompatível com a complexidade da patologia.
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