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FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO PARASSIMPATICO (SNP) 25/09/2020 · Questões norteadoras: 1. Como ocorre a síntese, liberação e degradação da ACh? 2. Quais os efeitos fisiológicos da ativação ou inibição dos diferentes receptores colinérgicos? 3. Como agem os fármacos parassimpatomiméticos e parassimpatolíticos nos receptores de acetilcolina? 4. Quais os efeitos adversos relacionados a estes fármacos? Contextualizando SNP: No início de 2017 ocorreu um atentado químico na Síria que deixou mais de 80 mortos. Ao chegarem no local, os paramédicos observaram: ↑sudorese, ↑salivação, ↑micção, ↑esvaziamento gástrico, ↑lacrimejamento, miose, bradicardia, paralisia muscular, convulsões em alguns pacientes e broncoconstrição. A terapia imediata incluiu manutenção dos órgãos vitais, remoção das roupas, lavagem da pele com água e sabão, além de terapia farmacológica por via parenteral em grandes doses, para controlar os sintomas que afetaram diversos sistemas, tal como o SNP. Há indícios no caso de alterações no sistema nervoso parassimpático (SNP)? Quais? Sim, sintomas apresentados – miose, paralisia mucular. · Introdução ao SNP: · Sistema Nervoso Autônomo (eferente): -Simpático (região toracolombar): Predomina durante ‘respostas ativas’ stress, luta e fuga -Parassimpático (craniossacral): Predomina durante ‘respostas passivas’ repouso e digestão. · Ações antagonistas: · Pupila do olho: -Constrição do músculo radial e dilatação da pupila (midríase) = simpático. -Constrição do esfíncter e contração da pupila (miose) = parassimpático. · Musculo liso bronquiolar: -broncodilatação = simpático. -broncoconstrição = parassimpático. · Coração: -↑ FC e força = simpático -↓ FC e força contração = parassimpático. · Trato digestório: -↓ motilidade e secreção (contrai esfíncteres) = simpático -↑ motilidade e secreção (contrai esfíncteres) = parassimpático. · Bexiga urinaria: -Relaxa m. detrusor e contrai esfíncter = simpático. -Contrai m. detrusor e relaxa esfíncter = parassimpático. · Glândulas salivares: -↓ secreção (Saliva espessa) = simpático -↑ secreção (saliva diluida) = parassimpático · Órgão sexual másculo – ações sinérgicas: -Ejaculação = simpático -Ereção = parassimpático. · Vasos sanguíneos: -Constrição (pele, vasos esplâncnicos) e dilatação (músculo esquelético) = simpático · Glândulas sudoríparas: -Sudorese (Ach) = simpático · Fígado – acoes seletivas: -glicogenólise e gliconeogênese = simpática · SNA simpático X parassimpático – distribuição: Parassimpático: acetilcolina atua como nicotínico neuronal (N2) – ionotrópico. No órgão acetilcolina: muscarinicos – metabotropicos. OBS: sistema autonômico = neurônio pre ganglionar em ambos os sistemas liberam a acetilcolina. Sistema somático: Junção neuromuscular = N1 -Inervação parassimpática: Crânio-sacral – primeiro neurônio libera ACh receptores nicotínicos (NN) – segundo neurônio libera ACh que atua em receptores muscarinicos (metabotropicos). · Neurônio colinérgico – Inervação parassimpática: 1. Transmissor - pré-ganglionar: acetilcolina 2. Receptor ganglionar: nicotínico (N) 3. Transmissor – pós-ganglionar: acetilcolina 4. Receptor – pós-ganglionar: muscarinicos (M) Acetilcolina é o principal neurotransmissor!!! OBS: efeitos colaterais em outro sistema para diminuir ações do parassimpáticos: bloquear receptores muscarinicos. · Acetilcolina – síntese e transmissão: Liberada no pre e pos ganglionar no parassimpático. O que precisa para ACh sair das vesículas? Influxo de cálcio. Canal de cálcio voltagem dependente – ele precisa despolarizar. ACh se funde na membrana e é liberada na fenda sináptica, e na fenda tem uma enzima: AChE (acetilcolinesterase). Colina vai ser recaptada, ou seja, precisa da degradação da própria ACh para ter ACh. Grupo acetil vem da via glicolitica que entra na terminação nervosa, gerando Acetil-CoA. Ai a enzima que une a colina + acetil-CoA = colina acetiltransferase (CAT). ACh formada fora das vesículas. Aumentar o tempo de meia vida de ACh, aumentar a biodisponibilidade, quem que bloqueia? AChE, aumentando a concentração disponível para efeito. · Receptores colinérgicos (Parassimpático e junção neuromuscular): · Subtipos de Receptores Nicotínicos - Junção neuromuscular e parassimpático Receptor Nicotínico (Nn) - Receptor ionotrópito · Receptores colinérgicos (Parassimpático e junção neuromuscular): · Subtipos de Receptores muscarinicos – SNP: M1, M3 e M5 = resposta excitatória M2 e M4 = resposta inibitória · Receptores Colinérgicos - Muscarínicos: Metabotrópicos: · M1: ↑ Secreção ácida · M2: diminui a Frequência cardíaca (cronotropismo) e força de contração (inotropismo). · M3: ↑ Broncoconstrição ↑ Contração (TGI) ↑ Contração (Bexiga) ↑ Contração (Pupila) Miose ↑ secreção glandular (salivar, sudorípara, lacrimal) Contração músculo detrusor Relaxamento esfíncter · Receptores muscarínicos – M1 (neural/gl. exócrinas): M1 e M3 (estimula vasodilatação) = resposta excitatória, pois tem uma proteína Gq ligada -> fosfolipase C aumenta DAG (ativa PKC) e IP3 (aumenta cálcio) -> diminui K+. Obs: entrou sódio e cálcio = resposta excitatória M2 e M4 = resposta excitatória, pois é ligado a proteína Gi, diminuindo a ativação de adenilado ciclase -> diminui a convercao de ATP em AMPc -> com isso tem a abertura dos canais de K+. OBS: diminuição de AMPc = aumenta o efluxo de K+ Importante: Síntese de oxido nítrico (NO): acetilcolina nos receptores M3 indiretamente aumenta a produção de NO (gás que se difunde pela célula endotelial e cai no musculo liso, o NO promove vasodilatação). · Contextualizando SNP: E aí? Baseados nos sintomas do caso, houve ↑ou↓ da ativação do SNP? Aumento da ativação do SNP e consequentemente de suas ações Relacione os sintomas dos pacientes aos efeitos da ACh em receptores. ↑sudorese, ↑salivação, ↑lacrimejamento, ↑micção, ↑esvaziamento gástrico, miose (Efeito em M3), bradicardia (Efeito em M2), paralisia muscular, convulsões em alguns pacientes (Efeito em Nm e Nn) e broncoconstrição (Efeito em M3). · Drogas Parassintomiméticas (Agonistas colinérgicos): · Ação direta (atua diretamente nos receptores – se ligam no muscarinos e nicotínicos): Agonistas do receptor (M ou N) -Ésteres da Colina: ACh, metacolina, betanecol, carbacol. ↓Baixa absorção v.o. -Alcalóides, Pilocarpina, Nicotina, Muscarina (Amanita muscaria): ↑alta absorção v.o (atravessa BHE). -Mimetizam a ação da ACh no organismo inteiro (baixa seletividade); -Agem em receptores N e M, mas são mais potentes em muscarínicos · Ação indireta (aumenta o efeito parassimpático): -Inibidores de colinesterase. · Efeitos dos agonistas colinérgicos de ação direta: · Efeitos cardiovasculares: - ↓ da frequência cardíaca e do DC; - ↓ Força de contração; - Vasodilatação generalizada (↑ óxido nítrico); ↓ PA · Musculatura lisa: -TGI, bexiga e brônquios: ↑ broncoconstrição, ↑ da atividade peristáltica do TGI e ↑ contração da bexiga. · Secreções (salivar, sudorípara, lacrimal e brônquica): -↑ das secreções · Efeitos oculares: -Contração do músculo ciliar; regula pressão intraocular OBS: parassimpáticos receptores muscarinicos. · AÇÃO DIRETA - USOS CLÍNICOS: · Oftalmologia: -Cirurgia catarata (miose rápida) -Glaucoma (reduz PIO) - Carbacol (Ophtcol®); Pilocarpina (Salagen®, Pilocan®). · Odontologia: -Diminuir a Xerostomia (falta de saliva): Pilocarpina (Salagen®), Cevimeline (Evoxac® - USA) OBS: falta de salivação pode · TGI/Urinário: -Pós-operatório TGI (↑ motilidade/esvaziamento gástrico) -↓ Retenção Urinária pós-operatória/parto (Betanecol - Liberan®) -VO ou SC. (uso raro Com exceção do Cevimeline (seletivo de M3), os demais possuem baixa seletividade à receptores M ou N. · Usos clínicos: · Glaucoma: -No glaucoma a drenagem do humor aquoso pelo canal de Schlemm é obstruída quando a pupila se dilata, causando o ↑ da pressão intraocular. -A ativação do músculo constritor da pupila pelosagonistas muscarínicos (ex.: Pilocarpina) ↓ pressão intraocular · Efeitos adversos dos agonistas colinérgicos: Prof, todos os efeitos colaterais dos agonistas colinérgicos estão relacionados ao aumento do efeito fisiológico da ação da ACh? Sim. Agonistas colinérgicos diretos: ↑ da ativação de receptores muscarínicos e nicotínicos (pouco seletivos). -Sudorese, salivação, lacrimejamento -Cólicas abdominais -Incontinência urinária -Miose -Hipotenção/Bradicardia -Cefaléia -Visão borrada -Broncoespasco (broncoconstrição) -Rash cutâneo Caso ocorra uma superdosagem, que tipo de fármaco (em termos farmacodinâmicos) posso administrar para reverter estes efeitos? Antagonistas colinérgicos. Ex: Atropina. · Efeitos dos agonistas colinérgicos de ação indireta – Anticolinesterásicos (atua inibindo a acetilcolinesterase): Mecanismos de ação: Atuam inibindo a acetilcolinesterase - AChE (inibem a atividade catalítica) e indiretamente reforçam (intensificam) a neurotransmissão colinérgica. -Anticolinesterásicos de ação curta (bloqueio reversível): Aminas mono e biquaternárias (reversíveis): Edrofônio® -Anticolinesterásicos de ação intermediária (bloqueio reversível): Carbamatos (reversíveis): Neostigmina (Prostigmine®), piridostigmina (Mestinon®) -Anticolicolinesterásicos longa duração (irreversíveis): Organofosforados (inseticidas, ex.: Paration®, Malathion®); Gases tóxicos (ex.: Sarin). · Ações Farmacológicas dos agonistas colinérgicos indiretos (aumenta a ação da acetilcolina): · Efeitos muscarinicos (m): · JNM: ↑ força de contração muscular (N) · SNC (atravessam barreira) (N) (M): Ativação (alerta), excitação neruronal, convulsão, coma, depressão respiratória · Olho (Efeito parassimpatominético) (M): Miose (constrição pupilar) ↓ da pressão intraocular · Brônquios (M): Broncoconstrição · Efeitos nicotínicos (N) · TGI (M): ↑ esvaziamento gástrico (↑ atividade peristáltica e contração) · Bexiga (M): ↑ esvaziamento (contração) · Ap cardiovascular (M): Inotropismo/cronotropismo (-) (Bradicardia e Hipotensão) · Vasos (M - indireto): Menos efeito · Medicamento: Aminas mono e biquaternárias -Demecário (Humorsol) = glaucoma (tópico) -Ambenônio (Mytelase) = Miastenia grave (v.o.) -Edrofônio (Tensilon) = Miastenia grave (diagnóstico) · Medicamento – Organofosfatos: -Isoflurato (Floropril) = glaucoma de ângulo aberto -*Carbaril = inseticida (pulgas, insetos, raticidas) · Medicamento – Carbamatos: -Neostigmina (prostigmina) = Miastenia grave, anestesia/inversão bloqueio NM, atonia de bexiga/TGI não obstrutiva -Fisostigmina (Antilirium) = Intoxicação com antagonistas muscarínicos -Piridostigmina (Mestinon) = Miastenia grave OBS: na miastenia grave tem problema nos receptores · Contextualizando SNP: -Baseados no caso qual o tipo de anticolinesterásico? Anticolinesterásicos de longa duração - Irreversível: Inibe a AChE: ↑ [ACh] e seus efeitos. -Qual seria o mecanismo de ação de fármacos para reverter o efeito do Sarin? Tentar reverter a inibição enzimática? Utilizar um antagonista colinérgico? SIM! E RÁPIDO! · Toxicidade por anticolinesterásicos: · Organofosfatos e Sarin (Arma química/gás tóxico). Acúmulo de ACh = envenenamento muscarínico: -Bradicardia e hipotensão. -Paralisia músculo esquelético. -Convulsões, depressão cardiorspiratória. -Uso crônico causa neurotoxicidade: Degeneração tardia dos nervos periféricos: fraqueza muscular. Antídoto: PRALIDOXINA: Reativação da AChE: Uso em poucas horas: Envelhecimento enzimático. ATROPINA: antagonista colinérgico (bloqueio dos receptores) · Drogas Parassintolíticas - (Antagonistas colinérgicos) - Ação direta: · Amina terciária: -Atropina -Diciclomina -Tropicamida -Ciclopentolato -Tolterodine -Hioscina (Escopolamina) -Pirenzepina · Amina quaternária: -Ipratrópio -Propantelina -Isopropramida -Metoescopolamina -Inibem respostas causadas pelo estímulo do neurônio parassimpático pós-ganglionar ou inibem os efeitos da ACh nos seus receptores. -Agem em receptores N e M, mas são mais potentes em muscarínicos · Farmacocinética - Antagonistas Colinérgicos: -↑ Lipossolubilidade - Rapidamente absorvida TGI - Pouco absorvida via dérmica (mucosa) - Metabolismo hepático (50 %) e 50% urina (inalterado) -Atravessa a barreira placentária e hematoencefálica · USOS CLÍNICOS: · Oftalmologia: -Retração ocular, cicloplegia (paralisa músculo ciliar) -Adjuvante anestesia (↓secreção, ↓lágrima) -Midríase (dilata pupila) – Exame oftalmológico Ex.: Atropina (Atropion®), Ciclopentolato (Cicloplégico®), Tropicamida (Mydriacyl®) Antagonistas não seletivos · Odontologia: -Inibição das secreções (Reduz fluxo salivar): Situações clínicas (ex.: cirurgia, moldagem de prótese). Baixas doses causam ressecamento bucal acentuado: Uso prolongado pode promover placas Ex.: Atropina · TGI e Urinário: -Anti-espasmódico (Hipermotilidade do TGI, ducto biliar, uretra, útero, cólicas menstruais) - Bultibrometo de escopolamina (Buscopan®), Brometo de Propantelina (manipulado); Antagonistas não seletivos -Síndrome irritativa do cólon (Diverticulite) - Diciclomina (Bentyl®) - Antagonistas ñ-seletivos - ↓ contração involuntárias da bexiga (incontinência, bexiga hiperativa) - Darifenancina (Enablex®); Tolterodina (Detrusitol®); Oxibutinina - bloqueio com maior seletividade de M3 - bexiga) - Exame endoscopia (↓ secreção gástrica), úlcera péptica (Pirenzepina – bloqueio seletivo de M1 - estômago) - Uso laboratorial! · Neurológico: -Tontura, náusea (ex. escopolamina). -Produz sedação (ex.: escopolamina) · Respiratório: -Broncodilatador: Coadjuvante tratamento asma e doença pulmonar obstrutiva. ex. ipratrópio (atrovent®️) - inalação evita efeitos colaterais dos rec N. (Bloqueio não seletivo) · Cardiovascular: -Tratamento bradicardia sinusal (após infarto). ex. atropina (i.v.) - (Bloqueio não seletivo) - ↑ FC, taquicardia · Efeitos adversos dos antagonistas colinérgicos: Prof, todos os efeitos colaterais dos antagonistas colinérgicos estão relacionados à redução do efeito fisiológico da ação da ACh? -Boca seca -Constipação -visão embaçada, aumento PIO -Retenção urinária -Taquicardia, ↑PA -Broncoconstrição -Redução de secreções -Alucinações -Depressão respiratória -Hipertermia Antagonistas colinérgicos diretos: ↓ a ativação de receptores muscarínicos e nicotínicos (pouco seletivos). Caso ocorra uma superdosagem, que tipo de fármaco (em termos farmacodinâmicos) posso administrar para reverter estes efeitos? Agonistas colinérgicos indiretos. Ex: Neostigmina, fisostigmina
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