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Aula 2 - Ações possessórias

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AULAS DE DIREITO CIVIL – DIREITOS REAIS 
 
Ações Possessórias 
 
O Código Civil Brasileiro adota a Teoria Objetiva de Jhering que afirma que a posse é o 
poder de fato sobre a coisa. Para este autor o elemento subjetivo não é o animus domini, mas a 
affectio tenendi, ou seja, a vontade de proceder como proprietário. 
A teoria tradicional afirma que o fundamento das ações possessórias pelo fato da posse ser 
a primeira linha de defesa da propriedade, ou seja, como a posse é a exteriorização da propriedade, 
então, ela deve ser protegida. Assim, tal teoria vê o fundamento da proteção possessória na 
propriedade. 
Entretanto é possível propor ações possessórias mesmo contra o proprietário. Assim, 
teorias mais modernas defendem a proteção da posse, pela posse, ou seja, entendem que esta, por 
ser um direito, deve ser protegida. 
O Direito Brasileiro conhece três ações possessórias (também chamadas interditos 
possessórios por causa da herança romana): Ação de reintegração de posse, ação de manutenção 
da posse e interdito proibitório. 
As ações possessórias se dão pelo procedimento especial, tanto pela celeridade processual, 
quanto por apresentarem uma primeira fase tipicamente cautelar. 
 
1. Ação de reintegração de posse 
É usada para se obter a tutela da posse quando esta foi esbulhada. O esbulho é a perda 
injusta da posse em sua totalidade. Ela tem o objetivo de reaver e restaurar a posse perdida. 
O artigo 927 do CPC determina que, na ação de reintegração de posse deve-se provar: a 
posse, o esbulho, a data do esbulho e a perda da posse. 
Aqui há duas possibilidades: AÇÃO DE FORÇA NOVA ESPOLIATIVA (quando o esbulho datar 
de menos de ano e dia) e AÇÃO DE FORÇA VELHA ESPOLIATIVA (se o esbulho datar de mais de ano e 
dia). 
No primeiro caso a ação se inicia com a expedição do mandado liminar. Assim, o possuidor 
é prontamente reintegrado e prossegue-se abrindo ao réu prazo de defesa. 
No segundo caso o juiz citará o réu para que este se defenda, admitirá provas etc. Neste 
caso, a sentença tem o duplo efeito de reconhecer a posse e repelir o esbulho. 
Esta ação cabe tanto ao possuidor direto contra terceiro quanto contra o possuidor 
indireto. 
 
 
2. Ação de manutenção da posse 
É adequada para tutelar-se a posse contra turbação. Esta é o ato praticado contra o 
possuidor que lhe retire parcialmente o gozo da posse. Tal ação tem por objetivo de impedir que 
atos ofensivos se repitam. 
O artigo 927 do CPC determina que, na ação de manutenção de posse deve-se provar: a 
posse, a turbação, a data da turbação e a continuação da posse, apesar da turbação. 
Esta ação se dá contra qualquer turbação de fato ou de direito (por via judicial ou 
administrativa). 
Se a turbação é recente, ou seja, tem menos de um ano e um dia, o juiz concederá a 
manutenção liminar, sem ouvir o réu (CPC art. 928). É importante ressaltar que o juiz só concederá 
a manutenção se o autor tiver a chamada “melhor posse”, ou seja, aquela fundada em justo título 
ou que se dá a mais tempo. Caso contrário é determinado o seqüestro da coisa até que se 
demonstre qual a melhor posse em decisão definitiva. 
O CPC não apresenta recurso específico contra o mandado liminar, assim, aquele determina 
que o autor deve promover a citação do réu em 5 dias. Então, a ação correrá normalmente 
decidindo pela cassação ou confirmação definitiva da medida. 
 
Caso a moléstia tenha ocorrido há mais de ano e dia, não tem cabimento a ação sumária, e 
sim, a ordinária possessória. 
A ação de manutenção da posse não tem cabimento para a defesa de servidões. 
Esta ação cabe tanto ao possuidor direto contra terceiro quanto contra o possuidor 
indireto. 
 
EXCEÇÃO DE DOMÍNIO: Tanto na ação de manutenção quanto na de reintegração o réu poderia 
defender-se alegando o domínio (artigo 505 do Código Civil de 1916). Assim, a pose acabava sendo 
deferida a quem tivesse o domínio. 
Entretanto, de acordo com Caio Mario, o juiz não pode acolher tal argumento, pois não 
pode o réu, molestar posse alheia sob alegação de propriedade. Assim, cabe-lhe reaver a coisa por 
via petitória. 
Dentro da Teoria de Ihering é rejeitada a exceptio dominii. Nela baseou-se o legislador ao 
dar nova redação ao artigo 923 do CPC e ao redigir o Novo Código Civil. A exceção de domínio 
perdeu sua utilidade, já que hoje, é proibido discutir-se propriedade em ações possessórias. 
 
2. Interdito Proibitório 
É usado quando há ameaça de turbação ou esbulho. Assim, ele é um remédio Preventivo 
cuja transgressão é sancionada com pena pecuniária (art. 932 do CPC). Ele tem por objetivo impedir 
que se consume o dano temido à posse. 
O autor deve provar: a posse, ameaça de moléstia e probabilidade que esta venha a 
verificar-se. 
 
É importante lembrar que pode haver nova afronta à posse após o ajuizamento de alguma 
ação possessória, logo o legislador previu, no artigo 920 do CPC, a fungibilidade dos interditos 
possessórios. Isso significa que o ajuizamento de uma destas ações não impede que o juiz dê um 
provimento adequado, diferente do postulado.Assim, a rigor, há apenas uma ação possessória, com 
variantes determinadas pelas situações de fato (Fabrício Furtado). 
Outro ponto fundamental é o da possibilidade da cumulação de pedidos na ação 
possessória (ver artigo 921 do CPC). 
 
Além destas três principais, há outras ações que visam a proteção da posse, embora não sejam 
ações possessórias: 
● Ação de dano infecto: é uma ação preventiva na qual o possuidor tem receio de que a ruína 
do prédio vizinho ou algum vício em sua construção venha a causar-lhe prejuízo. Através dela 
o autor obtém caução que o assegure contra dano futuro. 
● Nunciação de obra nova: Consiste em uma ação com duplo efeito: obstáculo a que seja 
concluída uma obra, que mesmo que não cause dano atual, no futuro, pode vir a resultar em 
ato turbativo, caso se complete. O segundo efeito é a cominação de multa para o caso de 
reinício ou reconstrução. É importante ressaltar que o obra realizada pelo vizinho esteja 
dentro dos próprios confins deste, caso contrário, se configuraria a turbação propriamente 
dita. 
● Imissão de posse: Segundo o professor Ovídio Batista, esta ação visa a conferir a posse a quem 
ainda não a tem. Ela não é uma ação autônoma no Código de Processo Civil, mas tem livre 
curso na execução de sentença. 
● Embargos de terceiros: Existe para reprimir atos judiciais que indevidamente possam molestar 
a posse de terceiros estranhos ao processo. Entretanto, não há ingresso do terceiro na ação 
que causou moléstia à posse. Os embargos de terceiros geram uma ação autônoma, um 
processo novo.

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