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1. Diferenciar fonologia de fonética. Exemplificar; Capítulo nº 25 : TRATADO EM FONOAUDIOLOGIA: ALTERAÇÕES DE FALA DE ORIGEM MUSCULOESQUELÉTICA A fonética estuda os sons da língua em sua realização concreta, independentemente de sua função linguística. É a ciência da face material dos sons da linguagem humana. Cabe a ela descrever os sons da linguagem e analisar suas particularidades articulatórias, acústicas e perceptivas. É na fonética que se estuda, analisa e classifica-se a produção e percepção dos sons da fala. A fonética está dividida em fonética acústica e fonética articulatória. A fonética acústica procura examinar as propriedades físicas das ondas sonoras produzidas pelos órgãos fonadores. À fonética articulatória cabe estudar a forma de articulação dos sons assim como o local físico onde os sons são realizados. À fonologia cabe estudar os sons do ponto de vista funcional, como elementos que integram um sistema linguístico determinado. Seria ainda a parte da gramática a qual dá conta do conhecimento que os falantes têm dos sons e padrões de sons da língua. Ainda em uma outra definição encontramos que fonologia é a ciência que estuda os sons da língua do ponto de vista de sua função no sistema de comunicação linguística. Estuda os elementos fônicos que distinguem, numa mesma língua, duas mensagens de sentido diferente. Ex: mala - bala ou sábia - sabia - sabiá ou mesmo uma mesma palavra realizada com vozes ou pronúncias diferentes 2-5. Tanto a fonética como a fonologia, tratam da linguagem humana enquanto ciência, contudo a fonética está dirigida ao estudo dos sons linguísticos, que são produzidos pelo aparelho fonador e captados pelo ouvinte, e a fonologia preocupa-se com os contrastes e oposições destas unidades distintivas. São duas disciplinas interdependentes 2. Conhecer as estruturas que participam da fonoarticulação (NÃO CONFUNDIR COM FONAÇÃO); e-book Fonética e Fonologia do Português Brasileiro Fonador quer dizer aquele que produz voz. A fala é o resultado da articulação desse som. Os órgãos que utilizamos para produzir os sons da fala não têm como função principal a articulação dos sons. Eles servem primeiramente para respirar, mastigar, engolir, cheirar. O conjunto desses órgãos é chamado de aparelho fonador. o aparelho fonador dividido nas regiões subglótica e supraglótica. Essa divisão acontece a partir da glote, em função de ser acima dela que se encontram as cavidades responsáveis pelas ressonâncias vocais. A glote é o espaço entre as pregas vocais localizadas na laringe Abaixo da glote, encontram-se a traqueia, dois pulmões e o diafragma, responsáveis pelo suprimento da fonte de energia que gera os sons da fala Os órgãos articuladores envolvidos na produção da fala dividem-se em ativos e passivos. Os articuladores ativos, aqueles que se movimentam para a realização dos diferentes sons da fala, são constituídos: pela língua (que se divide em ápice (ponta), lâmina e dorso) e lábio inferior, que alteram a cavidade oral; pelo véu do palato, que é responsável pela abertura e fechamento da cavidade nasal; e pelas pregas vocais. Os articuladores passivos compreendem o lábio superior, os dentes superiores, os alvéolos (região crespa, logo atrás dos dentes superiores), o palato duro (região central do céu da boca) e o palato mole (final do céu da boca) "Órgãos" ou "estruturas" fonoarticulatórias: um deslinde teórico - conceitual 3. Compreender como cada som da fala é produzido (sons orais, sons nasais, vozeados e não vozeados, ponto e modo articulatório); E-book Fonética e Fonologia do Português Brasileiro Na produção da fala, a expiração dura em média de 4 a 20 segundos, sendo significativamente mais longa do que a inspiração. Na respiração em silêncio, a fase expiratória é relativamente constante com duração média de cerca de 2 segundos. Na respiração normal, o ar passa livremente pelas cavidades supralaríngeas. Na fala, ocorrem resistências ao fluxo de ar vindas das constrições na laringe (pela vibração das pregas vocais, ver Fig. 3) e nas cavidades acima da laringe Ocorre ainda que, quando falamos, as pregas vocais podem estar aproximadas (fechadas), bloqueando o ar que sai dos pulmões. Com esse bloqueio, a pressão abaixo das pregas aumenta, fazendo com que elas se separem. O ar passa e a pressão diminui, fechando-as novamente. O ar é, então, solto em curtas lufadas de ar. É o chamado ciclo vibratório (ver Fig. 4). Quando há vibração das pregas, são produzidos os sons chamados vozeados ou sonoros. As pregas vocais podem, ainda, estar afastadas parcialmente, com o ar passando sem restrições pela laringe, produzindo os sons chamados de não-vozeados ou surdos Quando o véu do palato (a chamada campainha) está levantado, ele bloqueia o ar para as cavidades nasais e os sons produzidos são chamados de orais. No entanto, quando um som da fala é produzido com o véu do palato abaixado, permitindo a saída do ar também pelas narinas, têm-se os chamados sons nasais. Nas vogais, não há nenhum impedimento a essa passagem de ar, ou seja, os segmentos vocálicos são produzidos com o fluxo de ar passando livremente ou praticamente sem obstáculos (obstruções ou constrições) no trato vocal. são vozeadas as vogais são analisadas por meio dos seguintes parâmetros: altura, avanço/recuo da língua e arredondamento dos lábios as vogais são analisadas por meio dos seguintes parâmetros: altura, avanço/recuo da língua e arredondamento dos lábios: Com relação à altura da língua, no PB, existem quatro níveis: Altas: Aquelas em que o dorso da língua se eleva ao máximo estreitando o trato, mas sem produzir fricção (produção de [i] e [u]). Médias-altas: Aquelas em que o dorso da língua encontra-se em uma posição intermediária entre a posição mais alta e a mais baixa, localizando-se, no entanto, mais próximo da posição mais alta (produção de [e] e [o]. Médias-baixas: Aquelas em que o dorso da língua encontra-se em uma posição intermediária entre a apresentada nas vogais altas e aquela mostrada para as vogais baixas. A língua localiza-se, no entanto, em uma posição mais próxima à vogal baixo. Baixas: Aquelas em que a língua se encontra na posição mais baixa no trato oral (produção de [a]). Ainda conforme o avanço ou recuo da língua, as vogais podem ser classificadas como: Anteriores: Aquelas em que a língua se dirige para a parte anterior do trato vocal, mais especificamente em direção aos alvéolos, mas sem qualquer tipo de bloqueio no trato oral. [e] e [i]. Posteriores: Aquelas em que o dorso da língua se movimenta para a parte posterior do trato oral na direção do palato mole, sem, porém, apresentar bloqueio à passagem do ar. Centrais: Aquelas em que a língua encontra-se em posição mais centralizada. Na pronúncia da vogal [a] , a língua está abaixada e um pouco mais avançada. As vogais podem ser classificadas ainda pela posição assumida pelos lábios: Arredondadas: Vogais produzidas com os lábios arredondados. São elas: [o] e [u]. Não-arredondadas: Vogais produzidas com os lábios distendidos. São elas: [e] [i] [a] Já as consoantes são articuladas a partir de alguma obstrução no trato oral, seja ela parcial ou total. Podem ou não ser produzidas com vibração das pregas vocais. Assim podem ser vozeados ou não-vozeados. utilizam-se as características de ponto articulatório (lugar de articulação), modo articulatório e sonoridade 3.2 Segmentos Consonantais s segmentos consonantais dividem-se em dois grandes grupos: os denominados segmentos surdos ou não-vozeados, produzidos sem vibração das pregas vocais, e os chamados sonoros ou vozeados, produzidos com as pregas vocais em vibração. Esse parâmetro relacionado à vibração ou não das pregas vocais é definido como vozeamento. Ponto de Articulação : Quanto ao ponto de articulação, as consoantes são classificadas como (CRISTÓFARO SILVA, 2002, adaptado): Bilabial: lábio inferior (articulador ativo: móvel) toca no lábio superior (articulador passivo): mamãe, papai; Labiodental: lábio inferior (articulador ativo) vai em direção aos dentesincisivos superiores (articulador passivo): farofa, fava; Dental: ápice ou lâmina da língua (articulador ativo) toca ou vai na direção dos dentes incisivos superiores (articulador passivo): tato, dados; Alveolar: ápice ou lâmina da língua (articulador ativo) toca ou vai na direção dos alvéolos (articulador passivo): tato, dados; Alveopalatal: parte anterior da língua (articulador ativo) toca ou se dirige para a região medial do palato duro (articulador passivo): chata, tchau, já, xarope; Palatal: parte média da língua (articulador ativo) toca ou se encaminha para a parte final do palato duro (articulador passivo): ganho, telha; Velar: dorso da língua (articulador ativo) toca ou vai na direção do véu do palato também chamado de palato mole (articulador passivo): casa, gato e algumas pronúncias de “r”: rato (dialeto carioca e florianopolitano); Uvular: dorso da língua (articulador ativo) vai em direção à úvula, como em algumas pronúncias de “r”; Glotal: músculos da glote são os articuladores desse tipo de segmento, que ocorre também na pronúncia de “r” no dialeto de Belo Horizonte Modo de Articulação Oclusiva/plosiva: produzida com uma obstrução total e momentânea do fluxo de ar nas cavidades supraglóticas, realizada pelos articuladores (ativo e passivo), daí chamada de oclusiva. O véu do palato encontra-se levantado, sendo o fluxo de ar encaminhado apenas para a cavidade oral: paga, data, acaba. Nasal: produzida com uma obstrução total e momentânea do fluxo de ar nas cavidades orais. Há, no entanto, um abaixamento simultâneo do véu do palato, permitindo a liberação do ar pelas cavidades nasais. São exemplos de palavras com sons nasais: mano, banho. Fricativa: produzida com um estreitamento do canal bucal, ou seja, uma oclusão parcial, realizada pelos articuladores, fazendo com que a passagem do fluxo de ar nas cavidades supraglóticas gere um ruído de fricção. O véu do palato encontra-se levantado, e o fluxo de ar é encaminhado apenas para a cavidade oral: fava, saca, azar, chato, jato Africada: produzida com uma oclusão total e momentânea do fluxo de ar, seguida de um estreitamento do canal bucal, gerando um ruído de fricção, logo após o relaxamento da oclusão. Aqui também o véu do palato encontra-se levantado, e o fluxo de ar passa apenas pela cavidade oral: tchau , tia e dia. Tepe (ou tap): produzida com uma oclusão total e rápida do fluxo de ar nas cavidades orais. O véu do palato está levantado, impedindo a passagem do ar pelas cavidades nasais: caro , prato. Vibrante: a ponta da língua ou a úvula provocam uma série de oclusões totais muito breves, seguidas por segmentos vocálicos extremamente curtos. A passagem do ar pelas cavidades nasais também está bloqueada: roda, carro. A vibrante alveolar aciona esta série de rápidas oclusões tocando a ponta da língua nos alvéolos. Já a vibrante uvular realiza a sequência de bloqueios tocando, através da vibração da úvula, o dorso da língua. Essa consoante também é chamada de vibrante múltipla em função das múltiplas batidas, em oposição à vibrante simples, que apresenta um único bloqueio 4. Compreender os aspectos fonoarticulatórios que são avaliados na clínica de MO; Capítulo nº 25 : TRATADO EM FONOAUDIOLOGIA: ALTERAÇÕES DE FALA DE ORIGEM MUSCULOESQUELÉTICA Primeiramente é fundamental caracterizar se o problema de fala é de origem fonológica, neurológica ou musculoesquelética. Perguntas sobre como ocorrem outras funções, como a mastigação, a deglutição e a respiração também trarão dados significativos para o correto diagnóstico já que todas estas funções são exercidas praticamente pelas mesmas estruturas. Além da anamnese, o exame das estruturas anatômicas da cabeça e face, vai nos ajudar a saber se pode estar havendo interferência destas estruturas na produção articulatória. No exame será importante observar: a morfologia, o tônus e a mobilidade das estruturas moles da boca e da face, além da morfologia das estruturas duras da face e da boca. Conformação e saúde dos dentes, qual tipo de oclusão existe, assim como qual é a tipologia facial predominante. É importante observar quais tipos de compensações são utilizadas, e qual é o comprometimento que a alteração encontrada causa na inteligibilidade geral. Conhecer o que o paciente e a sua família acham do problema também ajuda, a saber, se haverá ou não adesão ao trabalho fonoaudiológico. Examinar as outras funções realizadas pela boca, como mastigar e deglutir, assim como obter dados sobre a respiração do paciente pode dar indicativos de que o problema de fala pode estar associado a estas funções ou mesmo ser consequência de uma delas. Fazer uso de protocolos como o MBGR5 , por exemplo, traz para a nossa prática um caráter muito mais concreto e padronizado, desde o momento da devolutiva ao paciente até o seu acompanhamento durante o tratamento 5. Compreender e caracterizar as alterações fonoarticulatórias; As alterações fonoarticulatórias referem-se a problemas de execução motora que podem comprometer além da produção fonatória, a respiração, a ressonância, a articulação e a prosódia. Os fatores que intervêm no processo articulatório são: 1) Função auditiva: responsável pelo fornecimento do modelo acústico (recepção, discriminação e retenção), vindo do exterior e do próprio indivíduo (feedback auditivo). 2) Função tátil: responsável pela informação sobre os pontos de contato durante a articulação (feedback tátil). 3) Função proprioceptiva: informa sobre as sensações dos músculos e tendões, fornecendo condições para análise do movimento articulatório, da pressão no momento do contato e da tonicidade da musculatura envolvida (feedback cinestésico). 4) Função visual: responsável pela formação de modelos visuais das produções articulatórias. Qualquer desvio que atinja um ou mais órgãos utilizados no aspecto fonoarticulatório causará dificuldades ou impedimentos na articulação e alterações sobre a fonação. O desenvolvimento das habilidades fonoarticulatórias pode ser precursor necessário para as habilidades de linguagem, ou seja, desordens ao nível de linguagem e disfunção do sistema sensório motor oral, frequentemente ocorrem juntos. Em 1998, Zorzi7 em seu capítulo “Diferenciando alterações da fala e da linguagem” propõe classificar as alterações da fala em fonológicas, neurogênicas e músculo-esqueletais. As alterações músculo-esqueletais correspondem aos distúrbios causados por problemas na musculatura, ossos ou cartilagens envolvidas na produção da fala. As alterações de fala podem ser de origem muscular por lesões ou remoções musculares; fibroses; atrofia muscular; perda ou diminuição da mobilidade; alteração de tamanho ou de forma. Podem ser de origem esqueletal por alterações nos ossos; conformação da face; ausência de dentes, dentre outros. O desempenho articulatório pode ser classificado como: Avaliação da fala: aspectos da motricidade orofacial ● adequado: quando ponto e modo de articulação estão corretos; ● impreciso: quando, por exemplo, se observa restrição na abertura de boca e/ou pouca mobilidade lingual e labial, que geralmente afeta a fala como um todo; ● distorcido: quando ajustes ou compensações são realizados na tentativa de produzir uma fala adequada; ● restrito: presença de limitação dos movimentos, especialmente de mandíbula; ● exagerado: presença de movimentos exacerbados da mandíbula e lábios. ALTERAÇÕES MÚSCULO-ESQUELETAIS E POSSÍVEIS INTERFERÊNCIAS NA FALA: Capítulo nº 25 : TRATADO EM FONOAUDIOLOGIA: ALTERAÇÕES DE FALA DE ORIGEM MUSCULOESQUELÉTICA Oclusão e mordida Tanto as mordidas abertas quanto as mordidas cruzadas e sobremordidas favorecem pontos de contato inadequados na produção dos fones. As mordidas abertas favorecem o aparecimento do ceceio anterior, assim como a tendência à anteriorização do ponto de articulação dos fones linguodentais. Nas mordidas cruzadas, podem ocorrer desvios de mandíbula, favorecendo a produção inadequada dos fones sibilantes. Nas sobremordidas, em decorrência da diminuição do espaço verticalinterno, é comum o aparecimento do assobio nos fones sibilantes. Na Classe III de Angle, os fones fricativos [f] e [v] são produzidos com o lábio superior tocando os dentes inferiores, havendo uma mudança do ponto articulatório. Nos fones plosivos, observa-se maior uso do lábio superior, bem como maior participação da parte média da língua Dentes A inclinação lingualizada ou vestibularizada dos incisivos superiores, a ausência de elementos dentários e o apinhamento dos dentes podem levar a uma alteração do espaço intraoral, dificultando o posicionamento correto da língua para articular os fones com precisão. Os fones linguodentais podem ser produzidos com a língua posicionada mais anteriormente, nos casos de inclinação vestibularizada dos incisivos superiores. Próteses dentárias As próteses dentárias mal feitas e/ou mal adaptadas causam dificuldades na produção dos sons da fala. Geralmente, a prótese dentária leva o indivíduo a falar com a boca mais fechada para não perder a estabilidade, causando uma imprecisão articulatória. Disfunção temporomandibular Segundo Bianchini pacientes com disfunção da articulação temporomandibular tenderão a apresentar: redução da amplitude do movimento mandibular; aumento da atividade da musculatura perioral; lateralização da mandíbula no /s/ e /z/; diminuição da velocidade da fala e ainda alterações de voz. Estudos sobre a fala e a dor por alterações musculares ou ósseas também estão presentes na literatura movimentos mandibulares Os movimentos mandibulares inadequados durante a fala como deslizes mandibulares frontais ou laterais assim como menor abertura de boca ou os movimentos exagerados da mandíbula, são encontrados em sujeitos com: respiração oral; Classe II de Angle divisão 1ª; excessiva sobressaliência; mordida cruzada lateral ou aberta anterior assim como nas disfunções da articulação temporomandibular. Provavelmente estes movimentos inadequados de mandíbula ocorram como forma de compensação para encontrar melhor possibilidade de correta articulação dos fonemas a serem produzido Frênulo lingual O frênulo lingual é uma pequena prega de membrana mucosa que conecta a língua ao assoalho da boca, permitindo que a parte anterior da língua se mova livremente. Dependendo do ponto de fixação na língua e no assoalho da boca, ele pode limitar os movimentos da parte anterior da língua, interferindo na produção da fala. Quando existe restrição dos movimentos da língua ocasionados por uma alteração do frênulo lingual, é possível encontrar várias alterações, como, por exemplo: imprecisão articulatória; produção distorcida dos fones flape alveolar [ɾ], aproximante lateral alveolar [l] e fricativos alveolares [s] e [z]; abertura de boca reduzida; desvios de lábios e de mandíbula; posição de língua baixa na cavidade oral, com participação atípica de suas margens laterais durante a fala, sendo que um lado da língua poderá participar mais do que o outro *CURIOSIDADE* Artigo: Incidência de distúrbio articulatório em crianças na idade escolar que tiveram ou têm hábitos orais de sucção Felício et al. (2003), realizaram uma pesquisa com o propósito de investigar a possível relação do distúrbio de fala com a história de aleitamento e dos hábitos de sucção nutritiva e não-nutritiva como fatores que poderiam ter interferido no crescimento e desenvolvimento dos componentes do sistema estomatognático e nas condições miofuncionais orais. Nos resultados verificou-se que o distúrbio de fala foi associado a maior duração do aleitamento artificial e da sucção não nutritiva, a postura anormal da língua e lábios, e mobilidade anormal da língua. Tais autores compreenderam que, o prolongamento da sucção pode modificar o ambiente oral, provocando desordem miofuncionais orais, e consequentemente dificultando os ajustes motores necessários para articulação da fala 6. Analisar se o processo terapêutico envolve ou não exercícios de mioterapia; Estratégias de treinamento miofuncional O resultado da avaliação de MO indicará a necessidade de treino específico com musculatura e funções. Exercícios como contrarresistência de língua em maxila, afilamento lingual, retrusão lingual, trabalho com mobilidade e tônus labial; trabalho com musculatura mastigatória tonificando ou alongando. Cada tipo de alteração na fala poderá demandar determinada intervenção. Se uma articulação travada se manifesta, excluídos os fatores relacionados com a ATM e seu funcionamento, o trabalho envolve os mesmos exercícios destinados a ampliar movimentos de abertura da cavidade oral durante a fala. Exercícios isotônicos e isométricos podem ser utilizados para a reabilitação da musculatura, sendo que a melhora do tônus e da mobilidade em geral resgata a precisão da fala Porém, Lof (2009) aponta que, se os clínicos objetivam melhorar a fala, devem trabalhar atividades que estejam diretamente ligadas à própria fala. Se o objetivo é produzir fala inteligível, fortalecer órgãos fonoarticulatórios ou trabalhar sua mobilidade, na visão do autor, não garante melhora na fala, uma vez que esta é considerada uma função complexa e não uma simples atividade motora. 7. Discutir os aspectos biopsicossociais relacionados às alterações de fala; Capítulo nº 25 : TRATADO EM FONOAUDIOLOGIA DA SBFa em 2004 Editora: ROCA LTDA ALTERAÇÕES DE FALA DE ORIGEM MUSCULOESQUELÉTICA O indivíduo que tem a fala com problemas, independente da causa que leva a esta alteração, experimenta muitas vezes sensações desagradáveis nas suas tentativas de se comunicar. O ouvinte pode ser impaciente, rejeitar o falante, ter pena, satirizar ou o imitar de forma jocosa, além de outros comportamentos que levam o falante a se sentir ansioso, embaraçado, desconfortável, excluído, inseguro, frustrado fazendo com que a sua auto-estima e autoconfiança diminuam. 8. Discutir como o fonoaudiólogo atua nas alterações articulatórias realizando correlações com as SPs anteriores. Capítulo de nº 25 publicado no Livro: TRATADO EM FONOAUDIOLOGIA DA SBFa em 2004 Editora: ROCA LTDA ALTERAÇÕES DE FALA DE ORIGEM MUSCULOESQUELÉTICA O alvo inicial da terapia é encontrar a verdadeira e correta causa do que está levando àquela modificação na fala, como por exemplo, má oclusão, é necessário tratar primeiro a alteração oclusal, que estaria atuando como causa, para assegurar que a língua tenha condições de passar por um processo de reabilitação. Quando as causas são estruturais, ou mesmo funcionais, muitas vezes temos que trabalhar em conjunto com outros profissionais para que estes removam ou melhorem o que estaria impedindo ou dificultando a correta articulação do fonema. Às vezes a causa da alteração pode ser apenas uma flacidez excessiva, ou mesmo a postura inadequada das estruturas que participam da execução do fonema em questão. Quando isto ocorre, o fonoaudiólogo irá trabalhar com a possível causa antes de iniciar o trabalho propriamente dito com a fala. O objetivo da terapia será, muitas vezes, o de compensar as alterações e otimizar a produção da fala, além de ajudar o paciente a compreender o que ele tem, auxiliando-o a encontrar as soluções mais pertinentes para seu caso. O fonoaudiólogo deverá fazer conscientização acerca da alteração: demonstrar de forma concreta a alteração da fala e seus resultantes (p. ex., ceceio anterior/projeção anterior de fonemas = mordida aberta anterior, estreitamento transversal em maxila). Fazer com que o paciente tenha autopercepção acerca da alteração: Utilização de pistas proprioceptivas possíveis, por exemplo, a utilização de fita adesiva colorida para sinalizar o apoio compensatório de lábio inferior durante a produção dos fonemas líquidos laterais. Fazer com que o paciente tenha percepção auditiva acerca da alteração Utilizam-se de diversas formas para levar o sujeito a perceber-se auditivamente. E realizar os exercícios miofuncional, quando necessário. 9. Estudar a comunicação não verbal (expressões faciais -- Músculos com suas origens e inserções). Comunicação Não Verbal A comunicação não verbal ocorre por meiode gestos, códigos sonoros, sinais, expressões faciais ou corporais, imagens ou códigos. Ela abrange a expressão corporal e facial, gestos e reações do corpo a estímulos variados Tipos de Comunicação Não Verbal? Em nosso dia a dia, ao nos comunicarmos, utilizamos diferentes tipos de comunicação não verbal, são eles: Paralinguagem São os sons que não integram o vocabulário da língua utilizada. A maneira de falar, a entonação de voz utilizada durante a comunicação e eventuais pausas nas falas são as formas mais comuns de paralinguagem. Proxêmica Está ligada ao uso que o homem faz do espaço a seu redor para se comunicar. Trata de aspectos como a proximidade relativa aos interlocutores e suas implicações, da influência do ambiente em que ocorre a comunicação e de outros aspectos ligados ao espaço físico. Importante dizer que para cada grupo cultural, existe um padrão de espaço diferente. Cinésica Trata-se dos movimentos que realizamos com todas as partes de nosso corpo, também chamada de linguagem corporal. Expressões faciais, postura corporal e gestos fazem parte da comunicação cinésica. Quaisquer outros gestos que acompanhem os atos linguísticos se enquadram nesta categoria. Características físicas Neste tipo de comunicação não-verbal entram adereços, vestimentas, aspectos físicos e o impacto provocado por eles no interlocutor. Em suma, a comunicação por características físicas nada mais é do que a primeira impressão que causamos no outro Expressões faciais É através do rosto que transmitimos e ocultamos nossas emoções. É um potencial em comunicação, ocupando um lugar expressivo na transmissão dos nossos estados emocionais. A sua compreensão permite verificar a coerência entre o que foi dito e o que é mostrado. Reflete atitudes interpessoais. Alguns autores afirmam ser a principal fonte de informação associada à fala humana. SISTEMA MUSCULAR Profa. Roberta Paresque CEUNES/UFES - ANATOMIA HUMANA a origem é geralmente a extremidade proximal do músculo que permanece fixa durante a contração muscular, e a inserção é geralmente a extremidade distal do músculo, que é móvel. Moore
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