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Estudo de Caso 1616 respostas não lidas1616 respostas O cheque é um título de crédito na forma de ordem de pagamento à vista sacado pelo emitente em desfavor do sacado (Banco) em favor de um beneficiário. Com base na lei do cheque 7.347/1985 ele sempre é á vista. Contudo, na sua utilização no Brasil, o costume fez com que esse título venha sendo utilizado largamente na modalidade pós-datada (comumente chamado de pré-datado). Em que pese não constar da lei a possibilidade da pós-datação ou pré-datação do cheque, esta foi reconhecida ao longo dos anos inclusive pela Jurisprudência. Com base no julgado abaixo, analise e comente quanto à responsabilidade, inclusive por danos moral, daquele que deveria ter apresentado o cheque na data combinada, mas o fez antes. “APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. APRESENTAÇÃO DE CHEQUE PRE-DATADO ANTES DO ACORDADO. DEVOLUÇÃO DA CÁRTULA POR INSUFICIÊNCIA DE FUNDOS. ALEGADA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DANO MORAL SOFRIDO PELO AUTOR. INDENIZAÇÃO DEVIDA. SÚMULA 370 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. RECURSO NÃO PROVIDO. Trata-se de recurso de apelação cível interposto contra sentença do Juiz de Direito da Vara Cível Crime e Anexos da comarca de Pomerode que julgou procedentes os pedidos formulados na ação de indenização por danos morais interposta pelo autor contra o apelante, condenando-o ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Afirma o apelante que "nada consta nos autos que comprove o abalo moral do recorrido apenas verifica-se um mero dissabor da vida cotidiana, fato que não configura dano moral" (fl. 59); bem como "o valor da condenação, caso não acolhido o pedido de improcedência da demanda, o que se admite apenas pelo prazer da argumentação, deve ser reduzido significativamente" (fl. 60). Não obstante, "São fatos incontroversos a compra realizada pelo autor junto ao estabelecimento réu, o pagamento realizado através de cheque pós datado e o depósito prematuro do título por parte da loja ré, a qual diz que tal medida foi tomada por equívoco. Assim, o ponto controvertido da presente demanda é unicamente verificar se há necessidade ou não de se comprovar o dano moral sofrido, através de documentos que demonstrem a inscrição indevida do nome do autor no cadastro de inadimplentes denominado CCF (Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos). Razão assiste ao autor, eis que a matéria debatida nesta demanda se encontra pacificada e devidamente sumulada junto ao C. Superior Tribunal de Justiça, nas Súmulas nº 370 e 388, in verbis: Súmula 370. Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado. Súmula 388. A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral". Ademais " desnecessário que haja a efetiva inscrição do nome do autor em cadastros de inadimplentes, ou o encerramento de sua conta bancária, para a configuração do dano moral em casos como o presente. Basta que haja o depósito antecipado de cheque pós datado, o que demonstra o descumprimento dos preceitos de lealdade que devem nortear as relações de consumo". (Dra. Iraci Satomi Kuraoka Schiocchet, Juíza de Direito - fls. 48-49 e 51- 52). LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. OFENSA AO ARTIGO 17, INCISOS I E VII, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. APLICAÇÃO DE OFÍCIO. "Incorrendo a parte em qualquer das hipóteses dos incisos do art. 17, do Código de Processo Civil, configurada estará a litigância de má-fé, impondo-lhe sanção pecuniária de 1% mais 20% de perdas e danos sobre o valor da causa, condizente com a temeridade e a transgressão do dever de lealdade processual que informa o sistema processual vigente". (AC n. 1999.011841-0, Rel. Des. Carlos Prudêncio, DJE de 4-3-2004) "A tese de defesa esbarra em jurisprudência pacífica. Portanto, é o uso da defesa contra fato incontroverso, pacificado em todos os tribunais. O exercício da ampla defesa é direito constitucional e importante na consolidação democrática. Mas a defesa tão-só para fins protelatórios, é prática inaceitável, mormente na atualidade, quando tanto se fala na morosidade do Poder Judiciário." (Juiz de Direito Lédio Rosa de Andrade) (AC n. 2003.014698-9, Rel. Des. Carlos Prudêncio, DJ de 9-1-2007). (TJSC, Apelação Cível n. 2011.096079- 3, de Pomerode, rel. Des. Carlos Prudêncio, j. 18-05-2012).”
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