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Maria Luiza Sena – Med XIV FASA A malária é uma doença infecciosa, não contagiosa, que acomete milhões de pessoas nas zonas tropicais e subtropicais. É causada por uma infecção por protozoários parasitas do gênero Plasmodium, que são todos transmitidos por picadas de mosquitos anofelinos infectados. Normalmente, a malária se caracteriza por uma doença febril aguda, em que os parasitas infectam grande número de eritrócitos e envolve episódios recorrentes de febre e calafrios. PATÓGENO Plasmodium falciparum é responsável pela maioria dos episódios de malária grave. É endêmico na maioria das áreas de malária e é a espécie predominante na África. Plasmodium vivax é quase tão comum quanto P. falciparum, porém provoca doença grave com menos frequência. Plasmodium ovale e Plasmodium malariae constituem causas muito menos comuns de doença e, em geral, não provocam doença grave. Outro parasita que causa infecções é Plasmodium knowlesi, um parasita de macacos e causa forma grave da malária em indivíduos expostos a vetores que picam macacos em áreas de florestas. EPIDEMIOLOGIA PAÍSES ENDÊMICOS Malária é endêmica na maior parte dos trópicos, incluindo América do Sul e Central, África, Oriente Médio, subcontinente indiano, Sudeste Asiático e Oceania. A maior transmissão, morbidade e mortalidade acontecem na África, onde predomina infecção por P. falciparum. Na maioria das outras áreas endêmicas, é comum a doença causada por P. falciparum e P. vivax. Crianças e gestantes são grupos de alto risco em áreas endêmicas, sobretudo para a malária causada por P. falciparum. Além da mortalidade elevada, a malária provoca danos, em virtude dos seus efeitos adversos sobre o desenvolvimento infantil; contribuição para o absenteísmo na escola e no trabalho. BRASIL Em 2020, no Brasil foram notificados 145.205 casos de malária, uma redução de 7,8% em relação a 2019. Em 2021, houve uma redução de 4,1% em relação ao ano de 2020, tendo sido registrados 139.211 casos. Do total de casos notificados, 99% foram autóctones (transmissão relatada dentro do Brasil), 17% se deram por P. falciparum e malária mista e 83% por P. vivax e outras espécies. Em 2020, a maior parte dos casos de deu na região amazônica, sobretudo em regiões rurais e áreas indígenas. As áreas de garimpo também registraram expressivo incremento do número de casos. MALÁRIA EM VIAJANTES É comum em viajantes que se deslocam de áreas não endêmicas para os trópicos, podendo se manifestar até muitos meses depois. É a causa documentada mais comum de doença febril em viajantes que retornaram dos trópicos para países desenvolvidos. É raramente transmitida em áreas não endêmicas. DESMATAMENTO E MALÁRIA O maior risco da doença ocorre em locais onde o desmatamento acumulado atingiu cerca de 50% da cobertura vegetal fragmentada. O primeiro pico ocorre após 10 anos do início do desmatamento, e o segundo, 35 anos depois. As principais causas do aumento do risco de malária em países endêmicos, incluindo o Brasil, são o desmatamento, mudanças nas comunidades de mosquitos, perdas de biodiversidade ligadas à agricultura, projetos de desenvolvimento de infraestruturas como usinas hidrelétricas, piscicultura, atividades de mineração, além da urbanização e invasão de terras indígenas para extração ilegal de madeira e mineração. De acordo com uma pesquisa realizada entre 2010 e 2020, áreas nas quais há produção e retirada de commodities como madeira, café e tabaco são responsáveis por 20% do risco de surgimento da doença. O processo desordenado de ocupação da terra e a urbanização precária são fatores que promovem as condições ideais para a transmissão de microrganismos que têm como hospedeiros animais das florestas. ETIOLOGIA Os parasitas da malária humana estão classificados no filo Protozoa, classe Sporozoea, família Plasmodiidae, gênero Plasmodium, ao qual pertencem 4 espécies: ❖ Plasmodium vivax ❖ Plasmodium falciparum ❖ Plasmodium malariae ❖ Plasmodium ovale O P. vivax é o mais amplamente distribuído pelas zonas tropicais e subtropicais do globo. O P. falciparum causa maior morbidade e mortalidade e apresenta-se como um grave problema terapêutico, em razão da crescente resistência à cloroquina e ouras drogas. As infecções do homem e dos mamíferos são transmitidas por mosquitos do gênero Anopheles, que variam quanto à sua distribuição geográfica, preferências ecológicas e suscetibilidade às medidas de controle de mosquitos. ❖ Os mosquitos anofelinos picam à noite, de modo que as medidas pessoais de controle de mosquitos concentram-se em evitar as picadas durante o sono. CICLO DE VIDA A malária é transmitida pela picada de fêmeas infectadas de mosquitos do gênero Anopheles (mosquito prego). APG 25 - Malária Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Durante a alimentação, os mosquitos injetam esporozoítos, que circulam até o fígado e infectam os hepatócitos, causando infecção hepática assintomática. Depois ocorre liberação de merozoítos a partir do fígado, que infectam rapidamente os eritrócitos para iniciar o estágio eritrocitário assexuado da infeção (estágio responsável pela doença humana). Múltiplos ciclos de desenvolvimento dos eritrócitos, com produção de merozoítos que invadem outros eritrócitos, levam a um grande número de parasitas circulantes e à ocorrência de doença clínica. Cada ciclo eritrocítico tem uma duração aproximada de 24hs para P. knowlesi, 48hs para P. falciparum, P. vivax e P. ovale e 72hs para P. malariae. Alguns parasitas eritrocitários também se desenvolvem em gametócitos sexuais, que são captados pelos mosquitos. No mosquito, os gametócitos amadurecem em gametas e, após a fusão dos gametas masculino e feminino, produzem zigotos, que se desenvolvem em oocinetos, oocistos e, em seguida, em esporozoítos na glândula salivar, que são infecciosos para seres humanos, completando o ciclo de vida e a infecção. P. vivax e P. ovale também causam infecção hepática crônica, em que os hipnozoítos persistem nos hepatócitos em um estado latente, não sendo erradicados pela maioria dos tratamentos para a doença aguda; subsequentemente, pode haver evolução para a infecção eritrocitária e recidiva da doença clínica. FISIOPATOLOGIA A febre, característica clínica mais comum da malária, coincide com a ruptura de grandes números de eritrócitos infectados por esquizontes na conclusão do ciclo eritrocítico e com níveis circulantes elevados de TNF. A malária por P. falciparum grave está associada a níveis muito elevados de TNF e de outras citocinas inflamatórias. P. falciparum infecta eritrócitos de todas as idades, de modo que ele tem a capacidade de provocar parasitemias elevadas de modo rotineiro. Parasitas não P. falciparum infectam um número menor de eritrócitos, limitando, assim, a extensão da infecção e a morbidade. Os parasitas não P. falciparum têm mais tendência a causar infecções altamente sincrônicas, que, se não forem tratadas, levam a ciclos regulares de febre a cada 48hs (P. vivax e P. ovale) ou 72hs (P. malariae). Na infecção por P. falciparum, existe a capacidade dos parasitas de mediar a aderência dos eritrócitos infectados a certo número ligantes nas células endoteliais. Com esse mecanismo, os eritrócitos infectados pelos estágios mais maduros dos parasitas eritrocitários não circulam, porém se aderem aos vasos sanguíneos no encéfalo e em outros órgãos. ❖ Esse fenômeno é denominado CITOADERÊNCIA, e permite aos parasitas evitar a sua passagem pelo baço, onde os eritrócitos anormais seriam eliminados. Citoaderência provavelmente desempenha papel na mediação das manifestações graves da malária por P. falciparum, com alterações inflamatórias locais mediadas por grandes números de parasitas aderentes, com consequente disfunçãoorgânica. A malária por P. falciparum pode evoluir para malária cerebral, incluindo o coma; para edema pulmonar não cardiogênico, incluindo o comprometimento respiratório grave; e para insuficiência renal, anemia grave, acidose, hipoglicemia e outras síndromes de disfunção orgânica. ! Na gestação, há uma seleção de um subgrupo de cepas de P. falciparum que se ficam especificamente a ligantes da placenta -> gestantes em áreas endêmicas correm alto risco de morbidade e desfecho fetal sombrio (retardo do crescimento intrauterino, aborto espontâneo e baixo peso ao nascer). Anemia -> é causada pela destruição de eritrócitos infectados e não infectados, diminuição da hematopoese e sangramento. P. falciparum utilizam a variação antigênica para escapar da resposta imune do hospedeiro. A principal proteína que medeia a citoaderência dos eritrócitos infectados às células endoteliais, a PfEMP-I, é transportada até a superfície do eritrócito e constitui um alvo das reações imunes do hospedeiro que limitam a infecção. Durante a infecção, os parasitas frequentemente variam a expressão da PfEMP-I para impedir as respostas do hospedeiro. Esse fator e a alta variabilidade na sequencia de muitas moléculas de PfEMP-I apresentam um amplo repertório de antígenos e, provavelmente, ajudam a explicar a aquisição lenta da imunidade antimalárica protetora. Os plasmódios parasitas diferentes de P. falciparum não causam citoaderência dos eritrócitos infectados; além disso, infectam um número menor de eritrócitos e são muito menos comumente responsáveis pela ocorrência da doença complicada a grave. ❖ P. vivax pode causar doença complicada a grave (respiratório). Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Plasmodium vivax também é propenso a causar ruptura esplênica, mas essa complicação pode ser observada com todas as espécies que causam malária. Plasmodium malariae causa mais comumente doença febril leve, porém a infecção crônica/repetida tem sido associada ao desenvolvimento de glomerulonefrite mediada por imunocomplexos com síndrome nefrótica. IMUNIDADE E GENÉTICA DO HOSPEDEI RO As respostas protetoras dos seres humanos à malária exigem infecções múltiplas e respostas aparentemente humorais e celulares. Nos locais que ocorre malária por P. falciparum, a doença afeta principalmente as crianças. Depois de alguma proteção durante os primeiros meses de vida, provavelmente em virtude dos efeitos protetores dos anticorpos antiplasmódios maternos de da HbF, crianças pequenas são infectadas com frequência, apresentam repetidas doenças febris da malária e correm alto risco de doença grave. Com episódios repetidos de malária, as crianças desenvolvem imunidade parcial -> desenvolve-se de forma gradual, com alguma proteção contra a malária grave depois de apenas algumas infecções, proteção crescente contra a doença sintomática e, por fim, forte proteção contra a infecção. ! A imunidade exige reforço por infecções repetidas, de modo que os adultos correm risco aumentado da doença se retornarem para uma área altamente endêmica depois de uma longa permanência em área não endêmica. Polimorfismos genéticos humanos oferecem proteção contra a malária -> o mais bem caracterizado é a Hb falciforme. Os heterozigotos para HbS são parcialmente protegidos contra a malária grave por P. falciparum, levando a um polimorfismo equilibrado, em que a vantagem de sobrevida do polimorfismo possibilita a persistência da doença falciforme nos homozigotos. ❖ Outros polimorfismos incluem as Hb C e E, talassemias, deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase e ovalocitose. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS MALÁRIA NÃO COMPLICADA A maioria dos episódios de malária não apresenta nenhuma complicação. O período de incubação após picada infecciosa é de 10- 14 dias para P. falciparum e cerca de 2 semanas para outras espécies. Característica essencial da malária é febre, frequentemente pródromo inespecífico semelhante a uma gripe, incluindo cefaleia e fadiga, seguidas de um paroxismo clássico da malária: calafrios -> febre alta -> sudorese. ❖ No início da doença, a febre normalmente é irregular, mas pode tornar-se regular com ciclos de 48hs ou 72hs, sobretudo na doença não causada por P. falciparum. É comum a ocorrência de cefaleia, mal-estar, mialgias, artralgias, calafrios, confusão, tosse, dor torácica, dor abdominal, anorexia, náuseas, vômitos e diarreia. Crises convulsivas são, frequentemente, convulsões febris simples, sobretudo em crianças pequenas. ! As convulsões também podem representar evidencias de doença neurológica grave. Achados físicos -> podem estar presentes ou não. Podem incluir sinais de anemia, icterícia, esplenomegalia e hepatomegalia discreta. Exames laboratoriais -> geralmente revelam anemia, trombocitopenia e anormalidades das funções hepática e renal. MALÁRIA GRAVE POR P. FALCIPARUM Malária grave pode ser definida como uma apresentação de sinais de doença grave ou disfunção orgânica -> prostração, comprometimento da consciência, convulsões, desconforto respiratório, choque, acidose, anemia grave, sangramento excessivo, hipoglicemia, icterícia, hemoglobinúria e comprometimento renal. A malária cerebral (complicação grave mais comum em crianças), é geralmente definida como uma alteração da consciência na presença de malária por P. falciparum. ❖ Convulsões são comuns, e pode-se observar a presença de coma profundo, postura anormal, achados neurológicos focais e padrões respiratórios anormais. A anemia grave é uma apresentação comum, sobretudo em crianças pequenas. A coagulopatia é causada pelo consumo de fatores de coagulação, e a trombocitopenia acentuada é provocada pelo aumento da renovação das plaquetas. Infecção bacteriana e sepse podem coexistir com a malária, por conta do uso presuntivo de antibióticos quando são observados sinais de sepse. COMPLICAÇÕES NÃO CAUSADAs POR P. FALCIPARUM As infecções por parasitas não P. falciparum não apresenta complicações em áreas endêmicas, mas a infecção por P. vivax é comum em muitas áreas -> crianças internadas com malária grave. ❖ Anemia grave e desconforto respiratório. Todas as formas de malária, incluindo P. vivax podem ser complicadas por ruptura esplênica. Infecções crônicas podem ser complicadas por esplenomegalia hiper-reativa, com esplenomegalia maciça e achados de hiperesplenismo. DIAGNÓSTICO CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Inicialmente, é importante distinguir as diferentes espécies que infectam os seres humanos, pois o tratamento difere de espécie. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Pela escassez de recursos, a malária é frequentemente diagnosticada com base apenas na sua manifestação como doença febril. Em viajantes que retornam de áreas endêmicas com febre, os detalhes da história podem ajudar no diagnóstico. A malária é mais provável em indivíduos que não utilizaram medidas de prevenção da infecção ou em viajantes para áreas de maior endemicidade. ❖ Malária possui período de incubação curto em indivíduos não imunes, podendo se manifestar nos primeiros 1-2 meses após o retorno. ESFREGAÇO SANGUÍNEO Método padrão para diagnóstico nas áreas endêmicas de malária. Nesse procedimento, deixa-se secar uma gota de sangue em uma lâmina, os eritrócitos são lisados e os parasitas são corados pelo método de Giemsa. Quando identificado o parasita, é possível estimar a sua densidade com base nas contagens em relação às dos leucócitos. ❖ Esfregaços de sangue espessos não permitem identificar a morfologia dos eritrócitos, que é útil no diagnóstico das espécies. Esfregaços espessos são o procedimento padrão para o estabelecimento do diagnóstico em áreas de alta endemicidade, enquanto os esfregaços finos são preferidos nos locais onde a malária é incomum. É importante distinguir as espécies infectantes de parasitasda malária: ❖ P. falciparum -> observam-se apenas parasitas assexuados em forma de anel. ❖ P. vivax e P. ovale -> trofozoítos são encontrados em eritrócitos aumentados que contêm inclusões – pontos de Schuffner. ❖ P. malariae e P. knowlesi -> trofozoítos intraeritrocitários têm, frequentemente, uma forma alongada. DETECÇÃO DO ANTÍGENO Testes que incorporam a detecção colorimétrica de um/dois antígenos em um ensaio. Os ensaios mais comumente realizados utilizam uma proteína (HRP2) abundante de longa duração, porém expressa apenas por P. falciparum. Outros ensaios identificam a lactato desidrogenase e aldolase dos plasmódios, que são produzidas por todas as espécies causadoras de malária humana. Alguns testes utilizam dois antígenos para identificar separadamente P. falciparum e todas as infeções causadas por todas as espécies de plasmódio. OUTROS EXAMES DIAGNÓSTICOS Testes sorológicos estão disponíveis para identificar infecções por malária anteriores, porém as respostas desenvolvem-se lentamente e persistem por um longo período. Os parasitas da malária podem ser identificados por meio de ensaios de amplificação molecular utilizando primers que codificam sequências específicas de gênero e espécie -> esses testes são altamente sensíveis. Ensaios quantitativos por reação em cadeia da polimerase são mais sensíveis, porém a amplificação isotérmica mediada por alça e ensaios relacionados são altamente sensíveis e mais práticos em muitas situações de campo. EXAMES COMPLEMENTARES Vários exames complementares devem ser solicitados para uma avaliação clínica global do paciente, sendo analisados cada um deles: Hemograma -> leucopenia, anemia normocítica e normocrômica, lecocitose (sinal de mau prognóstico), plaquetas frequentemente diminuídas. Bilirrubinemia -> icterícia é discreta e, geralmente, há predomínio, em virtude da hemólise, da fração não conjugada da bilirrubina. Nas formas mais graves, há elevação da bilirrubina como sinal de comprometimento hepático. Aminotransferases -> enzimas hepáticas que aumentam moderadamente nas formas graves da malária causada por P. falciparum. Há aumento da alanino aminotransferase (ALT) e da aspartato aminotransferases (AST). Coagulação -> pode haver plaquetopenia, prolongamento do tempo de protrombina (TP) e queda de outros fatores da coagulação por conta da diminuição da síntese hepática e da coagulação intravascular disseminada. Ureia e creatinina -> pode haver aumento discreto dessas substâncias na fase inicial da infecção, o que se dá por desidratação secundária, sudorese profusa e vômitos. ❖ Nas formas perniciosas pode haver insuficiência renal com necrose tubular, e os níveis de ureia, creatinina e potássio elevar-se consideravelmente. Proteínas de fase aguda do soro -> proteína C reativa, alfa-1- glicoproteína ácida, procalcitonina e Ig se elevam e a albumina sérica cai. TRATAMENTO O tratamento da malária objetiva inviabilizar a biologia do parasito, em pontos-chave do seu ciclo evolutivo. Os fármacos utilizados podem agir em diferentes sítios. ❖ 1º objetivo terapêutico -> interrupção da esquizogonia sanguínea. Utiliza-se esquizonticidas sanguíneos. ❖ 2º objetivo terapêutico -> destruição das formas letentes do parasito, evitando-se as recaídas. Utiliza-se fármacos hipnozoiticidas. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA ❖ 3º objetivo terapêutico -> erradicação das formas sexuadas dos parasitos, os gametócitos. Utiliza-se medicamentos gametocidas. MALÁRIA NÃO COMPLICADA Infecções por P. vivax ou P. ovale -> cloroquina + primaquina. A primaquina é efetiva em uma dose total de 3-3,5 mg/kg de peso por período acima de uma semana (é uma hipnozoiticida). ❖ Em caso de segunda recorrência, deve-se usar a posologia de cloroquina semanal. ! Gestantes e crianças < 6 meses não podem fazer uso da primaquina. Malária por P. falciparum -> deve ser tratada de maneira mais rápida, sendo a hiperparasitemia um fator de risco relevante na piora do prognóstico da doença. ❖ Esquema longo -> cloroquina por 3 dias associada à primaquina por 14 dias. ❖ Esquema curto -> cloroquina por 3 dias associada à primaquina por 7 dias. Malária na gravidez e na criança < 6 meses -> quinina + clindamicina é a terapêutica de escolha para o tratamento da malária por P. falciparum em gestantes no 1ª trimestre e em crianças nos primeiros 6 meses de vida. Gestantes que estejam no 2º ou 3º trimestre da gestação devem ser tratadas com arteméter + lumefantrina ou artesunato + mefloquina. ❖ Cloroquina é indicada para gestantes e infantes (com menos de 6 meses) que estejam com malária por P. vivax ou P. ovale. Infecções mistas -> quando há infecção por P. falciparum e P. vivax (ou P. ovale), o esquema medicamentoso deve incluir substância esquizonticida sanguínea eficaz para o P. falciparum, associada à primaquina. MALÁRIA GRAVE E COMPLICADA POR P. FALCIPARUM Se o paciente apresentar sinais e sintomas indicativos de gravidade e tiver exame laboratorial positivo para malária falcípara, deve ser classificado como portador de malária grave e complicada, e encaminhado para atendimento em unidade hospitalar. Nesse caso, o foco da terapêutica medicamentosa é conter a multiplicação do agente e evitar o óbito; por isso, os fármacos utilizados são os mais potentes e de ação rápida, os quais serão administrados, concomitantemente, a medidas auxiliares de manutenção da vida. A malária grave deve ser considerada uma emergência médica. Assim, é essencial o controle de permeabilidade das vias respiratórias e a presença de um acesso venoso, para melhor monitoramento dos parâmetros respiratórios e circulatório. Os exames laboratoriais que devem ser solicitados são: ❖ Determinação da parasitemia ❖ Hemograma ❖ Glicemia ❖ Gasometria arterial ❖ Provas de função hepática e renal. A avaliação do sistema neurológico tem que ser detalhada, com foco especial no nível de consciência, analisado com o uso da escala de coma de Glasgow.
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