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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 O profissional contábil e a ética profissional Aula 6 Professores Edicreia Andrade dos Santos e Clécio Steinthaler CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Ao longo das últimas décadas, o contexto empresarial sofreu mutações rápidas e marcantes, por meio principalmente da globalização e das inovações tecnológicas, o que tornou a competitividade global e incrementou o risco da tomada de decisão na gestão das organizações. Neste sentido, a avaliação do desempenho financeiro e da criação de valor representa uma das áreas mais importantes no meio empresarial. Isso posto, o objetivo dessa aula é explanar os aspectos vinculados à avaliação empresarial, sobretudo com relação aos indicadores aplicados nos demonstrativos contábeis. Antes de começar, acesse o material on-line e confira a videoaula do professor Clécio. Contextualizando A economia mundial está passando há alguns anos por significativas transformações. A dinâmica da informação, através dos meios de comunicação e de transmissão de dados, aliada à disputa para se conseguir produzir bens e serviços com o menor preço e qualidade está cada vez mais evidenciando que empresas tradicionais podem quebrar “em um piscar de olhos”. Assim, o lucro ou prejuízo de uma empresa passou a ser assunto constante para um público que normalmente é considerado leigo, pois essas informações estão disponíveis em todos os tipos de meios de comunicação. No entanto, diversos profissionais, como empresários e administradores, ainda não perceberam que sua empresa ou mesmo seu trabalho precisa de uma análise econômico-financeira. Os mais diversos stakeholders acabam assumindo diversos riscos (legais e econômicos) por desconhecerem a real situação da empresa. Nesta perspectiva, a técnica de análise econômico-financeira ou avaliação de desempenho é uma ferramenta que pode auxiliar nesta situação. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Trata-se de um exame minucioso dos dados econômicos e financeiros de qualquer empresa, pois essas informações servem de canal para se buscar os dados necessários para uma avaliação que posteriormente permitirá que seja tomada uma decisão. Todo empresário deveria ver as suas demonstrações financeiras como a vitrine do seu negócio. Isso porque é sabido que para um banco ou um fornecedor determinar crédito para um cliente que necessita de um fornecedor estratégico para a compra de ações na bolsa de valores, por exemplo, a base é sempre a análise econômico-financeira. Assim, é possível se extrair diversos relatórios de informações das demonstrações contábeis, como Relatório de Análise Vertical; Relatório de Análise Horizontal; Relatório de Índices de Liquidez; Relatório de Estrutura de Capital e Relatório dos Índices de Rentabilidade. Cada um deles será trabalhado com detalhes nos temas dessa aula. Acompanhe! Acesse o material on-line e confira a videoaula do professor Clécio com mais informações sobre a contextualização dos assuntos desse encontro. Pesquise Tema 1 – Relatório de Análise Vertical As demonstrações financeiras reúnem informações apuradas pela contabilidade que, em conjunto, são capazes de retratar a situação econômico- financeira de uma empresa durante um ou mais exercícios sociais. No Brasil, por exemplo, o exercício social coincide com o ano civil. De acordo com o artigo 176 da Lei n. 6.404/76, ao final de cada exercício social, as entidades são obrigadas a elaborar e divulgar: I. Balanço Patrimonial; II. Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados; III. Demonstração do Resultado do Exercício; IV. Demonstração dos Fluxos de Caixa; e V. Demonstração do Valor Adicionado, caso seja uma companhia de capital aberto (BRASIL, 1976). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Há também outro demonstrativo exigido pelo Pronunciamento nº 26 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC): a Demonstração do Resultado Abrangente, criada para equacionar a questão de itens que podem afetar futuramente o resultado (lucro) do período. A “Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro”, emitida pelo CPC, declara que as demonstrações são elaboradas e apresentadas para atender, essencialmente, às necessidades dos usuários externos, sendo estes representados por governos, órgãos reguladores, investidores, credores, fornecedores etc. Segundo a mesma norma, o objetivo é fornecer informações úteis aos usuários em geral, sem atenção específica a qualquer um dos grupos mencionados. Entre as decisões econômicas suportadas pelos relatórios oriundos da contabilidade o CPC 00 cita: (a) decidir quando comprar, manter ou vender instrumentos patrimoniais; (b) avaliar a administração da entidade quanto à responsabilidade que lhe tenha sido conferida e quanto à qualidade de seu desempenho e de sua prestação de contas; (c) avaliar a capacidade de a entidade pagar seus empregados e proporcionar-lhes outros benefícios; (d) avaliar a segurança quanto à recuperação dos recursos financeiros emprestados à entidade; (e) determinar políticas tributárias; (f) determinar a distribuição de lucros e dividendos; (g) elaborar e usar estatísticas da renda nacional; ou (h) regulamentar as atividades das entidades (CPC, 2011). Assim, para o analista externo, a análise das demonstrações contábeis abrange aspectos mais específicos, como capacidade de pagamento, liquidez, retorno do investimento e criação de valor. É de se assinalar que a análise das demonstrações financeiras alcança, também, demandas gerenciais (usuários internos), na medida em que viabiliza a construção de índices imprescindíveis para a avaliação da performance organizacional. Isso é realizado mediante a análise de resultados históricos e das projeções, os quais facilitam a tomada de decisão financeira da empresa. Portanto, a análise das demonstrações financeiras pode ser conceituada como o estudo do desempenho econômico-financeiro, com vistas ao diagnóstico da CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 posição presente para a identificação de tendências futuras (ASSAF NETO; LIMA, 2011). Essa explicação é resumida na imagem a seguir: Figura 1 – Sequência do Processo Contábil. Fonte: ABBprev (2015). Apesar de existirem outras técnicas para avaliar a situação de uma entidade, o uso de índices ainda é o método mais corriqueiro e de relativa simplicidade para o entendimento. Cabe frisar que a interpretação dos índices deve ser realizada dentro de um contexto de informações, pois não seria possível fazer afirmações categóricas sobre a estrutura patrimonial, liquidez ou rentabilidade de uma empresa por meio de um índice separado. Dessa forma, é interessante para uma análise mais completa: Comparação temporal, pela apuração dos índices em vários períodos de tempo; Comparação setorial, mediante o exame do desempenho dos concorrentes de mercado. A comparação setorial utiliza como parâmetros índices setoriais disponibilizados, como Melhores e Maiores, Estudos Setoriais Serasa, Lista Platinum/Forbes, Instituto Assaf, Conjuntura Econômica, Associação Brasileira de Fundição (ABIFA), Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE) etc. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Entre as análises econômico-financeiras possíveis, pode-se reportar à Análise Vertical (AV), que possibilita o acompanhamento da evolução de apenas um item da demonstração financeira. Um exemplo desse tipo de análise é a apuração do percentual do ativo total aplicado no estoque ou mesmo quando o Passivo Total se refere a dívidas com fornecedores. Basicamente, a análise busca demonstrar a estrutura da proporção dosativos e passivos e dos resultados de modo geral. No caso da Demonstração do Resultado do Exercício, poder-se-ia levantar a participação da receita financeira na receita total da empresa ou ainda a porcentagem de despesas com salários e pessoal em relação ao total de despesas. Essa última situação é útil, inclusive, para posicionamentos relativos a cortes de pessoal (mão de obra) nas organizações. O Gráfico 1 ilustra um exemplo semelhante ao discorrido sobre Análise Vertical. Gráfico 1 – Gráfico de Análise Vertical. Fonte: Site Doutor Excel (2012). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Como se nota, a Análise Vertical permite verificar quanto de recurso é aplicado em determinado item. O exemplo demonstra que a maior parte da receita está concentrada na cobertura de gastos com mão de obra. Altas despesas com viagens, que subtraem do lucro 17%, podem sinalizar a necessidade de contenção de gastos nesse quesito, caso a empresa não pertença a um segmento em que tal dispêndio seja fundamental para apuração de resultados. Verifica-se, assim, que para o administrador a Análise Vertical é uma ferramenta para identificação dos limitadores do desempenho da empresa. Para a melhor compreensão de como funciona a aplicação da técnica de Análise Vertical, em termos numéricos, serão utilizados alguns exemplos práticos do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício: Figura 2 – Análise Vertical do Balanço Patrimonial. Fonte: Cotrisal (2014). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 A interpretação dos índices apresentados na Figura 2 é bastante simples. Partindo do ativo total em cada período, percebem-se alterações positivas e negativas (participação relativa) dos investimentos de curto prazo (ativo circulante), sendo que passaram de 63,42 em 2012 para 66,22% em 2013 e 60,84% em 2014. Por outro lado, as aplicações de longo prazo (realizável a longo prazo e imobilizado) se elevaram de 2012 a 2014, o que foi compensado pela redução dos investimentos no mesmo período. Observa-se, ainda, maior volume de financiamento por meio do dinheiro em caixa, situação que impacta consequentemente nos indicadores de liquidez imediata. A AV é complementada pela Análise Horizontal, a qual será apresentada no próximo tópico. Para mais informações sobre o Relatório de Análise Vertical, acesse o material on-line e confira a videoaula do professor Clécio. Tema 2 – Relatório de Análise Horizontal A Análise Horizontal consiste no processo comparativo entre vários itens das demonstrações contábeis que permite avaliar sua evolução ao longo do tempo. Essa técnica é viabilizada pelos números-índices, em que se relaciona cada item obtido em um dado período com o apurado no período anterior, entendido como data-base. Feito isso, multiplica-se o valor (quociente) verificado por 100. A grande dificuldade na interpretação por meio dessa análise repousa nas situações onde a base de comparação é negativa e o valor seguinte é positivo ou quando a base de comparação é positiva e o valor posterior é negativo. O Quadro 1 exemplifica melhor a questão. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Quadro 1 – Exemplos de valores negativos na Análise Horizontal. 31-12-X5 ($000) AH (número- índice) 31-12-X6 ($ 000) AH (número- índice) 31-12-X7 ($ 000) AH (número- índice) Resultado Líquido -$ 30 100,0 (Base) $ 60 [60/-30]x 100= -200,0 -$ 90 [-90/-30]x 100=300,0 Fonte: Leite (1994). Para o período X6, o exemplo aponta uma redução do prejuízo líquido (-$ 30), sendo que o resultado líquido foi positivo ($60), calculado assim: [- $30 x (-200/100) = $ -30 x (-2) = $60] Já para X7, apesar do número-índice positivo, não se deve interpretar que houve um aumento de 300% no resultado líquido do exercício. De fato, o que ocorre é um aumento do prejuízo de X5 para X7, de -$ 30,0 para -$ 90,0: [-$ 30 x (300/100) = -$ 30 x (3) = -$ 90] Dessa forma, a autora recomenda a utilização, dado o valor base negativo, de um número-índice na base igual a -100,0, para facilitar a interpretação do efetivo crescimento apurado. Outro entrave na aplicação da Análise Horizontal é a inflação. Segundo Assaf Neto e Lima (2011), a solução é encontrada pelo emprego de deflacionamento, correção monetária para retirar o efeito inflacionário dos valores. Para tanto, escolhe-se qualquer índice de preços como indexador (IPCA, INPC, ICV etc.). Para demonstrar, em termos práticos, como funciona a técnica aqui discutida, será apresentado um exemplo de Análise Horizontal do Balanço Social, da forma como se evidencia na Figura 3. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Figura 3 – Análise Horizontal do Balanço Social. Fonte: Igarashi et al. (2010). Nota-se que a organização do setor elétrico analisada por Igarashi et al. (2010) aumentou 52% dos investimentos de 2004 a 2006. Tal valor foi dividido entre três modalidades de indicadores de sustentabilidade — sociais internos, sociais externos e de meio ambiente. No período de 2004 foram aplicados 67% do montante em indicadores sociais internos, sendo que estes evoluíram 68% do exercício-base para 2006. Entre os indicadores sociais internos de maior aplicação estão os encargos compulsórios, a previdência privada e a saúde, em que se verificou um acréscimo de 18% para 22%, de 16% para 35% e de 12% para 136%. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Sintetizando... As análises das demonstrações contábeis, em geral, podem ser efetuadas por: Comparação temporal: apuração dos índices em vários períodos de tempo; Comparação setorial: é o exame do desempenho dos concorrentes de mercado e utiliza como índices: Melhores e Maiores, Estudos Setoriais Serasa, Lista Platinum/Forbes, Instituto Assaf, Conjuntura Econômica, Associação Brasileira de Fundição (ABIFA), Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE) etc. Análise Vertical: possibilita o acompanhamento da evolução de apenas um item da demonstração financeira, de modo a identificar a participação relativa da conta. Análise Horizontal: processo comparativo entre vários itens das demonstrações contábeis que permite avaliar sua evolução ao longo do tempo. Essa técnica é viabilizada pelos números-índices, em que se relaciona cada item obtido em um dado período com o apurado no período anterior. Para mais informações sobre o Relatório de Análise Horizontal, acesse o material on-line e confira o vídeo do professor Clécio. Tema 3: Relatório de Índices de Liquidez Entende-se como liquidez a facilidade de conversão de um ativo em dinheiro. Nesse sentido, os indicadores de liquidez buscam mensurar a capacidade de uma entidade de pagar e honrar compromissos futuros assumidos. Outro conceito muito confundido com a liquidez é a solvência que, a Figura 4 diferencia em termos de objetivo, finalidade e prazo: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Figura 4 – Liquidez versus Solvência. Fonte: ANS (2006). Portanto, a liquidez é o dinheiro em caixa e a solvência é a capacidade de honrar compromissos futuros, no sentido de que caso sejam vendidos os ativos da empresa será possível liquidar todos os passivos com excedente de caixa. Assaf Neto e Lima (2011) consideram como maior limitação dessa técnica de análise a geração de índices estáticos, visto que não são capazes de refletir amplamente a época das entradas e saídas de recursos. Por isso, os valores apurados podem se distanciar um pouco da realidade, considerando-se a rapidez natural das negociações empresariais. Quatro indicadores enquadram-se nessa categoria: liquidez corrente; liquidez seca; liquidez imediata e liquidez geral. Vamos cada um a seguir:CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Liquidez corrente Calcula a relação entre o ativo e o passivo circulante, ou seja, quanto das aplicações de curto prazo cobre a dívida de curto prazo. Logo, o índice de liquidez é equacionado assim: A liquidez corrente é do tipo “quanto maior, melhor” e pode ser assim interpretada: Liquidez corrente > 1,0: existência de capital de giro positivo; Liquidez corrente = 1,0: inexistência de capital de giro; Liquidez corrente < 1,0: assume-se capital de giro líquido negativo, ou seja, os ativos de curto prazo não são capazes de quitar as dívidas circulantes. Liquidez seca Considera-se que, embora o estoque componha o grupo de circulantes, este apresenta capacidade de transformação em dinheiro diferente de outros itens de curto prazo. Outro valor reduzido no cálculo da liquidez seca se refere às despesas pagas antecipadamente, pois tais montantes não representam valores a receber, mas o direito à utilização de serviços ou benefícios no futuro. Dessa forma, o referido indicador é calculado da seguinte forma: Trata-se de um índice “quanto maior, melhor”. Dessa forma, se a liquidez seca é 1,10 assume-se que para cada $1,00 de dívidas de curto prazo existem $1,10 ativos circulantes mais líquidos para saldá-los. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Liquidez imediata Consiste na relação entre o disponível — composto pelo Caixa, pelo Banco e pelas Aplicações de Liquidez Imediata — e o passivo circulante. O objetivo desse índice é demonstrar o percentual de dívidas que podem ser quitadas pelas fontes disponíveis imediatamente pela empresa. Esse indicador expressa a parte das dívidas de curto prazo que podem ser sanadas com apenas as disponibilidades de caixa. Quanto maior esse índice, maior a quantidade de recursos disponíveis pela empresa. No entanto, em certas proporções, se tal índice for muito alto pode implicar “dinheiro parado”, o que não redundaria na expectativa de que benefícios econômicos futuros fluam para a entidade. Em vista disso, os analistas de mercado consideram os indicadores de liquidez imediata de pouco proveito nas análises econômico-financeiras. Liquidez geral Reflete a saúde financeira circulante e não circulante da empresa, pois exprime quanto de seus ativos totais podem ser utilizados para quitar os passivos totais. A interpretação desse índice pode ser dificultada pelos diferentes prazos assumidos para a realização dos ativos e para a liquidação dos passivos. Determina-se a liquidez geral por meio da seguinte fórmula: O exemplo prático de análise de liquidez foi extraído da obra publicada por Villa e Espejo (2011), as quais buscaram identificar a situação econômico- financeira das duas maiores empresas de transporte aéreo brasileiro (TAM e GOL) entre 2007 e 2009. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Quadro 2 – Índices de liquidez das companhias aéreas TAM e GOL. Obs.: Exígivel a Longo Prazo é igual a Passivo Não Circulante Fonte: Villa e Espejo (2011). Nota-se, todavia, que a análise de liquidez não pode ser efetuada isoladamente, mas deve ser suportada por outras técnicas analíticas das demonstrações financeiras, com vistas à obtenção de informações que retratem de fato a realidade, no que tange à folga de orçamento. Sintetizando... Há quatro tipos de índices de liquidez: Liquidez corrente: calcula a relação entre o ativo e o passivo circulante, ou seja, quanto das aplicações de curto prazo cobre a dívida de curto prazo. Liquidez seca: considerada que embora o estoque componha o grupo de circulantes, este apresenta capacidade de transformação em dinheiro diferente de outros itens de curto prazo, além de deduzir os montantes relativos a despesas antecipadas. Liquidez imediata: relação entre o disponível — composto pelo Caixa, pelo Banco e pelas Aplicações de Liquidez imediata — e passivo circulante. O objetivo desse índice é demonstrar o percentual de dívidas que podem ser quitadas pelas fontes disponíveis imediatamente pela CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 empresa. Liquidez geral: reflete a saúde financeira circulante e não circulante da empresa, pois exprime quanto de seus ativos totais podem ser utilizados para quitar os passivos totais. Para mais informações sobre o Relatório de Índices de Liquidez, acesse o material on-line e confira a videoaula do professor Clécio. Tema 4 – Relatório de Estrutura de Capital O Relatório de Estrutura de Capital é composto de indicadores que visam determinar a composição das origens (passivos) da entidade. Sendo assim, os índices apurados por essa análise exprimem o quanto de fontes próprias e de terceiros estão aplicadas no financiamento de ativos. Além disso, tais indicadores fornecem subsídios para analisar o nível de comprometimento financeiro com seus credores e a capacidade de honrar compromissos futuros. As principais medidas de estrutura de capital são participação de capital próprio; participação de capital de terceiros; composição do endividamento de curto prazo e composição do endividamento de longo prazo. Vamos conhecer cada uma na sequência. Participação de Capital Próprio (PCP) Demonstra quanto do patrimônio dos sócios da empresa estão aplicados para financiar seus ativos. Esse índice é calculado a partir da seguinte fórmula: 𝑃𝐶𝑃 = 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑃𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 Participação de Capital de Terceiros (PCT) Retrata o montante de fontes de financiamento externo (de curto e longo prazo) acionado pela entidade para aquisição de ativos. A apuração desse índice ocorre por: 𝑃𝐶𝑇 = 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑛ã𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Convêm demonstrar as diferenças entre essas duas fontes de financiamento dos recursos. Assim, a Figura 5 traz com simplicidade as definições de capital próprio e de capital de terceiros: Figura 5 – Capital Próprio versus Capital de Terceiros. Fonte: Blog Direito Empresarial (2006). Composição do Endividamento de Curto Prazo (ENDCP) Expressa a participação das dívidas circulantes em relação às obrigações totais da empresa. O índice é mensurado por meio da seguinte fórmula: 𝐸𝑁𝐷𝐶𝑃 = 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑛ã𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 Composição do Endividamento de Longo Prazo (ENDLP) Mede a participação relativa das obrigações de longo prazo em relação às dívidas totais da organização. A identidade de cálculo do ENDLP é: 𝐸𝑁𝐷𝐿𝑃 = 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑛ã𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑛ã𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 A técnica de análise baseada na estrutura de capital não apresenta grandes complexidades, porém Assaf Neto e Lima (2011) ressaltam que o CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 custo da dívida (ou custo do capital de terceiros) deve ser analisado em comparação com o retorno derivado das aplicações de recursos no ativo. Assim, para uma análise mais eficaz, deve-se observar se a liquidez da empresa pode suportar altos endividamentos, assim como as taxas de risco do mercado, as quais podem impactar o nível de juros cobrados pelos financiadores de recursos. Para mais informações sobre o Relatório de Estrutura de Capital, acesse o material on-line e confira a videoaula do professor Clécio. Tema 5 – Relatório dos Índices de Rentabilidade Os indicadores de rentabilidade objetivam avaliar os resultados apurados pela empresa em relação a outras referências que melhor retratem suas dimensões (ASSAF NETO; LIMA, 2011). Para Assaf Neto (2003), o indicador do Retorno sobreo Ativo revela o retorno produzido pelo total das aplicações realizadas por uma empresa em seus ativos. Uma melhor relação deste índice dará maior remuneração dos seus investimentos aplicados no Ativo. No cálculo deste indicador, é utilizado o Lucro Operacional. Para se calcular o ROA, utiliza-se a fórmula demonstrada a seguir: 𝑅𝑂𝐴 = 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 (𝑙í𝑞. 𝐼𝑅) 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑀é𝑑𝑖𝑜 Segundo Grapelli (1998), o índice do Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) mede a taxa de retorno para os acionistas. Os analistas de mercado de capitais, tanto quanto os acionistas, estão especialmente interessados neste índice. Em geral, quanto maior o retorno, mais atrativa é a ação. Dessa forma, o ROE representa o retorno obtido sobre o valor investido pelos sócios no empreendimento, ou seja, quanto os acionistas auferem de Lucro para cada unidade monetária de recursos próprios (PL). O papel deste índice é mostrar qual a taxa de rendimento do capital próprio, inclusive com o objetivo de comparar com a taxa de retorno de outros investimentos no CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 mercado. O Retorno sobre o Patrimônio Líquido está relacionado a três tópicos importantes para acelerar ou desacelerar uma empresa: lucratividade, administração de ativos e alavancagem financeira. Compreendendo que o ROE é uma composição destes três pontos à disposição da administração da empresa, os investidores podem ter uma visão mais concreta a respeito do tipo de rentabilidade que se espera e da capacidade da empresa de administrá-la. Usa-se a seguinte fórmula; 𝑅𝑂𝐸 = 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑀é𝑑𝑖𝑜 O Retorno sobre o Investimento (ROI), alternativo ao ROA, é empregado para avaliar o retorno produzido pelo total dos recursos aplicados pelos investidores e credores. O cálculo do ROI é expresso por: 𝑅𝑂𝐼 = 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 (𝑙í𝑞. 𝐼𝑅) 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑀é𝑑𝑖𝑜 O investimento médio constante na equação matemática acima tem duas opções de cálculo: Na primeira, deduz-se do ativo total o montante referente aos passivos não onerosos, que são normalmente livres de encargos financeiros; Na segunda, soma-se o passivo de funcionamento com o patrimônio líquido da empresa. Sintetizando... Há três tipos de índices de rentabilidade: ROA: revela o retorno produzido pelo total das aplicações realizadas por uma empresa em seus ativos. ROE: mede a taxa de retorno para os acionistas, na medida em que relaciona três tópicos importantes para acelerar ou desacelerar uma empresa: lucratividade, administração de ativos e alavancagem financeira. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 ROI: avalia o retorno produzido pelo total dos recursos aplicados pelos investidores e credores. Por fim, a lucratividade (rentabilidade) das vendas busca medir a eficiência da empresa na produção de resultados. A depender do parâmetro de eficiência utilizado — Lucro Bruto, Operacional ou Líquido —, pode-se obter três indicadores: a margem bruta, a margem operacional e a margem líquida. A margem bruta é calculada assim: 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑏𝑟𝑢𝑡𝑎 = 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑜 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎𝑠 A margem operacional, por conseguinte, é apurada da seguinte forma: 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎𝑠 O Gráfico 2 apresenta a margem bruta da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), sociedade anônima que atua na geração e transmissão de energia elétrica da Bacia do Rio São Francisco. Gráfico 2 – Margem Operacional Bruta. Fonte: CHESF (2014). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Por fim, a margem líquida se expressa matematicamente por: 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 = 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎𝑠 A Figura 6 evidencia a margem líquida da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (COPEL), em termos gráficos e numéricos: Figura 6 – Margem Líquida nos períodos de 2013 e 2014. Fonte: Copel (2014). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Atenção! A grande relevância desses índices se refere às explicações sequenciais sobre o desempenho da empresa (diagrama de índices de desempenho) que podem ser apuradas por meio deles. Para aprender mais sobre os indicadores, acesse o link a seguir: http://aulasprofscarpin.blogspot.com.br/p/analise-de-demonstracoes- contabeis.html Para mais informações sobre o Relatório dos Índices de Rentabilidade, acesse o material on-line e confira a videoaula do professor Clécio. Trocando Ideias Ficou com alguma dúvida em relação aos conteúdos trabalhados ou tem algum material interessante para compartilhar? Então entre no fórum! Aproveite e veja o que seus colegas têm a dizer, esse é o momento de trocar informações, não deixe de participar! Na Prática Para aprender como realizar a Análise Vertical e Horizontal no software Microsoft Excel® acesse o link a seguir e assista a um tutorial: https://www.youtube.com/watch?v=Dmytm01Ilng Síntese A avaliação de desempenho de uma organização por meio das demonstrações contábeis e com a aplicação das técnicas de análise permite aos gestores das organizações um maior conhecimento dos resultados possíveis a serem alcançados. Possibilitam também enxergar tendências positivas e negativas dentro de um cenário organizacional. Assim, o objetivo desta aula foi evidenciar a importância dos indicadores que se extraem das demonstrações contábeis que servem como apoio às tomadas de decisões dos gestores das organizações. http://aulasprofscarpin.blogspot.com.br/p/analise-de-demonstracoes-contabeis.html http://aulasprofscarpin.blogspot.com.br/p/analise-de-demonstracoes-contabeis.html https://www.youtube.com/watch?v=Dmytm01Ilng CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Referências ANS - AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE COMPLEMENTAR. Finanças corporativas: uma visão da saúde suplementar. 2006. Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/2263908/>. Acesso em: 20 jun. 2016. ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de Administração Financeira. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2011. BLOG DIREITO EMPRESARIAL. Disponível em: <http://www.blogdireitoempresarial.com.br/2011/04/juros-sobre-capital-proprio- entenda-o.html>. Acesso em: 20 jun. 2016. BRASIL. Lei das Sociedades Anônimas. 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília, DF, 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 20 jun. 2016. CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Pronunciamento Técnico CPC 00 (R1): Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro (2011). Disponível em: <www.cpc.org.br>. Acesso em: 20 jun. 2016. CHESF - Companhia Hidroelétrica do São Francisco. Resultado do serviço de energia elétrica e margem operacional. Disponível em: <https://sustentabilidade.chesf.gov.br/desempenho-economico- financeiro/resultado-do-servico-de-energia>. Acesso em: 20 jun. 2016. COPEL - Companhia Paranaense de Energia Elétrica. Copel cresce receita, mas perde margem líquida. Disponível em: <http://www.fundamentalista.com.br/copel-cresce-receita-mas-perde-margem- liquida/>. Acesso em: 20 jun. 2016. COTRISAL. Balanço Patrimonial e Social 2014. Disponível em: <http://www.cotrisal.com.br/balanco/notas_explicativas>. Acesso em: 20 jul. 2015. DOUTOR Excel. Gráfico waterfall (em cascata) na análise de resultados – horizontal e vertical. Disponível em: <https://doutorexcel.wordpress.com/2012/09/29/grafico-waterfall-em-cascata- na-analise-de-resultados-horizontal-e-vertical/>.Acesso em: 20 jun. 2016 IGARASHI, D. C. C. et al. O uso da análise horizontal e vertical para apoiar a evidenciação do alinhamento entre o Balanço Social e o Relatório de Sustentabilidade: um estudo em uma empresa geradora de energia elétrica. Gestão & Regionalidade, v. 26, n. 77, mai/ago, p. 4-17, 2010. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 LEITE, H. P. Introdução à administração financeira. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1994. PLANO DE PREVIDÊNCIA DA ABB. Sequência do processo contábil. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/325900/modulo-5-analise-das- demonstracoes-contabeis>. Acesso em: 20 jun. 2016. VILLA, P.; ESPEJO, M. TAM e Gol: Casos representativos da aviação brasileira em tempos de crise. Rev. Portuguesa e Brasileira de Gestão, Lisboa, v. 10, n. 4, 2011. http://pt.slideshare.net/325900/modulo-5-analise-das-demonstracoes-contabeis http://pt.slideshare.net/325900/modulo-5-analise-das-demonstracoes-contabeis
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