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Teoria Bipartida e teoria Tripartida do Crime - Análise

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UNICESUMAR – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ
DIREITO – CURITIBA
Acadêmico: Lucas Lopes – RA: 1913326-2
Profº Rafael Vianna – Direito Penal
TEORIA BIPARTIDA E TRIPARTIDA DO CRIME
O Direito Penal surge essencialmente como limitador do poder punitivo do Estado e protetor
de bens jurídicos da sociedade em geral. Contudo, apresentava definições vagas e imprecisas a respeito
do que seria considerado crime, como por exemplo o Código Penal da República de 1890, que dizia em
seu artigo 7º: “crime é a violação imputável e culposa da lei penal”, o qual dependia de critérios
subjetivos do operador do Direito, possibilitando um vasto grau de insegurança jurídica e distorções
interpretativas em favor de autoridades.
Nesse contexto, numa tentativa de encontrar elementos que possam definir com mais
segurança e embasados em argumentos científicos, surgem no final do século XIX escolas de Direito
Penal voltadas a estabelecer uma teoria do crime orientada a encontrar uma definição que fosse de ampla
aceitação e consenso. E, considerando tais discussões, em 1940 o atual Código Penal Brasileiro é criado,
adotando o conceito analítico de crime que até hoje rende embates doutrinários embasados em muitas
teorias existentes que tentam explicar o “crime” sobre aspectos diversos, porém duas teorias ganharam
destaque por seus argumentos suficientemente forte e que são defendidas por renomados penalistas:
Teoria Bipartida e Tripartida do Crime.
A teoria Bipartida entende o crime como sendo o fato típico e antijurídico/ilícito, estando a
culpabilidade apenas como um pressuposto de aplicação da pena não como uma parte do conceito
analítico de crime. Tal raciocínio bipartido de crime se baseia na teoria finalista da ação, formulada por
Hans Welzel, que se funda em torno da consciência do fim; da vontade de reger o que vai acontecer; do
fato de ser possível o agente prever as consequências de sua conduta, e deste modo considera o dolo e a
culpa como elementos do fato típico, mais precisamente da conduta, uma vez que a culpabilidade exerce
apenas uma função valorativa que serve para dosar a aplicação da pena. Para melhor entendimento, a
Teoria Bipartida fica estruturada da seguinte forma:
Fato Típico Fato Ilícito/Antijurídico
* Conduta (Dolo ou Culpa)
* Resultado
* Causalidade
* Tipicidade
Excludentes da ilicitude:
* estado de necessidade;
* legítima defesa;
* estrito cumprimento de dever legal;
* exercício regular de direito.
Ou seja, se um indivíduo pratica uma conduta que esteja expressa em lei penal,
correspondendo a um fato incriminador, e que seja contrário ao ordenamento jurídico-penal, analisados
suas excludentes, tal conduta desse indivíduo será considerada crime de imediato. A culpabilidade só será
analisada posteriormente na aplicação, ou não, da pena.
Já a Teoria Tripartida define o crime como um fato típico, antijurídico/ilícito e culpável, caso
não haja um desses elementos o fato não será considerado crime. Tal pensamento é predominante no
Direito Penal Brasileiro, e possui forte influência da teoria causalista, formulada por Franz Von Liszt, que
descrevia o crime; “o tipo é formal, sendo a descrição objetiva de uma modificação no mundo exterior. A
antijuridicidade também é definida de maneira formal, como a prática de uma ação típica contrária ao
direito. A culpabilidade é apenas psicológica, conceituada como uma mera relação psíquica, entre o
agente e o fato, limitando a comprovar a existência de vínculo entre eles”. 
Vale destacar ainda que esse pensamento possui também influência da teoria finalista,
argumentando que o tipo continua a ser visto sob uma ótica material, e passa a conter o dolo e a culpa,
em conformidade com o conceito finalista da ação. A ilicitude, passa a consubstanciar fundamentalmente
no desvalor da ação. Por fim a culpabilidade se torna juízo de reprovação embasado no livre arbítrio,
sendo composta pela imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial de consciência da
ilicitude, o dolo e a culpa são deslocadas para o tipo. Assim, a estrutura da teoria tripartida fica da
seguinte forma:
Fato Típico Fato Ilícito/Antijurídico Fato Culpável
* Conduta (Dolo ou 
Culpa)
* Resultado
* Causalidade
* Tipicidade
Excludentes da ilicitude:
* estado de necessidade;
* legítima defesa;
* estrito cumprimento de dever legal;
* exercício regular de direito.
* Imputabilidade
* Potencial Consciência da 
Ilicitude
* Exigibilidade de Condita 
Diversa
Aqui, diferente da teoria bipartida, serão analisados se a conduta do indivíduo corresponde a
um fato incriminador expresso em lei e que seja contrário ao ordenamento jurídico-penal, bem como a
reprovabilidade da conduta (culpabilidade), observadas suas excludentes. De outra forma, se não houver
um dos três elementos não haverá crime.
Particularmente, fiquei bem dividido entre as duas teorias diante de seus argumentos, porém
vou aderir ao conceito da teoria tripartida por conseguir formular melhor um entendimento sobre o crime
a partir dos elementos; fato típico, ilícito e culpável. Essa teoria me parece mais completa, pois a
culpabilidade não poderia ser apenas um pressuposto da pena, por exemplo, o Código Penal expressa que
o menor de 18 anos não comete crime, seria contraditório ignorar a imputabilidade ao analisar a conduta
de alguém com 16 anos de idade que cometeu um fato típico e antijurídico e, a partir disso, decidir que já
houve um crime, para só depois (quando for “contabilizar” a pena) analisar se o indivíduo é culpável.

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