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Material organizado por: Esther da Cunha Rodrigues - Acad. do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre 2021 ANQUILOGLOSSIA - Alterações de Frênulo Lingual Frênulo Lingual → é uma prega de membrana mucosa que conecta a língua ao assoalho da boca. Prega conjuntiva fibrodensa, constituída por fibras superiores do músculo genioglosso, que se inserem no ventre lingual, entre o ápice e o terço médio, e no assoalho da boca, podendo essa inserção estar entre as carúnculas linguais ou deslocada anteriormente até a crista alveolar inferior. Frênulo Lingual normal → É pouco fibroso e longo. A inserção superior está fixada até a parte média da língua e a inserção inferior insere-se próximo aos ductos ou carúnculas sublinguais no assoalho da boca (afastado do alvéolo dentário); permite o livre movimento da língua, sem compensações ou adaptações, e também que haja afilamento de língua, quando esta é colocada para fora da cavidade oral. Consegue tocar os dentes superiores com a língua. Anquiloglossia → É uma anomalia congênita que ocorre quando uma pequena porção de tecido embrionário, que deveria ter sofrido apoptose durante o desenvolvimento, permanece na face ventral da língua. Caracteriza-se por um frênulo lingual anormalmente curto e espesso ou delgado, que pode restringir em diferentes graus os movimentos da língua. A espessura, elasticidade e o local de fixação do frênulo na língua e no assoalho da boca podem variar amplamente na anquiloglossia. → Estudos referem que as variações anatômicas do frênulo da língua acontecem porque uma pequena porção de tecido, que não sofreu apoptose durante o desenvolvimento embrionário, permanece na face sublingual da língua, podendo ou não restringir seus movimentos. ● Estudos recentes afirmam que a espessura e a fixação do frênulo na língua e no assoalho da boca não se modificam durante os seis primeiros meses de vida. ● Estudos histológicos demonstram que o frênulo lingual não se rompe, nem se alonga → não está sujeito a alongamento e nem a ruptura espontânea, devido a sua constituição histológica. ● A fixação do frênulo na língua e no assoalho da boca não se modifica nos primeiros 12 meses de vida. nem em bebês com o frênulo alterado. (frênulo não migra para uma posição central na língua ao longo do tempo). ● No frênulo curto há fibras musculares estriadas esqueléticas (provavelmente oriundas do músculo genioglosso) não é possível ocorrer nem ruptura espontânea, nem alongamento (é uma membrana mucosa, e não um músculo). Essa membrana mucosa não possibilita modificações necessárias a partir de exercícios. ➔ Exercícios na língua e na musculatura supra-hióidea, melhoram o tônus e a mobilidade desses músculos, isso torna possível a melhor visualização do frênulo, dando a sensação de alongamento. Teste da Linguinha Dia Nacional do Teste da Linguinha (20 de junho) → Nesta data, em 2014, a Presidência da República sancionou a Lei Federal nº 13.002, instituindo a obrigatoriedade da realização do Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em bebês nascidos em todos os hospitais e maternidades do país. ● Diagnóstico precoce desta alteração, evitando dificuldades na amamentação, e possíveis alterações de fala. ● Nota Técnica 25/2018, do Ministério da Saúde: orienta a necessidade da realização do Teste da Linguinha nas primeiras 48h de vida do bebê, ainda na maternidade ( uso do Protocolo Bristol de Avaliação da Língua e um fluxograma de atenção aos lactentes) para avaliação e abordagem da anquiloglossia na Rede de Atenção à Saúde. Material organizado por: Esther da Cunha Rodrigues - Acad. do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre 2021 Anquiloglossia - Possui um caráter hereditário significativo, ocorrendo mais comumente no sexo masculino; - Antigamente parteiras cortavam com a unha ou tesoura pequena; - Relacionada à dificuldades na amamentação: dificuldade na pega do mamilo, dor materna para amamentar, ferimentos no mamilo. - Vários autores citam as alterações do frênulo lingual como uma das possíveis causas de dificuldades de amamentação e sugerem a realização da frenotomia imediata → evitar o desmame precoce. Manobra de Inspeção do Frênulo: dedos indicadores elevam a língua para inspeção, os polegares abaixam o lábio inferior. Avaliação Fonoaudiológica Marchesan(2005, 2010 e 2012) → protocolo de avaliação do frênulo lingual para indivíduos acima de 5 anos. Martinelli et al. (2012), Martinelli, Marchesan e Berretin-Felix (2012) e Martinelli, Marchesan, Berretin-Felix (2013) → Protocolo de avaliação do frênulo lingual para bebês. ● Auxílio na decisão de possível encaminhamento/indicação para frenectomia lingual. Para a avaliação do frênulo lingual em bebês: Voltado para a amamentação, deve ser observado o tempo entre as mamadas, se há ou não cansaço para mamar, se o bebê dorme após mamar um pouco e se o bebê vai soltando o mamilo ou morde o mamilo durante a mamada. Quanto à avaliação anatomofuncional, deve-se ter atenção a postura de lábios em repouso (fechados, entreabertos ou abertos), qual tendência do posicionamento da língua durante o choro (na linha média, elevada, na linha média com elevação das laterais ou baixa), qual a forma da ponta da língua quando elevada durante o choro (arredondada, ligeira fenda no ápice ou formato de coração). Ainda na avaliação anatomofuncional, porém atentando para o frênulo lingual, se é possível ou não visualizá-lo, ou se é preciso a realização de manobra com os dedos indicadores para visualização. Qual a Material organizado por: Esther da Cunha Rodrigues - Acad. do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre 2021 espessura do frênulo (delgado ou espesso), como se dá a fixação do frênulo na face sublingual da língua (no terço médio, entre o terço médio e o ápice, no ápice), como se dá a fixação do frênulo no assoalho da boca (visível a partir das carúnculas sublinguais ou visível a partir da crista alveolar inferior). E avaliar ainda a sucção não nutritiva e nutritiva, com relação aos movimentos de língua, ao ritmo da sucção, a coordenação entre sucção/deglutição/respiração e a presença ou não de estalos durante a sucção. Choro → se a criança não chorar, envolver ela em mantinha e segurar pés e mãos. Vai chorar por falta de movimento. Outras possibilidades de avaliação: Protocolo Bristol (Bristol Tongue Assessment Tool)(BTAT): medida objetiva e de execução simples da gravidade da anquiloglossia, auxiliando na seleção dos lactentes que possam se beneficiar com a intervenção cirúrgica (frenotomia ou frenectomia) e na monitorização do efeito desse procedimento. Os elementos do BTAT são: (1) aparência da ponta da língua; (2) fixação do frênulo na margem gengival inferior; (3) elevação da língua e (4) projeção da língua. As pontuações obtidas para os quatro itens são somadas e podem variar de 0 a 8, sendo que escores de 0 a 3 indicam potencial redução mais grave da função da língua, - O escore resultante da aplicação do Protocolo Bristol deve ser registrado na Caderneta de Saúde da Criança, na seção “Observações”. - Nos casos duvidosos (com escores 4 ou 5), sugere-se seguir o fluxograma de atenção aos lactentes com anquiloglossia na Rede de Atenção à Saúde. Material organizado por: Esther da Cunha Rodrigues - Acad. do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre 2021 + Avaliação da Mamada (pode ser aplicado junto ao Bristol ou ao teste da linguinha). Observar se a condição interfere ou não na amamentação → utilização do Protocolo de Avaliação da Mamada proposto pelo UNICEF. Para a avaliação do frênulo lingual em indivíduos acima de 5 anos: Mensurar elevação de língua (tocando na papila incisiva) e a abertura máxima de boca com o paquímetro, observar possíveis alterações durante a elevação da língua (língua elevada sem tocar no palato, formato que o ápice toma). Observar a fixação do frênulo no assoalho da boca. + realização de provasfuncionais que avaliam a mobilidade, o tônus e a postura de língua no repouso, e durante a fala, o tônus da musculatura supra-hióidea. ● Provas anatômicas avaliam a lâmina e a ponta da língua e o aspecto, o tamanho e a fixação do frênulo, classificando-o em curto, anteriorizado ou curto e anteriorizado. Também são tomadas medidas da abertura da boca e da abertura da boca com a língua na papila, obtendo-se uma relação entre elas. ● Provas funcionais avaliam a mobilidade, o tônus e a postura da língua no repouso e durante a fala, o tônus da musculatura supra-hióidea, a produção articulatória da fala, e as possíveis compensações utilizadas durante a fala. ● Fotos do frênulo, da língua e da musculatura supra-hióidea e as provas dinâmicas filmadas. Frênulos recobertos por cortina de mucosa (frênulo posterior ou frênulo submerso): - Em bebês que apresentaram o frênulo lingual recoberto por cortina de mucosa, os itens referentes à espessura e à fixação na língua e no assoalho da boca não puderam ser visualizados Fala: A presença de alterações no frênulo dificulta a produção correta dos sons produzidos com a parte anterior da língua, principalmente dos fones laterais aproximantes (l, lh, r, R). As alterações mais frequentes foram encontradas no flape alveolar, no arquifonema {R}, nos grupos consonantais compostos com o flape alveolar, no (lh), e nos fricativos alveolares [s] e [z]. ● fixação anterior na face sublingual da língua, sendo considerado como um frênulo anteriorizado ou longo: interfere nos movimentos da língua e pode afetar a fala. ● Quando a extensão do frênulo é apenas curta, interfere mais na postura da língua, que permanece no assoalho da boca, e menos nos movimentos da língua e na fala → é comum que a fala seja produzida com a boca mais fechada fazendo com que a comunicação nem sempre seja clara. Indicação cirúrgica: Decisão se baseia na opinião do paciente/responáveis: ● Interferências funcionais. ● Interferência funcional na amamentação, alimentação, deglutição, mastigação. ● Interferência na produção da fala e aprendizagem da leitura/escrita? ● Adaptações de fala? ● Bullying? Intervenções cirúrgicas Indicação cirúrgica de acordo com o histórico de alterações, dados anatômicos, clínicos e funcionais. Frenotomia lingual: “pique na língua”, intervenção realizada com tesoura, usando ou não anestesia tópica. Realizada em recém-nascidos até 6 meses (tem sido indicada para evitar o desmame precoce). Material organizado por: Esther da Cunha Rodrigues - Acad. do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre 2021 → incisão linear anteroposterior do freio lingual, sem remoção de tecido (incisão de 3 a 4 milímetros de profundidade na região mais delgada do mesmo, por ser pouco vascularizada). Os benefícios do procedimento para o bebê são a melhora na postura e mobilidade da língua, e na postura do lábio, o que contribui para garantir os benefícios da amamentação, como o ganho de peso. ● propicia maior número de sucções e menor tempo de pausa entre os grupos de sucção durante a amamentação. ● Dentistas defendem que este método talvez não seja suficiente para a questão funcional. Qual método o profissional utilizou também faz diferença. Frenectomia: excisão do frênulo, realizada com anestesia local ou geral. → remoção total do tecido mucoso que compõem o freio lingual. Frenuloplastia: excisão parcial do frênulo. Reposicionamento cirúrgico do frênulo ● A frenectomia e ou a frenuloplastia são realizadas em crianças mais velhas e ou em adultos. Funções orofaciais após a cirurgia → Repete-se a avaliação antes e imediatamente após a cirurgia, no sétimo dia após a retirada dos pontos, 15 dias e após 1 mês da cirurgia. Somente após esse tempo é que, se necessário, será iniciada a fonoterapia. → Durante o 1° mês após a cirurgia, não são indicados exercícios específicos para a língua. No entanto, orienta-se que o paciente deve movimentar a língua como de hábito, realizando normalmente as funções que ela executa, como falar e comer. → exercícios mais leves como lateralização, protrusão sem forçar. → Pós: dieta mais pastosa. Mais gelada. A língua fica bem sensível, com fala arrastada e no início o paciente não nota muita diferença. → 1° mês - fala: A melhora relatada pelos pacientes ocorre, pois a abertura da boca aumenta durante a fala, e possibilita que os sons sejam melhor articulados. ● Importante ter marcadores pré e pós cirurgia → como: até onde ela vai varrendo palato, protrusão de língua…. ● Rotação de língua no vestíbulo e exercícios de força, não é bom iniciar com isso. Alimentação: - Observar: a mordida (morde com dentes anteriores, rasga com a mão, morde unilateralmente); se mastiga com a boca aberta ou fechada; o modo (predominantemente bilateral, alternado ou unilateral); a velocidade média (mensurada com cronômetro) e classificada como rápida, média ou lenta; a predominância de movimentos rotatórios ou verticais. ● sujeitos com frênulos alterados mordem menos anteriormente, mastigam mais de boca aberta e unilateralmente.A velocidade da mastigação é média e os movimentos são mais verticais do que rotatórios quando comparados com os sujeitos com frênulos normais. ● Trituração do alimento → utilização dos dentes posteriores ou utilização dos dentes anteriores com amassamento lingual. Material organizado por: Esther da Cunha Rodrigues - Acad. do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre 2021 Referências: 1. QUEIROZ, M.I.; HILTON, J.; CATTELAN, T.M. Tratado das Especialidades em Fonoaudiologia. Grupo GEN, 2014. 978-85-277-2656-6. 2. MARTINELLI, Roberta Lopes de Castro; MARCHESAN, Irene Queiroz and BERRETIN-FELIX, Giédre. Protocolo de avaliação do frênulo lingual para bebês: relação entre aspectos anatômicos e funcionais. Rev. CEFAC [online]. 2013, vol.15, n.3, pp.599-610. Epub June 21, 2013. ISSN 1982-0216. https://doi.org/10.1590/S1516-18462013005000032. 3. MARCHESAN, Irene Queiroz. Protocolo de avaliação do frênulo da língua. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 12, n. 6, p. 977-989, Dec. 2010 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462010000600009&lng=e n&nrm=iso>. 4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Coordenação Geral de Saúde da Criança e Aleitamento Materno. Nota Técnica n.º 35/2018 – Anquiloglossia em recém-nascidos. 5. MARTINELLI, Roberta Lopes de Castro; MARCHESAN, Irene Queiroz; BERRETIN-FELIX, Giédre. Estudo longitudinal das características anatômicas do frênulo lingual comparado com afirmações da literatura. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 16, n. 4, p. 1202-1207, Aug. 2014 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462014000401202&lng=e n&nrm=iso>. 6. POMPEIA, Livia Eisler et al . A INFLUÊNCIA DA ANQUILOGLOSSIA NO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO. Rev. paul. pediatr., São Paulo , v. 35, n. 2, p. 216-221, June 2017 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-05822017000200216&lng=e n&nrm=iso> 7. SILVA, Hewerton Luis, SILVA, Jairson José da, ALMEIDA, Luís Fernando de. Frenectomia: revisão de conceitos e técnicas cirúrgicas. SALUSVITA, Bauru, v. 37, n. 1, p. 139-150, 2018. http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edlibrary&format=iso.pft&lang=i&nextAction=lnk&indexSearch=AU&exprSearch=MARTINELLI,+ROBERTA+LOPES+DE+CASTRO http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edlibrary&format=iso.pft&lang=i&nextAction=lnk&indexSearch=AU&exprSearch=MARCHESAN,+IRENE+QUEIROZ http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edlibrary&format=iso.pft&lang=i&nextAction=lnk&indexSearch=AU&exprSearch=BERRETIN-FELIX,+GIEDRE https://doi.org/10.1590/S1516-18462013005000032 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462010000600009&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462010000600009&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462014000401202&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462014000401202&lng=en&nrm=iso
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