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1 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Mama: Cada mama é dividida em 4 quadrantes: quadrante superior externo, quadrante superior interno, quadrante inferior externo e quadrante inferior interno. QSE, QSI, QIE, QII. Essa divisão é feita para indicar nódulos, lesões, entre outras. Além disso, a região do meio onde se encontra o mamilo é denominada retro areolar. A mama ela é um disco que vai normalmente do segundo ao sexto espaço intercostal, podendo apresentar variações de mulher para mulher, mas essas são pequenas. Mesmo sendo um disco a mama possui uma estrutura denominada calda mamaria ou calda de Spence que vai até a axila, essa está diretamente relacionada com o acometimento de linfonodos em lesões mamarias neoplásicas. Mama possui um parênquima: tecido funcionante constituído por alvéolos que se juntam em lóbulos mamários e consequentemente em lobos que acabam fazendo a drenagem por ductos intralobulares que desembocam na papila mamaria ou mamilo, essa expele pelos óstios. A mama é recoberta por fáscias (posterior e anterior que emitem ligamentos de sustentação da mama). → 10 a 100 alvéolos; → 20 a 40 lóbulos; → 15 a 20 lobos; → 12 a 20 seios galactóforos; → 12 a 20 óstios. A mama está sobreposta no musculo peitoral maior. E é irrigada principalmente pela artéria torácica interna e seus ramos acessórios. Em relação a drenagem linfática da mama, existe um plexo profundo e um superficial. 90% da drenagem linfática mamaria passa pela axila. Vulva: Engloba o monte pubiano, os lábios maiores (basicamente gordura, folículos pilosos e glândulas sebáceas), lábios menores (constituído por tecido cavernoso), vestíbulo, óstio da glândula vestibular maior, também chamada de glândula de Bartolin (pode ser acometida por processo inflamatório). O espaço onde se juntam os lábios maiores e menores se chama de comissura labial posterior, essa também está presente anteriormente (comissura labial anterior). O lábio menor se divide: um folheto vai formar o frênulo do clitóris e outro vai formar o prepúcio do clitóris, no meio de ambos estará a glande do clitóris, abaixo do prepúcio está o corpo do clitóris. O clitóris é uma estrutura de tecido cavernoso, assim como o bulbo do vestíbulo que fica abaixo dos grandes lábios. O clitóris ainda possui pilares que se ligam ao seu corpo, esses nos momentos de excitação enrijecem contraindo a estrutura. Esses mecanismos ocorrem para o aumento da lubrificação e prazer. 2 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Carúnculas himeniais: são pequenas projeções cicatrizadas que representam resquícios do hímen quando esse já foi rompido. A função da glândula vestibular maior e menor é justamente liberar muco para facilitar a lubrificação vaginal, principalmente em momentos de excitação. A artéria pudenda interna é a grande responsável pela irrigação da vulva, essa emite ramos que auxiliam na vascularização. O nervo responsável pela região vulvar é o nervo pudendo. Os músculos que constituem a vulva são: bulbo esponjoso, ísquio cavernoso e o transverso superficial do períneo, embaixo se tem a membrana perineal e abaixo da mesma os músculos transverso profundo do períneo e compressor da uretra. Os músculos profundos seguem a mesma projeção dos superficiais. A drenagem linfática da vulva também tem grande importância, pois as neoplasias dessa região têm grande poder de metástase local. Linfonodos inguinais superficiais e profundos, pélvicos profundos. OBS: na episiotomia mediana não secciona nenhum musculo, porem tem maior chance de laceração, na incisão médio lateral secciona geralmente parte do bulbo esponjoso e membrana perineal. Útero: Tem característica de ser ante-verso-fletido. Esse possui duas escavações geradas pelo peritônio abdominal que são: fundo de saco posterior, escavação reto-uterina ou escavação de saco de Douglas e a escavação vesico-uterina ou fundo de saco interior, são muito importantes pela clínica da endometriose e pela invasão do câncer de colorretal. O útero é dividido em colo, istmo, corpo (possui um fundo uterino, tocado na palpação bimanual) e fundo. Outra classificação divide o útero em: endométrio, miométrio e perimetrio (peritônio visceral). O canal endocervical é delimitado superiormente pelo orifício cervical interno e inferiormente pelo orifício cervical externo (é o que se observa ao fazer um exame ginecológico como o especular). O útero pesa cerca de 90 gramas e possui 7,5 cm de comprimento, 5 cm de largura e 2cm de espessura. OBS: tuba e ovários não são recobertos por peritônio por motivos de necessidade de fecundação. O ovário fica “solto”, mas para se ligar anatomicamente com o útero, possui o ligamento útero-ovário e também se liga à parede pélvica pelo ligamento suspensor do ovário. Ligamento útero-sacro: é o grande responsável pela estruturação do útero na porção mediana da cavidade pélvica. Ligamento redondo: é um ligamento anterior ao útero que vai atravessar a parede pélvica e se ligar se inserindo ao monte pubiano. 3 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Ostio do útero: → Fórnice anterior; → Fórnice posterior. Ligamentos relacionados ao útero: → Ligamento largo: nada mais é do que o peritônio que passa na porção mais anterior do útero, se projeta pelo fundo e vem pra porção posterior, formando dois folhetos, onde estão as estruturas vasculares e ureterais; → Ligamento redondo; → Ligamento Útero-sacro; → Ligamento Cardinal. OBS: mesosalpinge é uma projeção de peritônio que também segura a tuba uterina próxima ao ovário. OBS: o ureter passa a cerca de 2/3 cm do colo do útero. A vascularização e irrigação venosa do útero são feitas principalmente pela artéria e veia uterina respectivamente. A posição uterina pode apresentar variações anatômicas, podendo ser retrovertido (um pouco ou totalmente). OBS: as posições anatômicas e relações com outros órgãos sofrem grandes modificações quando se tem uma fecundação. 4 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Introdução: → O ciclo menstrual inicia no 1º dia da menstruação. → Evolução; → Menstruação X Ovulação; → Modificações sistêmicas; → Modificações locais. Terminologia: • Hipermenorreia: sangramento prolongado por mais de 8 dias; • Menorragia: aumento do volume em mais de 80 ml; • Polimenorreia: frequência inferior a 24 dias. Menstrua mais de uma vez no mês; • Hipomenorreia: fluxo menor que 3 dias ou volume menor que 30 ml; • Oligomenorreia: intervalos maiores que 35 dias; • Metrorragia: sangramento em períodos irregulares; • Sangramento intermenstrual: entre os ciclos por outras causas. Também é chamado de spooting; • Fase folicular ou proliferativa: primeira fase do ciclo. Formação dos folículos; • Fase lútea ou secretora: segunda fase do ciclo. presença de corpo lúteo. Controle neuroendócrino: Eixo hipotálamo – hipófise – ovário. O hipotálamo produz GnRH, que vai fazer a hipófise produzir LH/FSH, esses vão atuar no ovário fazendo ou não ovular de acordo com os níveis liberados de estrogênio e progesterona que atuam diretamente no útero. Todo esse processo dura de 24 a 32 dias, variando de mulher para mulher. Feedback positivo: secreção ovariana aumenta a secreção hipofisária (puberdade). Feedback negativo: secreção ovariana inibe secreção hipofisária. Hipotálamo produz e libera: → GnRH: hormônio liberador da gonadotrofina – controla a liberação de LH e FSH. É sempre liberado de maneira pulsátil; → ACTH; → CRH; → TRH. GnRH: → Controla a liberação do FSH e lh; → Secretado de forma pulsátil; → Possui meia vida curta; → Uma exposição continua provoca diminuição nosreceptores gonadotrofos (FSH) com supressão da sua secreção; → Inibido pelos esteroides ovarianos (estrogênio e progesterona) e endorfinas. Hipófise: → FSH: atua nas gônadas; → LH: atua nas gônadas; → Prolactina; → Feedback do estradiol, progesterona, prolactina e do hipotálamo. 5 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 OBS: FSH e LH, assim como estrogênio e progesterona funcionam por mecanismos de retroalimentação, ou seja, quando os níveis de um aumentam dos outros diminuem. LH: → Pico no meio do ciclo aumenta 8 vezes; → Coincidente com o FSH; → Leve aumento nos últimos dois dias do ciclo. FSH: → Aumento no início da fase folicular; → Pico no meio do ciclo (2x); → Nadir na fase lútea; → Elevação na fase lútea tardia. OBS: fase folicular é a pré-ovulatoria e fase lútea é a pós ovulatoria. Ovários: A ação do LH e do FSH sobre os ovários vai estimular a produção de folículos. → Células granulosas, tecais e estromais; → Folículos: células granulosas que circundam o ovulo (formam a teca interna). Fazem ovogênese. Função secretora: estradiol, progesterona, estrona, androstediona e peptídeos gonadais. Estradiol: → Níveis baixos na fase folicular inicial; → Elevação na fase folicular tardia; → Pico no meio do ciclo (24h antes do pico de LH); → Queda abrupta; → Aumento na fase lútea; → Inibe a hipófise e o hipotálamo. Progesterona: → Níveis baixos na fase folicular; → Aumento no dia de pico do LH; → Acentuado aumento na fase lútea; → Inibe o hipotálamo; → Muito importante na manutenção do embrião dentro do endométrio. No momento que cai a progesterona o endométrio descama, então se precisa de níveis altos de progesterona para manter o corpo lúteo. Ovulação: Crescimento folicular: → Folículos primordiais: período embrionário; → Folículos primários: aumento das células da granulosa (receptores para E2 e FSH); controle interno; poucos evoluem; → Folículo secundário: receptores de LH; formação do liquido folicular (de 200 micras a 2 cm); formação dos receptores de prolactina e progesterona; poucos evoluem; → Folículo pré-ovulatório: rápido aumento do folículo; encaminha-se a superfície do ovário para depois se romper e liberar o ovócito. Postura Ovular ou ruptura folicular: → Aumento de LH e FSH (meio do ciclo); → Esse aumento provavelmente está relacionado com a liberação de algumas enzimas que vão provocar alterações nessas células granulosas que formam o folículo; → Provavelmente também serão produzidas prostaglandinas que vão mediar a contração ovariana para liberação e ruptura folicular; → 25% das mulheres tem dor. Chamada de dor do meio, se dá pela ovulação e liberação do folículo; → Aumento do estrogênio inibindo o FSH e LH. 6 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Atrésia folicular: • No inicio se tem cerca de 2 milhões de folículos primordiais, sendo que somente 400 chegam a postura ovular; • Os demais são reabsorvidos ou provocam os cistos foliculares. Corpo lúteo: • Inicia 24 horas antes da postura ovular, porém só se forma após a ovulação; • Depende do LH e PRL para sua função; • Sintetiza progesterona, estrogênios, androgênios e inibina; • 1ª fase de crescimento: com vascularização e gotas de lipídios (“corpo amarelo”) – se mantem 14 dias; • 2ª fase de involução: corpo albicante – se não houver concepção. Diminui a produção hormonal; • Progesterona inibe a produção de LH. OBS: o tempo da primeira fase do ciclo é mais variável, mas a segunda fase vai sempre durar 14 dias. Por isso nunca se sabe quando uma mulher vai ovular e sim quando ela ovulou, porque é sempre 14 dias antes dela menstruar. Útero no ciclo menstrual: • Decídua funcional: 2/3 do endométrio que prolifera e é eliminada na menstruação; • Decídua basal: Parte mais profunda que não ocorre mudanças cíclicas; • Modificações dependentes da concepção; • Fases mediadas pelo estrogênio e progesterona; • Menstruação: inicia após a involução do corpo lúteo e diminuição do estrogênio e progesterona. Isquemia endometrial e enzimas proteolíticas meadas pelas prostaglandinas. Dura de 3 a 7 dias e 30 a 80 ml. Fase proliferativa: • Crescimento mitótico (estimulado pelo estrogênio) da decídua funcional no preparo para a implantação embrionária; • Transformação das glandulas em retas para tortuosas e longas; • Estroma duro; • Pouca vascularização; • Somente estímulo estrogênico. Fase secretora: • Estimulo Progestogênico; • Vacúolos glandulares (16º dia) – Glicogênios e lipídeos; • Interrompem-se as mitoses; • Secreções glandulares presentes (20ºdia); • Edema do estroma (22ºdia) – 8-9mm; • Alongamento das artérias espiralando-se; • 26ºdia as glândulas são mais espessas e as artérias estão dilatadas; • Reabsorção do edema do estroma (27ºdia); • Menstruação. OBS: quando a mulher faz uso de contraceptivo hormonal isso não vai existir, pois vai se estar dando estrogênio e progesterona, logo o hipotálamo e a hipófise não vão produzir nada e dessa maneira não vai ocorrer ovulação. OBS: não existem contraceptivos somente com estrogênio, pois senão a paciente ficaria na fase proliferativa para sempre e isso aumenta muito o risco de neoplasias. OBS: uma mulher que tem ovário policístico não ovula, ou seja, só tem a fase inicial. Por isso que paciente com ovário policístico crônico sem uso de progesterona possui risco extremamente aumentado de câncer de endométrio. OBS: se não ovular não vai ter progesterona. 7 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Resumão: → GnRH do hipotálamo de forma pulsátil para a hipófise; → Progesterona e Inibina A diminuem e aumentam FSH; → FSH media a formação folicular com produção de estrogênios; → Estrogênios estimulam crescimento endometrial; → Estrogênios aumentados diminuem a produção de FSH; → Níveis aumentados de Estrogênios causam o pico de LH; → Pico de Lh deflagra a ovulação; → LH desencadeia a formação do Corpo Lúteo e produção de Progesterona; → Progesterona aumentada provoca fase secretora no útero; → Sem produção de LH e progesterona o corpo lúteo regride; → Se houver gravidez corpo lúteo continua a produzir progesterona; → Se não houver gravidez ocorre diminuição da progesterona e LH ocorrendo a menstruação. OBS: situações estressantes aumentam a probabilidade de uma mulher ovular, isso ocorre por uma atuação de hormônios como noradrenalina e dopamina sobre o próprio endométrio. 8 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Epidemiologia: • 1 em cada 8 mulheres; • Neoplasia com maior mortalidade nas mulheres; • Câncer de mama é o mais incidente em mulheres, perdendo somente para o câncer de pele; • Maioria diagnostico tardio (III e IV), leva a uma grande taxa de mortalidade; • Aumento dos diagnósticos se dá ao aumento no número de casos; • Prevenção irregular; • O aspecto socioeconômico está relacionado aos aspectos de risco. Fatores de risco: → Sexo feminino (incidência muito maior); → Câncer de mama prévio; → Hereditariedade (mutação de genes como BRCA1 E BRCA2 – principalmente o risco é nos pacientes de 1º grau); → Carcinoma lobular in situ (doença pré-invasiva que possui 6,9 a 12% de risco de virar maligna); → Carcinoma intraductal (doença pré invasiva); → Nuliparidade (3%); → Obesidade; → 1ª gestação após 35 anos; → Sedentarismo; → Menarca precoce – 1,3%; → Menopausa tardia – 1,5%; → Proliferação atípica (alterações histológicas que podem levar a uma neoplasia maligna, a mais comum é a hiperplasia ductal atípica) – 4,4%; → Proliferação típica – 1,9%; → Uso de TRH. OBS: câncer de mama na pós menopausa tem menos fatores relacionados com a hereditariedade do quena pré menopausa. OBS: os fatores de risco são importantes, pois localizando esses se mantem um rastreio que evitará a descoberta de canceres em estágios mais avançados. Hereditariedade: • Antes e depois da menopausa; • Número de parentes; • 1º grau na pré-menopausa: 3,1%; • 1ºgrau na pós-menopausa: 1,5%; • Bilateral na pré-menopausa: 8,5%; • Bilateral na pós-menopausa: 4,0%; • Mutação BRCA1: 60% de chance; • Mutação BRCA2: 85% de chance; • População geral: 8% de risco. OBS: a avaliação genética não é considerada exame de rastreamento, mas pode ser importante em mulheres jovens e é feito para fazer a avaliação da mutação dos genes BRCA1 e BRCA2. Manejo da paciente de risco: → Discutir exaustivamente com a paciente; → Testagem genética; → Repetição de exames diagnósticos; → Tamoxifeno: pode ser usado como quimio prevenção em pacientes, atua nos receptores de estrogênio e progesterona, diminuindo a ação dos mesmos, o que gera alguns efeitos colaterais. Também é utilizado em pacientes com câncer de mama sensível à receptores de estrogênio e progesterona; → Ooforectomia bilateral: retirada dos ovários também ligada a produção hormonal; → Mastectomia profilática: é a opção mais traumática, mas como atualmente se tem muitos recursos para reconstrução das mamas é um recurso muito utilizado, são poupadas a 9 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 papila e a pele. Diminui drasticamente as chances, mas não exime as mesmas. Nódulo mamário: Toda vez que se tem um nódulo de mama, o mesmo necessita de avaliação, independente de tamanho e outras características. É importante diferenciar nódulo mamário de adensamento que é bidimensional. Mamas muito jovens tendem a ser mais densas em alguns locais, principalmente nos quadrantes externos, mais precisamente no quadrante superior externo, onde se tem maior quantidade de tecido mamário, principalmente em direção à axila. Quando se palpa o adensamento ele geralmente tem aquele padrão mais bidimensional, se sente que é mais espessado, mas não se consegue segurar, dar um padrão de profundidade no adensamento, só se sente que é mais duro e denso. O período ideal de palpar uma mama é após a menstruação, pois palpar uma mama pré-menstrual tende a encobrir mais porque a mama fica mais densa. O principal problema do adensamento é cobrir e impossibilitar a palpação de algum nódulo abaixo dele. Adensamentos inexistentes anteriormente e que se fazem presentes na pós menopausa merecem investigação. Anamnese e exame físico: → Data da percepção; → História familiar; → Velocidade de crescimento; → Mamografias previas; → Associação com outras neoplasias – principalmente câncer de ovário; → Consistência – nódulos duros tem potencial de malignidade; → Localização; → Limites – nódulos benignos tem limites bem definidos e arredondados, já os malignos não possuem limites definidos e possuem bordas espiculadas; → Mobilidade – nódulos malignos tendem a ser aderidos a planos profundos, muitas vezes chegando até a provocar retrações; → Status axilar. Diagnóstico diferencial de nódulo mamário: → Falsos nódulos: junção condroesteral, tecido adiposo ou glandular, período peri menstrual e prolongamento axilar deve ser analisado; → Cistos mamários; → Tumores benignos; → Câncer de mama. Investigação de nódulo mamário: • Todo nódulo deve ser investigado; • PAAF (punção aspirativa por agulha fina): é um exame citológico (retira algumas células de determinado tecido e as analisa). O valor preditivo do PAAF é próximo a 100%, logo quando ele é positivo, se tem quase 100% de chance de ser realmente uma neoplasia. No entanto, o maior problema do PAAF é que o valor preditivo negativo é muito pequeno, logo um resultado negativo não deixa a paciente tranquila. Ele é mais utilizado para a diferenciação de nódulos para cistos. • PAAF descarta cisto mamário. Caso seja solido se continua a investigação com eco mamaria, mamografia e biopsia. OBS: exame histopatológico retira um fragmento de determinado local e é possível obtenção de diagnóstico. OBS: também é valido realizar PAAF na ausência de exames de imagem como mamografia e ecografia. OBS: o PAAF é basicamente utilizado para tratamento e identificação de cistos mamários. • Mamografia e ou ecografia mamaria: na disponibilidade imediata fazer antes. Mamas muito densas em mulheres abaixo de 35 anos se preconiza o uso de ecografia mamaria por essa apresentar uma melhor visualização. • Achados de benignidade: exérese ambulatorial. • Achados de malignidade: tratamento cirúrgico. OBS: tanto achados de benignidade quanto achados de malignidade precisam de maiores investigações e não somente o PAAF. 10 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Screening câncer de mama: American Câncer Society (ACS), American College of Radiology (ACR), National Comprehensive Câncer Network (NCCN), Nacional Câncer Institute (NCI), Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e Colégio Brasileiro de Radiologia (CRB): → Mamografia deve ser realizada anualmente a partir dos 40 anos. INCA/Ministério da Saúde: → A partir dos 50 anos: mamografia a cada dois anos e exame clinico das mamas anual. → A partir dos 40 anos: exame clinico anual. Pacientes de risco: → Mamografia anual a partir dos 35 anos. → 10 anos antes de câncer de mama familiar de primeiro grau. OBS: uma paciente obesa, sem outros fatores não é considerada paciente de risco. OBS: todos estão certos e baseados em estudos e evidencias. O do INCA é o que mais possui impacto, visto que abrange todo o SUS. Mamografia: → Sensibilidade: 68 a 88%; → Especificidade: 82 a 98%; → Sistema BIRADS: ▪ 0 - Não é determinante de conduta e precisa de exames complementares; ▪ 1 e 2 - nada a ser feito; ▪ 3 – 2 a 3% de malignidade: repetir em 6 meses ou ecografia; ▪ 4 e 5 – de 25 a 85% de chances de malignidade: investigação histopatológica. Ultrassonografia: → Possui um papel complementar; → Usada para diferenciar sólidos de císticos; → Muito utilizada para demarcar punções (biopsia core (agulha grossa que faz a retirada de fragmentos) com auxílio da ultrassonografia); → Mulheres jovens; → Mamas densas; → Demarcação de punções guiadas por eco; → BIRADS. Ressonância: → Sensibilidade: 96%; → Especificidade: 72% (limita a utilização), isso gera um super diagnostico (acha que é e não é); → Pacientes jovens com mamas densas com alto risco; → Pacientes com mutação de BRCA; → Avaliação de próteses mamarias; → Avaliação de tumores multicêntricos; → Carcinomas ocultos (possui alterações clinicas, mas não se palpa e nem se detecta tumor) não visíveis à mamografia; → Mamografia inconclusiva. Tomossíntese: → “Mamografia que realiza muito cortes”; → Custo elevado; → Avaliação tridimensional da mama (previne sobreposição e dobras de tecido); → Elimina a sobreposição de tecido; → Diminui reconvocações e biópsias; → Não usada para rastreamento; → Associada com mamografia. 11 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Punções de lesões não palpáveis: → Punção de fragmento (core): agulha grossa que é guiada por ultrassonografia para identificar o nódulo. → Punção de fragmento aspirado a vácuo (mamotomia): é uma agulha mais grossa que a core, adaptada ao mamógrafo, esse calcula onde estão as microcalcificações, a agulha entra lá dentro, punciona e aspira uma área maior, retirando uma área de tecido e com isso se tem o diagnóstico histopatológico. É um método que apresenta boa efetividade nas biópsias de microcalcificações suspeitas (BIRADS IV e V).12 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Introdução: • Nódulo mamário; • Mastalgia; • Derrame papilar; • Mamografia anormal; • Abcesso e mastite, mais comuns no puerpério; • Alterações de número e volume. Fibroadenoma: É o tumor benigno de mama mais comum nas mulheres e acomete principalmente mulheres jovens, adolescentes até 35 anos, sendo seu pico entre 20 e 30 anos. Geralmente mede cerca de 3 a 4cm, em 20% dos casos aparece de forma múltipla e 60% de forma bilateral. Possui aspectos de benignidade ao exame físico (nódulo delimitado, móvel, com bordas definidas, sem invasão linfática, evolução lenta). O diagnóstico é feito de maneira clinica com auxilio de imagem e citologia. Eles não predispõem câncer de mama. É considerado conservador quando até 2cm ou menos de 35 anos. OBS: não faz sentido fazer PAAF em suspeitas de fibroadenoma. OBS: existe um subtipo chamado de fibroadenoma complexo que possui um risco de 3,1% de evoluir para câncer de mama. A decisão da retirada depende de alguns fatores: a partir dos 35 anos se tem tendência em retirar, pois é uma retirada simples, com anestesia local. Na maioria dos casos, em pacientes jovens, se faz somente o acompanhamento desse nódulo. OBS: quando ele é pequeno existe uma possibilidade desse fibroadenoma involuir. Derrame papilar: Deve-se primeiramente excluir a galactorréia: caso seja, deve-se avaliar distúrbios endócrinos, uso de fármacos que desencadeiam o aumento da prolactina e consequente produção e excreção de leite. → Descargas papilares espontâneas e persistentes são as que apresentam valor semiológico; → É importante avaliar o tipo de descarga papilar, a cor, conteúdo desse derrame. A descarga papilar sanguinolenta está muito associada com papiloma intraductal (nódulo benigno no ducto terminal), merece investigação. → Pode ou não estar associada com nódulo e se esse for presente deve ser investigado. → A descarga papilar mais frequente é a descarga amarelo palha (a que menos possui relação com neoplasia) (ectasia ductal – dilatação dos ductos terminais), amarelo esverdeado, secreções serosas/hialina/água de rocha (aspecto de liquido embaçado) (é a que mais preocupa, em relação a neoplasia). → Realizar mamografia e ecografia mamaria para investigação. OBS: as intervenções incisionais são mais frequentes e recomendadas em situações onde se tem nódulos. Sem presença de nódulo geralmente se deixa ele involuir e melhorar sozinho. Papiloma intraductal: Vai aparecer no exame de imagem na maioria das vezes como um pequeno nódulo dentro do ducto. O derrame papilar sanguinolento ou seroso pode estar relacionado com papiloma intraductal, geralmente em ducto único. A maioria deles não são palpáveis pelo seu tamanho muito pequeno. O tratamento é a exérese dos ductos. O papiloma tem uma abordagem diferente do fibroadenoma em necessitar mais de exérese por causa 13 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 do risco de câncer de mama que aumenta em 1,3 a 2 vezes. Alteração funcional benigna da mama – AFBM: → Sinônimos: displasia mamaria, doença fibrocistica, cistos mamários, mastalgia, entre outros. → O conceito traz de maneira intrínseca que não se necessita de tratamento cirúrgico, pois é uma alteração funcional. → O termo alterações funcionais benignas da mama define condição clinica caracterizada por dor e/ou modularidade mamária que aparece no começo da menacne, inicia-se ou intensifica-se no período pré-menstrual e tende a desaparecer com a menopausa. → Alterações hormonais sutis e discutíveis: FSH, LH, estradiol, prolactina e ciclos anovulatórios. OBS: é discutível o porque algumas mulheres apresentam esse desenvolvimento e algumas não, alguns estudos referem à alterações hormonais como as causadoras, mas não se sabe e por isso não se tem um tratamento especifico, se trata os sintomas trazidos por elas. Sintomatologia: • Mastalgia: desconforto; • Adensamento: traz dificuldades diagnosticas; • Cistos mamários: macro ou micro cistos de crescimento rápido trazendo dor e preocupação. Mastalgia cíclica: → Ocorre 2 a 3 dias antes da menstruação e está relacionada com o ciclo menstrual; → Exacerbado em 40%; → Associado com outros sintomas como: cefaleia, irritabilidade, distensão abdominal, etc... → Etiologia desconhecida: hormonal na maioria das vezes; → Deve-se tranquilizar a paciente e excluir câncer de mama; → Medicamentos analgésicos comente se necessário, medicamentos específicos não são usados nem recomendados; → Vários estudos tentam achar medicamentos que atuem diretamente no problema e ajudem de forma efetiva, entre eles estão: vitaminoterapia, óleo de prímula, antiprolactina, antiestrogênico, anticoncepcional oral. Se usa esses em determinados casos avaliando a história individual da paciente, mas não existe um tratamento especifico. Mastalgia acíclica: → Não vinculada ao ciclo menstrual; → Ectasia ductal, necrose gordurosa e adenose esclerosante estão relacionadas; → Tratamento da doença de base e uso de analgésicos. Mastalgia não mamaria: → Dor torácica; → Dores musculares; → LER; → Angina; → Tratamento da dor de base pelo exame físico, anamnese e se necessário exames de imagem. Adensamentos: → Achados bidimensionais com endurecimento localizado; → Pode mascarar um câncer por dificultar a apalpação de nódulo; → Excluída malignidade não requer tratamento. Cistos mamários: Microcistos: • Não palpáveis – menores que 1cm, mas podem ser maiores e não palpáveis para aquela mama; • Achado comum em ultrassonografia; • Microcistos múltiplos não estão relacionados com câncer de mama, são involutivos; • Podem acarretar desconforto mamário; • Classificado como BIRADS II; • Não requer tratamento, acompanhamento clinico de rotina. Macrocistos: • São palpáveis; 14 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 • Ecografia mamaria confirma suspeita; • PAAF – diagnóstico e tratamento; • Múltiplos estão associados com 3 a 4X risco de câncer; • Tratamento cirúrgico em recidivas e conteúdo hemorrágico ou denso. Esse é enviado para exame anatomopatológico. Risco de câncer na patologia benigna: 15 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Introdução: → A grande maioria das queixas ginecológicas estão relacionadas a sintomas vulvares, principalmente em relação à leucorreia e o prurido; → Anamnese e exame físico dirigidos: analisar a presença de prurido, alterações epiteliais, câncer, líquen simples crônico, coloração, ulceração e distrofia; Patologias vulvares: → Vasculares: varizes, hemangioma e hematoma; → Doenças sistêmicas: lúpus, obesidade (acantose nigricans, hiperpigmentação e Intertrigo (infecções nas dobras)), diabetes (alterações epiteliais e prurido crônico – vulvite crônica devido a candidíase de repetição) e doença de Behçet (provoca ulceras disseminadas); → Infecções: virais, bacterianas, micóticas e parasitarias; → Distúrbios epiteliais não neoplásicos: líquen (pode evoluir para uma neoplasia), hiperplasia escamosa (pode evoluir para uma neoplasia) e outras dermatoses; → Cistos: Bartholim (abcesso da glândula vestibular maior, na fúrcula posterior), sebáceos, epidérmicos e Skene (mais intravaginais); → Tumores sólidos: fibromas, leiomiomas, lipomas, nevos; → Eczema de vulva: gera prurido, eritema, vesiculação. A dermatite de contato (ou eczema) é uma inflamação das camadas superiores da pele que produz bolhas, rubor, edema, secreção, formação de crostas, descamação e, geralmente, prurido. Geralmente os sintomas são inespecíficos, é causada por agentes físicos e químicosespecíficos como produtos em gel e creme para relações sexuais, lubrificação. O tratamento é feito com corticoide tópico como dexametasona e betametasona, além de retirar o produto causador. Infecções vulvares: → Furunculose: Staphilococos; → Hidradenite: processo infeccioso de glândulas sudoríparas e sebáceas, abcessos múltiplos, causada por Staplhilo ou Strepto. → Impetigo: múltiplas lesões pustulares na região da pele. Normalmente causado por Staplhilococs; → Candidíase: infecção fúngica, causa prurido, hiperemia, edema, microfissuras, etc., associado com vaginite. Tratamento tópico ou sistêmico. OBS: mesmo a vulva tendo doenças especificas dela, por conter grande parte de pele, tecido, pode ser acometida por diversas outras lesões. Cistos vulvares: Cisto de Bartholin: Geralmente acontece porque existe um processo metaplasico do epitélio ductal por vaginites de repetição e esse epitélio obstrui, se fecha, acumulando secreção na glândula. As bactérias entram e infeccionam essa glândula causando pus e doendo muito quando em casos de abcessos. • Localização é anterior ao abcesso; • Vulvovaginites crônicas; • Processos irritativos; • Sintomas quando infecção; • Tratamento: drenagem, marsupialização (abre o cisto em forma de cruz e vira as bordas trazendo a capsula pra fora junto com a região epitelial, deixando uma área de dreno que será fechada por segunda intenção. Diminui a taxa de reincidência). 16 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Pode evoluir para abcesso (complicação do cisto) de Bartholin, o tratamento é o mesmo, mas com associação de antibioticoterapia. Distúrbios epiteliais não neoplásicos – distrofias vulvares: Geralmente não possuem causa especifica. → Lesões atróficas; → Lesões hipertróficas; → Lesões brancas; → Estímulos; → Deve ser feito o diagnostico diferencial com neoplasias malignas, pois os sintomas podem ser muito parecidos; → 5% de diferenciação maligna; → Reexames periódicos são necessários a cada 6 meses, porque essas lesões podem evoluir de forma neoplásica. OBS: o câncer de vulva possui dois fatores etiológico principais: contaminação por HPV e doenças epiteliais não neoplásicas. As principais alterações epiteliais não neoplásicas são a hiperplasia escamosa e o líquen escleroso. Eles não possuem um tratamento especifico, é feito tratamento com corticoide tópico, mas curar, involuir esse processo não se consegue, diferente do NIV que essa é tratada, pois é retirada, as doenças epiteliais se mantem ali. Líquen escleroso: • > 65 anos, predominantemente em mulheres pós menopausa; • Dispareunia; • Prurido intenso e crônico; • Pode possuir ulceras e rasgos, pois machuca ao ter relações sexuais (muita dor nas relações); • Lesões brancas; • Aglutinação dos pequenos lábios, perde a diferenciação com os grandes lábios; • Estenose do introito vaginal; • 4-6% de potencial maligno; • Controle; • Diagnostico: biopsia (na dúvida de diagnostico diferencial com neoplasia), hiperceratose e atrofia epitelial; • Tratamento: corticoide tópico (clobetasol) (períodos de 3 semanas e para, caso retornem os sintomas faz de novo) (tira o prurido, mas não devolve as características dos lábios, introito, et.) e testosterona tópica a 1% por 3 semanas quando não responde ao corticoide. Hiperplasia escamosa: • Pós menopausa; • Vulvites crônicas; • Processos irritativos; • Prurido crônico; • Lesões brancas e espessas; • Atinge principalmente grandes lábios e clitóris (pode estar com espessamento da pele e muito prurido); • Biopsia; • Tratamento: corticoide por 6 semanas. Diferentemente do líquen não tem tanto aquele processo de esbranquiçamento, estenose e atrofia, mas provoca bastante desconforto também. 17 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Hiperplasia escamosa Líquen escleroso OBS: na dúvida sempre biopsiar, vulva se faz muito mais biópsia do que colo uterino, pois não se tem exame de rastreio, esse é clinico e com a presença de sintomas, logo tem que fazer biópsia na dúvida para evitar. Neoplasia intra vulvar – NIV: Recebe essa nomenclatura porque ainda está dentro do epitélio, não atravessou a membrana basal, é um processo displásico restrito à dentro do epitélio. São consideradas lesões precursoras e podem ser divididas em não escamosas e escamosas. Necessitam de controle e acompanhamento justamente pelo fato de poderem evoluir para lesões neoplásicas de vulva. O câncer de vulva é mais comum e predominante em mulheres na pós menopausa, devido a processos crônicos. Nas mulheres mais novas acometidas pelo câncer de vulva, na maioria dos casos é por infecção pelo HPV. Não escamosas (não envolve o epitélio escamoso): • Doença de Paget: é uma doença característica da pós menopausa, com sintomas como prurido, ulcera vulvar disseminada e outras sintomas crônicos. Envolve áreas com pelos e possui aspecto eczematoide (descamação). Seu diagnóstico é feito através de biópsia e o tratamento com exérese com margens. Poder de invasão e de mortalidade bem baixo, mas requer esse procedimento incisivo para prevenção da evolução; • Melanoma in situ. Escamosa (epitélio escamoso): • NIV I; • NIV II – III, geralmente devido ao HPV, são chamadas de NIV usuais e em formas mais diferenciadas por outros motivos (líquen escleroso e hiperplasia escamosa são exemplos). NIV escamosa: basicamente é a NIV I, principalmente causada pelo HPV, o condiloma acuminado que antes era chamado de NIV I, hoje se sabe que é a apresentação clinica do HPV na vulva. Logo NIV escamosa é a contaminação e manifestação clinica pelo HPV. O tratamento é a destruição da lesão seja por eletro cauterização ou outros. NIV II – III: NIV usual: relacionada ao HPV em 95% dos casos, apresentações verrucoides, não é simplesmente um condiloma, lesões de vulva multifocais e multicêntricas que podem estar associadas a condilomas (precisa ser biopsiado em somente em duvidas diagnosticas ou quando não melhora com tratamento). Lesões que nem as da NIV usual podem ter prurido, aspecto irregular, esbranquiçamento e tudo isso faz com que seja necessária a biópsia. Tende a ter uma evolução pior ou mais rápida em pacientes tabagistas ou imunossuprimidas. O tipo de HPV também está diretamente ligado com o tempo e progressão da lesão. NIV diferenciada: atrofia vaginal, perda dos grandes lábios, não possui tanto uma coloração esbranquiçada, mas se vê que é um epitélio alterado. As lesões podem ser únicas ou múltiplas e são necessárias biópsias e se NIV positivo deve ser feita a retirada. É chamada de NIV clássica, evolui em 2 a 10% dos casos, logo possui grande potencial a carcinoma invasivo, ocorre mais em pós menopausa e em 83% dos casos está associada a líquen escleroso e hiperplasia escamosa. 18 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Diagnostico de NIV: → Prurido; → Vermelhidão; → Edema; → Lesões focais; → Verrugas; → Alteração da coloração. Se faz vulvoscopia (lesões bem pequenas são vistas de maneira melhor) e biópsia (as vezes são necessárias múltiplas biópsias), essa vai dar o diagnóstico definitivo. Tratamento da NIV: → Excisão cirúrgica (precisa retirar as margens): lesões únicas como em NIV diferenciada. Realização de vulvectomia em lesões múltiplas; → Laser (acesso dificultado); → Alta frequência (muito usado); → Imiquimod (modulador celular): condilomas (NIV I), lesões multifocais e extensas (mesmo em lesões de alto grau). Tem mostrado bons resultados para NIV II e até NIV III, para que mulheres novas não precisem realizar vulvectomia. OBS: os tratamentos de excisão e vulvectomia são os melhores em relação a evitar recidivas. OBS: muitas mulheres são tratadas para cândida e outrasdoenças, pois não é feita a correta diferenciação dessas vaginites com doenças da vulva devido aos sintomas inespecíficos como prurido, logo, essa avaliação diferencial é necessária e importantíssima, a vulva deve ser olhada e inspecionada. E lembrar que se necessário deve ser feita a biópsia, porque essa é muito simples e rápida de ser realizada, mas extremamente eficaz para diagnosticar quadros precoces. 19 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Introdução: → São diferentes padrões de sangramento menstrual que variam de alteração no volume, e irregularidades tanto na duração como no ciclo menstrual; → Queixa frequente em consultas; → Interfere em hábitos diários, é uma pergunta muito importante, para entender o quanto esse sangramento interfere no cotidiano da vida daquela mulher. Recomendação de desuso de termos como: • Hipermenorreia: sangramento prolongado por mais de 8 dias; • Menorragia: aumento do volume em mais de 80 ml; • Polimenorreia: frequência inferior a 24 dias. Menstrua mais de uma vez no mês; • Hipomenorreia: fluxo menor que 3 dias ou volume menor que 30 ml; • Oligomenorreia: intervalos maiores que 35 dias; • Metrorragia: sangramento em períodos irregulares; • Sangramento intermenstrual: entre os ciclos por outras causas. Também é chamado de spooting; • Fase folicular ou proliferativa: primeira fase do ciclo. Formação dos folículos; • Fase lútea ou secretora: segunda fase do ciclo. presença de corpo lúteo. O desuso é recomendado porque deve ser frisado e utilizado as palavras que a paciente realmente relata ao falar do seu ciclo. EX: sangro muito. Conceitos atuais: Sangramento uterino anormal (SUA) crônico: sangramento oriundo do útero. Sem gestação, alterado na regularidade, frequência e volume. Persistente por mais de 6 meses. Sangramento uterino anormal (SUA) agudo: sangramento intenso, sem gravidez em quantidade significativa necessitando intervenção imediata. Pode ser em vigência de um quadro crônico. Oriundo do útero. OBS: Um sangramento agudo pode estar em uma mulher que tem sangramento crônico, podem se sobrepor. Padrões de sangramento: → Difícil contextualizar na pratica; → Volume sanguíneo em cada menstruação: 20 a 80 ml. Informação difícil de quantificar: • Presença de coágulos, o aumento no número de absorventes utilizados; • Presença de anemia indicam sangramento excessivo. → Ciclos regulares a cada 28 dias (pode ser de 24 a 35 dias) (+/- 7 dias). Classificação Sistema PALM-COEIN: → É a base de raciocínio e investigação utilizada quando a paciente relata sangramento uterino anormal. → Define a etiologia em causas estruturais e não estruturais do útero. → Lembrando sempre que SUA está descartado gestação, aborto, entre outros. 20 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Pólipos: proliferações endometriais. Adenomiose: implantação de estroma ou parênquima endometrial no interior do miométrio. Sangra por provocar uma inflamação. Leiomiomas: tumores fibromusculares uterino. Os leiomiomas submucosos (provocam alteração no endométrio) estão mais relacionados com SUA. Malignidade: hiperplasia e câncer de endométrio. As causas estruturais são mais fáceis de serem identificadas, pois possuem exames de imagem que fazem essa identificação. Já as causas não estruturais acabam sendo identificadas ou depois do descarte das causas estruturais ou por uma clínica mais especifica. Coagulação: 13% dos casos de SUA. Rastreado por anamnese e laboratoriais. Mais comum é a doença de Von Willebrand. De maneira geral é um sangramento de mulheres mais jovens que recém começaram a menstruar, por serem doenças da disfunção de fatores da coagulação associadas. Disfunções ovulatórias: anovulação (pode sangrar ou não sangrar) com consequente produção inadequada de progesterona. Anormalidade do eixo hipotálamo- hipófise-ovário. Imaturidade na puberdade (início da menstruarão que pode apresentar irregularidade). Endocrinopatias (tireoide, ovários policísticos, prolactina, entre outros). Endometrial: ciclos regulares, mas aumentados em volume. Alterações primarias do endométrio. Infecções como Clamídia com resposta inflamatória local (endometrites). Iatrogênica: uso de hormônios exógenos (spooting por hormônio) ou dispositivos, ocorre disruptura. Contraceptivos hormonais e DIU com ou sem hormônios. Não classificadas: causas não identificadas. Investigação: Começa pela anamnese: periodicidade, volume e padrão, história medica pregressa, outros sangramentos, uso de hormônios ou contraceptivos, idade. Essa investigação deve ser feita sempre relacionando com o sistema PALM-COEIN. Sangramento uterino anormal: etiologia X idade. Baseado na idade já se tem a ideia e um raciocínio pré- estabelecido do que pode ser. Exame físico: é importante lembrar que esse exame deve ser feito de forma tão minuciosa e dedicada quanto os outros, mesmo que a paciente esteja sangrando, porque afinal essa é a grande causa que a trouxe a consulta, logo deve deixar a mesma confortável com a situação. → Exame especular: tumores e lesões vaginais ou de colo; → Avaliação de sangramento de outros locais: anus, vagina, vulva, DST’s, entre outros; → Toque bimanual: tamanho e irregularidades uterinas; → Demais aspectos: petéquias, equimoses e outros sugestivos de distúrbios sistêmicos ou de coagulação. Exames laboratoriais: determinados pela anamnese e exame físico. 21 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 → Teste de gravidez: sempre levar em conta a idade, não vai pedir para uma mulher de 60 anos ou uma menina que já teve a menarca, mas não teve relações sexuais, a não ser que se duvide por algum motivo da história dessa paciente; → Hemograma: avaliar a questão anêmica, pois SUA provoca anemia; → TSH, prolactina: quando começa a suspeitar que essa paciente tenha algum distúrbio anovulatório; → Provas de coagulação: fator de Von Willebrand. Exames de imagem: devem ser pedidos e realizados quando: → Suspeita de anormalidades estruturais (PALM): mais prevalente em mulheres na faixa de 30 anos que não possuía tanto sangramento a um tempo atrás e teve aumento significativo de volume, ou a suspeita é de um pólipo, pois está sangrando de maneira intermenstrual, entre outros; → Ausência de resposta ao tratamento em pacientes com exame físico normal; → Ultrassonografia transvaginal: endométrio, corpo uterino, pólipos. Imagem normal descarta PALM (estruturais). A ultrassonografia pélvica é feita somente em mulheres que nunca tiveram relações sexuais, possuem hímen integro, ou possuem alguma disfunção vaginal que não permita a entrada para a realização de uma transvaginal; → Histeroscopia: permite avaliação da cavidade uterina. Permite biópsia do endométrio (essa é feita em endométrios com espessura maior do que 5 mm) (coEin). Tratamento: O tratamento muitas vezes é estabelecido junto com a investigação e muitas vezes antes da realização de exames de imagem, porque talvez essa paciente leve messes para conseguir realizar esses, e a mesma não pode passar esse tempo sem fazer nada para a diminuição desse sangramento anormal. → Primeiro manejar a fase aguda (tirar a paciente daquele sangramento intenso e evitar consequentes problemas de saúde – na fase crônica se faz uma manutenção): evitar distúrbios hemorrágicos; → Evitar a anemia; → Evitar o desconforto: regular o ciclo; → Fármacos não hormonais; → Fármacos hormonais; → Cirurgia: realizadas em últimos casos. 22 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Paciente instável pelo sangramento agudo: → Geralmente são casos raros, é muito difícil de acontecer; A principal causa de sangramentoagudo que deixa uma paciente instável de maneira geral é o câncer, pacientes com neoplasia maligna, desestabilizam a paciente a ponto de deixar ela com desequilíbrio hemodinâmico e sinais de choque; Tratamento precisa ser rápido e efetivo, na tentativa de controlar a instabilidade e parar o sangramento, além de medidas para o choque. Uma medida é realizar o tamponamento uterino com Sonda de Foley (sonda vesical) intrauterina e injetar soro dentro para insuflar essa sonda e consequentemente empurrar e comprimir o endométrio para que assim ele pare de sangrar. Na maioria das vezes, esse procedimento é feito em associação com medicações (visam fazer com que o endométrio saia do estagio que está, pare de descamar e volte a crescer - progesterona). → Controlar SUA agudo até medicações determinarem efeito. Outras possibilidades são: → Curetagem uterina (raspagem total do endométrio, na tentativa de estabilizar a paciente e resolver a situação imediata): a recorrência do sangramento é alta, pois é uma medida momentânea, mas pode ser uma alternativa na situação aguda na tentativa de resolver; → Cirurgia: ausência de resposta aos tratamentos anteriores. Última opção principalmente quem deseja fertilidade. Junto com essas medidas ou em casos de cirurgia antes dessa, são usadas altas doses de hormônios (usa-se bastante de ambos – estrogênio e progesterona) (deve-se levar sempre em consideração pacientes com risco de tromboembolismo venoso que possuem contraindicação para o uso de estrogênio). Exemplo de esquema de aplicação: • Anticoncepcional oral combinado com estradiol 30 a 35 mcg: 1 comprimido 3 vezes ao dia por 7 dias. • Medroxiprogesterona oral (a que maior tem ação endometrial) (10 mg): 2 comprimidos, 3 vezes ao dia por 7 dias. O raciocínio para o desenvolvimento os esquemas sempre deve ser: usar hormônio (progesterona e estrogênio ou só progesterona) para fazer com que esse endométrio volte ao normal e um remédio não hormonal para não interferir na coagulação (normalmente ácido Tranexêmico (corrige disfunção da coagulação de maneira sistêmica) ou AINEs (ácido Mefenâmico é o mais comum)). Paciente estável: Tratamento hormonal é a escolha: • Anticoncepcional oral combinado com estradiol 30 a 35 mcg: 1 comprimido 3 vezes ao dia, após controle manter 1 comprimido ao dia. Em ciclos anovulatórios: • Medroxiprogesterona oral (10 mg): 2 comprimidos, 3 vezes ao dia por 7 dias. Medicamentos não hormonais: → Anti-inflamatórios não esteroides: diminuem os níveis de prostaglandinas (diminuindo a resposta inflamatória à nível endometrial) determinando vasoconstrição e diminuição do sangramento. • Ácido Mefenâmico: 500 mg 3 vezes ao dia; • Naproxeno: 500 mg 2 vezes ao dia; • Ibuprofeno: 600 mg ao dia. → Antifibrinoliticos: inibem o plasminogênio e diminuem a fibrinólise (disfunção do coagulo) aumentando a coagulação local. • Ácido Tranexêmico: 500 mg 3 vezes ao dia. Tratamento de manutenção – SUA crônico: Tratar a patologia de base (PALM): → Manter a fertilidade se possível, realizar tratamento definitivo (histerectomia) quando não desejada fertilidade. → Miomectomia: retirada dos miomas, mantem fertilidade, para miomas submucosos, via histeroscópica; → Polipectomia; → Via histeroscópica. 23 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Sem etiologia elucidada e excluída malignidade ou cirurgia não possível ou não desejada: → Anticoncepcionais hormonais; → Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (DIU-hormonal); → Progesterona. OBS: sangramento uterino anormal tem que melhorar com medicamento anticoncepcional, se não melhorar com contraceptivo hormonal é porque tem uma causa de base. Biópsia de endométrio: Exclui alterações endometriais: principalmente em sangramento pós menopausa com endométrio na US maior ou igual a 5 mm de espessura. → Hiperplasia de endométrio; → Câncer de endométrio. Outras indicações: → Principalmente acima dos 45 anos; → Ausência de alterações em imagens; → SUA persistente. Existe uma tendência em pensar que câncer de endométrio é uma doença pós menopausa, mas isso não é bem assim, quando a gente tem sangramento persistente, não tem alterações em imagem, descartou anovulações e outras coisas, tem que pensar em alterações do endométrio e realizar biópsia do mesmo, mesmo em pacientes mais jovens. 24 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 OBS: nem sempre as patologias são tratadas, muitas vezes o que são tratados são os sintomas que elas desencadeiam. EX: a adenomiose para ser realmente tratada deve ser feita a cirurgia, mas em casos em que a cirurgia não é a melhor opção dentro do que aquela paciente almeja e espera, são tratados os sintomas focais, com o objetivo de melhor a qualidade de vida daquela paciente e a mesma não precisar se submeter a um procedimento cirúrgico ainda. Leiomiomas: → Neoplasia da musculatura lisa do útero; → 25% das mulheres em idade reprodutiva são acometidas; → Mais comum na raça negra; → Principal causa de histerectomias; → Transformação maligna: 0,1-0,5% dos casos, ou seja, casos raros – leiomiosarcoma é a variante maligna e ela tem como característica principal a rapidez. O leiomioma pode atingir grandes proporções (como as da foto) ou pode se apresentar como pequenas lesões. São essas pequenas alterações que acabam impactando mais na epidemiologia da doença e fazendo com que essa seja mais incidente e prevalente. É uma doença fundamentalmente de mulheres na idade reprodutiva por conta da relação hormonal que essa patologia tem, ela não acontece por esses hormônios, mas possui receptores de estrogênio e progesterona que acabam fazendo com que ele aumente, possa se desenvolver e crescer. Por isso que se diz que mulheres antes da menarca e mulheres na menopausa não tem miomas (essas ultimas não é que não tenham, mas geralmente são assintomáticas e ele diminui de tamanho). → Etiologia não confirmada; Relações conhecidas: → Evidencia de crescimento monoclonal: uma célula sem aspecto infiltrativo e invasivo começa a crescer e ir aumentando de tamanho; → Estrogênios: leiomiomas tem receptores para E2. Relacionado com o crescimento; → Progesterona: aumento das mitoses. OBS: é errôneo pensar que ao fazer uma reposição hormonal em uma paciente que está na menopausa o leiomioma irá continuar crescendo, porque os receptores de estrogênio e progesterona que estão nesse leiomioma, são receptores de estrogênio e progesterona endógenos e não sintéticos como os que estão sendo ingeridos, o mesmo ocorre com os contraceptivos hormonais. A principal hipótese em relação ao sangramento aumentado que ocorre devido ao mioma é que ocorre a provocação de um processo de isquemia no endométrio. → Normalmente múltiplos; → Lobulados ou esféricos. Localização: Submucosos: relacionado com o sangramento, são os que mais sangram. Maior parte deles entram nesse grupo. Intramurais: grande crescimento devido ao grande aporte vascular da musculatura uterina. Subserosos: compressão de estruturas e geralmente pediculados (com pedículos que liam ao útero). Esses crescem mais na porção externa do útero, provocando um crescimento exagerado dessa parte externa uterina e por isso relacionados à compressão de estruturas. 25 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 OBS: os leimiomas podem apresentar duas características de localização, como por exemplo, serem parte subserosos e parte intramurais. Os leiomiomas são classificados por sua localização para a partir disso estabelecer o melhor tratamento e manejo. Degeneração – Evoluções possíveis: Atrofia: → Apósmenopausa; → Calcificação. A tendência desse leiomioma é involuir a partir do momento em que não se tem mais um aporte de estrogênio e progesterona, visto que é uma patologia hormônio dependente. Degeneração maligna: → Rara; → Menor que 1%; → Crescimento rápido. Importante entender todo esse processo porque muitas mulheres ficam com receio em não realizar a cirurgia e esse leiomioma se tornar maligno, mas isso é uma possibilidade rara. Aspectos clínicos: Sangramento uterino anormal: • Mais de 30% das pacientes; • Mais nos submucosos; • Metrorragia; • Hipermenorréia; • Anemia. Dor: • Não é um sintoma muito associado com miomas; • Ocorre, principalmente, se ocorrer degeneração. Sensação de peso abdominal: • Grandes miomas. Infertilidade: • Possível complicação. • Mais relacionado com miomas submucosos → Pode interferir na implantação. Abortos de repetição: • Possível complicação; • Mais relacionado com miomas submucosos → Pode interferir na implantação. Exame físico e de imagem: → Massa palpável abdominal; → Útero aumentado de volume; → Contorno do fundo distorcido no toque; → Ecografia é o padrão ouro; → Raio X; → Histerectomia: também é técnica terapêutica; → Ressonância magnética: superior, porem com alto custo, não é realizado de rotina e deve ser feito diagnostico diferencial entre massa ovariana e uterina. 26 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Complicações: Gestação: • Crescimento exagerado e degeneração; • Aborto; • TPP; • Complicações no TP (quando próximo ao colo). Anemia; Metrorragia com choque; • Raro. Obstrução de vias urinárias. Tratamento: Controle clinico: Controle do crescimento: US repetida em 6 meses e 1 ano, se descartados maiores problemas → Exames clínicos anuais. Controle do sangramento: → ACO (preferencialmente de uso contínuo → Para que não haja menstruação): Vantagem do ACO combinado com os demais métodos é que o ACO com estrogênio possui maior ação sobre o endométrio, provocando maior amenorreia. → Sistema Intrauterino Liberador de Levonorgestrel: Contraindicação relativa, pois os miomas na cavidade uterina podem ocasionar erros na colocação do DIU. → Medroxiprogesterona 150 mg → Injetável trimestral. Análogos do GnRH: → Goserelina: diminui 50% do volume; → Bloqueia a produção de gonadotrofinas: Sem FSH e LH, e consequentemente sem estrogênio e progesterona. Sem estrogênio e progesterona → Grande diminuição do tamanho e dos sintomas; → Amenorreia (praticamente 100% dos casos); → Efeitos colaterais: Por isso, não pode ser usado continuamente, apenas por cerca de 6 meses. → Retorno do crescimento após o tratamento suspenso; → Pré-cirúrgico; → Pré-gestacional. Embolização: Embolização da artéria uterina (cateterismo). Cirúrgico: → Histerectomia: última opção; → Miomectomia: 2-3% de recorrência. Bastante utilizada para miomas subserosos (via laparoscópica ou laparotômica) e submucosos (via histeroscópica). → Vias de acesso: laparotomia, laparoscopia e vaginal. Novos tratamentos: ainda off-label, carecem de mais estudos para sua aprovação. → Miólise com radiofrequência; → Miólise com laser; → Miólise com micro-ondas; → Miólise com ultrassom. Adenomiose: Praticamente o mesmo conceito de endometriose. A diferença é que na adenomiose as glândulas (parênquima) e o estroma endometrial estão no miométrio, enquanto na endometriose eles estão em local ectópico. → Glândulas endometriais e estroma endometrial através do miométrio; → 8 - 40% dos casos de úteros examinados; → Etiologia desconhecida: • Hipótese pós-parto (endométrio penetraria entre as fibras do miométrio); • Células Müllerianas carreadas (estariam infiltradas no miométrio e cresceriam por estímulo hormonal). → 25 - 45 anos; → Causa de infertilidade e desconforto. 27 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Aspectos clínicos: → 30% assintomáticos; → Hipermenorréia (SUA): • Sangramento aumentado no período menstrual; • Sangramento crônico; • Anemia. → Dismenorréia: • Moderada a intensa; • Cólicas menstruais intensas. → Aumento simétrico do útero à palpação; → Ecografia: • Aumento difuso do útero sem aumentos localizados; • Imagens demonstram aspecto heterogêneo do miométrio. → RM: • Auxiliar → Não deve ser solicitado como exame de rotina. Tratamento: Tratar quando sintomático. Terapia hormonal: o Análogos do GnRH: ✓ É um tratamento paliativo, pois pode ser usado por, no máximo, 6 meses; ✓ Após parar com o medicamento, ocorre retorno da doença. o Sistema Intrauterino Liberador de Levonogestrel; o ACO: ✓ Contínuo; ✓ Podem exacerbar os sintomas. Histerectomia: o Última opção; o Único tratamento definitivo; o Prole completa; o Sintomáticas. Pólipos endometriais: → 30 - 60 anos; → Crescimento focal do endométrio; → Mais comum em pacientes obesas; → Relacionado ao uso de Tamoxifeno (CA de mama): embora tenha efeito antiestrogênico na mama, no endométrio ele estimula a ação do estrogênio. → Normalmente únicos; → Etiologia não conhecida: estrogênio sensíveis. Aspectos clínicos: Sangramento Uterino Anormal Crônico com período de agudização: → Normalmente não relacionado com sangramentos muito intensos; → Metrorragia; → Sangramento pré-menstrual; → Sangramento pós-menopausa → Atentar para a possibilidade de estar relacionado com CA de endométrio; → Escapes (“spotting”). Sem sinais no exame físico: → Sem aumento do útero. Potencial de malignidade → 0,2 - 1,7%. 28 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Diagnostico: → Ecografia e Ultrassonografia; → Histerosalpingografia; → Histeroscopia: é um diagnóstico definitivo e terapêutico. → Curetagem e anatomopatológico. Tratamento: o Tratar sempre → Quando sintomático; o Tratar quando suspeita de CA de endométrio → Pós-menopausa; o Discutível → < 40 anos e assintomáticas. ★ Polipectomia → Retirada do pólipo; • Curetagem; • Histeroscopia (tratamento de escolha). Hiperplasia de endométrio: Proliferação anormal do endométrio: sem aspecto focal. Resultado do aumento da ação do estrogênio: → Aumento da produção (Ex.: Obesidade); → Sem oposição da progesterona (Ex.: Anovulação); → Estrogenioterapia isolada sem progesterona (Não utilizada atualmente). Mais comum na faixa dos 40 - 60 anos, logo mais comum em peri e pós-menopausa. Precursora de CA de endométrio. Fatores de risco: → Obesidade; → Uso exógeno de estrogênio sem oposição de progesterona; → Anovulação crônica; → Tumores produtores de E2; → Uso de Tamoxifeno. Fatores de proteção: → Uso de ACO (possuem progesterona): diminui em 30%. → Tabagismo; → Atividade física → Diminui a aromatização periférica do estrogênio. Classificação: → Os sintomas são os mesmos, a diferenciação é feita com biópsia endometrial; → A mais comumente utilizada é a da OMS: o Hiperplasia Simples (Sem atipias); o Hiperplasia Complexa (Sem atipias); o Hiperplasia com Atipias → Relação com CA de endométrio. Histerectomia. Hiperplasia simples: • Assintomática; • 1% evolui para câncer; • 80% de regressão espontânea. 29 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Hiperplasia Complexa: • Sem atipias; • 3 - 5% evolui para câncer; • 85% involui. Hiperplasia com Atipias: • Pré-malignas; • Atipias simples; ○ 10% evoluem; • Atipias complexas; ○ 30 - 40% evoluem; • Podem involuir com progesterona. Aspectos clínicos: → Sangramento Irregular: mais comum na perimenopausa. → Sangramento pós-menopausa: sangramentos pós-menopausa sempre se deve pensar em alteração endometrial. → Sem alterações no exame físico; → Ecografia endovaginal: o Maior ou igual a 5 mm na pós- menopausa → Biópsia é necessária.;o Antes da menopausa não existe uma medida consensual. → Histeroscopia; → Biópsia de endométrio: o Curetagem; o Aspiração; o Histeroscopia. Tratamento: Sem atipias: → Progesterona (AMP): ✓ Normalmente uso por 6 semanas; ✓ Biópsias semestrais; ✓ Eco endovaginal. Com atipias: → Histerectomia: ✓ Único caso em que a histerectomia deve ser feita imediatamente, antes de tentar outros tratamentos. ✓ Prole definida; ✓ > 50 anos. → Progesterona: ✓ Pacientes que não podem ser submetidas naquele momento ou não desejam cirurgia; ✓ Biópsia em 3 meses; ✓ Se persistir por mais 6 meses → Histerectomia.
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