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Avaliação do conhecimento e práticas de biossegurança em uma amostra de profissionais da beleza de Goiânia-Goiás Evaluation of knowledge and biosecurity practices in a sample of the professionals beautification of Goiania-Goias Hermínio Maurício da Rocha Sobrinho1, Clayson Moura Gomes2, Bruna Divina Ferreira1, Franciane do Nascimento Cunha1, Mayara Luma D. dos Santos Moraes1, Ramuza Aiecha C. de O. Lima1, Regina Maria Vargas Marques1, Tatiane Ramos Aires1, Tauane Silva de Oliveira1, Luciana de Lara Pontes Ferreira1 1Curso Superior Tecnológico em Estética e Cosmética da Universidade Estadual de Goiás-GO, Brasil; 2Departamento de Medicina e Biomedicina da PUC, Goiás-GO, Brasil. Objetivo – Avaliar o conhecimento sobre infecções e adesão às recomendações de biossegurança em uma amostra de profissionais do em- belezamento de Goiânia-GO e região metropolitana. Métodos – Trata-se de uma pesquisa transversal, descritiva, do tipo survey, conduzida no período de novembro do ano de 2013 a maio de 2014. Utilizou-se um questionário para a coleta dos dados. Resultados – Constatou- se um conhecimento e adesão insatisfatórios em 52,1% dos entrevistados em relação aos aspectos de reprocessamento e reutilização de materiais, inoculação cutânea de patógenos, transmissão, manifestações clínicas e prevenção de doenças infecciosas propagadas por via percutânea. Mais da metade dos profissionais não apresentaram conhecimento satisfatório sobre as condutas recomendadas após acidentes com instrumento cortante. Houve baixa adesão dos profissionais à lavagem de mãos, esterilização adequada de artigos e à proteção vacinal para a Hepatite B. Conclusões – Os resultados deste estudo reforçam a necessidade de organização de um processo de educação prática e orientada em saúde oferecendo treinamento, conscientização e supervisão, principalmente para manicures e cabeleireiros, em relação à adesão e cumprimento das práticas de biossegurança para prevenção de doenças infecciosas em estabelecimentos de beleza. Descritores: Infecção; Doenças profissionais/prevenção e controle; Desinfecção das mãos Abstract Objective – To evaluate the knowledge about infections and adherence to biosafety recommendations in a sample of professional beauti- fication of Goiania-GO and its metropolitan area. Methods – This was a cross sectional, descriptive research, survey type, conducted from November of the year 2013 to May 2014 a questionnaire was used for data collection. Results – It was found unsatisfactory knowledge and adherence in 52.1% of the respondents in relation to aspects of reprocessing and reuse of materials, cutaneous inoculation of pathogens, transmission, clinical manifestations and prevention of infectious diseases spread percutaneously. Over half of the professionals do not have a satisfactory knowledge about recommended after accidents with cutting instrument. There was low compliance professionals to hand washing, proper sterilization of articles and vaccine protection for hepatitis B. Conclusions – The results of this study reinforce the need for organizing a process of practice-oriented education and health by offering training, awareness and supervision mainly for manicures and hairdressers, in relation to adherence and compliance with biosecurity practices to prevent infectious diseases in beauty establishments. Descriptors: Infection; Occupational disease/prevention and control; Hands desinfection Introdução No país e em boa parte do mundo existe uma grande variedade de serviços de embelezamento e estética sendo ofertados à população, desde os tradicionais como os de manicure/pedicure, corte de cabelo, tintura de cabelo, barbeamento, depilação, limpeza de pele, massagens, aos mais modernos, como maquiagem e sobrancelhas definitivas, alisamentos capilares, peeling faciais, depilação permanente e diversos tratamentos estéticos cutâneos: anticelulite e estrias, antimanchas, antiflacidez, antienvelhecimento, entre outros1-2. Os institutos de beleza e centros e/ou clínicas de es- tética são considerados estabelecimentos de interesse da saúde, pois podem representar um risco para seus usuários e profissionais, se as boas práticas de biosse- gurança não forem adotadas3-4. Sabe-se que durante procedimentos estéticos e de embelezamento áreas do corpo são manipuladas por instrumentos, tais como: alicates para remoção do eponíquio (cutículas), lâminas de barbear, palitos, espátulas, tesouras, agulhas e outros instrumentais perfurocortantes capazes de promover lesões cutâneas que atingindo o leito vascular sanguíneo oferecem o risco de sangramentos da pele possibili- tando a transmissão de doenças infecciosas como HIV/AIDS, hepatites B e C, além de infecções bacteria- nas e fúngicas1-6. A contaminação de instrumentos es- téticos com micro-organismos infecciosos, a baixa ade- são do profissional às recomendações de biossegurança e o pouco conhecimento sobre a transmissão destas doenças, aliados à falta ou inadequada desinfecção e/ou esterilização dos instrumentos cortantes possibilita a transmissão cruzada destas doenças nos estabeleci- mentos de embelezamento e estética1,3,4,7-10. Os profissionais da beleza, durante procedimentos estéticos, podem acidentalmente se expor ao sangue de seus clientes, transmitir a sua própria infecção para eles, ou transmitir a infecção a partir de um cliente para outro1,6,11-15. Verifica-se uma escassez de estudos direcionados à adesão e conhecimento dos profissionais do segmento J Health Sci Inst. 2014;32(4):343-52 343 da estética e beleza quanto às recomendações de bios- segurança e conhecimento sobre a transmissão de doen- ças infecciosas, ao contrário da vasta literatura na área da saúde3. Diante do exposto a avaliação do conheci- mento, riscos de transmissão de doenças infecciosas e das práticas de biossegurança é fundamental no seg- mento da beleza. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo verificar o conhecimento e adesão às recomendações de biossegurança em uma amostra de profissionais do segmento da beleza da cidade de Goiânia-GO e região metropolitana. Métodos Foi realizada uma pesquisa transversal, observacional, com abordagem descritiva, com profissionais do seg- mento da beleza e estética atuantes na cidade de Goiâ- nia-GO e região metropolitana conduzida no período entre novembro do ano de 2013 e julho de 2014. O es- tudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Urgências de Goiânia/GO-HUGO/SES re- gistrado pelo protocolo nº CAAE: 22157813.0.0000. 0033. Foram selecionados 178 estabelecimentos de be- leza e estética, de um total de 755 estabelecimentos, que apresentavam endereço e número de telefone atua- lizado no Sindicato dos Profissionais da Beleza do Estado de Goiás (SINDIBELEZA), em Goiânia-GO. O cálculo amostral foi baseado no número de profissionais da be- leza da capital e região metropolitana cadastrados no SINDIBELEZA, 16.000 profissionais da capital e 4.500 profissionais da região metropolitana de Goiânia-GO, totalizando 20.500 profissionais da beleza, conforme lista cadastral fornecida pelo SINDIBELEZA. O total amostral foi de 378 profissionais da beleza, o erro amos- tral adotado foi de 5%, o nível de confiança de 95%, o percentual máximo considerado foi de 50% (percentual de proporção do fenômeno estudado, de acordo com a literatura regional). As entrevistas foram realizadas por uma equipe, previamente treinada, composta por 9 en- trevistadores. A população estudada foi dividida em três grupos de 126 profissionais do segmento da beleza e estética: 1) Cabeleireiros e/ou barbeiros, 2) Esteticistas e 3) Manicures e/ou pedicures. O grupo de esteticistas era composto por profissionais técnicos ou com curso superior tecnológico em Estética e Cosmética que reali- zavam procedimentos de massagem, depilação, drena- gem linfática corporal, higienização e tratamento su- perficial da pele, pigmentação de sobrancelhas e manuseio de equipamentos e instrumentos estéticos. Os estabelecimentos de beleza (salões) e estética (cen- tros de estéticae clínicas) foram mapeados cuidadosa- mente por bairro para obter uma amostra que foi geogra- ficamente distribuída ao longo da cidade de Goiânia-GO e região metropolitana. Os critérios de participação dos profissionais no estudo incluiu idade maior ou igual a 18 anos e pelo menos 1 ano de experiência, independente- mente do gênero ou posição dentro do estabelecimento de trabalho (ou seja, o proprietário ou funcionário). Em cada estabelecimento foram aplicados três (3) questioná- rios: um para manicure/pedicure, outro para Cabelei- reiro/Barbeiro e o último para Esteticista. A coleta de da- dos foi realizada pelos próprios pesquisadores mediante a aplicação de um questionário estruturado, elaborado pelos pesquisadores, baseado em estudos epidemiológi- cos. Cerca da metade dos questionários foi aplicada a profissionais atuantes na capital e o restante na região metropolitana de Goiânia-GO, aplicados em 12 do total de 20 municípios do entorno de Goiânia-GO. O instru- mento de coleta de dados era composto por 34 questões, sendo 32 de múltipla escolha e 2 questões abertas, divi- dido em 4 partes: I – Informações sócio-demográficas dos participantes; II – Conhecimento sobre transmissão e prevenção de doenças infecciosas; III – Conhecimento microbiológico sobre doenças infecciosas e IV – Reco- mendações de biossegurança e adesão pelos profissionais. Quadro 1. Aspectos avaliados quanto ao conhecimento e adesão dos profissionais em relação às práticas de biossegurança. A adesão e o conhecimento foram tratados de forma dicotômica; satisfatório/insatisfatório, suficiente/insufi- ciente, sendo considerados satisfatórios/suficientes aqueles em que houve acerto mínimo de 75% das ques- tões específicas do questionário. Os dados obtidos fo- ram tabulados e para o tratamento dos dados utilizou- se métodos estatísticos descritivos, teste qui-quadrado de Pearson ou exato de Fisher. As frequências e intervalo de confiança de 95% das diferentes variáveis avaliadas entre os grupos estudados foram calculadas utilizando- se software Epi-Info versão 7.1. Foi utilizado o programa Graph Pad PRISM software versão 5.0 (San Diego, CA, EUA) para elaboração de gráficos. O nível de signifi- cância estabelecido foi o p < 0,05 determinado pelo teste do qui-quadrado (χ2) de Pearson ou exato de Fisher, calculados pelo software SPSS versão 13.0. Semiologia cutânea ou capilar Higienização simples das mãos (HM) Uso de EPI Importância da anamnese e inspeção local Procedimentos recomendados Importância do diagnóstico das lesões Noções sobre transmissão de infecções Importância da intissepsia de lesões Situações em que realiza os procedimentos Procedimentos realizados Diagnóstico realizado Cuidados executados – profilaxia Situações em que realiza a antissepsia Reconhecimento da importância da HM Dispositivos recomendados para HM Conhecimento sobre soluções anti-sépticas Situação em que realiza a HM Dispositivos usados para HM Uso de soluções anti-sépticas Importância do uso de EPI Conhecimento acerca da HM no uso de luvas Utilização dos EPI na prática HM antes e após de calçar luvas Reprocessamento Conceito de descontaminação Conceito de esterilização situações indicadas para esterilização e/ou desinfecção Descontaminação de artigos Esterilização de artigos e processo utilizado Situação em que desinfeta/ esteriliza artigos Questões de Conhecimento Questões de Adesão 344 J Health Sci Inst. 2014;32(4):343-52 Sobrinho HMR, Gomes CM, Ferreira BD, Cunha FN, Moraes MLS, Lima RACO, Marques RMV, Aires TR, Oliveira TS, Ferreita LLP. O Quadro 1, apresentado logo abaixo, apresenta os principais aspectos avaliados quanto ao conhecimento e adesão dos profissionais em relação às práticas de biossegurança. Resultados Características sócio-demográficas dos profissio- nais da beleza As características sócio-demográficas dos 378 pro- fissionais da beleza que aceitaram participar do estudo são apresentadas, em seguida, na Tabela 1, onde pode- se observar também alguns dados relacionados às ca- racterísticas dos estabelecimentos de trabalho. A maio- ria dos participantes do estudo trabalhava em pequenos estabelecimentos (74,1%), era do sexo feminino (83,3%), da raça caucasiana (60,5%), com média de idade de 33 ± 10 anos, apresentando uma variação de 18 a 65 anos de idade, com ensino médio concluído (35,7%) ou curso técnico profissionalizante na área da beleza/estética (24,3%). A maior parte dos sujeitos in- quiridos tinha de 5 a 10 anos de profissão (42,1%), com uma carga horária diária de trabalho de 4 a 8 horas (54,2%), atendia uma média de 8 clientes por dia (50,5%). Pouco mais da metade dos cabeleireiros e esteticistas (52%) relataram ser o proprietário do esta- belecimento, entretanto, 78% das manicures/pedicures Tabela 1. Características sócio-demagráficas dos profissionais da beleza, Goiânia-GO, 2014. Profissionais do Embelezamento (n = 378) Variáveis Cabeleireiros Esteticistas Manicures N=126, N (%) N=126, N (%) N=126, N (%) Sexo Masculino 32 (25,40) 19 (15,08) 7 (5,56) Feminino 94 (74,60) 107 (84,92) 114 (90,48) * Cabeleireiros x Esteticistas (p= 0,0001). * Esteticistas x Manicures (p=0,02). Cor Caucasóide 92 (73,02) 80 (63,50) 57 (45,23) Mulato 28 (22,22) 36 (28,57) 43 (34,14) Negro 6 (4,76) 10 (7,93) 26 (20,63) * Cabeleireiros x Manicures (p < 0,0001). * Esteticistas x Manicures (p=0,003). Idade (Média ± Desvio Padrão) 36 ± 12 anos 32 ± 9 anos 29 ± 10 anos Estabelecimento Salão de Beleza 114 (90,48) 44 (34,92) 105 (83,33) Domicílio 5 (3,97) 2 (1,60) 12 (9,52) Centro de Beleza 7 (5,56) 4 (3,17) 9 (7,15) Clínica de Estética - 76 (60,31) – * Cabeleireiros x Esteticistas (p < 0,0001). * Esteticistas x Manicures (p < 0,0001). Tamanho do Estabelecimento Pequeno (< 45 m2) 103 (81,75) 79 (62,70) 98 (77,78) Médio (45 – 80 m2) 14 (11,11) 40 (31,75) 16 (12,70) Grande (> 80 m2) 09 (7,14) 7 (5,56) 12 (9,52) * Cabeleireiros x Esteticistas ( p = 0,003). * Esteticistas x Manicures ( p = 0,001). Tempo de Profissão < 5 anos 19 (15,08) 51 (40,48) 51 (40,48) 5 a 10 anos 63 (50,0) 51 (40,48) 45 (35,71) 10 a 15 anos 14 (11,11) 16 (12,70) 13 (10,32) > 20 anos 29 (23,02) 8 (6,34) 17 (13,49) Não respondeu 1 (0,79) – – * Cabeleireiros x Esteticistas (p < 0,0001). * Cabeleireiros x Manicures (p = 0,0001). Escolaridade Completa Ensino Fundamental 22 (17,46) 6 (4,76) 21 (16,67) Ensino Médio 56 (44,45) 9 (7,14) 70 (55,56) Profissionalizante 19 (15,08) 49 (38,89) 24 (19,05) Ensino Superior 20 (15,87) 21 (16,67) 7 (5,55) Pós-graduação 2 (1,60) 8 (6,35) – Outro 7 (5,56) 33 (26,19) 4 (3,17) * Cabeleireiros x Esteticistas (p < 0,0001). * Esteticistas x Manicures (p < 0,0001). Carga Horária diária < 4 horas 7 (5,56) 4 (3,17) 13 (10,32) 4 – 8 horas 60 (47,62) 72 (57,14) 73 (57,94) 8 – 12 horas 57 (45,24) 46 (36,51) 30 (23,81) > 12 horas 2 (1,59) 4 (3,17) 10 (7,94) * Cabeleireiros x Manicures (p=0,0008). Esteticistas x Manicures (p=0,01). Média de Clientes/Dia 4 34 (26,98) 47 (37,30) 39 (30,95) 8 55 (43,65) 59 (46,83) 77 (61,12) 12 29 (23,02) 20 (15,87) 10 (7,93) > 12 8 (6,35) – – * Cabeleireiros x Esteticistas (p=0,007). * Cabeleireiros x Manicures (p<0,0001). * Esteticistas x Manicures (p=0,03). Legenda: n: amostra; %: proporção; p: significância da amostra * p < 0,05; Teste qui-quadrado. J Health Sci Inst. 2014;32(4):343-52 Biossegurança por profissionais da beleza345 não eram proprietárias do estabelecimento onde traba- lhavam, a maioria dos estabelecimentos selecionados eram pequenos, apresentando uma área total menor que 45 m2 (Observar Tabela 1). Conhecimento dos profissionais sobre infecção e doenças infecciosas Dentre os sujeitos participantes deste estudo cerca de 38% dos entrevistados não apresentavam conheci- mento satisfatório/suficiente sobre a transmissão de doenças infecciosas prevalentes em estabelecimentos de beleza (micoses, dermatoses bacterianas, hepatite B, hepatite C, HIV). Os resultadosreferentes ao co- nhecimento dos profissionais sobre a prevalência de infecções que podem acontecer nos estabelecimentos de beleza, as manifestações clínicas destas e atitudes dos pesquisados diante da constatação de lesões teci- duais na clientela são apresentados na Tabela 2. Em relação à sobrevivência do vírus da hepatite B em ma- téria orgânica ressequida, a sua transmissão e a pato- gênese da doença, 177 (46,8%) profissionais não ti- nham conhecimento suficiente sobre estes aspectos. Quase a metade (47,2%) dos entrevistados apresentava conhecimento insatisfatório sobre as principais mani- festações clínicas de doenças infecciosas que acome- tem o sistema tegumentar humano (pele e anexos). Se- tenta e cinco (19,8%) profissionais não realizavam anamnese e nem a inspeção da pele, couro cabeludo ou cabelos dos clientes antes de iniciar o procedi- mento, ressaltando-se que no grupo de manicures houve 66,6% de adesão adequada a este procedi- mento, 75,4% entre os cabeleireiros e 96% entre as esteticistas (observar o Gráfico 1). Noventa e oito en- trevistados (26%) responderam que já atenderam clien- tes apresentando alguma lesão tecidual e também já tiveram algum contato com o sangue do cliente sem utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) ao longo do seu tempo de profissão (observar a Tabela 2). Gráfico 1. Adesão e conhecimento sobre medidas de biossegurança empregadas por profissionais da beleza de Goiânia-GO e região metropolitana, 2014. Na avaliação geral às questões para análise do co- nhecimento sobre infecção e doenças infecciosas per- cebeu-se conhecimento insuficiente/insatisfatório por 197 (52,1%) entrevistados, com acertos nas questões variando entre 26,6% e 73,3% no grupo de cabeleireiros (n=66), 46,6% e 73,3% no grupo de esteticistas (n= 53) 346 J Health Sci Inst. 2014;32(4):343-52 Sobrinho HMR, Gomes CM, Ferreira BD, Cunha FN, Moraes MLS, Lima RACO, Marques RMV, Aires TR, Oliveira TS, Ferreita LLP. Tabela 2. Conhecimento e atitudes afirmadas pelos profissionais da beleza. Profissionais do Embelezamento (n= 378), Goiânia-GO, 2014. Variáveis Cabeleireiros N=126, Esteticistas N=126, Manicures N=126, N (%), IC 95% N (%), IC 95% N (%), IC 95% Conhecimento sobre prevalência de infecções nos estabelecimentos de beleza Insatisfatório 57 (45,24) 36,35 – 54,35 31 (24,60) 17,37 – 33,07 42 (33,33) 23,94 – 40,93 Satisfatório 63 (50,00) 40,97 – 59,03 93 (73,81) 65,23 – 81,24 75 (59,52) 50,46 – 68,06 Não respondeu 6 (4,76) 1,77 – 10,08 2 (1,59) 0,19 – 5,62 9 (7,15) 3,35 – 13,23 * Cabeleireiros x Esteticistas (p= 0,0004). Conhecimento sobre a sobrevivência dos vírus da Hepatite B em objetos não esterilizados Insatisfatório 51 (40,48) 31,83 – 49,58 43 (34,13) 25,92 – 43,10 32 (25,40) 18,07 – 33,92 Satisfatório 60 (47,62) 38,65 – 56,70 74 (58,73) 49,62 – 67,42 67 (53,17) 44,08 – 62,12 Não respondeu 15 (11,90) 6,82 – 18,87 9 (7,14) 3,32 – 13,13 27 (21,43) 14,62 – 29,62 Conhecimento sobre manifestações clínicas de infecção Insatisfatório 52 (41,26) 32,85 – 50,75 54 (42,86) 34,08 – 51,98 72 (57,14) 48,02 – 65,92 Satisfatório 46 (36,50) 28,35 – 45,89 64 (50,79) 40,19 – 59,26 33 (26,20) 18,07 – 33,92 Não respondeu 28 (22,24) 14,74 – 29,85 8 (6,35) 2,78 – 12,13 21 (16,66) 11,28 – 25,23 * Cabeleireiros x Manicures (p= 0,03). * Esteticistas x Manicures (p= 0,001). Realização da Anamnese e inspeção dos clientes antes do procedimento Não 24 (19,05) 12,08 – 26,32 5 (3,97) 1,30 – 9,02 38 (30,16) 22,31 – 38,97 Sim 95 (75,40) 67,54 - 83,18 121 (96,03) 90,98 – 98,70 84 (66,67) 57,72 – 74,81 Não respondeu 7 (5,55) 2,28 – 11,20 – 4 (3,17) 0,87 – 7,93 * Cabeleireiros x Esteticistas (p= 0,0002). * Manicure x Esteticista (p = 0,0001). Atendimento do cliente apresentando lesão tecidual local Não 89 (70,63) 61,86 – 78,41 108 (85,70) 78,60 – 92,82 70 (55,56) 46,44 – 64,40 Sim 33 (26,20) 20,12 – 32,30 16 (12,70) 6,78 – 18,62 49 (39,00) 30,92 – 47,18 Não respondeu 4 (3,17) 1,63 – 4,72 2 (1,60) 0,82 – 2,38 7 (5,44) 2,88 – 8,12 * Cabeleireiros x Esteticistas (p= 0,0088). * Esteticistas x manicures (p= 0,0001). Cabeleireiros x Manicures (p= 0,02). Legenda: n: amostra; %: proporção; IC: índice de Confiança; p: significância da amostra * p < 0,05; Teste qui-quadrado. e entre 13,3% e 66,6% no grupo de manicures (n= 78) (p < 0,05, manicures x esteticistas). Apenas 181 profis- sionais (47,9%) atingiram conhecimento suficiente/sa- tisfatório sobre o processo de infecção (agentes biológi- cos), inflamação, transmissão e manifestações clínicas de doenças infecciosas. Conhecimento e adesão às práticas de bios- segurança para prevenir doenças infecciosas em estabelecimentos de beleza e estética Com relação à adoção de medidas de biossegurança para a prevenção de doenças infecciosas, 27% dos J Health Sci Inst. 2014;32(4):343-52 Biossegurança por profissionais da beleza347 Tabela 3. Conhecimento e práticas de biossegurança autoafirmadas pelos profissionais da beleza, Goiânia-GO, 2014. Profissionais do Embelezamento (n= 378) Variáveis Cabeleireiros N=126, N(%), IC 95% Esteticistas N=126, Manicures N=126, IC 95% N (%), IC 95% N (%), IC 95% Lavagem as mãos antes e/ou após o atendimento do cliente Não 29 (23,02) 16,71 – 29,33 22 (17,46) 10,34 – 24,58 51 (40,48) 33,35 – 47,61 Sim 97 (76,98) 68,65 – 84,01 104 (82,54) 74,77 – 88,72 75 (59,52) 50,42 – 68,17 *Cabeleireiros x Manicures (p= 0,0002). *Esteticistas x Manicures (p < 0,0001). Uso de Equipamentos de Proteção Individual Não 16 (12,70) 7,13 – 18,27 4 (3,17) 0,49 – 7,80 31 (24,60) 17,37 – 33,07 Sim 104 (82,54) 78,06 – 91,20 119 (94,45) 85,89 – 98,13 92 (73,02) 63,95 – 79,65 Às Vezes 5 (3,96) 2,1 – 5,92 3 (2,38) 0,49 – 6,80 3 (2,38) 0,49 – 6,80 Não respondeu 1 (0,80) 0,04 – 3,52 – – * Cabeleireiros x Esteticistas (p= 0,001). * Esteticistas x Manicures (p< 0,0001). * Cabeleireiros x Manicures (p= 0,005). Acidente ocupacional com instrumento cortante Não 110 (87,30) 80,20 – 92,56 116 (92,06) 85,89 – 96,13 112 (88,89) 82,06 – 93,79 Sim 14 (11,11) 6,21 – 17,94 10 (7,94) 3,87 – 14,11 11 (8,73) 4,44 – 15,08 Não respondeu 2 (1,59) 0,19 – 5,62 – 3 (2,38) 0,49 – 6,80 Reutilização de toalhas, toucas, luvas e outros materiais Não 93 (73,81) 65,23 – 81,24 112 (88,89) 84,02- 93,36 88 (69,84) 61,03 – 77,69 Sim 31 (24,60) 17,61 – 29,30 4 (0,80) 0,02 – 4,10 37 (29,36) 22,51 – 36,21 Não respondeu 2 (1,59) 0,19 – 5,62 10 (7,93) 2,98 – 12,23 1 (0,80) 0,04 – 3,52 * Cabeleireiros x Esteticistas (p < 0,0001). * Esteticistas x Manicures (p < 0,0001). Disponibilização de soluções anti-sépticas Não 50 (39,70) 33,16 – 46,24 7 (5,56) 2,38 – 11,65 48 (38,10) 33,79 – 42,41 Sim 70 (55,56) 48,47 – 62,65 117 (92,85) 87,75 – 97,95 77 (61,11) 56,64 – 65,58 Não respondeu 6 (4,74) 1,77 – 9,08 2 (1,59) 0,19 – 5,66 1 (0,79) 0,04 – 3,51 * Cabeleireiros x Esteticistas (p < 0,0001). * Esteticistas x Manicures (p < 0,0001). Realização de higiene dos instrumentos de trabalho Não 3 (2,38) 0,50 – 6,85 7 (5,56) 2,26 – 11,11 7 (5,56) 2,26 – 11,11 Sim 106 (84,10) 77,29 – 90,59 89 (70,63) 61,86 – 78,41 49 (38,89) 30,34 – 47,98 No final do expediente 12 (9,52) 4,48 – 15,20 11 (8,73) 4,44 – 15,08 50 (39,68) 31,44 – 48,38 No final da semana 5 (4,00) 1,31 – 9,09 19 (15,08) 9,33 – 22,54 20 (15,87) 9,38 – 22,94 * Cabeleireiros x Esteticistas (p = 0,01). * Cabeleireiros x Manicures (p< 0,0001). * Esteticistas x Manicures (p< 0,0001) Presença de equipamentos para esterilização de materiais (Estufa Pasteur e/ou Autoclave) Não 25 (19,84) 13,27 – 27,88 28 (22,22) 15,43 – 30,72 26 (20,63) 13,94 – 28,75 Sim 92 (73,02) 64,38 – 80,53 87 (69,05) 59,90 – 76,78 100 (79,37) 71,25 – 86,06 Não respondeu 9 (7,14) 3,32 – 13,13 11 (8,73) 4,48 – 15,20 – Realização de procedimento anti-séptico em lesão cutânea Não 25 (19,85) 14,75 – 25,00 21 (16,65) 9,84 – 23,46 22 (17,45) 10,35 – 24,55 Sim 75 (59,50) 52,35 – 66,65 62 (49,20) 39,32 – 57,53 97 (77,00) 70,92 – 84,13 Não respondeu 26(20,65) 13,83 – 27,47 43 (34,15) 29,05 – 39,25 7 (5,55) 2,38 – 11,65 * Cabeleireiros x Esteticistas (p < 0,0001). * Esteticistas x Manicures (p < 0,0001). Conhecimento sobre prazo máximo de validade de artigos esterilizados Insatisfatório 29 (23,02) 15,99 – 31,35 26 (20,63) 13,94 – 28,75 48 (38,10) 29,59 – 47,17 Satisfatório 82 (65,08) 56,08 – 73,35 81 (64,29) 55,26 – 72,62 43 (34,13) 25,92 – 43,10 Não respondeu 15 (11,90) 6,82 – 18,87 19 (15,08) 9,33 – 22,54 35 (27,78) 20,17 – 36,46 * Cabeleireiros x Manicures (p = 0,002). * Esteticistas x Manicures (p = 0,0001). Conhecimento sobre manutenção preventiva de equipamentos de esterilização Insatisfatório 50 (39,68) 31,08 – 48,78 51 (40,48) 31,83 – 49,58 62 (49,21) 40,19 – 58,26 Satisfatório 44 (34,92) 26,65 – 43,92 56 (44,44) 35,60 – 53,56 29 (23,02) 25,99 – 31,35 Não respondeu 32 (25,40) 18,07 – 33,92 19 (15,08) 9,33 – 22,54 35 (27,78) 20,17 – 36,46 * Esteticistas x Manicures (p= 0,005). Conhecimento sobre procedimento de estancamento de sangramento cutâneo local Insatisfatório 43 (34,12) 25,40 – 42,60 62 (49,21) 40,19 – 58,26 52 (41,27) 32,58 – 50,38 Satisfatório 53 (42,08) 33,61 – 51,56 32 (25,40) 18,07 – 33,92 54 (42,86) 34,08 – 51,98 Não respondeu 30 (23,80) 16,82 – 32,46 32 (25,40) 18,07 – 33,92 20 (15,87) 9,97 – 23,44 *Cabeleireiros x Esteticistas (p = 0,005). *Esteticistas x Manicures (p = 0,02). Realização de cursos de aperfeiçoamento profissional nos últimos 5 anos Não 29 (23,02) 16,33 – 30,54 20 (15,87) 9,97 – 23,44 31 (24,61) 17,62 – 28,34 Sim 97 (76,98) 67,46 – 87,68 106 (84,13) 76,56 – 90,03 95 (75,39) 67,66 – 82,38 Legenda: n: amostra; %: proporção; IC: índice de Confiança; p: significância da amostra * p < 0,05; Teste qui-quadrado. profissionais inqueridos declararam que não lavavam as mãos, com água e sabão, antes e/ou após o atendi- mento de cada cliente, com adesão adequada de 68,6% entre cabeleireiros, 74,7% entre esteticistas e 50,4% entre as manicures. Cerca de 25% dos profis- sionais relataram que o seu estabelecimento de traba- lho não disponibilizava soluções anti-sépticas e nem luvas de procedimento para uso. Quinze por cento (15%) dos entrevistados relataram não usar nenhum tipo de EPI durante as suas atividades laborais, sendo que 36,7% das manicures, 31,4% dos cabeleireiros e 6,0% das esteticistas não se aderiram adequadamente ao uso de EPI. Os resultados da adesão dos profissio- nais às medidas de biossegurança são apresentados no Gráfico 1. Quase 20% dos profissionais reutilizavam toucas, toalhas, luvas, recipientes e outros materiais durante o dia de trabalho entre a sua clientela, sendo realizada por 29,3% das manicures e por 24,6% dos cabeleireiros. Aproximadamente 20% dos entrevistados declararam realizar higiene dos materiais de trabalho apenas no final do expediente. Os resultados relacio- nados com o conhecimento e práticas de biossegu- rança realizadas pelos participantes desta pesquisa são apresentados na Tabela 3. Do total de 178 estabeleci- mentos de beleza visitados durante a pesquisa 46 (26%) não possuíam equipamentos para esterilização de ins- trumentos estéticos (estufa e/ou autoclave), realizavam apenas lavagem e/ou desinfecção dos instrumentos es- téticos. Destes estabelecimentos 27 (58%) estavam lo- calizados na região metropolitana de Goiânia-GO e 19 (42%) na capital. Setenta e oito (20,8%) profissionais afirmaram que apenas o procedimento de limpeza e desinfecção dos instrumentos de trabalho seria sufi- ciente para eliminar todos os tipos de agentes infec- ciosos dos artigos, sendo que a adesão adequada à es- terilização dos artigos estéticos foi de 34,9% entre ca- beleireiros, 58,7% entre esteticistas e 39,6% entre manicures. Os principais produtos desinfetantes utili- zados e a frequência destes nestes estabelecimentos eram: o etanol (53%), o hipoclorito de sódio (31%), ácido peracético (9%) e o glutaraldeído (7%). Setenta e seis profissionais (20,1%) não conheciam a concen- tração e o tempo adequado da substância desinfetante empregada, sendo que os instrumentais ficavam imer- sos, na solução, em um recipiente por alguns minutos, horas ou até de um dia para o outro. Os entrevistados foram questionados a respeito da visita de algum órgão fiscalizador municipal ou estadual (Vigilância Sanitária) nos últimos 12 meses e 298 (78,8%) profissionais res- ponderam que não receberam tal visita. Quando questionados sobre o tempo e a temperatura que os profissionais utilizavam para a esterilização de materiais na estufa, 32% dos entrevistados que respon- deram a esta questão realizavam o procedimento in- correto para esta relação e 23% não souberam respon- der a esta pergunta. Quanto ao uso desta relação na autoclave, 30% dos profissionais que responderam a este questionamento que a utilizavam de maneira in- correta e 35% não souberam responder. Estes resultados são apresentados na Tabela 4. Vinte e sete por cento (27%) dos entrevistados utilizavam instrumentos este- rilizados além do prazo máximo de validade do pro- cesso e 43% não realizavam manutenção preventiva adequada nos equipamentos de esterilização (estes da- dos são apresentados na Tabela 3). Diante de um corte acidental da pele do cliente com 348 J Health Sci Inst. 2014;32(4):343-52 Sobrinho HMR, Gomes CM, Ferreira BD, Cunha FN, Moraes MLS, Lima RACO, Marques RMV, Aires TR, Oliveira TS, Ferreita LLP. Tabela 4. Relação tempo/temperatura das estufas e autoclaves afirmada pelos profissionais da beleza para esterilização de instrumentais de trabalho. Profissionais do Embelezamento (n= 378), Goiânia-GO, 2014. Cabeleireiros n (%) Esteticistas n (%) Manicures n (%) Estufa Relação correta 44 (34,92) 74 (58,73) 50 (39,68) Relação Incorreta 50 (39,68) 27 (21,43) 45 (35,71) Não respondeu 32 (25,40) 25 (19,84) 31 (24,60) * Cabeleireiros x Esteticistas (p = 0,0003). * Manicures x Esteticistas (p = 0,004). Autoclave Relação correta 30 (23,81) 67 (53,17) 34 (26,98) Relação Incorreta 38 (30,16) 28 (22,22) 49 (38,90) Não respondeu 58 (46,03) 31 (24,60) 43 (34,12) * Cabeleireiros x Esteticistas (p = 0,001). * Manicures x Esteticistas (p =0,0001). Legenda: n: amostra; %: proporção; p: significância da amostra; * p < 0,05; Teste qui-quadrado. Tabela 5. Situação vacinal para Hepatite B autoafirmada pelos profissionais da beleza. Profissionais do Embelezamento (n=378), Goiânia-GO, 2014. Cabeleireiros n (%) Esteticistas n (%) Manicures n (%) Avaliação do esquema vacinal Não vacinados 21 (16,67) 22 (17,46) 30 (23,80) Vacinados (Esquema Completo) 36 (28,57) 59 (46,82) 31 (24,60) Vacinados (Esquema Incompleto) 52 (41,26) 34 (27,00) 39 (30,95) Não sabem 17 (13,50) 11 (8,72) 26 (20,65) * Cabeleireiros x Esteticistas (p = 0,01). * Manicures x Esteticistas (p= 0,009). Legenda: n: amostra; %: proporção; p: significância da amostra; * p < 0,05; Teste qui-quadrado. um instrumento perfurocortante (tesoura, alicate, na- valha, etc.) 18% dos profissionais afirmaram não reali- zar nenhum procedimento anti-séptico no local da lesão tecidual, 52,3% apenas estancavam o sangra- mento utilizando algodão com álcool e/ou papel ab- sorvente ou até mesmo apertando o dedo no local. Cerca de 89% dos entrevistados relataram que nunca sofreram algum tipo de acidente com instrumentos per- furocortantes no trabalho. Dos profissionais que já so- freram acidente ocupacional com instrumentos perfu- rocortantes 11% dos cabeleireiros relataram que já se cortaram com tesouras e/ou navalhas, 8% dos esteti- cistas relataram que já sofreram lesão tecidual com agulhas e 9% das manicures responderam que já sofre- ram alguma lesão tecidual provocada por alicates e/ou palitos (estes dados são apresentados na Tabela 3). Quando questionados sobre os principais métodos de prevenção de doenças infecciosas que podem ser propagadas nos estabelecimentos de embelezamento, a maioria dos profissionais (86%) relatou que já foi in- formada, por meio da televisão, rádio, internet, cursos de atualização profissionale outros meios de comuni- cação, de pelo menos um método para prevenir doen- ças infecciosas cutâneas. Foi evidenciado que 19% dos entrevistados afirmaram não ter tomado nenhuma dose da vacina para hepatite B nos últimos 10 anos, 33% afirmaram não ter com- pletado o último esquema vacinal, 33% afirmaram ter tomado as três doses vacinais durante o último esquema vacinal e 14% não se lembravam ou não souberam responder, evidenciou-se que adesão à vacinação para hepatite B foi de 35,2% dos profissionais (dados apre- sentados na Tabela 5). Ao analisar a adesão global dos profissionais partici- pantes desta investigação, quanto ao uso regular de EPIs, reprocessamento adequado de artigos, lavagem das mãos, anmnese e inspeção do cliente, e reutilização de materiais, verificado por meio de todas as questões pro- postas e considerando-se como adequado uma porcen- tagem de acerto nas questões igual ou superior a 75%, verificou-se que a adesão foi inadequada/insatisfatória para 94 (74,6%) manicures, 79 (62,6%) cabeleireiros e 62 (49,2%) esteticistas (p < 0,0001, manicures x esteti- cistas). Os profissionais esteticistas (50,8%) atingiram maior índice de adesão adequada. Os acertos nas ques- tões variaram entre 13,3% e 80% para manicures, 33,3% e 80% para cabeleireiros e entre 40% e 86,6% para es- teticistas. Alguns resultados referentes à adesão dos pro- fissionais são apresentados no Gráfico 1. Discussão Os estabelecimentos de beleza são considerados lo- cais de interesse da saúde, pois podem representar um risco de infecção e propagação de doenças infecciosas para seus usuários caso as práticas de biossegurança não sejam obedecidas1,3,6. O risco de agravos à saúde nos estabelecimentos de embelezamento pode ser va- riado e cumulativo tanto para os trabalhadores como para os clientes. Uma das maiores preocupações rela- cionadas ao risco de infecções é a possibilidade de propagação de doenças infecciosas tais como: Hepatite B, Hepatite C e HIV/AIDS, além de micoses (Tinea ca- pitis e onicomicoses), herpes, tétano e dermatoses bac- terianas provocadas por Staphylococcus aureus, Stap- hylococcus aureus resistente à Meticilina (MRSA), Mycobacterium fortuitum, Mycobacterium abscessus e Enterobactérias1,3,6,11,12,15-17. As hepatites B e C e HIV/AIDS são consideradas doenças de risco ocupacional para profissionais do em- belezamento que utilizam instrumentos cortantes ina- dequadamente desinfetados/esterilizados ou não este- rilizados em suas atividades, os quais podem se contaminar com o sangue, secreções biológicas cutâ- neas e fragmentos teciduais dos clientes. O sangue e outras secreções cutâneas também podem contaminar produtos cosméticos, como esmaltes, que podem trans- mitir micro-organismos infecciosos entre clientes e tam- bém para o profissional que faz uso deste produto contaminado1,3. Há pouco tempo as profissões relacionadas com a área de embelezamento foram regulamentadas no Brasil por meio da Lei nº 12.592 no ano de 201229. A mesma reforça a obediência às normas sanitárias pelos profis- sionais do segmento, sendo estes responsáveis pela adequada desinfecção e/ou esterilização de instrumen- tos, materiais e utensílios utilizados no atendimento a sua clientela. Os profissionais que trabalham como cabeleireiros/barbeiros, manicures/pedicures e alguns esteticistas sem formação técnica ou curso de ensino superior, nem sempre passam por cursos de aper fei - çoamento técnico ou treinamentos que abordam reco- mendações de biossegurança e que ensinam, adequa- damente, procedimentos de lavagem, desinfecção e esterilização de instrumentos cortantes4,10. Esta falta de formação e/ou conhecimento é registrada na literatura evidenciando que os salões de beleza e centros de es- tética podem contribuir para a disseminação de micro- organismos e doenças que muitas vezes são adquiridas, mas que acabam não sendo associadas a estes ambien- tes, num processo de transmissão silenciosa4,10. Este foi o primeiro estudo, segundo nosso conheci- mento, realizado no estado de Goiás que avaliou desde o conhecimento microbiológico dos profissionais do embelezamento em relação ao processo de infecção até a adesão dos profissionais às recomendações de boas práticas de biossegurança durante as atividades laborais. Foi constatado um nível insatisfatório/insufi- ciente de conhecimento em relação aos aspectos ava- liados em 38% dos profissionais da beleza, sendo mais considerável nas categorias de cabeleireiros (50,1%) e manicures/pedicures (47,6%), provavelmente, devido ao menor nível de escolaridade e qualidade da forma- ção profissional quando comparado com os esteticistas, que na sua maioria tinham curso superior de ensino completo, conforme apresentado nas Tabelas 1 e 2, res- pectivamente. No que tange à formação profissional para cabeleireiros e manicures, foi verificado que ter realizado curso regular profissionalizante e cursos de J Health Sci Inst. 2014;32(4):343-52 Biossegurança por profissionais da beleza349 aperfeiçoamento profissional nos últimos 5 anos não implicou em maior adesão às medidas de biossegu- rança, apesar do conhecimento suficiente em cerca de 50% destes profissionais. Mais de um terço dos participantes tinham ensino médio completo e/ou curso técnico profissionalizante na área da beleza/estética e trabalhavam neste segmento há mais de 5 anos, contudo estas características não garantiram o conhecimento e adesão satisfatórios sobre a transmissão e prevenção de doenças infecciosas e o cumprimento das boas práticas de biossegurança no ambiente ocupacional, resultado que se encontra em consonância com outros estudos1,4,7,18-19,30. Em relação aos aspectos estudados nesta pesquisa, não foram constatadas diferenças estatísticas signifi- cantes entre os profissionais do embelezamento que trabalhavam na capital em relação aos profissionais da região metropolitana de Goiânia-GO. Foi constatada a presença de não conformidades ou falhas nos procedi- mentos de reprocessamento de artigos (32,3%, Tabela 4), reutilização de toalhas, toucas, luvas e recipientes entre a clientela (17,5%), na prática da higienização das mãos (27,0%), não uso de EPIs (16,4%) e em vários outros cuidados referentes à biossegurança, corrobo- rando com os resultados encontrados por outros pes- quisadores brasileiros nos estados de São Paulo e Minas Gerais e em países como a Itália e Canadá3-5,7,10. No que se diz respeito aos critérios de lavagem das mãos antes e/ou após o atendimento de cada cliente e não uso regular de EPIs pelos profissionais, respectiva- mente 40,5% e 24,6% das manicures referiu não obe- decer a estes critérios. Estes resultados são semelhantes a outros estudos nacionais realizados com manicures, como o de Garbaccio e Oliveira (2013) em Minas Ge- rais, com referência a 61% de manicures que não usa- vam regularmente os EPIs e 13% que não lavavam as mãos durante a jornada de trabalho, e também com o estudo de Oliveira e Focaccia (2010) em São Paulo, re- ferindo que 26% das manicures não realizavam a lava- gem das mãos entre o atendimento dos clientes e 80% não usavam os EPIs (luvas e jaleco), no estudo de Diniz e Matté (2013), realizado em Jacareí-SP, referiram que apenas 50% das manicures usavam EPIs (luvas). Quando os sujeitos desta pesquisa foram inquiridos sobre o contato com o sangue dos seus clientes 26% dos profissionais relataram já ter entrado em contato com o sangue dos seus clientes pelo menos uma vez durante o seu tempo de profissão e 11,1% dos cabelei- reiros, 8,0% dos esteticistas e 8,8% das manicures afir- maram ter sofrido algum acidente ocupacional com instrumentos perfurocortantes (Tabela 3), fato que tem sido constantemente destacado por outros estudos de- monstrando a suscetibilidade destes profissionais para adquirir doenças infecciosas transmitidas pelo sangue, como as hepatites B e C e HIV/AIDS3-5,7-9,19-21. Sobre a conduta dos profissionais após um acidente com expo- sição à material biológico, verificou-se que boa parte destes (18%) não praticavam medida preventiva ime- diata, como lavagemdo local com água e sabão e uso de um produto anti-séptico sobre a lesão, conforme re- comendação da Agência Nacional de Vigilância Sani- tária (ANVISA) e do Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (Center of Disease Control and Prevention – CDC)23. Evidenciou-se a grande preocu- pação do profissional em apenas estancar o sangra- mento pelo uso de hemostasia química ou mecânica, geralmente apertando um algodão ou papel absorvente, ou até mesmo o dedo no local da lesão tecidual. Com relação ao emprego de processos físico-quími- cos para a eliminação de micro-organismos infecciosos de instrumentos de trabalho contaminados 20,8% dos profissionais entrevistados afirmaram, neste estudo, que apenas a limpeza e desinfecção dos instrumentos utili- zando o álcool a 70% ou outros produtos químicos germicidas seriam suficientes para eliminar todas as formas de micro-organismos infecciosos sendo desne- cessária a esterilização dos materiais usando o processo de calor da estufa ou autoclave. Este fato é preocupante e demonstra que estes profissionais não possuem o co- nhecimento satisfatório sobre a eficácia do processo de esterilização de materiais em relação ao processo de desinfecção, corroborando com resultados de outros estudos que referiram que cabeleireiros/barbeiros e ma- nicures não apresentavam conhecimento suficiente so- bre a importância do processo de esterilização para a eliminação de micro-organismos infecciosos3-4,7-8,10. Quanto ao emprego dos critérios de tempo e tempe- ratura adequados para a realização da esterilização dos instrumentos de trabalho constatou-se que 32,2% e 30,4% dos profissionais da beleza utilizavam esta rela- ção incorreta, respectivamente, para o procedimento na estufa e autoclave (Tabela 4). O uso de instrumentos esterilizados além do prazo máximo de validade foi re- ferido por 27% dos entrevistados, os quais utilizavam o instrumento após 7 dias de esterilização na estufa e após 21 dias de esterilização na autoclave quando em- balados adequadamente em papel grau cirúrgico, de acordo com as recomendações preconizadas pela AN- VISA24. Vale lembrar que o prazo de validade de artigos esterilizados é variável de acordo com a eficiência da embalagem e das condições de armazenamento25. Es- tudo realizado com manicures do município de São Paulo-SP por Yoshida e colaboradores (2014) demonstrou resultado semelhante ao nosso estudo, referindo que 65,7% das manicures não executavam o procedimento adequado de esterilização utilizando o processo físico (estufa e/ou autoclave), e ainda estudos realizados em Goiás e Minas Gerais apresentaram resultados seme- lhantes27-28. Este fato demonstra que os artigos de traba- lho, de serviços de embelezamento, indevidamente es- terilizados são potenciais fontes para a transmissão de agentes infecciosos, tais como vírus da hepatite B e C, HIV/AIDS, fungos e bactérias resistentes ao calor, capa- zes de provocar doenças infecciosas nos profissionais que utilizam estes instrumentos e na sua clientela3. O vírus da hepatite B (VHB) apresenta certa resistên- cia no meio ambiente, podendo sobreviver por uma semana em amostra de sangue seco sobre alguma su- 350 J Health Sci Inst. 2014;32(4):343-52 Sobrinho HMR, Gomes CM, Ferreira BD, Cunha FN, Moraes MLS, Lima RACO, Marques RMV, Aires TR, Oliveira TS, Ferreita LLP. perfície e até em recipientes contendo produtos cos- méticos14. A transmissão do VHB e o risco ocupacional de adquirir a hepatite B têm sido atribuídos, provavel- mente, como resultado de lesões da pele ou mucosas por materiais perfurocortantes que deveriam ser de uso único ou que não foram submetidos a processos de es- terilização adequados4. Verificou-se no presente estudo que 19,3% dos pro- fissionais da beleza não haviam recebido nenhuma dose da vacina para a hepatite B nos últimos dez anos, e 33% afirmaram ter recebido uma ou duas sem com- pletar todo o esquema vacinal de três doses, estes re- sultados são semelhantes aos apresentados por outros estudos nacionais3-4,28. Entretanto, ao que parece, os profissionais da beleza ainda não estão sensibilizados para a importância de se vacinar. Conclusão Verificou-se nesta pesquisa que o conhecimento acu- mulado por esta amostra de profissionais da beleza de Goiás sobre os assuntos avaliados não garante que pro- cessos como, atendimento adequado do cliente, práti- cas de higiene, uso regular de EPIs, limpeza e esterili- zação apropriada de instrumentos de trabalho e demais recomendações de biossegurança sejam adequadas. Embora os profissionais desta área possuam informa- ções sobre os riscos existentes, sua adesão às práticas de biossegurança não eram condizentes com o seu co- nhecimento. Infere-se que a percepção do risco de ad- quirirem doenças infecciosas durante o exercício pro- fissional não é suficiente para transformar suas práticas. Esta realidade pode ser explicada por meio da má for- mação dos profissionais, pela deficiência na capacita- ção, falta de conscientização profissional, pelos custos envolvidos na prevenção de riscos ou até mesmo pela falha na fiscalização sanitária, maior rigor no creden- ciamento dos estabelecimentos e dos profissionais de beleza e estética e realização de campanhas públicas para melhor esclarecimento sobre as recomendações de biossegurança para os profissionais e população. Assim os resultados desta pesquisa reafirmam a im- portância de uma maior atenção dos pesquisadores, das autoridades sanitárias locais, estaduais e nacionais, assim como das instituições de ensino que formam estes pro- fissionais sobre o risco iminente desta área de atividade para provocar agravos à saúde dos profissionais e da sua clientela. Reforça também o incentivo a outras pes- quisas para subsidiar políticas públicas para o setor da estética e beleza no contexto nacional e internacional, a necessidade de intervenções educativas pelo Sindicato patronal e associações destes profissionais e pelos pró- prios proprietários dos estabelecimentos de beleza. É fundamental o planejamento e execução de um pro- cesso de educação prática e orientada em saúde, ofere- cendo treinamento, supervisão e monitoramento vol- tado, principalmente, para os cabeleireiros/barbeiros e manicures/pedicures em relação ao uso correto dos pro- cedimentos de limpeza, desinfecção e esterilização de instrumentais, e incentivos à adesão às boas práticas de biossegurança durante a sua jornada de trabalho. No final desta pesquisa, como devolutiva para os par- ticipantes do estudo, um curso teórico-prático de Bios- segurança com carga horária de 4 horas, foi oferecido pelos professores do curso tecnológico em Estética e Cosmética da Universidade Estadual de Goiás, Campus Laranjeiras, Goiânia-GO, e uma reunião com o presi- dente do sindicato patronal (SINDIBELEZA) e diretoria da associação dos profissionais da beleza do estado de Goiás (APROBELEZA) foi realizada com o objetivo de discutir resultados parciais desta pesquisa e reforçar as boas práticas de biossegurança pelos profissionais da beleza. Colaboradores HM Rocha Sobrinho trabalhou na elaboração, con- cepção e redação; LLP Ferreira participou da concepção e da redação; CM Gomes trabalhou na metodologia; BD Ferreira; FN Cunha; MLCS Moraes; RACO Lima; RMV Marques; TR Aires e TS Oliveira; trabalharam na pesquisa e tabulação dos dados provenientes da apli- cação dos questionários. Agradecimentos À Universidade Estadual de Goiás pelo apoio e in- centivo para a realização desta pesquisa. À equipe de pesquisadores e a todos os profissionais que aceitaram participar do estudo. Referências 1. Madnani NA, Khan KJ. Nail cosmetics. Indian J Dermatol Ve- nereol Leprol. 2012;78(3):309-17. 2. de Aquino MS, Haddad A, Ferreira LM. Assessment of quality of life in patients who underwent minimally invasive cosmetic procedures. Aesthetic Plast Surg. 2013;37(3):497-503. 3. Oliveira ACDS, Focaccia R. Survey of hepatitis B and C infec- tion control: procedures at manicure and pedicure facilities in São Paulo, Brazil. Braz J Infect Dis. 2010;14:502-7.4. Garbaccio JL, de Oliveira AC. Adherence to and knowledge of best practices and occupational biohazards among manicurists/ pedicurists. Am J Infect Control. 2014;42(7):791-5. 5. Johnson IL, et al. Survey of infection control: procedures at ma- nicure and pedicure establishments in North York. 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