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Neoplasias Tumores Benignos: Em geral, seus nomes terminam com o sufixo “oma”. Por exemplo, os tumores mesenquimatosos benignos incluem lipoma, fibroma, angioma, osteoma e leiomioma. A nomenclatura dos tumores epiteliais benignos é um tanto complexa, e baseia-se na histogênese e na arquitetura. Seguem-se alguns exemplos: Adenomas são tumores epiteliais benignos que se originam nas glândulas e apresentam ou não padrões glandulares ou tumores de outras origens que formam padrões glandulares.Cistadenomas são adenomas que produzem grandes massas císticas encontrados tipicamente nos ovários. Papilomas são tumores epiteliais que formam projeções digitiformes, micro ou macroscópicas. Cistadenoma papilar é um papiloma que forma protusão para espaços císticos. Pólipos são tumores que se projetam da mucosa para a luz de uma víscera oca Tumores Malignos: Esses tumores costumam ser denominados cânceres, e são amplamente divididos em duas categorias: os carcinomas, que surgem das células epiteliais (podem ser de qualquer das três camadas – ectoderme (pele), mesoderme (túbulo renal) e endoderme (epitélio GI)) e os sarcomas que têm origem nos tecidos mesenquimatosos. A nomenclatura de tipos específicos de carcinomas ou sarcomas baseia-se no seu aspecto e na sua suposta origem histogenética. Portanto, os tumores epiteliais malignos com padrões de crescimento glandular são referidos como adenocarcinomas, e os tumores epiteliais malignos com pradões de crescimento epitelial são os carcinomas epitelióides, enquanto os sarcomas que se originam de células musculares lisas, ou que a elas se assemelham, são denominados leiomiossarcomas. Cerca de 90% de cânceres humanos são carcinomas, talvez porque a maior parte da proliferação celular no corpo ocorre no epitélio ou talvez porque tecidos epiteliais são mais freqüentemente expostos a várias formas de dano físico e químico que favorece o desenvolvimento de câncer. Alguns tumores parecem ter mais de um tipo de células parenquimatosa. Dois membros importantes nesta categoria são: (1) Tumores mistos, derivados de uma camada de células germinativas que se diferenciam em mais de um tipo de célula parenquimatosa. Por exemplo, o tumor misto das glândulas salivares contém células epiteliais, bem como estroma mixóide e tecido semelhante a cartilagem (adenoma pleomórfico). Todos os elementos têm origem na diferenciação alterada de células epitaliais dos ductos. (2) Teratomas, constituídos por uma variedade de tipos de células parenquimatosas representativas de mais de uma camada de células germinativas, em geral de todas as três. Surgem a partir de células totipotentes, que retêm a capacidade de formar tecido endodérmico (por exemplo, epitélio intestinal), ectodérmico (por exemplo, a pele) e mesenquimatoso (por exemplo, gordura). Esses tumores são encontrados principalmente nos testículos e nos ovários.Quando todas as partes que compõem o tumor são bem diferenciadas, e é um teratoma benigno (maduro); quando menos diferenciado, ele é um potencial teratoma maligno (imaturo). Várias são as nomenclaturas errôneas que ocorrem e que ficaram por convenção como por exemplo melanoma e seminoma. Duas lesões não-neoplásicas que simulam tumores possuem nomes enganosamente semelhantes aos tumores: (1) Coristomas que são restos ectópicos, algumas vezes nodulares, de tecidos não-transformados (por exemplo, células pancreáticas sob a mucosa do intestino delgado). Outro exemplo são células da adrenal abaixo da cápsula renal. (2) Hamartomas são malformações que se apresentam como uma massa de tecido desorganizado próprio de um determinado local (isto é, um nódulo hamartomatoso no pulmão pode conter ilhotas de cartilagem, brônquios e vasos sanguíneos). Os hamartomas são sempre benignos. A nomenclatura dos tumores é muito importante porque tem várias implicações clínicas importantes. Características A diferenciação entre os tumores benignos e malignos baseia-se no aspecto e, por fim, no comportamento, utilizando quatro critérios (1) Diferenciação e Anaplasia: diferenciação baseia-se no grau em que as células tumorais se assemelham a células normais comparáveis (morfológica e funcionalmente). Na maioria dos tumores benignos, as células assemelham-se muito às células normais correspondentes. Portanto, os adenomas da tireóide são compostos por ácidos tiroideanos que se assemelham ao normal, e as células nos lipomas assemelham-se às do tecido adiposo normal. Embora as neoplasias malignas sejam, em geral, menos bem diferenciadas que seus equivalentes benignos, mostram padrões que variam de bem diferenciadas a muito pouco diferenciadas. A ausência de diferenciação, também denominada anaplasia, é uma característica das células malignas (Ocorre por proliferação não seguida de maturação, os casos de desdiferenciação são muito raros). Os seguintes achados citológicos caracterizam os tumores anaplásicos, ou pouco diferenciados: (1) Pleomorfismo nuclear e celular – ampla variação na forma e no tamanho das células e dos núcleo; (2)Hipercromatismo – Núcleos intensamente corados que, amiúde, possuem nucléolos proeminentes; (3)Relação núcleo-citoplasmática – aproxima-se de 1:1, ao invés de 1:4 ou 1:6, refletindo o aumento dos núcleos; (4) Mitoses abundantes – Refletem atividade proliferativa. As figura mitóticas são anormais (fusos tripolares por exemplo) – Mas não indica necessariamente que um tumor é maligno ou o tecido neoplásico. Por exemplo a medula óssea tem um grande número de figuras mitóticas, mas não apresentam figuras mitóticas bizarras; (5) Células gigantes tumorais – contendo um único grande núcleo poliplóide ou múltiplos núcleos hipercromáticos e pleomórficos; (6) Polaridade– É marcadamente alterada, em especial nas neoplasias malignas. Os tumores anaplásicos pouco diferenciados também mostram um desarranjo total da arquitetura tecidual. Por exemplo, em um tumor anaplásico do colo uterino, encontra-se perda de orientação normal das células epiteliais escamosas, umas em relação às outras. Os tumores bem diferenciados, sejam eles benignos ou malignos, tendem a manter as características funcionais de seus equivalentes normais. Existem atributos como a produção de hormônios nos tumores de origem endócrina ou queratina nos tumores epiteliais escamosos. A displasia refere-se ao crescimento desorganizado, porém não- neoplásico. Caracteriza-se por pleomorfismo, hipercromatismo e perda de orientação normal. Há um grande número de mitoses que aparecem normais, porém em locais anormais, por exemplo, as mitoses epiteliais não localizadas na camada basal. As alteração displásicas costumam ser encontradas nos epitélios, em especial do colo uterino. Quando as alterações displásicas são acentuadas e envolvem toda a espessura do epitélio, a lesão é considerada como uma neoplasia pré-invasiva, e é referida como carcinoma in situ. Este é um precursor, em muitos casos, de carcinoma invasivo. Entretanto, graus brandos de displasia comum no colo uterino, nem sempre levam ao câncer e são, em geral, reversíveis quando a causa inicial for removida. As displasias não necessariamente vão culminar em câncer. Quando se diminui a diferenciação o metabolismo está bastante alterado em relação ao normal para aquele tipo celular e por isso aparecem substâncias “estranhas” como proteínas fetais (CEA e AFP) e hormônios ectópicos (ACTH, insulina, glucagon, etc...). Quanto mais rápido o crescimento e mais anaplásico o tumor, maior é a diferenciação. (2) Velocidade de Crescimento: Em geral a velocidade de evolução depende de três parâmetros principais, em uma população de células explorando as oportunidades para o comportamento canceroso no corpo: (1) o tempo de duplicaçã, isto é, o número médio de gerações da progênie produzida por unidade de tempo; (2) a fração de células tumorais que se encontram no grupo replicativo e (3) vantagem seletiva obtida pelo indivíduo mutante bem-sucedido, isto é, a razão entre o númerode progênie sobrevivente fértil produzida por este por unidade de tempo, para o número de progênie fértil produzida por indivíduos não-mutantes. A maioria dos tumores malignos tem crescimento mais rápido que os tumores benignos. Entretanto, alguns cânceres crescem lentamente durante anos e, então, entram em uma fase de crescimento rápido; outros expandem-se rapidamente desde o início. O crescimento dos cânceres que surgem de tecidos sensíveis ao hormônio, como o útero, por exemplo, é afetado pelas variações nos níveis hormonais associados à gravidez e à menopausa. O ritmo de crescimento não é constante ao longo do tempo, depende de vários fatores como hormônio e suprimento sangüíneo. Por exemplo o leiomioma que depende de estrógeno pode regredir na menopausa ou aumentar com a administração de anticoncepcionais orais. Os tumores malignos de crescimento rápido em geral contêm áreas centrais de necrose isquêmica, porque o suprimento sangüíneo do tumor não consegue acompanhar as necessidades de oxigênio da massa de células em expansão. (3) Invasão Local: A maioria dos tumores benignos cresce sob a forma de massas expansivas e compactas (formação esta favorecida pelo padrão lento de crescimento), que desenvolvem uma borda de tecido conjuntivos condensado e células parenquimatosas atrofiadas, ou cápsula, na periferia. Não penetram na cápsula, nem nos tecidos circundantes normais. São móveis e discretamente palpáveis. O plano de clivagem entra a cápsula e os tecidos circundantes facilita a enucleação cirúrgica. Mas nem todos são assim, por exemplo os hemangiomas que normalmente penetram na derme e pele As neoplasias malignas são invasivas, infiltrando e destruindo os tecidos normais ao seu redor. Faltam uma cápsula bem definida e um plano de clivagem, tornando a enucleação difícil ou impossível. São pouco delimitados. Alguns tumores malignos de crescimento lento, porém podem desenvolver uma cápsula semelhante. O tratamento cirúrgico desses tumores exige a remoção de uma margem considerável de tecido saudável e aparentemente não-afetado, uma vez que o tumor não reconhece limites anatômicos. Os carcinomas in situ são fenotipos pré-invasivos apresentando todas as características de malignidade exceto a de invasão da membrana basal. (4) Metástase: As metástases são implantes descontínuos do foco tumoral primário. Este processo envolve a invasão dos linfáticos, dos vasos sanguíneos e das cavidades corporais pelo tumor, seguida pelo transporte e pelo crescimento de massas de células tumorais secundárias que não apresentam continuidade com o tumor primário. Este é o achado mais importante que diferencia entre os tumores benignos e malignos. Com a notável exceção dos tumores de cérebro e dos carcinomas basocelulares da pele, quase todos os tumores malignos têm capacidade para metastatizar. A disseminação distante dos tumores ocorre através de três vias: (1) Disseminação nas cavidades corporais: Ocorre através de semeadura de superfícies nos espaços peritoneal (principal), pleural, pericárdico e subaracnóide. O carcinoma do ovário, por exemplo, dissemina-se por via transperitoneal para a superfície do fígado ou para outras vísceras abdominais. Câncer de ovário e apendice-cecal que secretam muco e este cai na cavidade peritonial – pseudomixoma peritonial. Quanto mais agressivo o tumor, mais rápido o crescimento e maior o tumor primário, maior então será a probabilidade de metastatizar desse tumor – Há diversas exceções para esse padrão geral. (2) Invasão dos linfáticos: É a principal via para as células de origem epitelial. É seguida pelo transporte de células tumorais para os linfonodos regionais e, finalmente, para outras partes do corpo, sendo comum na disseminação inicial dos carcinomas. (Depende da área de drenagem.) Assim, os carcinomas da mama disseminam-se para os linfonodos axilares ou mamários internos, dependendo da localização do tumor. Os linfonodos que constituem os locais de metástase estão, em geral, aumentados e constituem uma barreira temporal para a disseminação onde o sistema imune tenta dar conta do recado. Amiúde, este aumento é resultado do crescimento das células tumorais nos linfonodos, mas, em alguns casos, resultam basicamente de hiperplasia reativa dos linfonodos em resposta aos antígenos tumorais. (3) Disseminação hematogênica: Típica de todos os sarcomas, mas também constitui a via preferida de certos carcinomas, como aqueles com origem nos rins. Devido a suas paredes mais delgadas, as veias costumam ser mais afetadas que as artérias, mas estas podem ser afetadas por duas vias principais, o leito capilar pulmonar e os shunts arteriovenosos no pulmão. Os pulmões e o fígado são locais comuns de metástase hematogênica, porque recebem o efluxo sistêmico e venoso respectivamente. Outros locais importantes de disseminação hematogênica incluem o cérebro e os ossos. Cânceres próximos à coluna vertebral (próstata e tireóide) podem dar metástases para o plexo venoso paravertebral Base molecular do câncer O câncer é uma doença genética. A lesão genética é adquirida nas células somáticas através de agentes ambientais (químicos, radiativos ou virais), ou hereditária na linha germinativa. Os tumores desenvolvem-se como progênie clonal de uma única célula progenitora geneticamente lesada. A monoclonalidade dos tumores pode ser verificada pelo estudo dos marcadores ligados ao X. Quatro classes de genes são alvos da lesão genética: os proto- oncogenes que promovem crescimento, os genes supressores de tumores que inibem o crescimento, os genes que regulam apoptose e os genes envolvidos no reparo do DNA. A carcinogênese é um processo com múltiplas etapas fenotípicas e genéticas. Os atributos do processo maligno, por exemplo, invasão, crescimento excessivo, evasão para o sistema imune, são adquiridos de uma forma gradual – um processo denominado progressão tumoral. Em nível genético, a progressão é resultado do acúmulo de condições genéticas. Apesar de a maioria dos tumores malignos ser de origem monoclonal, quando eles se tornam, clinicamente evidentes suas células constituintes são extremamente heterogêneas. Durante a progressão, as células tumorais estão sujeitas a pressões de seleção imune e não imune. Alterações essenciais para a transformação maligna (1) Autossuficiência nos sinais de crescimento: os tumores apresentam a capacidade de proliferação sem estímulos externos, em geral como consequência da ativação de oncogenes. (2) Insensbilidade aos sinais inibidores de crescimento; (3) Evasão da apoptose: os tumores podem ser resistentes à morte celular pogramada, como consequência da inativação do p53 ou de ativação de genes antiapoptóticos; (4) potencial de replicação ilimitado; (5) angiogênse mantida: os tumores não são capazes de crescer sem a formação de um suprimento vascular para trazer nutriente e oxigênio e remover os produtos do catabolismo; (6) capacidade de invadir e metastizar: são a causa da grande maioria das mortes por câncer e dependem de processos que são intrínsecos à célula ou são iniciados por sinais do ambiente tecidual; (7) defeitos no reparo do DNA: leva à instabilidade genônimca e a mutações em proto- oncogenes ou genes supressores de tumor. Oncogenes Os oncogenes são genes derivados de proto-oncogenes cujos produtos estão associados à transformação neoplásica. Os proto-oncogenes são genes celulares normais que afetam o crescimento e a diferenciação. Os produtos protéicos dos oncogenes são as oncoproteínas. Para compreender a atividade transformadora dos oncogenes, é fundamental considerar suas funções no crescimento celular normal. O estímulo da proliferação celular normal é, em geral, deflagrado por fatores de crescimento que ligam-se aos receptores de membrana celular. O sinal recebido sobre a membrana celular é transduzido para o citoplasma e, finalmente para o núcleo através da geração de segundos- mensageiros, como o cálcio. Essessinais ativam os fatores de regulação nuclear que iniciam a transmissão do DNA. Fatores de Crescimento – Alguns proto-oncogenes codificam fatores de crescimento, como o PDGF (cadeia beta). Muitos tumores que produzem fatores de crescimento também respondem aos efeitos promotores de crescimento dos fatores de crescimento secretados e, portanto, estão sujeitos a estímulo autócrino. Mutações tornam-o oncogênico. Alterações de ras aumentam a síntese de GF que levam a produção de TGF-alfa que por sua vez estimula EGF. Receptores de fatores de crescimento – Vários oncogenes codificam receptores do fator de crescimento. As alterações estruturais e a expressão excessiva dos genes receptores foram encontradas associadas à transformação maligna. As mutações em vários receptores de crescimento do tipo tirosina-quinase levam à sua ativação constitutiva sem ligação a seus ligantes e com isso há estímulo mitogênico constante. Em geral, a expressão excessiva envolve membros da família do receptor FCE; por exemplo c-erb B1 é excessivamente expressa na maioria dos carcinomas da célula escamosa do pulmão; c-erbB2 (c-neu) está aumentada nos adenocarcinomas da mama (também c-erb B3), ovários, pulmões, estômago etc. Nos cânceres da mama que têm c-erb B2 aumentada, o prognóstico é sombrio, provavelmente porque suas células são muito sensíveis a quantidades menores de fatores de crescimento. C-fms associado a leucemia mielóide, sendo mutação pontual no gene CSF. Outro grupo são os genes hst-1 e int-2 que estão implicados na produção de FGF. Proteínas transdutoras de sinais – Essas são bioquimicamente heterogêneas, locadas na lâmina interna da membrana plasmática e no citoplasma perimembranar e agrupadas em duas categorias principais: 1 – Proteínas de ligação do GTP – A esta categoria pertence a família ras de proteínas e as proteínas G. Cerca de 30% de todos os tumores humanos portam proteínas ras mutantes (importantes na mutagênese induzida por fatores de crescimento). As proteínas ras normais movem-se para frente e para trás entre uma forma transmissora de sinal ativado (ligada a GTP) (e dispara cascatas de fosforilação via MAPK e PKC) e uma forma quiescente inativada (ligada a GDP). A conversão de ras ativa para ras inativa é mediada por sua atividade GTP-ase intrínseca, que é aumentada pela família das proteínas ativadoras de GTP-ase (GAP). As proteínas ras mutantes ligam-se à GAP (breque do sinal de ras), mas sua atividade GTP-ase não está aumentada e, portanto, são aprisionadas em sua forma transmissora de sinal ligada a GTP. Proteínas G associadas aos tumores só se sabe da subunidade GaS que controla a atividade da adenil ciclase. 2 – Proteínas nucleares reguladoras – Os produtos dos oncogenes myc, jun, fos e myb são as proteínas nucleares (regulam genes de proliferação). Expressam-se de uma forma altamente regulada durante a proliferação das células normais (myc – presente nas respostas iniciais, independentes de síntese protéica e são importantes para as células quiescentes entrarem em divisão) e, acredita-se que regulem a tradução dos genes relacionados ao crescimento. Suas versões oncogênicas estão associadas à expressão persistente. A não regulação da expressão myc ocorre no linfoma de Burkitt, nos neuroblastomas e no câncer de pequenas células do pulmão. O complexo myc/max é um heterodímero que liga no DNA e quando mutado leva a expressão persistente ou superexpressão. O conceito de Colaboração oncogênica é definido pela ação sinérgica de dois ou mais oncogenes específicos para tornarem células cancerosas. Genes Supressores Tumorais O câncer pode surgir não apenas através da ativação de oncogenes promotores de crescimento, mas também pela inativação de genes que normalmente suprimem a proliferação celular (anti-oncogenes ou genes supressores de tumor). Gene Rb: localizado no cromossomo 13q14 é o protótipo do gene supressor do câncer. É importante na patogenia do tumor infantil, o retinoblastoma. Quarenta por cento dos retinoblastomas são familiares; o percentual restante é esporádico. Para explicar a ocorrência familiar e esporádica, propõe-se a hipótese dos “dois golpes”: Ambos os alelos normais no loco Rb precisam ser inativados (dois golpes) para o desenvolvimento de retinoblastoma. Nos casos familiares, ambos os olhos são afetados as crianças herdam uma cópia defeituosa do gene Rb na linhagem germinativa; a outra cópia é normal. O retinoblastoma ocorre quando o gene Rb normal é perdido nos retinoblastos, como resultado de uma mutação somática. Nos casos esporádicos os dois alelos são perdidos através da mutação somática em um dos retinoblastos. Afeta só um dos olhos – Questão de probabilidade!!! O câncer ocorre quando as células tornam-se homozigóticas para os genes supressores de câncer. Como as células heterozigóticas são normais, esses genes também são denominados “genes recessivos de câncer. O loco Rb está envolvido na patogenia da vários cânceres, porque os pacientes com retinoblastoma familiar correm maior risco de desenvolver osteossarcomas e sarcomas dos tecidos moles. O mecanismo de ação do gene Rb e de outros anti-oncogenes putativos é obscuro. Seu produtos são proteínas nucleares que podem atuar como repressores da síntese de DNA. O produto do gene Rb é uma fosfoproteína nuclear que regula o ciclo celular. Em sua forma ativa, o estado de hipofosforilado, serve para evitar que as células entrem na fase S, ligando-se seqüestrando fatores de transcrição. Quando estimulada por fatores de crescimento, a proteína Rb é fosforilada (no final de G1) por quinases dependentes de ciclinas, e a proteína Rb hiperfosforilada resultante libera os fatores nucleares essenciais para a duplicação celular. Com as mutações no gene Rb, esta regulação metódica do ciclo celular é rompida. Os produtos protéicos de certos vírus oncogênicos do DNA, por exemplo, vírus de papiloma humano, podem ligar-se à proteína Rb, evitando a regulação normal da célula. O TGF-beta atua mantendo a desfosforilação, e prevenindo a fosforilação de Rb. Mutações ocorrem no bolso da pRb que é a parte que se liga às proteínas reguladoras do ciclo. O SV40 codifica uma proteína que liga à pRb desfosforilada e a mantém inativa. NF-1 – Este gene sofre mutação na neurofibromatose do tipo I. Atua em comum acordo com o oncogene ras, porque o produto do gene NF-1 é uma proteína ativadora de GTPase (GAP). Em sua forma normal, o NF-1 favorece a inativação da proteína ras, para evitar a transdução do sinal. Com as mutações, esta função desaparece e ocorre ativação ras não checada. P53 – As mutação de p53 (17q13.1) são as alteração genéticas mais comuns nos cânceres humanos. São encontradas em uma ampla variedade de tumores, incluindo carcinomas de mama, cólon e pulmões. Os pacientes que herdam um gene p53 mutante têm maior risco de desenvolver vários tumores (síndrome de Li Fraumeni). Uma função do p53, que pode ser importante na carcinogênese, é evitar que as células lesadas por agentes mutagênicos dividam-se. A parada da fase G1 permite que as células reparem a lesão do DNA, e se este processo falhar, as células sofrem apoptose. P53 mutante não provoca a parada de G1, as células com DNA lesado continuam a dividir-se, e o acúmulo de mutações leva à transformação neoplásica. A proteína p53 se liga ao DNA e exerce seu efeito, em parte, por indução da transcrição de outro gene regulador, cujo produto, uma proteina de 21 Kd liga-se ao complexo ciclina G1/cdk2 e bloqueia o ciclo. O p53 é uma proteína policiador porque previne a propagação de células danificadas ou com o genoma incompleto ou defeituoso. Normalmente sua meia- vida é curta, da ordem de minutos, não sendo essencial para a divisão celular normalmente. Porém quando há dano celular ela é recrutada por alteração pós- traducional que estabiliza a molécula aumentando a sua meia-vida, isso faz com que a p53 se acumule e se ligua ao DNA brecando o ciclo em G1, no pontode início. A intenção do processo é ou fornecer tempo para o reparo do dano ou então levar a célula para a via apoptótica impedindo que ela propague as suas alterações. Assim o p53 inibe as novas mutações e a progressão e formação de novas mutações. As mutações no gene p53 normalmente são missense. O SV40 pode atuar sequestrando o p53 e produtos de oncogenes nucleares inativam a p53 por ligar a ela. Algumas formas mutantes não só perdem a função mas também ganham a habilidade de se ligar e inativar a p53 normal. Outros produtos importantes sobre os quais o p53 age é a GADD45 – família de genes de reparo do DNA e mdm2. DCC – Relacionado ao Câncer colorretal, é uma proteína transmembrana semelhante à molécula de adesão. Tem papel importante na inibição por contato. Mutações levam à perda dessa propriedade e a célula não sofre esse tipo de inibição. P16 – Importante para controle da divisão celular, relacionado com vários tipos de tumores servindo como marcador normalmente bloqueia a ação do CDK4 e 6 e impede a ação da ciclina D – O complexo fosforilaria formando E2 – Acaba ocorrendo hipermetilação e perda da heterozigose – consegue através da perda de heterozigose determinar se aquela região cromossômica está perdida). Genes que regulam a apoptose O gene protótipo deste grupo, bcl-2, evita a morte celular programada, ou apoptose. É provável que a expressão excessiva de bcl-2 aumente a sobrevida celular, e se as células forem geneticamente lesadas continuam a sofrer mutações adicionais nos oncogenes e nos genes supressores de câncer. O exemplo mais dramático de expressão excessiva de bcl-2 ocorre nos linfomas da célula B do tipo folicular. Aqui, a translocação t(14;18) justapõe bcl-2 com loco de cadeia pesada de Ig com transcrição ativa, resultando na expressão excessiva de bcl-2. Outros genes também podem influenciar a apoptose. O p53 já foi mencionado. Além disso, se as células que portam c-myc não possuem fatores de crescimento suficientes em seu ambiente, sofrem apoptose, que pode ser evitada pela expressão excessiva de bcl-2. Radicais livres de oxigênio levam a dano letal que estimula a apoptose. Normalmente o bcl-2 dispara uma via antioxidante que resgata a célula do processo apoptótico. Base Molecular das Múltiplas etapas da carcinogênese Nenhuma alteração genética isolada é suficiente para induzir cânceres in vivo. É necessária a perda dos múltiplos controles exercidos pelas três categorias dos genes – oncogenes, genes supressores de tumor e genes reguladores da apoptose – para a emergência das células cancerosas. Este processo é mais bem exemplificado pela seqüência adenoma-carcinoma no cólon. Nesta seqüência, a evolução dos adenomas benignos em carcinomas é acentuada pelo aumento e pelos efeitos cumulativos da mutação afetando os genes ras, APC, p53 e DCC. O acúmulo de mutações, talvez resultantes da instabilidade genética das células cancerosas, é promovido por alterações genéticas nos principais “genes mutadores”, como aquele mapeado no cromossomo 2p. Este gene, em sua forma normal, favorece a reparação do DNA lesado. Admite-se que um câncer seja formado por no mínimo a ativação de um oncogene e a perda de dois ou mais genes supressores de tumor. A ativação de ras leva ao aumento da secreção de GF e perda de ancoramento. O myc deixa a célula mais sensitiva aos fatores de crescimento – Daí a importância da associação myc/ras na carcinogênese Angiogênese Tumoral Como as células tumorais, assim como as células normais, precisam de oxigênio para sobreviver, a vascularização tumoral pelos vasos sanguíneos do hospedeiro tem uma profunda influência sobre o crescimento do tumor (importante também na metástase). Nos tumores de crescimento rápido, a velocidade de crescimento excede, algumas vezes, a velocidade de vascularização, causando áreas de necrose isquêmica. A vascularização dos tumores é efetuada pela liberação de fatores angiogênicos associados ao tumor, derivados de células tumorais ou de células inflamatórias que entram nos tumores. Esses fatores incluem TGF-alfa, TGF-beta, EGF, PDGF, fator de crescimento vascular endotelial e fatores de crescimento de fibroblasto ligados à heparina (FGF – que é quimiotático e mitogênico para células endoteliais além de estimular a produção de enzima proteolítica que facilita penetração das células endoteliais no estroma). Este último é mais bem caracterizado e pode promover todas as etapas da angiogênese. Ao evitar a liberação dos fatores angiogênicos ou ao neutralizar os fatores liberados, é possível retardar o crescimento tumoral. Outro fator é a liberação de TGF-beta pelo tumor que recruta macrófagos que atuam liberando FGF e TNF-alfa que provoca angiogênese. Outro fator que colabora é a perda de fatores de inibição da angiogênese, codificados por genes supressores de tumor. Progressão e Heterogeneidade Tumoral A progressão tumoral refere-se ao fenômeno onde os tumores tornam-se progressivamente mais agressivos, adquirindo maior potencial maligno. A progressão está relacionada ao aparecimento seqüencial no tumor de células que diferem com relação aos processos de invasão, velocidade de crescimento, capacidade de formar metástases, evitar imunovigilância e vários outros atributos. Portanto, um tumor clinicamente detectável, embora monoclonal, costuma ser constituído de células fenótipo e geneticamente heterogêneas. Acredita-se que a heterogeneidade seja resultado da instabilidade genética das células tumorais que estão sujeitas a uma alta taxa de mutações aleatórias. Alternativamente, a emergência de subclones heterogêneos nas células tumorais é favorecida pela mutação em certos “genes mutadores” principais (FCC por exemplo). A heterogeneidade e a progressão da célula tumoral começam bem antes da detecção clínica dos tumores (período de latência) e continua depois disso. A seqüência de etapas envolvidas na invasão e na metástase pode ser dada pela seguinte seqüência: (1) Célula epitelial transformada; (2) Expansão clonal, crescimento, diversificação; (3) Subclone metastático; (4) Aderência e invasão da membrana basal; (5) Passagem através da matriz extracelular; (6) Penetração nos vasos sanguíneos ou linfáticos; (7) Interação com as células linfóides do hospedeiro; (8) Êmbolo de células tumorais; (9) Aderência à membrana basal de vasos sanguíneos em locais distantes; (10) Extravasamento para o tecido; (11) Depósito metastático. Gradação e Estadiamento dos Tumores O grau e o estádio das neoplasias malignas fornecem uma estimativa semiquantitativa da gravidade clínica de um tumor: A gradação baseia-se no grau de diferenciação e no número de mitoses dentro do tumor. Os cânceres são classificados em graus I a IV conforme o aumento da anaplasia. Em geral, os tumores de graus mais elevados são mais agressivos que os tumores de baixo grau. A gradação é um procedimento imperfeito pois (1) diferentes partes de um mesmo tumor mostram graus diferentes de diferenciação e (2) a gradação do tumor pode mudar à medida que o tumor cresce. O estadiamento baseia-se na extensão anatômica do tumor. No estadiamento são importantes o tamanho do tumor primário e a extensão da disseminação local e distante. Atualmente utilizam-se dois métodos de estadiamento: o sistema TNM (tumor 1-4 0=in situ, linfonodo 1-3, metástases 0 e 1) e o sistema AJC (American Joint Committee 0 - IV). Os dois sistemas classificam nos estádios mais elevados os tumores maiores, que são maiores, localmente invasivos e metastáticos.
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