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Suzana Feltrin – MED LVIII Neurotransmissão no Sistema Nervoso Autônomo: Sistema nervoso vegetativo (ou visceral) eferente periférico que inerva o coração, vasos sanguíneos, órgãos viscerais, glândulas exócrinas e endócrinas e todos os órgãos que são compostos pelo menos em parte por músculo liso. Sistema Nervoso Autônomo: SNA Simpático1 e SNA Parassimpático2. Neurônios autonômicos Neurônios autonômicos podem ser divididos em pré e pós-ganglionares: mielinizados, possuem seus corpos celulares na medula espinal ou no tronco cerebral e são modulados por reflexos espinais ou por centros superiores no cérebro. Em contraste, um neurônio somático motor tem seu corpo celular localizado dentro do SNC, é mielinizado e emite seus axônios diretamente para os órgãos efetores, ou seja, a musculatura esquelética. 1 Corpos celulares de neurônios presentes em diferentes níveis da medula espinal, especialmente nos níveis torácicos e lombares. não mielinizados, emitem seus axônios diretamente para os órgãos efetores. Corpos celulares em gânglios autonômicos localizados fora do SNC. São aqueles que efetivamente inervam os órgãos efetores. Neurônio somático Tanto o neurônio pré-ganglionar parassimpático quanto o neurônio pré-ganglionar simpático utilizam o neurotransmissor acetilcolina para excitar o neurônio pós-ganglionar. Por outro lado, o neurônio pós-ganglionar simpático usa como neurotransmissor para excitar o órgão alvo a noradrenalina. Enquanto isso, o neurônio pós-ganglionar parassimático usa como neurotransmissor para excitar o órgão alvo também a acetilcolina. 2 Corpos celulares segregados a porções craniais ou sacrais da medula espinal. Suzana Feltrin – MED LVIII Neurônios pré-ganglionares parassimpáticos possuem comprimento longo até o gânglio, pois se encontram em regiões cervicais e sacrais. Neurônio pré-ganglionar simpático mais curto do que o neurônio pós-ganglionar, pois se encontram em regiões toracolombares da medula espinal. Como regra, o neurotransmissor pré-ganglionar, seja no parassimpático ou no simpático, é a ACETILCOLINA. Já o neurotransmissor pós-ganglionar parassimpático, também é a ACETILCOLINA. O neurotransmissor pós-ganglionar simpático, por sua vez, é a NORADRENALINA. Algumas exceções à regra acima: Nas glândulas sudoríparas e alguns vasos de pequeno calibre que inervam a musculatura esquelética, alguns neurônios pós-ganglionares simpáticos usam como neurotransmissor a ACETILCOLINA, e assim são denominados neurônios pós-ganglionares simpáticos colinérgicos. Nos vasos renais, algumas fibras nervosas simpáticas que as inervam contem neurônios simpáticos pós- ganglionares que usam como neurotransmissor a DOPAMINA. A medula da glândula adrenal ou suprarrenal funciona como um grande gânglio simpático, porem ela é uma glândula endócrina que libera seus hormônios na corrente sanguínea. Da mesma forma, funcionado como um gânglio simpático, sintetiza, armazena e libera sobre um controle pré-sináptico colinérgico ADRENALINA, que cai na corrente sanguínea para modificar a ação de órgãos alvos (coração e vasos). Neurotransmissão ganglionar seja ela simpática e parassimpática, porque ambas envolvem acetilcolina e os receptores nicotínicos. Em roxo: neurônio pré-ganglionar seja ele simpático ou parassimpático. A chegada de um potencial de ação na terminação nervosa pré-ganglionar libera acetilcolina na fenda sináptica do gânglio. A acetilcolina, ao interagir com seus receptores presentes na membrana do neurônio pós-ganglionar, leva uma despolarização da membrana plasmática desse e o disparo de um potencial de ação. O potencial de ação disparado percorre o neurônio pós- ganglionar e atinge o seu terminal axônico. A acetilcolina ativa receptores ditos nicotínicos para acetilcolina presente na MP do neurônio pós-ganglionar, ionotrópicos, permeáveis a íons cátions. Esses receptores são formados por subunidades proteicas que se agrupam formando barris. Há uma heterogeneidade na distribuição de receptores nicotínicos dependendo do órgão e da musculatura onde ele será expressado. Suzana Feltrin – MED LVIII 1. A Colina é avidamente captada por Transportadores de Colina (CHT). 2. No citoplasma da terminação nervosa, a enzima Colina Acetil Transferase (ChAT) catalisa e remoção de acetato da Acetil-CoA e a introdução deste na molécula de Colina através de uma ligação éster, formando a Acetilcolina. 3. A Acetilcolina é captada por Transportadores Vesiculares de Acetilcolina (VAT) para dentro de vesículas de estocagem, onde fica armazenada com co- transmissores. 4. Término da ação – Degradação enzimática: a acetilcolina é hidrolisada pela enzima acetilcolinesterase (AChE). A membrana plasmática de células que recebem inervação colinérgica contem proteínas integrais de membrana que interagem com proteínas da matriz extracelular e dentre essas proteínas estão as formas globulares da acetilcolinesterase. Inibição da AChE por organofosforados, interagem com a AChE, na presença de água, permite que a enzima fique fosforilada. Uma vez fosforilada, é incapaz de hidrolisar novas moléculas de acetilcolina. Ao ser inibida, a AChE tem efeitos de elevação da atividade autonômica parassimpática, levando a morte por intensa broncoconstrição e aumento da atividade secretora nos brônquios. Suzana Feltrin – MED LVIII A acetilcolina armazenada na vesícula junto aos co- transmissores é liberada na fenda sináptica, pode interagir com receptores colinérgicos chamados de receptores nicotínicos (pentaméricos ionotropicos permeáveis a cátions) levando a despolarização da membrana plasmática da célula. Existem isoformas de receptores nicotínicos de acetilcolina dependendo da composição das suas subunidades. A muscarina (receptores muscarínicos) ativa os receptores metabotrópicos da acetilcolina, mas não ativa os receptores ionotrópicos. O contrário ocorre com os receptores nicotínicos. Todos os 5 receptores metabotrópicos da acetilcolina possuem 7 domínios transmembranares e se acoplam a uma proteína G. A neurotransmissão pós-ganglionar parassimpática envolve apenas receptores muscarínicos. Isto é, os neurônios pós- ganglionares do parassimpático, que liberam acetilcolina como neurotransmissor predominante, a acetilcolina liberada irá interagir na célula alvo apenas com receptores muscarínicos da acetilcolina. Os órgãos efetores inervados pelo parassimpático não expressam receptores nicotínicos da acetilcolina. Ao ativar cada receptor encontrado predominantemente na membrana pós-sináptica, provocará um tipo de resposta diferente relacionada a esse tipo de receptor em específico. Suzana Feltrin – MED LVIII Os receptores muscarínicos M2 que são majoritariamente acoplados a uma proteína Gi no seu sistema de transdução, quando ativados a proteína Gi leva a uma redução na atividade catalítica da cAMP, favorecendo o aumento do tônus contrátil da célula de músculo liso. Ao mesmo tempo, eles levam através da proteína Gi ao aumento de alguns canais catiônicos que permitem o influxo de sódio, despolarizando a membrana plasmática e a abertura de canais de cálcio voltagem dependentes, aumentando a quantidade de cálcio intracelular. Caso seja uma célula contrátil, causa aumento da contração do musculo liso. Caso seja uma glândula, o aumento da atividade secretora. A proteína Gi, quando ativada, também reduz a abertura de canais de potássio presentes na membrana plasmática da célula, seja de musculo liso ou secretora. Em razão do grande gradiente de potássio, isso favorece o aumento da concentração de potássio dentro da célula, facilitando a despolarização da membrana plasmática, e assim aumentando a concentração intracelular de cálcio. (e de outras catecolamins) Se dá na terminação nervosade neurônios ditos adrenérgicos ou noradrenérgicos a partir da captação de tirosina. A tirosina obtida pela dieta e transportado para dentro dos neurônios adrenérgicos por transportadores de aminoácidos presentes na membrana plasmática desses neurônios. A tirosina é um aminoácido aromático, forma levogera da tirosina biologicamente ativa (L-tirosina). Uma vez dentro da terminação nervosa, a tirosina sofre a ação de uma enzima chamada tirosina- hidroxilase, que introduz uma hidroxila na posição 3 do anel aromático, converterndo a tirosina na molécula DOPA (é ainda um aminoácido). Ainda no citoplasma, DOPA sofre a ação de outra enzima, que remove o ácido carboxílico (removido pela descarboxilase de aminoácidos L-aromáticos) da molécula da DOPA, convertendo-a em dopamina. A dopamina, assim, não é mais um aminoácido. A dopamina sintetizada é captada ativamente para dentro de vesículas por transportadores vesiculares de monoaminas, chamados de VMAT. A dopamina encontra outra enzima, que introduz uma hidroxila no carbono beta da dopamina, convertendo-a em noradrenalina. O neurotransmissor majoritariamente liberado é a noradrenalina nos neurônios noradrenérgico seja ele central ou neurônio pós-ganglionar do simpático. A noradrenalina se liga a receptores adrenérgicos pós-sinpapticos. Por outro lado, a biossíntese de catecolaminas nas células cromafins da medula da glândula adrenal, existe no citoplasma dessas células uma outra enzima de nome feniletanolamina-N-metil- transferase (expressada pelas células cromafins da medula da glândula adrenal e poucos neurônios do SNC). Ela introduz um radical metil no grupamento amino da noradrenalina, transformando a noradrenalina em adrenalina. A noradrenalina no citoplasma também é convertida em adrenalina no citoplasma dessas células. A adrenalina é captada em Suzana Feltrin – MED LVIII vesículas por um transportador vesicular de monoaminas e com a ativação simpática, um neurônio pré-ganglionar simpático libera a acetilcolina na medula da glândula adrenal. A acetilcolina liberada ativa receptores nicotínicos presentes na membrana plasmática das células cromafins, despolariza a membrana e permite a entrada de cálcio e exocitose – liberação do conteúdo das vesículas. Há uma liberação muito maior de adrenalina do que de noradrenalina, e ainda menor de dopamina. Ambas essas moléculas são chamadas de catecolaminas (catecol-etanol-aminas) utilizadas como neurotransmissores e hormônios humanos. A única diferença entre a molécula de noradrenalina e adrenalina é a presença do radical metil no grupamento amino da molécula. Portanto, o termo NOR vem no inglês NO RADICAL. A adrenalina foi a primeira molécula utilizada como hormônio a ter a sua estrutura identificada, sendo batizada de adrenalina ou epinefrina. A noradrenalina, depois descoberta, foi batizada como uma adrenalina sem o radical metil no seu grupamento amino. Captação neuronal e captação extraneuronal – mecanismos de captação ativa determinam o término da ação da noradrenalina e adrenalina liberadas na fenda sináptica. A noradrenalina é removida da fenda sináptica por mecanismos de captação ativos que envolvem gasto de energia. O principal desses mecanismos é chamado de Captação neuronal. A captação neuronal é um processo de captação feito por transportadores específicos chamados de NET (que funciona de forma bidirecional – sempre joga o substrato do local onde ele se encontra em maior concentração para o local onde ele se encontra em menor concentração). Além disso, há um segundo mecanismo de remoção ativa, chamado de captação extraneuronal. Nela, qualquer célula que não seja uma célula nervosa e que expresse o transportador extraneuronal de monoaminas (EMT), remove a noradrenalina da fenda sináptica. São regiões de neurônios (no esquema, simpático) onde há o acumulo de cálcio, indicando regiões de exocitose neurotransmissora. Elas têm uma significância fisiológica grande, porque elas garantem que um neurônio se comunique de uma forma muito mais dispersa e sincronizada com uma área de superfície maior do que se essa neurotransmissão ocorresse apenas nas extremidades das terminações nervodas desses axônios. MAO (MonoAminoOxidase), neuronal (mitocondrias) COMT (Catecol-Orto-Metil-Transferase), extraneuronal Suzana Feltrin – MED LVIII A degradação enzimática das catecolaminas (simpático, noradrenalina e adrenalina), em total contraste com a degradação do neurotransmissor parassimpático, da acetilcolina cujo termino da ação se dá pela degradação enzimática, é diferente. Isso porque as duas principais enzimas que metabolizam as catecolaminas (MAO e COMT) são enzimas citosólicas, exibindo uma distribuição com diferenças relativas na intensidade de expressão. Isto é, células nervosas expressam muito mais abundantemente a enzima MAO do que a COMT. Por outro lado, tecidos não neuronais (célula efetora inervada pelo simpático, por exemplo), expressa com muito mais abundancia a COMT do que a MAO. Ao nível de MOPGAL, os metabólitos restantes são mais hidrossolúveis e mais facilmente excretados. Os adrenoceptores pertencem à família dos receptores acoplados à uma Proteína G (GPCR). Existem 9 adrenoceptores diferentes que podem ser agrupados em três grupos: Alfa 1, alfa 2 e beta. Aumento do diâmetro da pupila – midríase Principais funções reguladas pelo SN Simpático e Receptores Adrenérgicos envolvidos. Grande importância no sistema cardiovascular (inotrópico positivo, dromotrópico positivo e cronotrópico positivo pela adrenalina e noradrenalina). Suzana Feltrin – MED LVIII Inervação realizada tanto pelo simpático quanto pelo parassimpático. Efeitos opostos na pupila, exercidos pelo mesmo mecanismo de contração de musculo liso, porém ocorrendo de forma diferente de acordo com esses sistemas. Midríase – ativação simpática: contração da musculatura circular da íris, do esfíncter da íris. Miose – ativação parassimpática: contração da musculatura radial da íris, aumentando o diâmetro da pupila. Tônus da musculatura lisa da íris Tônus da musculatura lisa dos brônquios A musculatura lisa dos brônquios, apesar de responder a ativação simpática relaxando, isto é, dilatando os brônquios, a musculatura dos brônquios propriamente dita recebe muito pouco inervação simpática. Assim, por que há receptores beta 2 adrenérgicos nelas? Porque esses receptores são ativados pelas catecolaminas circulantes, principalmente pela adrenalina liberada pela medula da glândula adrenal quando há uma ativação simpática maciça, que levam ao relaxamento da musculatura lisa. Inervação parassimpática do nervo vago ao sistema marca-passo do coração e a simpática oferecida pelos nervos simpáticos cardíacos a essas mesmas células. Assim, exercem controle sobre a frequência cardíaca. Suzana Feltrin – MED LVIII HCN – canal catiônico que se abrem em potenciais de membrana negativos. Função Reprodutiva no Homem – SNA Parassimpático participa da ereção e o SNA Simpático da ejaculação o Função Reprodutiva na Mulher. SNA Parassimpático participa da ereção do clitóris e da vasoldilatação na vagina, e o SNA Simpático promove peristalse reversa na vagina. Musculatura Ciliar da Iris e acomodação visual – SNA Parassimpático. Musculo Liso Eretor dos Pelos e Piloereção – SNA Simpático. Glândulas Sudoriparas – SNA Simpático (porém colinérgico!!!). Tecido Adiposo e lipólise – SNA Simpático. Aparelho Justaglomerular Renal e liberação de Renina – SNA Simpático. Coagulação – SNA Simpático aumenta a agregação plaquetária. Musculo Liso Vascular – SNA Simpático. a. Neurônios pós-ganglionares liberam a noradrenalina, que ativa receptores alfa 1 adrenérgicos presentes na musculatura lisa desses vasos, promovendo a contração do musculo liso vascular euma redução no calibre desses vasos. b. Por outro lado, quando a atividade simpática é diminuída, menos noradrenalina é liberada e a musculatura vascular assume um tônus mais relaxado. Noradrenalina e neuropeptídeo Y – vasos sanguíneos. O co-transmissor aumenta a ação do neurotransmissor clássico. A estimulação elétrica promove uma certa contração da musculatura lisa do vaso e portanto, um aumento na pressão de perfusão daquele sistema. Da mesma forma, a administração de uma certa concentração de noradrenalina também aumenta a pressão de perfusão do sistema por promover a contração do músculo liso. A incubação de NPY promove um aumento gradual na contração induzida pela estimulação elétrica de campo daquele leito vascular, como resultado da co-transmissão. Noradrenalina e ATP – vasos sanguíneos, ducto deferente e outros órgãos da genitália masculina e gânglios entéricos. O neurotransmissor promove uma resposta que é dissociada temporalmente da resposta produzida pelo co-transmissor. O efeito final é uma contração bifásica. Suzana Feltrin – MED LVIII
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