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malária Malária e epidemiologia: Ao chagar aos eritrócitos, os merozoítos se diferenciam em trofozoítos. Na fixação do plasmódio à hemácia, ocorre a ligação desse patógeno a receptores da superfície da célula. O P. vivax se liga a um antígeno do grupo sanguíneo (Duffy), ausente em grande parte nos africanos ocidentais, o que lhes confere maior resistência à malária. • Malária: é uma doença causada por protozoários, que têm por vetor o mosquito Anopheles. Ela é mais prevalente em países tropicais, sendo que a resistência a fármacos, a resistência do vetor a inseticidas e as migrações também contribuem para o aumento do número de casos de malária. O desenvolvimento inicial do plasmódio dentro da hemácia é caracterizado por pequenas formas de anel, sendo que as diferentes espécies são semelhantes entre si. Quando os trofozoítos aumentam, cada espécie adquire sua morfologia distinta e, ao fim, os plasmódios passam a ocupar a maior parte do eritrócito, sendo denominados esquizontes. Com isso, a hemácia lisa e libera novos merozoítos formados a partir das divisões do esquizontes – assim, os merozoítos podem infectar outros eritrócitos. – Agente etiológico: o gênero Plasmodium possui 5 espécies capazes de infectar humanos: P. falciparum, P. vivax, P. ovale e P. knowlesi. Apesar disso, o P. falciparum e o P. vivax são responsáveis pela grande maioria dos casos de malária. – Transmissão: a transmissão da malária acontece, na maior parte dos casos, pela picada (normalmente, durante a noite) de mosquitos infectados do gênero Anopheles. Além disso, em raros casos, a transmissão pode acontecer por meio de transfusões sanguíneas e por via transplacentária. A transmissão por meio do mosquito anofelino varia de acordo com as regiões, preferências ecológicas e medidas de controle de mosquitos. Os mosquitos absorvem os gametócitos desenvolvidos no ser humano amadurecem em gametas e iniciam o ciclo sexuado do plasmódio. Os gametas se fundem e formam o zigoto, que se desenvolve em oócito. Os oócitos, por sua vez, se desenvolvem em esporozoítos, que se seguem para as glândulas salivares dos anofelinos. – Fisiopatologia: a infecção ocorre, inicialmente, com a inoculação de esporozoítos dos plasmódios por meio das glândulas salivares na picada de um mosquito anofelino fêmea. Os esporozoítos, formas móveis do plasmódio, vão para a corrente sanguínea, até chegarem ao fígado (infecção assintomática). No parênquima hepático, o esporozoíto começa a se multiplicar, por reprodução assexuada (1 esporozoíto é capaz de produzir cerca de 10-30 mil merozoítos). Essa proliferação leva ao rompimento do hepatócito e os merozoítos formados são liberados na corrente sanguínea. Os merozoítos entram nas hemácias (ciclo eritrocítico assexuado) e se multiplicam, cerca de 6-20 vezes a cada dois dias – quando há, aproximadamente, 100 milhões de merozoítos no sangue, os sintomas começam a aparecer). A resposta do organismo contra a malária é lenta (exceto para as formas mais graves) e precisa que ocorram várias infecções. A resposta imune contra os plasmódios é caracterizada como: parcialmente efetiva, não é estéril, específica para cada espécie, de curta duração. Quando há infecções prolongadas e repetidas, ocorre o estabelecimento de uma relação parasito- hospedeiro, em que o organismo se adapta e se trona assintomático, mesmo com a presença dos plasmódios. O sistema imune reage aos patógenos extracelulares através de: fagocitose por macrófagos (especialmente, nos locais da picada, no fígado e no baço) e, no caso de ausência de receptores de fixação do plasmódio, o organismo se torna resistente a infecções. As concentrações de sódio, de ATP e da glicose-6-fosfato desidrogenase são fatores que restringem o desenvolvimento dos plasmódios. Nos casos de infecção por P. vivax e P. ovale, uma parte dos plasmódios permanece em estado latente de multiplicação (hipnozoítos), o que pode levar a uma recidiva – a latência dura entre 3 semanas a um ano. malária No baço, ficam concentradas grandes quantidades de hemácias infectadas que ativam linfócitos e células apresentadoras de antígenos (células dendríticas, macrófagos). A ativação das APCs faz com que elas secretem citocinas, como: TNF- alfa e IL-12, a qual estimula a produção de IFN- gama e a ativação de linfócitos TCD4+. Os linfócitos B também se diferenciam em plasmócitos, desencadeando a secreção de anticorpos contra antígenos do plasmódio – a hiperestimulação da resposta imune é responsável por causar as formas mais graves da malária. são mais comuns, podendo indicar a encefalopatia/malária cerebral. Nos casos de malária aguda, o quadro clínico é marcado pelos sintomas inespecíficos (febre, mal estar, anemia), mas pode estar acompanhada de casos de hepatomegalia e de esplenomegalia (o baço também fica mais sujeito à ruptura). – Tratamento: os medicamentos contra a malária são disponibilizados de forma gratuita pelo SUS. O tratamento antimalárico tem por objetivos o fim da esquizogonia, a destruição de hipnozoítos do P. vivax/ovale e o fim da cadeia de transmissão, com impedimento do desenvolvimento dos gametócitos. Há casos de imunodeficiência resultantes da malária, com aumento da probabilidade de coinfecções e de outras reações (diminuição da resposta a vacinas e formação do linfoma de Burkitt). Além disso, a própria resposta contra os plasmódios pode desregular a reação imunológica, levando à imunodeficiência. Para a prescrição do esquema terapêutico, é necessário observar a espécie do plasmódio, a idade do paciente, história de reinfecção, gravidade da doença (malária não complicada ou malária grave). * Plasmódios de outras espécies que não o P. → Malária por P. vivax/ovale: uso de cloroquina (3 dias) associado à primaquina (7 ou 14 dias). → Malária por P. malariae: cloroquina (3 dias). → Malária por P. falciparum ou malária mista (P. falciparum e P. malariae): combinação de derivados de artemisinina (ACT), arteméter e lumefantrina/artesunato e mefloquina. Além disso, é utilizada uma dose única de primaquina, para eliminar os gametócitos dos plasmódios. → Malária mista (P. falciparum e P. vivax/ovale): ACT por 3 dias e primaquina (7 ou 14 dias). → Paciente com gametócitos de P. falciparum: ACT e primaquina e, caso o paciente já tenha sido tratado há menos de 30 dias, utilizar apenas primaquina. → Malária grave e complicada (P. falciparum/vivax): tratamento com artesunato EV (6 dias), clindamicina EV (7 dias – redução da parasitemia). Caso a via endovenosa não esteja disponível, utilizar a via intramuscular com arteméter. falciparum não são tão eficazes na adesão às células. – Quadro clínico: inicialmente, os sintomas são inespecíficos: mal-estar, cefaleia, fadiga, mialgia, febre, hipotensão ortostática – isso pode levar a outros diagnósticos. Sintomas e sinais, como calafrios, picos de febre e calafrios podem indicar a infecção por P. vivax/ovale. No começo das manifestações clínicas, a febre é irregular e a temperatura pode chegar a mais de 40ºC – nos casos de malária por P. falciparum, as convulsões * Quimioprofilaxia: medida de prevenção, com uso de medicamentos em quantidades subterapêuticas, para evitar as formas graves da malária. A quimioprofilaxia pode ser composta por: doxiciclina, mefloquina, atovaquona/proguanil e cloroquina. malária – Diagnóstico: na malária, o diagnóstico é realizado nos aspectos clínicos e, especialmente, nos aspectos laboratoriais. doença que se enquadra na lista de notificação compulsória (regular nas regiões endêmicas e imediata na região extra-amazônica), inclusive a suspeita → Diagnóstico clínico: nessa etapa, é importante considerar os aspectos epidemiológicos e febris. É importante avaliarviajantes que chegam de áreas endêmicas e se eles tomaram medidas profiláticas contra a malária. Na região amazônica, em 2014, foram registrados 143.552 casos, sendo que 4.593 deles eram importados de outros países. Já nas regiões extra- amazônicas, houve 559 casos registrados, sendo 54 autóctones. → Esfregaço sanguíneo: nesse método diagnóstico, é possívl detectar formas assexuadas do plasmódio. Para isso, podem ser utilizados corantes como Romanowsky, Giemsa, Field, Wright, Leishman. No esfregaço, é possível diferenciar as espécies de Plasmodium. Quando há infecção por P. falciparum, os parasitas vistos são assexuados e têm forma anelar. Os trofozoítos do P. vivax/ovale estão em hemácias aumentadas com inclusões chamadas pontos de Schüffner. Além disso, os gametócitos também podem estar presentes nos esfregaços. – Tipos: a malária pode ser caracterizada como “não complicada – aguda” e como “Falciparum grave”. → Malária não complicada: clinicamente, esse tipo de malária causa febre e, muitas vezes, sintomas semelhantes à gripe, como cefaleia, fadiga, calafrios, febre alta e sudorese (esses 3 últimos são mais característicos na malária). Sem tratamento, a febre se torna regular, de forma intermitente, sendo terçã (ciclo de 48 h – causada pelo P. vivax/ovale) ou quartã (ciclo de 72 h – P. malariae). Outras manifestações clínicas são: mialgias, artralgias, confusão, tosse, anorexia, diarreia, anemia, icterícia. → Detecção do antígeno: é feita a partir de ensaios com antígenos dos plasmódios, como: proteína-2 (rica em histidina – característica do P. falciparum), lactato desidrogenase, aldolase. Esse método é importante para uma rápida detecção dos plasmódios no organismo. → Malária Falciparum Grave: nesse tipo de malária, há acometimento de órgãos, causando sua disfunção – prostração, convulsões, choque, acidose, anemia grave, insuficiência renal. As principais manifestações clínicas nesses casos são: coma não despertável (malária cerebral), acidemia/acidose, edema pulmonar, hipoglicemia, hipotensão, convulsões, hemorragias (consumo de fatores de coagulação e trombocitopenia), hiperparasitemia. → Achados laboratoriais: anemia normocítica e normocrômica, contagem de leucócitos normal (elevada em infecções graves), linfopenia, eosinopenia, proteínas de fase aguda elevadas, baixas concentrações de glicose/sódio/bicarbonato/cálcio/ fosfato/albumina (nos casos de malária grave). – Epidemiologia: estima-se que cerca de 219 milhões de casos de malária ocorreram no mundo em 2017, sendo que as regiões mais prevalentes da doença são a África, o Sudeste asiático e o leste Mediterrâneo. 3,4% dos casos ocorrem pelo P. vivax, que é predominantes nas regiões das Américas. * Malária cerebral: acomete, especialmente a substância branca, e pode levar ao edema cerebral, comprometendo o sistema nervoso. * Hipoglicemia: ocorre pela diminuição da gliconeogênese no fígado e pelo aumento do consume de glicose pelo organismo e pelo parasita. No Brasil, em 2014, as espécies de plasmódios presentes são: P. vivax (predominantes), P. falciparum e P. malariae. A Região Amazônica é a mais afetada pelos casos de malária, abrangendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. A malária é uma * Acidose: pode ocorrer pela grande concentração de ácidos orgânicos e pela glicólise anaeróbia decorrente da oclusão pelos parasitas na microcirculação, da produção de lactato e da hipovolemia. * Edema pulmonar: aumento do peso dos pulmões, com congestão, edema e, por vezes, malária com hemorragia. Os macrófagos alveolares que fagocitaram os plasmódios/hemozoína começam a se acumular nos vasos e no tecido intersticial. Esse medicamento pode ser utilizado também em doenças reumáticas e age na supressão da resposta por linfócitos T aos mitógenos, na inibição de quimiotaxia, na estabilização de enzimas lisossômicas, na inibição da formação de ácidos nucleicos e na captação de radicais livres. * Alterações hematológicas: a anemia acontece por causa da redução de eritrócitos, por ação da reprodução parasitária e por meio da depuração esplênica aumentada. * Resistência ao fármaco: os plasmódios, por mutações genéticas, nos transportadores levam ao maior efluxo do fármaco, o que impede sua fixação aos vacúolos. * Disfunção hepática: ocorre por causa da hiperparasitemia, com acúmulo de hemácias infectadas nos sinusoides hepáticos. Isso desencadeia a resposta imunológica, especialmente, com a hiperestimulação das células de Kupffer, o que pode causar hipoxia, necrose, congestão e hepatomegalia. • Casos de malária – epidemiologia: A definição de caso é a pessoa/animal que está infectado ou doente, apresentando características clínicas, laboratoriais e epidemiológicas específicas. Os casos, suspeitos ou confirmados, são analisados pela Vigilância Epidemiológica, para estimar as taxas de morbidade e de mortalidade de uma doença ou de um agravo à saúde. Com isso, é possível realizar intervenções para diagnóstico, tratamento e eliminação de novos casos. → Complicações crônicas da malária: esplenomegalia tropical (hepatomegalia, altas concentrações de IgM contra linfócitos TCD8+, aumento da concentração de células CD4+ e CD8+, esplenomegalia hiper-reativa), nefropatia malárica quartã (lesão dos glomérulos renais, causada, especialmente pelo P. malariae), linfoma de Burkitt e infecção pelo vírus Epstein- Barr. Os casos suspeitos, em relação à malária, são considerados para todas as pessoas residentes de áreas endêmicas ou que tenha ido para essas regiões (8-30 dias antes dos sintomas). Os casos são confirmados por meios laboratoriais, com a detecção de parasitemia, e por análise epidemiológica. Mecanismo de ação – cloroquina: A cloroquina é um fármaco esquizonticida sistêmico utilizado no tratamento da malária causada pelo P. falciparum, com exceção das cepas resistentes, e tem uma eficácia menor nas infecções por P. vivax. Esse medicamento é utilizado de forma profilática em casos de idas a locais endêmicos da malária sensível à cloroquina. Os casos de malária podem ser classificados em: – Caso autóctone: a infecção ocorre na mesma localidade em que o diagnóstico foi realizado. Quando a cloroquina passa pela hemácia, ela começa a se concentrar no vacúolo do plasmódio por meio de sequestro iônico – o vacúolo é o local em que o parasita degrada a hemoglobina para conseguir os aminoácidos para sua sobrevivência. Quando a hemoglobina é digerida, ocorre a liberação de componentes tóxicos aos plasmódios, mas os parasitas são capazes de polimerizar os grupamentos heme em hemozoína, a qual fica restrita ao vacúolo. – Caso importado: seu diagnóstico acontece fora da região em que houve a infecção – importante para localizar uma zona conhecida de infecções pelos plasmódios. – Caso introduzido: segundo caso que acontece logo após a detecção de um caso importado conhecido – primeiro elo de transmissão. – Caso induzido: acontece por causa de transfusões sanguíneas, ou outra forma de infecção, sem que seja a forma de transmissão natural. A cloroquina se liga ao heme e impede sua polimerização em hemozoína, o que leva ao aumento do pH e ao acúmulo de heme nos plasmódios – acarretando a lise do plasmódio e da hemácia. Sua atuação ocorre na inibição da heme polimerase, que polimeriza o heme livre. – Caso críptico: o diagnóstico é feito em que o local de infecção não é comprovado.
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