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Leiomiomas Leiomiomas são tumores benignos do corpo do útero, provenientes da camada miometrial (muscular). *Pólipos endometriais são provenientes do endométrio. Mesmo que no dia-dia usamos a nomenclatura “mioma”, o correto é leiomioma. O leiomioma é composto de musculatura lisa e de tecido conjuntivo. Sua consistência é endurecida e esbranquiçada, o que serve de diagnóstico diferencial. Se for uma massa amolecida e de consistência rósea pensa-se em pólipo endometrial. Só pode ter certeza com a biopsia! Não temos a incidência dos leiomiomas, pois a maioria das pacientes são assintomáticas. Muitas só descobrem após um UTV. É uma patologia benigna com caráter hereditário. É mais frequente em mulheres negras, nulíparas (que nunca pariram) e portadoras de síndromes hiperestrogênicas. Aumento do estrogênio pode gerar leiomiomas, já que os leiomiomas são mais frequentes em mulheres no período da menacme e na gravidez – momentos em que há aumento do estrogênio. Puberdade (principal marco é a menarca) – menacme (período reprodutivo) – climatério (principal marco é a menopausa) – senilitude. Além disso, os leiomiomas tendem a diminuir no climatério, quando há atrofia ovariana e hipoestrogenismo. Sinergismo positivo do estrogênio com leiomiomas. Drogas a base de estrogênio podem acelerar o crescimento dos leiomiomas. Tanto o estrogênio como o GH, hormônio do crescimento, aumentam o crescimento dos leiomiomas (sinergismo positivo). Na gravidez diminui-se o GH, mas o lactogênio placentário humano aumenta (que parece o GH). Mesmo que o GH diminui, o lactogênio aumenta e ele tem função semelhante. Por isso na gravidez os leiomiomas tendem a aumentar. Em negras há maior incidência dos leiomiomas, porque o metabolismo do GH é maior nelas. A progesterona tem um efeito contrário, ela diminui o crescimento do leiomioma. O estrogênio sérico em mulher leiomiomatosa e em uma não leiomiomatosa é a mesma. O que muda é a enzima 17beta-hidroxidesidrogenase, que tem como principal função transformar o estradiol (mais potente) em estrona (menos potente). Em tecidos leiomiomatosos essa enzima está diminuída, o que gera uma maior quantidade de estradiol do que a estrona. Estradiol então acelera o crescimento do tumor. Os leiomiomas tem maior quantidade de receptores para estrogênio quando comparado com tecidos não leiomiomatosos. A progesterona age de duas formas = diminui os receptores estrogênicos no tecido (se acopla nos receptores e reduz a quantidade) e ativa a 17beta- hidroxidesidrogenase (o que vai gerar menor quantidade de estradiol). Os leiomiomas podem ser classificados em relação a volume, localização no útero e camada uterina. A classificação mais utilizada no dia-a-dia é a em relação a camada uterina (submucosos, intramurais e subserosos). Em relação ao volume, pode-se classificar em pequeno (quando não ultrapassa a sínfise púbica), médio (não ultrapassa a metade da distância entre a cicatriz umbilical e a sínfise púbica) e o grande (ultrapassa a cicatriz umbilical). O grande parece com a 20ª semana gestacional. Podem ser também classificados em relação a localização de origem (cervicais, ístmicos e corpóreos). Os corpóreos são mais frequentes (92-93%). Os cervicais são mais raros (2-3%). Os ístmicos são em torno de 7%. Em relação a camada uterina, os subserosos se projetam para fora da cavidade uterina. Submucosos estão para dentro da cavidade uterina. Intramurais estão dentro da parede uterina. Os intramurais podem crescer e se projetar um pouco para fora da cavidade uterina – chamamos de intramural com componente subseroso. Os intramurais podem também se projetar para dentro da cavidade uterina – chamamos de intramural com componente submucoso. Os leiomiomas se prendem na camada uterina de duas formas: pediculada (se prende a camada pelo pedículo) e séssil (quando não é pediculado, se prende diretamente). Os subserosos pediculados podem ter um pedículo que cresce muito e os leiomiomas podem se acoplar em outros órgãos, nos órgãos adjacentes (bexiga e intestino). Assim, são classificados como leiomiomas parasitas. O pedículo do submucoso também pode crescer e se exteriorizar pelo orifício externo do colo do útero – chamamos de leiomioma parido. Leiomioma parido necessita de conduta de emergência – torce a bola e o pedículo se solta (manda o leiomioma para o anatomopatológico). Mas o tratamento definitivo é cauterizar a base do pedículo, se não ele pode recidivar. As manifestações clínicas do leiomioma dependem da classificação. Os submucosos cursam com alterações menstruais, como menorragia ou hipermenorreia (aumento da duração do fluxo menstrual), já que estão voltados para a cavidade interna. Pode gerar as duas coisas também – a hipermenorragia (aumento da intensidade e duração do fluxo). Alterações menstruais são mais comuns com os submucosos do que os subserosos, já que eles aumentam a superfície vascular e a quantidade de vasos sanguíneos. Os leiomiomas subserosos geram mais dor, já que a compressão dos órgãos adjacentes, distúrbios urinários (quando se acoplam a bexiga). Disuria ou obstipação são sintomas dos leiomiomas subserosos. Qualquer tipo de leiomioma pode gerar aumento de volume abdominal, o que acontece no subseroso, porém, é que o contorno e a superfície do útero vão estar alterada (no toque combinado). O leiomioma submucoso gera aumento do útero, mas vai ter superfície e contorno normal. Os leiomiomas submucosos estão mais associados a infertilidade, se for volumoso e tiver localização estratégica (ex.: obstruindo óstio tubário ou canal cervical). Os submucosos tornam o endométrio inóspito também. Pacientes podem ter mais de 1 leiomioma e em localizações diferentes! Por que as pacientes podem ter leiomiomas de tamanhos diferentes, um crescer mais do que o outro? Devido ao citocromo P450. Tecidos leiomiomatosos que crescem mais têm mais concentração desse citocromo. Para que o leiomioma cause algum problema na gestação ele tem que ser bem volumoso (mas isso não é comum). Deve se acompanhar e ficar atento as queixas. Para o diagnóstico é preciso, primeiramente, de anamnese + exame físico bem feitos (isso já gera a suspeita e 50% de certeza). Paciente com irregularidade menstrual (hipermenorreia), palpação e percussão percebe massa endurecida que ultrapassa a metade da distância da cicatriz umbilical e sínfise púbica, no toque combinado há volume abdominal aumentado, com superfície e contornos regulares (suspeita de leiomioma submucoso). Lança mão de exames complementares para confirmar o diagnóstico (ou exclusão de suspeita diagnóstica). Eles são: ultrassonografia transvaginal ou pélvica (quando não teve a coitarca), ultrassonografia com doppler – fluxometria (mostra os vasos que nos leiomiomas são múltiplos, ao contrário dos pólipos que possuem um vaso único), videohisteroscopia (para os submucosos – exame que permite biopsiar diretamente o endométrio), videolaparoscopia (auxilia nos leiomiomas subserosos, feito por um corte no umbigo, só vê o que está por fora do útero, também é diagnóstica e terapêutica pois pode biopsiar e fazer a miomectomia) e ressonância magnética (mostra o grau de invasão do leiomioma na cavidade uterina, se for fazer miomectomia de um intramural tem que analisar para saber até quanto pode retirar). *UTV é melhor do que o ultrassom pélvico. *Quando o leiomioma é volumoso tem que solicitar ultrassonografia abdominal. Ainda mais se for uma paciente que tenha como opção um tratamento cirúrgico radical (para ver até onde o fundo uterino está chegando). *Os leiomiomas são patologias de pacientes jovens! *Videohisteroscopia pode ser terapêutica também, além dediagnosticar. Pode fazer a miomectomia (retirada do leiomioma), com o ressectoscópio. Só serve para os submucosos pois só analisa a cavidade interna uterina. *Paciente com leiomioma intramural com componente submucoso tem que retirar apenas a parte que vai para dentro da cavidade uterina. Só seria possível retirar totalmente se fosse feito uma histerectomia. Tratamento cirúrgico conservador (fica uma parte do leiomioma dentro da parede uterina). *A RM funciona para fazer avaliação e o plano cirúrgico, por exemplo. O tratamento depende muito do perfil da paciente, da sua idade (jovem ou climatérica), da prole constituída ou não. Gerar um melhor tratamento para cada paciente. Paciente climatérica, com poucos sintomas, que vai regredir pelo hipoestrogesteronismo = é melhor fazer videolaparoscopia cirúrgica. Em casos extremos que se pensa em histerectomia. Tratamento clínico: Para jovens que desejam engravidar ou mulheres no climatério. Qualquer droga que reduza ou iniba a produção de estrogênio = funciona como tratamento. Contraceptivos orais (progesterona ou combinados de estrogênio e progesterona). -Anovulatórios com progesterona (orais, injetáveis e DIU medicado). -Anovulatórios contraceptivos combinados, de estrogênio e progesterona (oral, anel vaginal, adesivo e injetável). *DIU medicado (mirena) é muito eficaz no tratamento contra os leiomiomas. *Os anovulatórios com progesterona podem ser usados em pacientes que amamentam que não querem engravidar (mini-pílulas). Assim, faz a contracepção e não seca o leite, pois o estrogênio diminui a prolactina. Mas o estrogênio não é o vilão? Como funcionam os contraceptivos combinados? Os contraceptivos combinados (estrogênio + progesterona) bloqueiam o eixo hipotálamo-hipófise- gônada. Se esse eixo está bloqueado, o GnRH não vai para a hipófise e ela não libera as gonadotrofinas, assim não há estrogênio e progesterona a nível ovariano – impede a ovulação. Paciente que quer ficar muito tempo sem engravidar pode usar método contraceptivo mais longo, como o DIU medicado (duração de 7 anos). -Análogos do GnRH: é um tratamento pré-operatório (leiomiomas volumosos com necessidade de histerectomia). Ele reduz o volume tumoral em 50-60% das vezes, mas tem efeito rebote muito grande. Pode crescer até 3x mais depois de reduzir o volume. Se a histerectomia for de um útero mais volumoso há muito sangramento, por isso, é melhor reduzir o volume uterino e reduz o sangramento (a cirurgia se torna mais fácil). São aplicados no máximo 3 ampolas (1 ampola/mês), pois os efeitos colaterais incomodam muito (semelhantes ao do climatério, como irritabilidade, ressecamento vaginal). Vantagens: recuperação espontânea dos níveis hemáticos, menor sangramento nas miomectomias e histerectomias, permite incisão de Pfannestiel ou histerectomia vaginal em úteros previamente volumosos e permite programar época de gravidez ou tratamento. Desvantagens: dificulta a definição de plano de clivagem, custo (muito caro) e efeitos colaterais (semelhantes ao do climatério). O GnRH se acopla aos receptores do hormônio liberador de gonadotrofina, o que não gera a produção de gonadotrofinas (sem produção de gonadotrofinas e redução uterina). É um tratamento de preparo e não deve ser duradouro. Tratamento cirúrgico: Tratamento cirúrgico conservador (miomectomia por videohisteroscopia ou videolaparoscopia). Tratamento cirúrgico radical é a histerectomia (retirada do útero). A histerectomia pode ser total (retira todo o útero) ou subtotal (tiramos o corpo e deixa o colo do útero – quando há dificuldade técnica para retirar o colo). Não deve se deixar o colo do útero na histerectomia, só acontece isso quando a paciente sangra muito ou a cirurgia está muito longa. A histerectomia pode ser por via abdominal (pela incisão de Pfannestiel – da cesária - ou em casos de leiomiomas muito extensos faz-se a longitudinal – da cicatriz umbilical até a sínfise púbica, esteticamente feio) e via vaginal (menos complicações, mas nem toda a paciente pode fazer dessa forma). As pacientes que já teve mais de 1 cesária, pois isso significa que há aderências e fibrose, o que dificulta a saída do útero via vaginal. Pacientes muito obesas ou leiomiomas muito volumosos não tem como retirar pela via vaginal. Leiomiomectomia em paciente jovem e nuligesta com uso de zoladex (análogo de GnRH). Miomectomia histeroscópica (leiomioma submucosa séssil implantado em parede posterior uterina): Embolização das artérias uterinas: Quem alimenta o leiomioma é o sangue. A principal artéria de irrigação é a uterina dir e esq (a espiralada e a arqueada também fazem, mas não são tão importantes). Nesse procedimento injeta partículas de PVA, que bloqueia a artéria uterina, não deixa ter passagem de sangue. Assim, o leiomioma necrosa. É um procedimento simples e que não precisa de anestesia geral. O risco de recidiva é muito grande. É indicado principalmente para pacientes que tenham contraindicação para a cirurgia (HAS, DM e obesidade). A embolização das artérias uterinas leva a necrose do útero, então só deve ser realizado em pacientes que não querem mais engravidar. Indicações: miomas sintomáticos ou volumosos, pacientes com prole definida, desejo da preservação do útero e contraindicação ou resistência à cirurgia. 40 a 60% de redução do volume uterino em 2-4 meses. 15% de persistência de sangramento. Não há tamanho uterino crítico. Mais falha quanto maior é o mioma (acima de 8,7 cm). Aumento de 10% de falhas para ad 1.0 cm. Adenomiose é fator de risco para falha (em que o endométrio vai para a camada muscular do útero). Complicações: dor em 5 a 10% e pode se prolongar por até 15 dias e síndrome pós-embolização (15% dos casos) que consiste em febre (1/3 dos casos), leucocitose, náuseas, vômitos, anorexia, mal-estar e dor abdominal difusa e intensa. É feito em último caso! Leiomioma submucoso parido: Depois tem que cauterizar a base por videohisteroscopia, que é o principal local de recidiva do leiomioma. Alterações secundárias dos leiomiomas: Quando os leiomiomas são muito volumosos, isso leva a uma tortuosidade dos vasos sanguíneos (ficam irregulares e vasoconstrictados) – isso leva a alterações secundárias dos leiomiomas. O diagnóstico dessas alterações é pelo anatomopatológico, mas existem algumas características macroscópicas que podemos perceber. A tortuosidade impede que o sangue chegue no centro do leiomioma, o que leva as alterações hialina, cística, vermelha e a calcificação. A alteração sarcomatosa não é causada pela tortuosidade dos vasos e, sim, é uma degeneração maligna dos leiomiomas não bem explicado por quê. Suspeitamos disso quando o crescimento do leiomioma é muito rápido. Tem que fazer a histerectomia e mandar para o anatomopatológico. A hialina tem um aspecto de muco no interior. A cística tem conteúdo líquido. A vermelha é também chamada de carnosa e pode ocorrer na gravidez (no 6º e 7º mês pode ter dor intensa e sangramento, risco de trabalho de parto prematuro e abortamento). A calcificação é a que ocorre no climatério, os leiomiomas diminuem o tamanho e se calcificam. O problema dos leiomiomas calcificados no climatério é que ao ter que fazer a terapia hormonal (para aliviar os sintomas comuns dessa época) o leiomioma aumenta. O estrogênio exógeno pode aumentar o tamanho dos leiomiomas das pacientes climatéricas. Pode usar a terapia hormonal mesmo assim. Isso melhora a qualidade de vida da paciente e o aumento do leiomioma não é tão grande.
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