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Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestalt Terapia de Goiânia Alessandra Iovanovich de Paula Oliveira - Turma: 34 Professora: Solana Carneiro Fernandes Disciplina: Teoria de Campo e Abordagem Gestáltica Resenha: Relações entre a Teoria de Campo de Kurt Lewin e a Gestalt- terapia - Hugo Elídio Rodrigues O presente livro, é o primeiro da coleção Gestalt-terapia, organizado pelas autoras Lilian Meyer Frazão e Karina Okajima Fukumitsu, em 2013. Frazão é uma das precussoras e ministrante da linha teórica Gestalt-terapia no Brasil, e até no exterior, como professora. Fukumitsu é mestre em psicologia clínica e psicoterapeuta especializada em Gestalt-terapia. A primeira coleção, é designada como: Gestalt-terapia: fundamentos e práticas apresenta as bases epistemológicas e influências filosófica, que tem o intuito de clarear, aprofundar e ampliar as bases que sustentam a Gestalt-terapia, tais como a fenomenologia; existencialismo; humanismo; psicologia da Gestalt; teoria de campo; teoria organísmica; pensamento oriental e Gestalt. O foco aqui, discutido, é sobre um texto escrito por Hugo Elídio Rodrigues, denominado “Relações entre a teoria de campo de Kurt Lewin e a Gestalt-terapia”, onde trata da correlação entre A Teoria de Campo, por Kurt Lewin, aplicado na Gestalt-terapia. Segundo o autor, há uma numerosa aplicabilidade em experimentos psicológicos e de metodologia para a psicologia em geral, na Teoria de Campo. Essa teoria, “meio” ou “campo” especifica-se o “quando” e “onde” algo pode produzir uma diferença na percepção da pessoa (RODRIGUES, 2013) Rodrigues (2013) traz a história que impulsionou a Teoria de Campo surgir, discorrendo sobre o pensamento contrário que Lewin tinha pelo pensamento pragmático aristotélico, da época, quando esse, baseava-se em um pensamento “classificatório, estatístico-histórico e abstrato”. Era classificatório por rotular algum elemento a agir por possuir características particulares e pertencentes a ela. É estatístico-histórico, pela repetição de algo ou alguma coisa, que então, eternamente irá se repetir no futuro. São experiências que o concretismo, a certeza, as ciências eram recolocadas por uma generalização (RODRIGUES, 2013, p. 59) Kurt Lewin contra argumenta que todo comportamento é circunstancial, onde o enfoque é no que está acontecendo, no presente, ou seja, entender descritivamente a origem daquele comportamento em sua atual circunstância. A partir daí, originou-se a teoria do campo. No entanto, embora chamada “teoria”, Lewin, “considera melhor, como um “método” que explora as relações causais e de criar construções cientificas” (LEWIN, 1965, p. 51 apud RODRIGUES, 2013, p. 60). Lewin, conforme Rodrigues (2013) pesquisou um método mais próximo da descrição dos fatos, onde o campo representa-se como uma totalidade de forças que possui grande influência no comportamento, em tempo e lugar especifico. O conceito de “campo” é definido também, por “espaço vital” indicando a totalidade de fatos que impulsionam o comportamento do sujeito, em uma determinada circunstância e regiões, sendo elas, a pessoa e o ambiente (LEWIN, 1965 apud RODRIGUES, 2013). Rodrigues (2013), expôs algumas das principais características desta teoria, sendo elas, referente aos aspectos dinâmicos, onde ocorre as forças presentes no campo. Essas forças, segundo Lewin, variam a intensidade, podendo neutralizar, aumentar ou até amenizar. É fundamental, de acordo com Lewin, que considere o comportamento em um campo vivencial, no momento em que ele acontece, onde o passado só interfere no presente, quando há alguma situação inacabada presente no campo, para aquele determinado sujeito, logo, o comportamento é em função da totalidade dos fatos presentes no campo, da relação entre pessoa e seu meio psicológico (LEWIN, 1965 apud RODRIGUES, 2013). A Gestalt-terapia também considera que uma situação inacabada proporciona uma tensão interna que pode contribuir para um comportamento neurótico em busca do fechamento de tal situação (RODRIGUES, 2013) Rodrigues (2013) traz uma noção sobre o conceito de “tensão” para Lewin. Há presente no campo, uma considerada fonte de energia que é gerada por meio de necessidades emergentes, e quando essas são emergidas, ocorre então, ações. A “tensão” passa a ser sempre em relação a algo, ou seja, um estado, um nível de energia no qual uma região do campo se comunica com outra. A valência mobiliza potencialmente o indivíduo para um movimento que aproxima ou afasta de algo, relevando sempre, o contexto referencial, então, Lewin afirmou que a tensão interna provoca uma tendência à locomoção (LEWIN, 1965 apud RODRIGUES, 2013). Portanto, Rodrigues (2013), descreve que se houver tensão na região do campo, a mesma não se torna fluida. Se a relação com a região passa a ser fluida, a tensão se dissipa contribuindo para a fluidez dessa região. O autor, Rodrigues (2013) esclarece sobre a aplicação da Teoria de Campo em um contexto Gestalt-terapêutico, que ao o cliente explanar o seu campo, é provocado consciência de seu espaço, passando-se então, a aprender algo a mais sobre si mesmos. “O Espaço hodológico é finitamente estruturado, isto é, suas partes não são infinitamente divisíveis, mas compostas de determinadas unidades ou regiões” (Lewin, 1965, p. 30). Ou seja, é constituído por regiões internas e mais intimas (região central) e de regiões de mais fácil exposição (regiões periféricas). Neste sentindo, acontece o que é chamado de processo de diferenciação, que é dinâmico e funciona em toda situação de novo enfrentada pelo sujeito, a qual, diferenciará o que adentra e o que não adentra neste espaço (RODRIGUES, 2013). Rodrigues (2013) traz o conceito de diferenciação, na Gestalt-terapia, como potencialidade de movimentação em relação ao tema que o cliente precisa trabalhar, possuindo maior aproximação entre a proposta do experimento e aquilo de que a pessoa precisa. O conceito de temporalidade em Lewin, também foi mencionado no texto, como uma dimensão fundamental para o entendimento da pessoa e seu meio. O tempo não significa “fixar” ao presente, e sim como o futuro e passado, se fazem emergir no presente de um determinado indivíduo. Lewin, também baseou sua teoria no método fenomenológico de Edmund Husserl, que o foco não é o que é o homem, e sim, como ele vive naquele atual momento. Rodrigues (2013), menciona recursos da Teoria de Campo aplicados à Gestalt- terapia, como por exemplo, a técnica de “dar voz” aliada à descrição topológica, na qual, ao expressar suas queixas, é pedido que no espaço do consultório o cliente posicione os objetos (simbolizando as queixas) pela sala, da maneira que se sentir confortável para tal. Essa técnica é usada para facilitar com que as figuras emerjam mais naturalmente. A pessoa então, começa um processo de vivência com a situação representada e autonomia para dar voz a cada elemento. A partir disso, objetos e como são posicionados, demonstram a realidade dinâmica daquele indivíduo naquele momento, ou seja, seu processo existencial. Essa experiência pode ser inovadora para este individuo, pois é partido do princípio que o modo como entra em contato com essas suas questões, nunca foi feito, ou pelo menos, não dessa forma (apenas no pensamento e verbal), podendo trazer pontos de vista ainda não experenciados. O fato de apenas falar, o acesso às informações presentes no campo é reduzido e já, na situação vivencial essas e outras informações aparecem, tais como a expressão corporal; os objetos escolhidos e a ordem de posição. A pessoa também pode experimentar aproximar- se e afastar-se de uma parte, ganhando assim, mobilidade e segurança para explorar situações de riscos e até mesmo, retroceder quando necessário (RODRIGUES, 2013). O autor também aponta contribuições da Teoria de Campo para a Gestalt-terapia, segundo Parlett, Latnere Yontef. Parlett trouxe que o “princípio de organização” que organiza o campo em função do que ocorre no aqui e agora; “princípio da contemporaneidade” o campo é sempre algo que afeta no presente, seja também, passado e futuro. Ressaltando-se o conceito de “aqui e agora” sustentado pela Gestalt-terapia; O “princípio do processo de transformação” onde o que acontece no campo é sempre algo em constante mudança; “princípio de singularidade” onde cada situação vivida é única, que nenhuma experiência anterior pode influenciar o que está vivendo no agora; “princípio da possível relevância”, todos os elementos que estão presentes podem ser relevantes (PARLETT, 1991 apud RODRIGUES, 2013). Para Yontef (1993), campo permeia uma totalidade de forças que se agem mutuamente formando um todo unificado. Ainda para Yontef, dependendo do foco, o campo pode ser maior ou menor, podendo ver o campo como uma teia de relacionamentos ainda maior ou menor (YONTEF, 1993 apud RODRIGUES, 2013). Em suma, pode-se dizer, que o foco da Teoria de Campo de Kurt Lewin, proporciona a compreender nosso comportamento partindo de uma visão e/ou perspectiva de totalidade, não podendo ignorar suas diferentes partes que o compõe. A influência do campo psicológico determina o comportamento, faz necessário, levar em consideração, todas as variáveis que são manifestadas em tempo real. Além disso, estes elementos não podem ser analisados de forma isolada, deve-se concentrar o estudo nas interações para ter uma visão holística do que ocorre. Por fim, o mencionado capítulo, escrito por Hugo Elídio Rodrigues, expõe elementos suficientemente claros e competentes para que se consiga compreender alguma das contribuições teóricas e aplicações na prática da Teoria de Campo, na Gestalt-terapia. Referência Frazão, L. M., Fukumitsu, K. O., Veras, R. P., Lima, P., Mendonça, M. M., Rodrigues, H. E., ... & Rehfeld, A. (2013). Gestalt-terapia: fundamentos epistemológicos e influências filosóficas (Vol. 1). Summus. Lewin, K. (1965). Teoria de campo em ciências sociais. São Paulo: Biblioteca Pioneira de Ciências. In Rodrigues, H. E. (2013). Relações entre a teoria de campo de Kurt Lewin e a Gestalt-terapia. Gestalt-terapia: fundamentos epistemológicos e influências filosóficas, (pp. 114-144). Parlett, M. (1991). Reflections on field theory. The British Gestalt Journal, 1(1), 69-80. In Rodrigues, H. E. (2013). Relações entre a teoria de campo de Kurt Lewin e a Gestalt-terapia. Gestalt-terapia: fundamentos epistemológicos e influências filosóficas, (pp. 114-144). Rodrigues, H. E. (2013). Relações entre a teoria de campo de Kurt Lewin e a Gestalt- terapia. Gestalt-terapia: fundamentos epistemológicos e influências filosóficas, 114-144. Frazão, L. M., Fukumitsu, K. O., Veras, R. P., Lima, P., Mendonça, M. M., Rodrigues, H. E., ... & Rehfeld, A. (2013). Gestalt-terapia: fundamentos epistemológicos e influências filosóficas (Vol. 1). Summus. Yontef, G. M. (1993). Awareness, dialogue & process: Essays on Gestalt therapy. The Gestalt Journal Press. In Rodrigues, H. E. (2013). Relações entre a teoria de campo de Kurt Lewin e a Gestalt-terapia. Gestalt-terapia: fundamentos epistemológicos e influências filosóficas, (pp. 114-144).
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