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Patologia - 3° período júlia colognezi Acumulos celulares Resposta celular às agressões Uma agressão celular pode levar a uma adaptação celular (alterações progressivas) ou então, quando uma célula não se adapta, levar a uma alteração do metabolismo (acumula substâncias dentro do citoplasma), levando à degeneração (alterações regressivas. Degeneração Definição: alterações metabólicas (funcionais e morfológicas), que levam a uma deposição ou acúmulo intracelular, que resultam em uma alteração de forma e função dos órgãos. Alterações morfológicas = alterações macroscópicas e microscópicas reversíveis se o estímulo cessar Célula que ainda não caminhou para uma morte celular, mas tem um metabolismo celular diminuído, levando a um acúmulo de substâncias dentro do seu citoplasma, ou no interstício. Acúmulos celulares Classificação: segundo a substância cujo metabolismo foi alterado Água: degeneração hidrópica (inchação turva ou hidrópica, tumefação turva ou celular, degeneração vacuolar e edema celular) Lipídes: degeneração gordurosa (esteatose ou lipidoses) Proteínas: degeneração hialinas (hialinoses) Carboidratos: degeneração glicogênica (glicogenoses) muco: degenerações mucoides (mucopolissacaridoses) - Tipos de substâncias que se acumulam: 1. Constituinte celular normal – água, lipídios, proteínas e carboidratos em excesso 2. Constituinte celular anormal Exógena: minerais ou agentes infecciosos Endógena: metabolismo anormal - podem ser transitórios ou permanentes - podem ser inofensivos ou tóxicos - podem estar localizados no citoplasma (fagolisossomas) ou no núcleo Como ocorre - Taxa de metabolismo celular inadequada → sobrecarga de constituintes normais Ex: esteatose (acúmulo de gordura dentro do fígado) Causas comuns de esteatose: diabetes, fármacos, alimentação inadequada, álcool - Ausência de enzimas → substratos não processados (doenças hereditárias de acúmulo) Acumulo de substrato ou ausência da substancias que seriam produzidas - maquinaria enzimática e habilidade de transporte inadequados → Acúmulo de Pigmentos endógenos insolúveis (ex: melanina) ou partículas estranhas insolúveis (ex: sílica, carvão) Água Degeneração hidrópica – acúmulo de água e eletrólitos Reversível → lesão não letal mais comum Causa: 1: hipóxia (mais comum) 2: hipertermia exógena ou endógena (febre) Patologia - 3° período júlia colognezi 3: radicais livres (substâncias derivadas de O2 que causam danos celulares) 4: inibidores de ATPase – ATPase é importante na produção da energia celular e ocorre na mitocôndria Isso resulta em déficit de energia – diminuição do metabolismo celular Gera um defeito no funcionamento da bomba Na/K (jogar o Na para fora da célula) → desequilíbrio hidroeletrolítico → acúmulo de Na+ intracelular com retenção de H20 → tumefação Órgão fica: grande, mais pesado, pálido Isquemia (aporte de O2 prejudicado; como no estado de trombose) - Infarto agudo do miocárdio Coronarianas obstruídas por trombos – musculatura cardíaca tem queda de oxigênio, queda de ATP, que prejudica o funcionamento da bomba de sódio e potássio – acumula sódio dentro da célula e potássio fora da célula – diferença de concentração – puxar água - organelas celulares tumefeitas - citoplasma muito claro; glomérulos; epitélio dos túbulos anormais Fígado (hipóxia) Aspectos microscópicos Edema/tumefação celular Citoplasma delicadamente vacuolizado e pálido Núcleo não é deslocado - desorganização celular, citoplasma esbranquiçado Lúpus eritematoso discoide – degeneração hidrópica em ceratinócitos basais na epiderme https://site.medicina.ufmg.br/imagemdasemana Lipídeos Esteatose ou degeneração gordurosa Acúmulo anormal de triglicerídeos dentro de células parenquimatosas dos órgãos Órgãos envolvidos: fígado, coração, músculo e rins Causas: desnutrição proteica, diabetes mellitus, obesidade, anorexia e alcoolismo Leve – não altera função celular; grave – até a morte Excesso de oferta de ácidos graxos → ácidos graxos livres (tecido adiposo ou alimento) ← jejum, desnutrição, diabetes descompensado -- organismo tira gordura das reservas para manter a energia celular que nosso corpo precisa – liberação de ac. Graxo livre – acúmulo nos hepatócitos Excesso de oferta de ácidos graxos → diminuição na síntese de lipoproteínas (defeito de metabolismo) → diminuição da exportação de lipídios → esteatose hepática Diabetes: nosso organismo precisa de glicose, que não entra na celula devido à ausência de insulina. A falta de energia das células leva à mobilização de gordura de tecidos. Quando quebra gordura periférica, começa a quebrar ácidos graxos livres, que entra no fígado e atrapalha o metabolismo da célula https://site.medicina.ufmg.br/imagemdasemana Patologia - 3° período júlia colognezi Órgão esteatótico: pesado, aumentado, amarelado, mole, brilhante Esteatose leve não afeta a macroscopia Esteatose hepática Microscopia: Células abauladas Vacúolos citoplasmáticos claros e redondos, limites nítidos Núcleo periférico – macrovesicular Macro ou microgoticular Colesterol e ésteres de colesterol Usado para síntese das membranas celulares normalmente Causas de acúmulos de colesterol/ésteres de colesterol: 1 – ateroesclerose: placa de ateroma Células musculares lisas e macrófagos da íntima das artérias Vacúolos lipídicos no espaço extracelular Fatores que podem levar a uma ateroesclerose: - hiperlipidemia: aumento do colesterol - hipertensão - tabagismo - homocitesteína - toxinas - vírus - fatores hemodinâmicos Levam a danos no endotélio vascular, faz com que a gordura proveniente do sangue se acumule na íntima da parede celular de forma progressiva Começa a acumular células musculares lisas ao redor do escleroma para tentar reter o processo inflamatório - segmento da aorta abdominal Seta: placas de ateroma (ateroesclerose abdominal) Escavações: úlcera – complicações do processo de ateroesclerose Não há regressão Núcleo rechaçado para a periferia devido ao acúmulo de gordura dentro do citoplasma Cristais de colesterol: Patologia - 3° período júlia colognezi 2 - Xantomas: colesterol dentro dos macrófagos - depósito em pele e tendões, formando pseudotumores Xantomas Ex: pessoas com dislipidemias 3 – colesterolose: macrófagos com gorduras no citoplasma 4 – doença de Niemann-Pick tipo C Decorre de mutações genéticas que afetam a enzima esfingomielinase, responsável pelo transporte de lipídios em múltiplos órgãos Proteínas Degenerações hialinas ou hialinoses Acúmulos intracelulares de proteína Apresentação: gotículas eosinofílicas arredondadas, vacúolos ou agregados no citoplasma Causas: 1 – doenças renais associadas a proteinúria (perda de proteína na urina) Pode ser reversível – se a proteína diminuir, as gotículas de proteína são metabolizadas e desaparecem Gotículas de reabsorção nos túbulos renais proximais 2 – proteínas produzidas em quantidade excessiva (síntese de imunoglobulinas) acumulam-se no citoplasma de plasmócitos (responsáveis pela produção de imunoglobulinas) – corpúsculos de Russel 3 – transporte intracelular e secreção defeituosos (enzimas) Ex: enfisema por deficiência da enzima alfa-1- antitripsina – esses pacientes apresentam distúrbios respiratórios Proteínas mal dobradas que se acumulam no tecido hepático áreas avermelhadas dentro do citoplasma dos hepatócitos 4 – acúmulo de proteínas do citoesqueleto Hepatite alcoolica – acúmulo de filamentos de queratina no citoplasma (inclusão eosinofílica – corpúsculo de Mallory) 5 – agregação de proteínas anormais (intra ou extracelular) e interferem nas funçõesnormais Ex: amiloidose (proteínopatias) Patologia - 3° período júlia colognezi Alzheimer: amiloide se deposita nas paredes dos vasos cerebrais. O espessamento da parede faz com que o lumen vascular diminua. Cérebro sofre de má oxigenação Glicogênio Reserva de energia armazenada no citoplasma das células saudáveis Anormalidade no metabolismo da glicose ou glicogênio – depósitos intracelulares – vacúolos claros – corados por PAS Exemplos Diabetes Melito – glicogênio é encontrado nas células epiteliais do túbulo renal, células hepáticas, ilhotas de langerhans e células miocárdicas Glicogenoses – defeitos enzimáticos na síntese ou degradação do glicogênio – acúmulo e morte celular Doença de Von Gierke Muco Degeneração mucoide Ocorre nas células epiteliais que produzem muco – vai pro interstício Inflamação das mucosas (inflamação catarral) Cânceres: estômago – células malignas do carcinoma são produtoras de muco, esse muco forma lagos de mucina Mucopolissacaridoses Depósitos anormais de poliglicanos e/ou proteoglicanos Deficiência enzimática – acúmulo intralisossômico Manifestações: anormalidades no esqueleto, em artérias e em valvas cardíacas, retardo mental e opacificação da córnea - núcleo atípico e hipercorado Bibliografia Patologia • BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Bogliolo patologia. 8.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. • FRANCO, Marcello; et al. Patologia: processos gerais. 6.ed. São Paulo: Atheneu, 2015. • KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K; FAUSTO, Nelson. Robbins & Cotran Patologia: bases patológicas das doenças. 7.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 1592 p. ISBN 9788535213911
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