Prévia do material em texto
1 BNCC – CONSTRUÇÃO DO CURRICULO DO TERRITÓRIO MARANHENSE Componente curricular: Ensino Religioso 1 Introdução à área: Ensino Religioso A LDB 9394/96, apesar da laicidade do Estado brasileiro, previu um ensino religioso alicerçado nos modelos confessional e interconfessional, sendo o primeiro catequético e o segundo teológico, mas ambos fortemente fundamentados nos valores de uma matriz cultural- religiosa judaico-cristã. Desta forma, historicamente, o ensino religioso esteve fortemente implicado com uma religião dominante, ou seja, o cristianismo. O art. 33 da LDB (Lei no 9.394/1996) estabelece que: o ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do ci- dadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino funda- mental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quais- quer formas de proselitismo. A partir dessa nova redação dada pela Lei no 9.475/1977, inicia-se a ideia de escolariza- ção, ou seja, construir uma proposta para o ensino religioso a partir da própria escola e suas relações com a comunidade local e nacional, seus princípios e pressupostos e não mais de uma única matriz cultural-religiosa. Contudo, durante a tentativa de construção desse novo modelo o que se viu foi a ausência de políticas curriculares e de formação de professores e também de diretrizes especificas para o ensino religioso, o que acabou permitindo que se con- tinuasse sob a influência da matriz cultural-religiosa cristã. Em 2006, essa situação começa a mudar, e o ensino religioso passa a ser pensado como área do conhecimento considerando o resultado das pesquisas e estudos desenvolvidos na Ciência da Religião, principalmente através da inserção da Religião tratada como área do co- nhecimento humano e da formação da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião (Anptecre). Durante um percurso de 10 anos foi discutida a questão da área de ciências da religião e teologia, inclusive na perspectiva de formação de professores, o que culminou, em 2016, no reconhecimento, por parte da Capes, da área dentro do colégio de humanidade e das ciências humanas, bem como da atualização da árvore do conhecimento da área no CNPQ com oito 2 subáreas relacionadas que são: epistemologia das ciências da religião, teologia fundamental- sistemática, ciências empíricas da religião, história das teologias e religiões, ciência da reli- gião aplicada, teologia prática, ciências da linguagem religiosa, tradições e escrituras sagradas (Senra, 2015) O que se percebe ao longo da história da educação no Brasil é que o Ensino Religioso passou por diferentes perspectivas teórico-metodológicas, mas que recentemente com base nos ideais de democracia, inclusão social e educação integral a sociedade brasileira passou a pleitear uma abordagem do conhecimento e da diversidade cultural-religiosa sem proselitis- mo, o que resultou na Resolução CNE/CEB no 4/2010 e na Resolução CNE/CEB no 7/2010 que reconheceram o Ensino Religioso como uma das cinco áreas de conhecimento do Ensino Fundamental de nove anos (Brasil, 2017). No estado do Maranhão é importante destacar, no que se refere ao ensino religioso pen- sado como área de conhecimento, duas leis importantes sancionadas em 2001 e 2004. Em 2001, a Lei no 7.715 orienta quanto aos requisitos de formação de professores para ministra- rem a disciplina de Ensino Religioso no ensino fundamental e, em 2004, a Lei no 8.197 revo- ga a lei referida anteriormente e trata sobre a formação de professores, a habilitação para leci- onar o Ensino Religioso e acrescenta a orientação curricular, sobretudo na seleção e organiza- ção dos conteúdos. Pensada agora como área do conhecimento do Ensino Fundamental de nove anos, o Mi- nistério da Educação (MEC), em 2017, implanta a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que visa estabelecer as aprendizagens fundamentais de caráter indispensável a todos os estudantes, crianças, jovens e adultos. A BNCC foi Prevista na Constituição de 1988, na LDB de 1996 e no Plano Nacional de Educação de 2014, [...] foi preparada por especialistas de cada área do conhecimento, com a valiosa participação crítica e propositiva de profissionais de ensino e da sociedade civil. Em abril de 2017, considerando as versões anteriores do documento, o Ministério da Educação (MEC) concluiu a sistematização e encaminhou a terceira e última versão ao Conselho Nacional de Educação (CNE). A BNCC pôde então receber novas sugestões para seu aprimoramento, por meio das audiências públicas realizadas nas cinco regiões do País, com participação ampla da sociedade [Brasil, 2017:7]. De natureza normativa, portanto de caráter obrigatório, a BNCC constitui-se como refe- rencial nacional para elaboração ou adaptação dos currículos e propostas pedagógicas, dis- 3 pondo, dessa forma, no caso do Ensino Religioso, que o mesmo seja trabalhado numa pers- pectiva crítica e democrática, considerando os pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e éticos, englobando assim as diferentes manifestações religiosas e filosofias de vida em dife- rentes tempos, espaços e territórios, reconhecendo o eu, o outro e a coletividade, convivendo com a diversidade de crenças, pensamentos, modos de ser e viver e combatendo práticas de intolerância, discriminação e violência de cunho religioso. Nesse sentido, é importante enfatizar que o ensino religioso como área de conhecimento tem como objeto a religiosidade entendida como fenômeno humano e que perpassa pelas dife- rentes esferas da existência, visto que as culturas são diversas e se relacionam. Assim, os dife- rentes sistemas de valores e de significados, o que compõe a moral e o ethos de cada cultura estão relacionados na perspectiva de uma unidade portando diferenças e diversidades. Corro- bora essa ideia o que diz a BNCC: O conhecimento religioso, objeto da área de Ensino Religioso, é produzido no âmbito das diferentes áreas do conhecimento científico das Ciências Humanas e Sociais, notadamen- te da(s) Ciência(s) da(s) Religião(ões). Essas Ciências investigam a manifestação dos fe- nômenos religiosos em diferentes culturas e sociedades enquanto um dos bens simbólicos resultantes da busca humana por respostas aos enigmas do mundo, da vida e da morte. De modo singular, complexo e diverso, esses fenômenos alicerçaram distintos sentidos e sig- nificados de vida e diversas ideias de divindade (s), em torno dos quais se organizaram cosmovisões, linguagens, saberes, crenças, mitologias, narrativas, textos, símbolos, ritos, doutrinas, tradições, movimentos, práticas e princípios éticos e morais. Os fenômenos re- ligiosos em suas múltiplas manifestações são parte integrante do substrato cultural da humanidade sociedade [Brasil, 2017:433]. A área do Ensino Religioso compreende a manifestação religiosa e a religiosidade como parte integrante da cultura de um povo e de cada um individualmente, afirmando que a abor- dagem a esse fenômeno deve ser alicerçada em pressupostos éticos, filosóficos e científicos sendo articulada com outras áreas do conhecimento humano possibilitando assim a ressignifi- cação de saberes e valores. 2 Introdução ao componente curricular O Ensino Religioso, como componente curricular da educação básica, expressa clareza quanto a sua identidade e natureza, objeto de estudo, conteúdos, metodologia e avaliação. 4 Do ponto de vista da prática, do fazer pedagógico e docente o ensino religioso deve es- timular o aluno “a pesquisa e o diálogo como princípios mediadores e articuladores dos pro- cessos de observação, identificação, análise, apropriação e ressignificação dos saberes visando o desenvolvimento das competências especificas" (Brasil, 2017:434). Pensar sobre as competências especificas para o Ensino Religioso e refletir sobre o cur- rículo. O currículo é intencional, ou seja,tem intencionalidade. Uma dessas intencionalidades é a formação da personalidade do indivíduo e deve considerar, evitando os conflitos, as re- formas educativas e curriculares em seus quatro níveis, a saber: federal (LDB, DCNs e BNCC), estadual (referenciais curriculares), escola (PPP) e a sala de aula (metodologias das áreas de conhecimento. Brandão (2005:78) ressalta que: O artigo 26 da LDB trata dos conteúdos curriculares do ensino fundamental e médio, os quais devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e a clientela. Esse caput contem- pla, em linhas gerais, as mesmas ideias contidas no caput do artigo 210 da Constitui- ção Federal de 1988. Desta forma, a historicidade do aluno deve ser considerada no processo de apropriação do conhecimento e o currículo deve assegurar uma proposta diversificada observando suas diferenças individuais e culturais. O Ensino Religioso deve manter relação com os valores morais e éticos numa convivência baseada no respeito e na busca pela paz considerando a religiosidade de cada um e as tradições religiosas. Conforme as Diretrizes Curriculares da Rede Estadual de Ensino do Maranhão (2014:75), o ser humano se desenvolve na medida em que se expressa e se relaciona. Da mesma forma, a religiosidade torna-se efetiva e se desenvolve pela expressividade, comunicabili- dade e linguagem. O dinamismo da religiosidade ganha forma, ritmo e intensidade no fe- nômeno religioso. Desta maneira, tratar metodologicamente o fenômeno religio- so/experiência religiosa como fonte de tensão entre aquilo que é instituído e hierarquiza- do, frente à experiência propriamente dita do sujeito e do outro, pode ser um caminho de emergência verdadeira de conhecimento, de um conhecimento propriamente religioso. 5 Por esta razão, o Ensino Religioso como componente curricular apresenta-se com um forte elemento filosófico, no sentido de estabelecer um movimento de construção e descons- trução continuo das verdades, valores e significados produzidos historicamente pelas práticas humanas. Numa sociedade democrática e no Estado laico, não se pode admitir um ensino religioso que expresse os preceitos e dogmas de uma única ou qualquer religião, sendo entendido como catequese ou pregação apologética. O ensino religioso que se propõe aqui tem como princípio fundamental, a diversidade, pois somos diversos histórica, étnica e linguisticamente, e da mesma forma somos diversos religiosamente. O Ensino Religioso não se ocupa com ensinamentos de cunho denominacional ou con- gregacional, focando sua função social na promoção da liberdade religiosa e nos direitos de aquisição de conhecimento, não contemplando controvérsias doutrinárias. Ao ser qualificado como ‘religioso’ submete-se a uma área específica de atuação que tem como destinatário o sujeito, religioso ou não, que indaga sobre as razões de ser religioso dentro ou fora da religião, a partir de dentro ou de fora do grupo religioso, ou em não se ter religião alguma [Figueiredo, 1995:41-51]. E fundamentando seus conteúdos no estudo das culturas e tradições religiosas, das di- versas teologias, fontes de textos filosóficos, dos ritos, simbologias e significados culturais- religiosos e da ética, o ensino de religião visa subsidiar as reflexões a respeito do Imanente e do ser humano em sua diversidade de modelos de fé e de vida religiosa. Segundo Junqueira (2007:14) não é “função do Ensino Religioso escolar, promover conversões, mas oportunizar ambiente favorável para a experiência do Transcendente, em vista de uma educação integral, atingindo as diversas dimensões da pessoa”. Elabora-se, desta forma, um constante exercício de convivência e mútuo reconhecimento das raízes culturais do outro/a e de si mesmo, valorizando identidades, alteridades, experiências e cosmovisões, em perspectivas interculturais. A valorização das culturas indígenas, africanas, afro-brasileiras, judaica, cristã, islâmi- ca, espírita, e dos conhecimentos não religiosos – ateísmo, materialismo, entre outros – deverá ser assumida como princípio para pesquisa e diálogo respeitoso e acolhedor, promovendo reais processos de análise, apropriação e ressignificação de saberes. O Maranhão possui características muito próprias no que se refere à religiosidade e, nesse universo, o estado do Maranhão comunga o catolicismo popular (como rezas, orações e 6 santos), culturas indígenas (divindades e rituais de cura) e culturas africanas (ritos e tambo- res). Segundo Barros (2008:1): O Maranhão, localizado a dois graus ao sul do Equador na fronteira sociogeográfica entre a Amazônia e o Nordeste do Brasil, possui uma diversidade de práticas culturais e religi- osas, o que se relaciona ao conjunto múltiplo de povos que formaram essa região e à hete- rogeneidade das interações entre eles estabelecidas. Eram diversos os povos nativos que habitavam esse torrão quando da vinda dos primeiros europeus no século XVI. A estrutu- ra social da região foi ainda mais complexificada com a chegada massiva de africanos a partir do século XVIII, quando o Maranhão, assim como a Bahia, passou a constituir uma das áreas mais negras do Brasil, e continuou, do mesmo modo que a Amazônia, uma im- portante região indígena. A cultura, o conhecimento e a religiosidade se expressam através da linguagem que se comunica com diversos segmentos da sociedade e, muitas vezes, definem valores e conse- quentemente estabelecem normas e comportamentos sociais, caracterizando assim uma socie- dade. Esses traços indeléveis de cada cultura local que constitui o território maranhense, tor- nando-o único e diverso, pois as diferenças compõem a sua unidade, devem ser considerados, sobremaneira, em um ensino religioso que, aqui, se propõe a adotar “a pesquisa e o diálogo como princípios mediadores e articuladores dos processos de observação e identificação, aná- lise, apropriação e ressignificação de saberes, visando o desenvolvimento de competências especificas” (BNCC, 2017:434). Sendo assim consideramos que a ética da alteridade é um dos fundamentos metodológi- cos a orientar o diálogo inter-religioso e intercultural, basilar para o reconhecimento da diver- sidade religiosa, implicando em corresponsabilidades para o bem-viver, enquanto princípio orientador de escolhas, atitudes e políticas de vida coletiva, tornando-se elemento de aprendi- zagem contribuição para uma convivência respeitosa. Pensar o ensino religioso como competente curricular representa, na escola, o rumo tra- çado para que se efetive uma prática pedagógica fundada no respeito às diferenças e diversi- dades, solidificando os valores de respeito e tolerância a crença de cada um e de cada cultura. Por isso, deve estar atrelado às necessidades sociais do momento, para tornar concreto o obje- tivo a que se propõe a escola. Deve ser dinâmico e altamente adaptável às circunstâncias soci- ais e suas exigências. O componente curricular Ensino Religioso tem por finalidade discutir a diversidade e a complexidade do ser humano como pessoa aberta às diversas perspectivas do sagrado, mani- 7 festado nos tempos e espaços histórico-culturais. Tendo em vista a mudança de paradigmas desenhada a partir dos pensamentos de alguns teóricos tais como: Einstein, Stanislau, Capra, Kuhn, Morin, Varela, Latour, entre outros, surgem novos olhares sobre o mundo e o conhe- cimento, abrindo espaço para as concepções sistêmica, holística e complexa, desencadeando uma nova cosmovisão. 2.1 Componente dos anos iniciais Nos anos iniciais o aluno deve desenvolver competências referentes às identidades e al- teridades, o que corresponde a tomar conhecimento do eu, do outro, do nós, da família e do ambiente de convivência. Neste sentido reconhecer que o seunome e o das demais pessoas os identificam e o diferenciam. Também nos aspectos da imanência e transcendência desenvol- ver uma compreensão de respeito ao outro considerando a diversidade física e a maneira de ser de cada um. Ainda nesta etapa os alunos devem entrar em contato com as diversas manifestações re- ligiosas no contexto que está inserido acolhendo sentimentos, lembranças, memorias e saberes de cada uma para que possa respeitar as diferentes formas pelas quais cada um manifesta sua cultura, religiosidade, memórias e símbolos. Na prática significa desenvolver a capacidade de distinguir e respeitar símbolos religiosos de distintas manifestações, tradições e instituições religiosas. Ainda sobre identidades e alteridades o aluno deve ser levado a pensar sobre espaços e territórios sagrados identificando e respeitando tais locais nas mais tradições e movimentos religiosos e entendendo-os como práticas celebrativas, ou seja, locais de cerimonias, ações, festividades, peregrinações, oferendas, ritos e rituais. Como parte das competências que devem ser desenvolvidas pelo aluno nos anos iniciais em relação às identidades, alteridades e manifestações religiosas, as indumentárias religiosas (trajes, roupas, acessórios, símbolos, pinturas corporais etc.) assim como os chamados alimen- tos sagrados são compreendidos como parte integrante das identidades das manifestações re- ligiosas de diferentes culturas e sociedades. Por fim, nesta fase, o ensino religioso deve possibilitar ao aluno o conhecimento sobre as representações religiosas na arte, bem como a ideia de divindades, mitos e narrativas míti- cas nas tradições religiosas para que ele possa reconhecer as funções presentes nestas mensa- gens contidas nas narrativas de criação, além disso identificar elementos de ancestralidade e tradições orais nas mais diversas culturas e religiosidades. 8 2. 2 Componente dos anos finais Nesta próxima etapa do ensino fundamental, o processo de ensino e aprendizagem no Ensino Religioso deve possibilitar ao aluno a sua necessidade de reconhecer textos escritos, ensinamentos, modos de ser e viver, símbolos, ritos e mitos, as diversas espiritualidades, lide- ranças religiosas, princípios éticos e valores, convicções, atitudes, a relação da religiosidade e os direitos humanos, as doutrinas e tradições religiosas, vida e morte, mídias e tecnologias presentes em crenças religiosas, filosofias de vida e manifestações religiosas. Nos últimos anos dessa etapa, o ensino religioso deve primar pela construção de uma ponte entre a ética, a religiosidade e as práticas sociais das pessoas nas mais diversas culturas. É importante discutir sobre princípios éticos e valores morais e religiosos numa perspectiva interdisciplinar e transdisciplinar acolhendo os direitos humanos, a liberdade e a diversidade cultural, de sexo e de gênero, debatendo sobre as possibilidades e os limites da interferência das tradições religiosas na esfera pública. Com o avanço das mídias e tecnologias de informação muito tem sido as formas de uso delas pelas diferentes denominações religiosas, mais precisamente católicos e evangélicos, tornando assim ser necessário uma reflexão crítica sobre a forma que o fenômeno religioso tem sido apresentado nestes canais de informação e comunicação. Outro aspecto relevante que deve ser abordado pelo ensino religioso é sobre a dimensão vida-morte presente em toda religião em qualquer cultura. É preciso analisar as concepções de vida e morte, e as diferentes ideias de imortalidade elaboradas pelas diversas tradições religio- sas e filosofias de vida expressas em conceitos como ancestralidade, reencarnação, transmi- gração e ressureição. Nas mais diferentes culturas, a concepção religiosa da morte está contida na própria concepção da vida, e ambas não se separam. Finalmente, neste componente, os princípios e valores éticos é o mote fundamental para que se consiga estabelecer um processo educativo que vise uma concepção integral de homem e sociedade numa perspectiva interdisciplinar de ensino e de aprendizagem que garanta o de- senvolvimento da cidadania na construção de uma sociedade mais igual, livre e democrática. 3 Procedimentos pedagógicos e metodológicos (Em construção) 9 4 Organizador curricular Componente Ano/ faixa Unidades temáticas Objetos de conhe- cimento Habilidades Sugestões metodo- lógicas Ensino Religioso 1o Identidades e alteridades O eu, o outro e o nós (EF01ER01) Identificar e acolher as semelhanças e diferenças entre o eu, o outro e o nós. Em construção Ensino Religioso 1o Identidades e alteridades O eu, o outro e o nós (EF01ER02) Reconhecer que o seu nome e o das demais pessoas os identifi- cam e os diferenciam. Ensino Religioso 1o Identidades e alteridades Imanência e trans- cendência (EF01ER03) Reconhecer e respeitar as características físicas e subjetivas de cada um. Ensino Religioso 1o Identidades e alteridades Imanência e trans- cendência (EF01ER04) Valorizar a diversidade de formas de vida. Ensino Religioso 1o Manifestações religiosas Sentimentos, lem- branças, memórias e saberes (EF01ER05) Identificar e acolher sentimentos, lem- branças, memórias e sabe- res de cada um. Ensino Religioso 1o Manifestações religiosas Sentimentos, lem- branças, memórias e saberes (EF01ER06) Identificar as diferentes formas pelas quais as pessoas manifes- tam sentimentos, ideias, memórias, gostos e cren- ças em diferentes espaços. Ensino Religioso 2o Identidades e alteridades O eu, a família e o ambiente de convi- vência (EF02ER01) Reconhecer os diferentes espaços de convivência. Ensino Religioso 2o Identidades e alteridades O eu, a família e o ambiente de convi- vência (EF02ER02) Identificar costumes, crenças e for- mas diversas de viver em variados ambientes de convivência. Ensino Religioso 2o Identidades e alteridades Memórias e símbolos (EF02ER03) Identificar as diferentes formas de regis- tro das memórias pessoais, familiares e escolares (fotos, músicas, narrativas, álbuns...). Ensino Religioso 2o Identidades e alteridades Memórias e símbolos (EF02ER04) Identificar os símbolos presentes nos variados espaços de con- vivência. Ensino Religioso 2o Identidades e alteridades Símbolos religiosos (EF02ER05) Identificar, distinguir e respeitar sím- bolos religiosos de distintas manifestações, tradições e instituições religiosas. 10 Ensino Religioso 2o Manifestações religiosas Alimentos sagrados (EF02ER06) Exemplificar alimentos considerados sagrados por diferentes culturas, tradições e ex- pressões religiosas. Ensino Religioso 2o Manifestações religiosas Alimentos sagrados (EF02ER07) Identificar significados atribuídos a alimentos em diferentes manifestações e tradições religiosas. Ensino Religioso 3o Identidades e alteridades Espaços e territórios religiosos (EF03ER01) Identificar e respeitar os diferentes espaços e territórios religi- osos de diferentes tradi- ções e movimentos religio- sos. Ensino Religioso 3o Identidades e alteridades Espaços e territórios religiosos (EF03ER02) Caracterizar os espaços e territórios religiosos como locais de realização das práticas celebrativas. Ensino Religioso 3o Manifestações religiosas Práticas celebrativas (EF03ER03) Identificar e respeitar práticas celebrati- vas (cerimônias, orações, festividades, peregrina- ções, entre outras) de diferentes tradições religio- sas. Ensino Religioso 3o Manifestações religiosas Práticas celebrativas (EF03ER04) Caracterizar as práticas celebrativas como parte integrante do conjunto das manifesta- ções religiosas de diferen- tes culturas e sociedades. Ensino Religioso 3o Manifestações religiosas Indumentárias religi- osas (EF03ER05) Reconhecer as indumentárias (roupas, acessórios, símbolos, pinturas corporais) utiliza- das em diferentesmanifes- tações e tradições religio- sas. Ensino Religioso 3o Manifestações religiosas Indumentárias religi- osas (EF03ER06) Caracterizar as indumentárias como elementos integrantes das identidades religiosas. Ensino Religioso 4o Manifestações religiosas Ritos religiosos (EF04ER01) Identificar ritos presentes no cotidiano pessoal, familiar, escolar e comunitário. Ensino Religioso 4o Manifestações religiosas Ritos religiosos (EF04ER02) Identificar ritos e suas funções em diferentes manifestações e tradições religiosas. 11 Ensino Religioso 4o Manifestações religiosas Ritos religiosos (EF04ER03) Caracterizar ritos de iniciação e de passagem em diversos grupos religiosos (nasci- mento, casamento e mor- te). Ensino Religioso 4o Manifestações religiosas Ritos religiosos (EF04ER04) Identificar as diversas formas de expres- são da espiritualidade (orações, cultos, gestos, cantos, dança, meditação) nas diferentes tradições religiosas. Ensino Religioso 4o Manifestações religiosas Representações religiosas na arte (EF04ER05) Identificar representações religiosas em diferentes expressões artísticas (pinturas, arquite- tura, esculturas, ícones, símbolos, imagens), reco- nhecendo-as como parte da identidade de diferentes culturas e tradições religio- sas. Ensino Religioso 4o Crenças religiosas e filosofias de vida Ideia(s) de divinda- de(s) (EF04ER06) Identificar nomes, significados e representações de divin- dades nos contextos fami- liar e comunitário. Ensino Religioso 4o Crenças religiosas e filosofias de vida Ideia(s) de divinda- de(s) (EF04ER07) Reconhecer e respeitar as ideias de divindades de diferentes manifestações e tradições religiosas. Ensino Religioso 5o Crenças religiosas e filosofias de vida Narrativas religiosas (EF05ER01) Identificar e respeitar acontecimentos sagrados de diferentes culturas e tradições religio- sas como recurso para preservar a memória. Ensino Religioso 5o Crenças religiosas e filosofias de vida Mitos nas tradições religiosas (EF05ER02) Identificar mitos de criação em dife- rentes culturas e tradições religiosas. Ensino Religioso 5o Crenças religiosas e filosofias de vida Mitos nas tradições religiosas (EF05ER03) Reconhecer funções e mensagens religiosas contidas nos mitos de criação (concep- ções de mundo, natureza, ser humano, divindades, vida e morte). Ensino Religioso 5o Crenças religiosas e filosofias de vida Ancestralidade e tradição oral (EF05ER04) Reconhecer a importância da tradição oral para preservar memó- rias e acontecimentos religiosos. 12 Ensino Religioso 5o Crenças religiosas e filosofias de vida Ancestralidade e tradição oral (EF05ER05) Identificar elementos da tradição oral nas culturas e religiosida- des indígenas, afro- brasileiras, ciganas, entre outras. Ensino Religioso 5o Crenças religiosas e filosofias de vida Ancestralidade e tradição oral (EF05ER06) Identificar o papel dos sábios e anciãos na comunicação e preser- vação da tradição oral. Ensino Religioso 5o Crenças religiosas e filosofias de vida Ancestralidade e tradição oral (EF05ER07) Reconhecer, em textos orais, ensina- mentos relacionados a modos de ser e viver. Ensino Religioso 6o Crenças religiosas e filosofias de vida Tradição escrita: registro dos ensina- mentos sagrados (EF06ER01) Reconhecer o papel da tradição escrita na preservação de memó- rias, acontecimentos e ensinamentos religiosos. Ensino Religioso 6o Crenças religiosas e filosofias de vida Tradição escrita: registro dos ensina- mentos sagrados (EF06ER02) Reconhecer e valorizar a diversidade de textos religiosos escritos (textos do Budismo, Cristi- anismo, Espiritismo, Hindu- ísmo, Islamismo, Judaís- mo, entre outros). Ensino Religioso 6o Crenças religiosas e filosofias de vida Ensinamentos da tradição escrita (EF06ER03) Reconhecer, em textos escritos, ensi- namentos relacionados a modos de ser e viver. Ensino Religioso 6o Crenças religiosas e filosofias de vida Ensinamentos da tradição escrita (EF06ER04) Reconhecer que os textos escritos são utilizados pelas tradições religiosas de maneiras diversas. Ensino Religioso 6o Crenças religiosas e filosofias de vida Ensinamentos da tradição escrita (EF06ER05) Discutir como o estudo e a interpretação dos textos religiosos influ- enciam os adeptos a vi- venciarem os ensinamen- tos das tradições religio- sas. Ensino Religioso 6o Crenças religiosas e filosofias de vida Símbolos, ritos e mitos religiosos (EF06ER06) Reconhecer a importância dos mitos, ritos, símbolos e textos na estruturação das diferentes crenças, tradições e movi- mentos religiosos. Ensino Religioso 6o Crenças religiosas e filosofias de vida Símbolos, ritos e mitos religiosos (EF06ER07) Exemplificar a relação entre mito, rito e símbolo nas práticas cele- brativas de diferentes tradições religiosas. 13 Ensino Religioso 7o Manifestações religiosas Místicas e espiritua- lidades (EF07ER01) Reconhecer e respeitar as práticas de comunicação com as divindades em distintas manifestações e tradições religiosas. Ensino Religioso 7o Manifestações religiosas Místicas e espiritua- lidades (EF07ER02) Identificar práticas de espiritualidade utilizadas pelas pessoas em determinadas situações (acidentes, doenças, fe- nômenos climáticos). Ensino Religioso 7o Manifestações religiosas Lideranças religiosas (EF07ER03) Reconhecer os papéis atribuídos às lideranças de diferentes tradições religiosas. Ensino Religioso 7o Manifestações religiosas Lideranças religiosas (EF07ER04) Exemplificar líderes religiosos que se destacaram por suas con- tribuições à sociedade. Ensino Religioso 7o Manifestações religiosas Lideranças religiosas (EF07ER05) Discutir estra- tégias que promovam a convivência ética e respei- tosa entre as religiões. Ensino Religioso 7o Crenças religiosas e filosofias de vida Princípios éticos e valores religiosos (EF07ER06) Identificar princípios éticos em dife- rentes tradições religiosas e filosofias de vida, discu- tindo como podem influen- ciar condutas pessoais e práticas sociais. Ensino Religioso 7o Crenças religiosas e filosofias de vida Liderança e direitos humanos (EF07ER07) Identificar e discutir o papel das lide- ranças religiosas e secula- res na defesa e promoção dos direitos humanos. Ensino Religioso 7o Crenças religiosas e filosofias de vida Liderança e direitos humanos (EF07ER08) Reconhecer o direito à liberdade de cons- ciência, crença ou convic- ção, questionando concep- ções e práticas sociais que a violam. Ensino Religioso 8o Crenças religiosas e filosofias de vida Crenças, convicções e atitudes (EF08ER01) Discutir como as crenças e convicções podem influenciar escolhas e atitudes pessoais e coletivas. Ensino Religioso 8o Crenças religiosas e filosofias de vida Crenças, convicções e atitudes (EF08ER02) Analisar filosofias de vida, manifes- tações e tradições religio- sas destacando seus princípios éticos. Ensino Religioso 8o Crenças religiosas e filosofias de vida Doutrinas religiosas (EF08ER03) Analisar doutrinas das diferentes tradições religiosas e suas concepções de mundo, vida e morte. 14 Ensino Religioso 8o Crenças religiosas e filosofias de vida Crenças, filosofias de vida e esfera pública (EF08ER04) Discutir como filosofias de vida, tradições e instituições religiosas podem influenciar diferen- tes campos da esfera pública (política, saúde, educação, economia). Ensino Religioso 8o Crenças religiosas e filosofias de vida Crenças, filosofias de vida e esfera pública (EF08ER05) Debater sobre as possibilidades e os limites da interferência das tradições religiosas na esfera pública.Ensino Religioso 8o Crenças religiosas e filosofias de vida Crenças, filosofias de vida e esfera pública (EF08ER06) Analisar práticas, projetos e políti- cas públicas que contribu- em para a promoção da liberdade de pensamento, crenças e convicções. Ensino Religioso 8o Crenças religiosas e filosofias de vida Tradições religiosas, mídias e tecnologias (EF08ER07) Analisar as formas de uso das mídias e tecnologias pelas diferen- tes denominações religio- sas. Ensino Religioso 9o Crenças religiosas e filosofias de vida Imanência e trans- cendência (EF09ER01) Analisar princípios e orientações para o cuidado da vida e nas diversas tradições religiosas e filosofias de vida. Ensino Religioso 9o Crenças religiosas e filosofias de vida Imanência e trans- cendência (EF09ER02) Discutir as diferentes expressões de valorização e de desrespei- to à vida, por meio da análise de matérias nas diferentes mídias. Ensino Religioso 9o Crenças religiosas e filosofias de vida Vida e morte (EF09ER03) Identificar sentidos do viver e do morrer em diferentes tradi- ções religiosas, através do estudo de mitos fundantes. Ensino Religioso 9o Crenças religiosas e filosofias de vida Vida e morte (EF09ER04) Identificar concepções de vida e morte em diferentes tradi- ções religiosas e filosofias de vida, por meio da análi- se de diferentes ritos fúne- bres. Ensino Religioso 9o Crenças religiosas e filosofias de vida Vida e morte (EF09ER05) Analisar as diferentes ideias de imorta- lidade elaboradas pelas tradições religiosas (ances- tralidade, reencarnação, transmigração e ressurrei- ção). 15 Ensino Religioso 9o Crenças religiosas e filosofias de vida Princípios e valores éticos (EF09ER06) Reconhecer a coexistência como uma atitude ética de respeito à vida e à dignidade huma- na. Ensino Religioso 9o Crenças religiosas e filosofias de vida Princípios e valores éticos (EF09ER07) Identificar princípios éticos (familia- res, religiosos e culturais) que possam alicerçar a construção de projetos de vida. Ensino Religioso 9o Crenças religiosas e filosofias de vida Princípios e valores éticos (EF09ER08) Construir projetos de vida assenta- dos em princípios e valores éticos. 5 Avaliação (Em construção) Referências BARROS, A. Evaldo A. O Pantheon encantado: culturas e heranças étnicas na formação de identidade maranhense. 2007. 317 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Étnicos e Afri- canos) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (PÓS-AFRO), Centro de Estudos Afro- Orientais (CEAO), Salvador, Universidade Federal da Bahia, 2007. BRANDÃO, Carlos da Fonseca. Política educacional para a educação brasileira. Campinas: Autores Associados, 2005. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação: Lei no 9.394/1996 – 24 de dez. 1996. Esta- belece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 26 mai. 2017. ______. Ministério da Educação. Resolução no 7, de 14 de novembro de 2010: Diretrizes Cur- riculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Brasília: MEC/CNE/CEB, 2010. ______ Ministério da Educação. Resolução no 4, de 13 de julho de 2010: Diretrizes Curricula- res Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Brasília: MEC/CNE/CEB, 2010. ______. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Bra- sília, DF: MEC, 2017. 16 FIGUEIREDO, Anísia de Paula. Ensino Religioso: tendências pedagógicas. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1995. JUNQUEIRA, Sérgio Rogério Azevedo et al. Ensino Religioso: aspectos legal e curricular. São Paulo: Paulinas, 2007. MARANHÃO, Estado. Secretaria de Estado da Educação do Maranhão (Seduc). Diretrizes Curriculares. 3. ed. São Luís: Seduc, 2014. ______. Lei no 7.715, de 21 de dezembro de 2001. Disponível em: <www.stc.ma.gov.br/legisla-documento/?id=1367>. Acesso em: 1 out. 2018. ______. Lei no 8.197, de 6 de dezembro de 2004. Disponível em: <www.stc.ma.gov.br/legisla-documento/?id=1367>. Acesso em: 1 out. 2018.