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0 EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1 ELOANE COIMBRA LIMA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Fonte: http://www.caldeiraodopaulao.com.br/wp-content/uploads/2015/07/recicle.jpg ÁGUA BRANCA-PI 2019 http://www.caldeiraodopaulao.com.br/wp-content/uploads/2015/07/recicle.jpg 2 Diretor Geral Eloan Coimbra Lima Diretora Acadêmica Eloane Coimbra Lima Secretária Acadêmica Ginoã das Graças Coimbra Lima Coordenação do Curso Cleidinalva Maria Barbosa Oliveira Coordenação do Nead Tiago Soares da Silva LIMA, Eloane Coimbra. Educação Ambiental. 1ª ed. Água Branca; Isepro – Cursos de Graduação. 56p. Bibliografia 1. Pedagogia 2. Educação 3. Título. Ficha Catalográfica Todos os direitos em relação ao design deste material são reservados à ISEPRO. Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material são reservados ao autor. Todos os direitos de Copyright deste material didático são à ISEPRO. 3 09 10 12 13 13 16 18 19 19 26 28 29 35 37 38 39 42 44 46 48 50 52 54 61 Apresentação do curso ..................................................................... 06 Apresentação da disciplina................................................. 07 17 05 06 UNIDADE 01 EDUCAÇÃO AMBIENTAL Introdução................................................................................................... 1 Educação Ambiental................................................................................... 1.2 Educação Ambiental Formal e não Formal............................................ ATIVIDADE............................................................................................... FORUM..................................................................................................... UNIDADE 02 POLITICA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 2 Politica na Educação Ambiental……………………………….................... 2.1 Diretivas Legais Para Uma Ativação Mais Incisiva Do Poder Publico…………………………………………………………………………. 2.2 A Educação Ambiental e o Ministerio da Educação e Cultura ……… ATIVIDADES.............................................................................................. FORUM..................................................................................................... 09 10 12 16 16 18 23 23 26 66 4 27 UNIDADE 03 GESTÃO 3. Gestão Ambiental 3.1 Gestão e Manejo Ambiental......................................................... 3.2 Gestão Racional dos Recursos................................................ 3.3 Gestão Ambiental no Espaço Escola............................................ ATIVIDADE.......................................................................................... FORUM................................................................................................ UNIDADE 04 MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL Introdução........................................................................................... 4.1 Modelos de Gestão Ambiental nas Organizações....................... 3.3 GESTÃO AMBIETAL NO ESPAÇO ESCOLAR......................... ATIVIDADE......................................................................................... FORUM.................................................................................................. REFERENCIAS.................................................................................... 41 28 31 33 40 40 42 43 08 54 54 55 5 A concretização de um curso superior em Pedagogia na modalidade à distância tem como meta o atendimento às necessidades de toda comunidade quanto ao acesso e atendimento ao um ensino superior de qualidade. Desse modo, propõe-se a importância para o curso de Pedagogia numa perspectiva histórico- cultural, tendo como eixo articulador a interdisciplinaridade e a busca da construção de um currículo integrador. As disciplinas pedagógicas que formulam o currículo foram moldadas para uma sociedade cujo princípio da qualidade torna-se prioridade a partir da relação teoria-prática de um trabalho docente de qualidade que procure satisfazer as necessidades de aprendizagem, enriquecendo as experiências do educando no processo educativo. É dentro desta ideia que o curso de Pedagogia do ISEPRO na modalidade à distância constitui-se de uma base comum formada pelos conhecimentos de ciências humanas aliadas a tecnologia, de uma parte diversificada com uma ampliação dos fundamentos na leitura do fazer pedagógico dentro da escola e da sociedade e uma parte complementar com o objetivo de trabalhar os problemas educativos da realidade educacional em vista a qualificação do professor com novas formas de intervenções como aplicações de ferramentas metodológicas. O ISEPRO tem como recurso didático-educacional o uso de materiais como apostilas/livros, plataformas virtuais, internet, vídeos e principalmente um excelente sistema de acompanhamento à distância através de tutores e monitores. É válido salutar que este curso otimiza sempre seus resultados pelas experiências existentes e atendem a ampla procura de profissionais da área educacional. Os profissionais da área da educação serão orientados a sempre desenvolver a capacidade de intervenção científica e técnica assegurando a reflexão critica permanente sobre sua prática e realidade educacional historicamente contextualizada. O que espera deste docente é sua capacidade de (re) construir seu projeto pessoal e profissional a partir da compreensão da realidade histórica e profissional diante das políticas que direcionam as práticas educativas na sociedade. 6 A disciplina de avaliação destina-se a estudantes da área da licenciatura sendo fundamental para o mecanismo que orienta e acompanha o processo educativo, tornando-se inevitável a reflexão sobre a ação que o educador deve ter frente o ato avaliativo. A avaliação se faz presente em todos os domínios da atividade humana. O “julgar”, o “comparar”, isto é, “o avaliar” faz parte de nosso cotidiano, seja por meio das reflexões informais que orientam as habituais opções do dia-a-dia ou, formalmente, através da reflexão formada e sistemática que define a tomada de decisões. Compreenderemos nessa disciplina a conceituação de avaliação nas perspectivas de alguns atores; a cultura avaliativa mediadora; modalidades de avaliação nas dimensões de análise do desempenho do aluno, do professor e de toda a situação de ensino que se realiza no contexto escolar e por fim, técnicas de instrumentos avaliativos. O material foi pensado para que você estudante tenha um entendimento aprimorado de avaliação. Sinta-se à vontade para adentrar no processo de avaliação da aprendizagem. BONS ESTUDOS! Eloane Coimbra Lima Licenciado em Pedagogia e Bacharelado em Psicologia Mestre em Psicologia Universidade de Fortaleza Especialista em Docência do Ensino Superior e Psicopedagogia Professora do Instituto Superior de Educação Programus 7 UNIDADE 01 EDUCAÇÃO AMBIENTAL FONTE: https://www.tah-heetch.com/wp-content/uploads/2018/2/spreading-the- way-to-happiness-message-for-world- enviro https://www.tah-heetch.com/wp-content/uploads/2018/2/spreading-the-way-to-happiness-message-for-world-environment-day.jpg https://www.tah-heetch.com/wp-content/uploads/2018/2/spreading-the-way-to-happiness-message-for-world-environment-day.jpg https://www.tah-heetch.com/wp-content/uploads/2018/2/spreading-the-way-to-happiness-message-for-world-environment-day.jpg https://www.tah-heetch.com/wp-content/uploads/2018/2/spreading-the-way-to-happiness-message-for-world-environment-day.jpg9 INTRODUÇÃO Ao falarmos de educação ambiental nos faz refletir concretamente sobre o meio ambiente. A mídia está constantemente relatando as questões ambientais de ordem diversas, principalmente quando se depara com os problemas bem próximos do convívio humano, que são os lixos depositados em qualquer lugar, agua potável atirada na rua sem alguma necessidades, poluição em várias partes naturais, esgoto, desmatamento, entre outros. Segundo o La Educacion Ambiental (Unesco, 1980, p.13.63) traduzido por Dias (2000) "A Educação Ambiental deve estar inserida em diversas disciplinas e experimentos educativos ao conhecimento e à compreensão do Meio Ambiente." De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96), é obrigatório o ensino de Educação Ambiental para todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. A Educação ambiental é um ramo da educação cujo objetivo é a disseminação do conhecimento sobre o meio ambiente, a fim de ajudar à sua preservação e utilização sustentável dos recursos. É uma metodologia de análise que surge a partir do crescente interesse do homem em assuntos como o ambiente, devido às grandes catástrofes naturais que tem assolado o mundo nas últimas décadas. No Brasil a Educação Ambiental assume uma perspectiva mais abrangente, não restringindo seu olhar à proteção e uso sustentável de seus recursos naturais, mas incorporando fortemente a proposta de construção de sociedades sustentáveis. A Educação Ambiental tornou-se lei em 27 de Abril de 1995 (BRASIL, 1995). A Lei N° 9.793 – Lei da Educação Ambiental – em seu Art. 1º afirma: “Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais” Art. 2º “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar 10 Educação Ambiental presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal” Fonte: https://pt.toluna.com//dpolls_images/2017/11/13/f5eeb16b-7a20-4acc-bbcb- 571f9f15b3fb.jpg 1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL O conceito de Educação Ambiental (EA) varia de interpretações, de acordo com cada contexto, conforme a influência e vivência de cada um. Para muitos, a Educação Ambiental restringe-se em trabalhar assuntos relacionados à natureza: lixo, preservação, paisagens naturais, animais etc. Dentro desse enfoque, a Educação Ambiental assume um caráter basicamente naturalista. Atualmente, a Educação Ambiental assume um caráter mais realista, embasado na busca de um equilíbrio entre o homem e o ambiente, com vistas à construção de um futuro pensado e vivido numa lógica de desenvolvimento e progresso (pensamento positivista). Nesse contexto, a Educação Ambiental é ferramenta de educação para o desenvolvimento sustentável (apesar de polêmico o conceito de desenvolvimento sustentável, tendo em vista ser o próprio “desenvolvimento” o causador de tantos danos socioambientais) https://pt.toluna.com/dpolls_images/2017/11/13/f5eeb16b-7a20-4acc-bbcb-571f9f15b3fb.jpg https://pt.toluna.com/dpolls_images/2017/11/13/f5eeb16b-7a20-4acc-bbcb-571f9f15b3fb.jpg 11 Educação Ambiental Educação Ambiental são todos os “processos permanentes de aprendizagem e formação individual e coletiva para reflexão e construção de valores, saberes, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências, visando à melhoria da qualidade de vida e uma relação sustentável da sociedade humana com o ambiente que a integra”. (Art. 3° Lei nº 12.380, de 30/11/2007 – Política Estadual de Educação Ambiental) . Segundo Carvalho (2006) a Educação Ambiental é concebida inicialmente como preocupação dos movimentos ecológicos com a prática de conscientização capaz de chamar a atenção para a finitude e má distribuição do acesso aos recursos naturais e envolver os cidadãos em ações sociais ambientalmente apropriadas. No plano internacional, a educação ambiental começa a ser objeto de discussão das políticas públicas, Em 1972, em Estocolmo na Suécia, aconteceu à primeira Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, que adotou, mediante a Declaração de Estocolmo, um conjunto de princípios para o manejo ecologicamente racional do meio ambiente, reuniram vários países inclusive o Brasil para discutirem o tema Meio Ambiente Humano, pois passaram a se preocupar com o crescimento desordenado de cidades, bem como, a poluição dos bens globais água, ar e oceanos e o bem estar dos povos de todo o mundo. Educação Ambiental não se resume à mera distribuição de folhetos ou a exposição de conteúdo, que por si só geralmente não educam. EDUCAÇÃO AMBIENTAL MUDANÇA DE ATITUDE E COMPORTAMENTO 12 Educação Ambiental Definindo educação ambiental Meirelles e Santos (2005, pg.34) dizem: A educação ambiental, e uma atividade meio que não pode ser percebida como mero desenvolvimento de “brincadeiras” com crianças e promoção de eventos em datas comemorativas ao meio ambiente. Na verdade, as chamadas brincadeiras e os eventos são parte de um processo de construção de conhecimento que tem o objetivo de levar a uma mudança de atitude. O trabalho lúdico e reflexivo e dinâmico e respeita o saber anterior das pessoas envolvidas. Segundo Meirelles e Santos (2005), o processo de aprendizagem, neste caso, e cíclico, e vai crescendo em complexidade e profundidade a cada caminhada pelos objetivos da figura. Não pode prever quanto tempo cada grupo ou pessoa demora em passar de um nível para o outro. O importante é entender que ação no sentido de mudança de comportamento em prol do meio ambiente, e o que realmente fará diferença no resultado de um projeto ou na solução de um problema ambiental, tem que passar do estagio de alerta para o da consciência e, posteriormente para o da pratica. Não e um processo rápido. O processo de aprendizagem pode ser linear, passando apenas de um objetivo a outro, caso o trabalho de educação ambiental seja somente formado por campanhas temporais sobre determinado assunto. Por isso, é importante ligar as ações de educação ambiental ao ensino formal, o que poderá dar um caráter mais permanente ao tema, tornando o processo cíclico e evolutivo. 1.2 Educação Ambiental Formal e Não Formal Entende-se que educação ambiental pode ser aplicada de diversas formas, mas com uma única finalidade, construir “valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente”. (DIAS, 2004, pg.202). 13 Educação Ambiental Dentre todo esse processo de educação das pessoas houve a necessidade de direcionar a aplicação da Educação Ambiental, utilizando políticas públicas educativas ligadas à sensibilização da coletividade sobre a questão ambiental, abrangendo o público em geral, que é considerada a Educação Ambiental Não Formal. Outro foco da Educação Ambiental, que busca a formação do sujeito de forma continuada, e que se insere dentro do todo e qualquer sistema escolar, que então chamamos de Educação Ambiental Formal. Segundo lei 9.795/99 entende-se por educação ambiental formal e não formal: Art. 9o Entende-se por educação ambiental na educação escolar as desenvolvidas no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando: I - educação básica: a) educação infantil; b) ensino fundamental e c) ensino médio; II - educação superior; III - educação especial; IV - educação profissional; V - educação de jovens e adultos. Entende-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativasvoltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. Segundo Dias (1992), o lixo e dos maiores problemas nas cidades brasileiras, os governantes tem investido “pesadamente” em sistemas de equacionamento do lixo. E quem mais sofre com os impactos causados pelo lixo e a comunidade. Como o lixo é citado entre os maiores problemas ambientais na 14 Educação Ambiental comunidade e consequentemente esta ligada a escola, e por ser um ambiente que produz grande quantidade lixo, e pela importância que a instituição escolar tem na formação de cidadãos mais responsáveis e conscientes. “o lixo foi citado pelos alunos como principal problema ambiental”. (ZEPPONE; ROSEMEIRE, 1999). Citando o lixo como um dos maiores problemas dentro das comunidades, percebe-se a falta de consciência entre alunos das escolas publicas e privadas. Verifica-se que na maior parte das escolas publicas e privadas não existem um ensino de “Educação Ambiental que suscita uma vinculação mais estreita entre os processos educativos e a realidade, estruturando suas atividades em torno dos problemas concretos que se impõe a comunidade”. (DIAS, 1992). Identifica-se que a falta de consciência ambiental dos alunos origina-se da estrutura educacional com métodos defasados, sem sintonia com a realidade, gerando cidadãos com hábitos e comportamentos prejudiciais ao meio ambiente, não porque pretendiam ser assim, e sim, por não terem recebido uma educação com métodos que se adeqüem a realidade. Estudos e práticas realizadas apresentam que, a educação ambiental só será eficaz, se levar os alunos a terem percepção do mundo que os cerca, “envolvendo-os de forma a despertar uma consciência crítica que busca soluções para o problema”. (KINDEL, 2006). Ao lado de seus princípios e objetivos, a grande importância da educação ambiental reside na atuação consciente dos cidadãos. Ela visa, portanto, o aumento de práticas sustentáveis bem como a redução de danos ambientais. Sendo assim, ela promove a mudança de comportamentos tidos como nocivos tanto para o ambiente, como para a sociedade. No ambiente escolar ela possui grande importância visto que desde cedo as crianças aprendem a lidar com o desenvolvimento sustentável. 15 Educação Ambiental Com o crescimento e aprofundamento desses temas na atualidade, diversos cursos de graduação e pós-graduação foram criados nessa área de conhecimento. Ampliando a maneira de perceber a Educação Ambiental, podemos dizer que se trata de uma prática de educação para a sustentabilidade. Para muitos especialistas, uma Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável é severamente criticada pela dicotomia existente entre “desenvolvimento e sustentabilidade”. Na tentativa de fazer uma análise sobre os conceitos dessa prática, colocamos à disposição diferentes definições para a Educação Ambiental, a fim de perceber este conceito de forma mais abrangente e contextual. Para perceber a abrangência e o significado da Educação Ambiental é preciso uma forma de pensar mais complexa. E para você, o que é Educação Ambiental? É importante fazer esta reflexão para que possamos consolidar uma prática educativa que desenvolva novos valores em relação à forma como vemos, sentimos e vivemos; onde a cidadania, a inclusão, o respeito, a alteridade, a convivência harmônica e a tolerância sejam uma constante na prática educacional. 16 Educação Ambiental A educação ambiental nos arremete aos cuidados com nosso planeta através do conhecimento sobre o que o prejudica e o que o faz bem. Analisando o exemplo de caso a seguir, redija um texto de no mínimo uma lauda sobre a importância do conhecimento na educação ambiental para a preservação do nosso planeta. Segundo DIAS, 2004, pg.202, entende-se que educação ambiental pode ser aplicada de diversas formas, mas com uma única finalidade, construir “valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente”. Comente sobre a mudança de atitude e comportamento que a educação ambiental deve promover. 17 Educação Ambiental UNIDADE 02 POLITICAS NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Fonte: https://i.ytimg.com/vi/EdvvvzZ8DDM/maxresdefault.jpg https://i.ytimg.com/vi/EdvvvzZ8DDM/maxresdefault.jpg 18 Educação Ambiental 2 POLÍTICAS NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795 de 27 de Abril de 1999) Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. 5 Art. 2o A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal. Constituição Federal (1988 pg. 103), Art. 225. “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. Em 1993, o Deputado Fábio Feldmann propôs, na Câmara dos Deputados, o projeto de lei 3792/93, que instituía a Política Nacional de Educação Ambiental. Este projeto de lei, durante a sua tramitação, foi submetido à análise por vários setores da população (MEC, IBAMA, MMA, organizações não-governamentais, universidades, dentre outros) que fizeram várias sugestões ao documento. Com o intuito de atender às sugestões apresentadas, o então presidente da Comissão de Meio Ambiente, Deputado José Sarney Filho, apresentou o substitutivo ao Projeto de Lei que, em 1999, foi aprovado pelo Congresso Nacional. 19 Educação Ambiental A definição de EA (artigo primeiro) foge dos antigos padrões meramente biológico-ecológicos e preservacionistas, inserindo o homem como agente das transformações e responsável pela qualidade e sustentabilidade da vida no Planeta. Dessa forma, a inclusão da EA como componente da educação nacional (artigo 2o) em todos os processos educativos garante um espaço privilegiado de ação, inserindose no âmbito da educação formal e dos processos educativos não-formais. Do mesmo modo, (artigo 3º) a definição das políticas públicas por parte do poder público, com a incorporação da dimensão ambiental, além de fortalecer a educação ambiental no espaço escolar, propicia o engajamento da sociedade nos processos de gestão ambiental. Os princípios da EA ali apontados incorporam o enfoque humanista, ampliam a concepção de meio ambiente, incorporam aspectos sócioambientais e culturais. Além disso, a Lei imprime às abordagens da EA o caráter participativo, democrático e amplo, abrindo espaço para a participação efetiva da comunidade na construção dos marcos referenciais e das sínteses inovadoras entre os novos conhecimentos e o saber comunitário tradicional. Garantir a democratização de informações, estimular a participação individual e coletiva na solução dos problemas ambientais, estimular a cooperação entre regiões, entre ciência e tecnologia e o fortalecimento da cidadania são também objetivos desta Lei, mostrando e valorizando a participação nos processo da EA e no desenvolvimento sustentável do País. No artigo 6º é instituída a Política Nacional de Educação Ambiental. Isso significa dizer quea EA não é mais pano de fundo das políticas públicas, mas é elemento determinante dessas políticas, estruturada em princípios e objetivos claramente definidos. Outro aspecto interessante que se nota neste instrumento legal é a preocupação com relação à sua aplicabilidade, uma vez que consta como linhas de atuação, assim expressas no artigo 8º, a preocupação com a capacitação, com a pesquisa e com a produção de material educativo. 20 Educação Ambiental O parágrafo 3º, que trata da formação e atualização de pessoal, remarca a busca das alternativas curriculares e metodológicas para a capacitação de recursos humanos, abrindo um novo campo de pesquisa e experimentação em EA. Além disso, apóia as iniciativas e experiências locais e regionais na produção do material didático e estimula a montagem de banco de dados da EA. De modo a operacionalizar a inserção da EA no ensino formal de maneira interdisciplinar, a Lei é bastante clara ao tirar o aspecto disciplinar deste tema, incentivando a abordagem integrada e contínua em todos os níveis e modalidades do ensino formal. Em 1992, no Rio de Janeiro, aconteceu a segunda “Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e desenvolvimento”, oficialmente denominada de “Conferencia de cúpula da terra” e informalmente de Eco-92 ou Rio-92. Foi realizada entre 03 e 14 de junho de 1992, 20 anos após a Conferência de Estocolmo, e teve grande importância para reforçar e ampliar essa nova abordagem ambiental que já vinha sendo discutida em documentos anteriores. Fez história ao chamar a atenção do mundo para uma questão nova na época: a compreensão de que os problemas ambientais estão intimamente ligados às condições econômicas e à justiça social. Reconheceu a necessidade de integração e equilíbrio entre as questões sociais e econômicas para a sobrevivência da vida humana no Planeta. Reuniu 103 chefes de estado e um total de 182 países e centenas de organizações da sociedade civil cuja ação teve relevante impacto ao demonstrar claramente os limites da exploração dos recursos naturais. A Conferência aprovou cinco acordos oficiais internacionais: a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; a Declaração de Florestas; a ConvençãoQuadro sobre Mudanças Climáticas; a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Agenda 21, um documento que propõe novos modelos políticos para o mundo em busca do desenvolvimento sustentável. A partir das discussões promovidas por ocasião da Rio-92, em 26 de fevereiro de 1997, foi instituída a Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 (CPDS). 21 Educação Ambiental Esta comissão é formada pelo Ministério do Meio Ambiente (presidente) e cinco membros do Governo Federal: Ministério de Ciência e Tecnologia, Ministério do Planejamento, Ministério das Relações Exteriores, Secretaria de Assuntos Estratégicos e cinco membros dos diversos setores da sociedade civil a saber: Fórum brasileiro das ONGs e Movimentos Sociais, Fundação Getúlio Vargas, Fundação Onda Azul, Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável e Universidade Federal de Minas Gerais. O artigo 225 da Constituição Federal estabelece o “meio ambiente ecologicamente equilibrado” como direito dos cidadãos deste país, definindo-o como “bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida” (CF,1988 art.225). Atribui ainda ao “Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. No entanto, o processo de uso e gestão dos recursos ambientais é, em sua essência, conturbado, dado os interesses em jogo e os conflitos que podem existir entre atores sociais que atuam sobre o mesmo meio ambiente, físico/ natural ou construído. Os que objetivam a posse e o controle do recurso natural brigam entre si e com os grupos que defendem o ambiente como patrimônio da humanidade. A tensão entre a necessidade de assegurar às populações o direito ao meio ambiente saudável e equilibrado, como bem público, e a definição de como, por quem e para que devam ser usados os recursos naturais na sociedade, tem sido uma constante ao longo da história de nosso modelo civilizatório. Com a rápida degradação e até mesmo extinção de muitos destes recursos naturais, cada vez mais a humanidade tende a deflagrar conflitos pelos que restaram. O escasseamento da água doce potável é, por exemplo, questão potencialmente geradora de grandes disputas entre as comunidades e as nações. Fica clara, portanto, a importância da educação no processo de gestão ambiental. Só o entendimento contextual mais amplo pode fazer com que os 22 Educação Ambiental atores envolvidos, os protagonistas e os que sempre ficaram com o ônus histórico da degradação ambiental, possam compartilhadamente pensar alternativas de solução harmônicas e apropriadas para o bem de todos. Ao se falar em Educação no processo de gestão ambiental, está se falando de uma concepção de educação ambiental que tem como foco a organização e a capacitação das partes interessadas para a interlocução qualificada e para a gestão conjunta do ambiente comum. De qualquer forma, toda e qualquer iniciativa quanto à Educação Ambiental demanda, naturalmente, boa compreensão da seguinte situação: para se educar é necessário transmitir um conhecimento/aprendizado sobre determinado assunto e, neste sentido é importante, antes de tudo, conhecer o assunto. E este assunto é o meio ambiente. Todavia, o que seria “meio ambiente”? Um bom entendimento sobre o conceito de meio ambiente, bem como sobre conceitos necessariamente correlatos, pode ser buscado na Lei n. 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente (BRASIL, 1981). Toda e qualquer iniciativa em Educação Ambiental passa pela definição dos papéis desempenhados por envolvidos e interessados. Neste sentido, um bom indicativo pode ser buscado na Constituição da República Federativa do Brasil (CF), de 1988 (BRASIL, 1988) e na Constituição do Estado de São Paulo (CESP), de 1989 (SÃO PAULO, 1989): Art. 191. CESP-89. O Estado e os Municípios providenciarão, com a participação da coletividade, a preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do meio ambiente natural, artificial e do trabalho, atendidas as peculiaridades regionais e locais e em harmonia com o desenvolvimento social e econômico. Art. 225. CF-88. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (Pedagog. Foco, Iturama (MG), v. 11, n. 5, p. 120-135, jan./jun. 2016) 23 Educação Ambiental 2.1 DIRETIVAS LEGAIS PARA UMA ATUAÇÃO MAIS INCISIVA DO PODER PÚBLICO A despeito da referência clara, direta e explícita, consoante proporcionada pela PNMA ao princípio da Educação Ambiental, acredita-se que toda ou qualquer iniciativa ambiental, de caráter educativo, não pode desconsiderar, se se estiver determinado realmente com a perseguição da qualidade ambiental e da dignidade da vida humana, da implantação de uma estrutura conjuntada com os demais princípios preconizados pela referida legislação ambiental federal, conforme disposto pela PNMA (BRASIL, 1981), quais sejam: Art. 2º, da Lei n. 6.938/81 I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento das atividades potencialou efetivamente poluidoras; VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII - recuperação de áreas degradadas; (Regulamento) IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; [...] 2.2 A Educação Ambiental e O Ministério da Educação e Cultura Em 1996, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), ao instituir a Lei 9.394, de 20/12/1996 (LDB - Lei de Diretrizes e Bases), assegurou que as diretrizes curriculares nacionais para a Educação Ambiental devem ser implementadas em consonância com os princípios gerais da Educação. No artigo 31 da LDB está assegurada, por exemplo, a formação básica do cidadão 24 Educação Ambiental mediante a compreensão do ambiental natural e social do sistema político, da tecnologia das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade (BRASIL, 1996). Assim, do documento do Ministério da Educação e Cultura (MEC) intitulado “Proposta de Diretrizes Nacionais – Educação Ambiental” é importante destacar que as diretrizes gerais são válidas para todos os níveis e modalidades de ensino/aprendizagem como, por exemplo, Educação Infantil, bem como os Ensinos Fundamental, Médio e mesmo o Superior (BRASIL, MEC, 2014). A Proposta de Diretrizes Nacionais - Educação Ambiental, do MEC, também pode possibilitar um tratamento da Educação para as áreas da Educação Profissional de Nível Médio (Profissionais; Gerais; Agrotécnica, Agropecuária e Produção Alimentícia; Indústria, Controle de Processos Industriais e Produção Industrial; Construção Civil e Infraestrutura; Informação, Comunicação, Artes, Design e Produção Cultural; Gestão, Comércio e Negócios; Turismo, Lazer, Desenvolvimento Social e Hospitalidade; Meio Ambiente, Recursos Naturais, Saúde e Segurança; Mineração; Informática; Química, e; Transporte). A proposição propriamente dita do que seja um programa de Educação Ambiental pode ser a partir daquilo que se entende como o principal elemento norteador, qual seja, a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA (BRASIL, MMA, 2014). Deste documento referencial é possível enfatizar, em termos dos aspectos principais da Educação Ambiental, os seguintes aspectos: Art. 4o : São princípios básicos da educação ambiental: I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; III - o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo; VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à 25 Educação Ambiental diversidade individual e cultural. Art. 5o : São objetivos fundamentais da educação ambiental: [...] IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; [...] Art. 8o : As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes linhas de atuação inter-relacionadas: I - capacitação de recursos humanos; II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações; III - produção e divulgação de material educativo; IV - acompanhamento e avaliação. Art. 9o : Entende-se por educação ambiental na educação escolar aquela desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando: I - educação básica: a) educação infantil; b) ensino fundamental e c) ensino médio; II - educação superior; III - educação especial; IV - educação profissional; V - educação de jovens e adultos. 26 Educação Ambiental Em paralelo à Política Nacional de Educação Ambiental, relatada no item anterior, a Educação Ambiental pode se valer de um importante programa instituído no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, coordenado pelo órgão gestor da PNAE, denominado “Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA)” (BRASIL, MMA, 2014) A Política Nacional de Resíduos Sólidos integra a Política Nacional do Meio Ambiente e articula-se com a Política Nacional de Educação Ambiental, regulada pela Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999, com a Política Federal de Saneamento Básico, regulada pela Lei nº 11.445, de 200, e com a Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005. Baseado do contexto citato, relate como a Politica de Educação Ambiental contribuiu também para a sociedade. Toda e qualquer iniciativa em Educação Ambiental passa pela definição dos papéis desempenhados por envolvidos e interessados. Neste sentido, de que forma a Educação Ambiental pode fomentar na relação espaço- sociedade? 27 Educação Ambiental UNIDADE 03 GESTÃO Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-cdcWsYjoNIk/TyA- RPd5V6I/AAAAAAAAARI/2qooVKd5vLU/w1200-h630-p-k-no- nu/licenciamento+ambiental.JPG http://2.bp.blogspot.com/-cdcWsYjoNIk/TyA-RPd5V6I/AAAAAAAAARI/2qooVKd5vLU/w1200-h630-p-k-no-nu/licenciamento+ambiental.JPG http://2.bp.blogspot.com/-cdcWsYjoNIk/TyA-RPd5V6I/AAAAAAAAARI/2qooVKd5vLU/w1200-h630-p-k-no-nu/licenciamento+ambiental.JPG http://2.bp.blogspot.com/-cdcWsYjoNIk/TyA-RPd5V6I/AAAAAAAAARI/2qooVKd5vLU/w1200-h630-p-k-no-nu/licenciamento+ambiental.JPG 28 Educação Ambiental 3.GESTÃO AMBIENTAL 3.1 GESTÃO E MANEJO AMBIENTAL Sabemos que os governos podem reduzir drasticamente o dano ambiental causado pelo desperdício e pelo crescimento desordenado. Para tanto será necessário criar incentivos para o melhor aproveitamento das matérias- primas e para a redução do consumo de energia. Tudo isto pode ser facilitado se houver uma política de incentivo a inovações nas indústrias, direcionadas para este fim. Perceba o importante papel que o poder público municipal, estadual ou federal pode assumir no desenvolvimento de políticas públicas de incentivo à reciclagem, de redução dos desperdícios, de subsídio a projetos ecologicamente corretos e de geração de emprego e renda etc. O poder público tem o poder de punir, corrigir e incentivar medidas que, além de serem ambientalmente justas, também fazem parte de seu interesse econômico. As atribuições variam conforme os níveis: federal, estadual e municipal. A seguir, serão descritas algumas atribuições e ações socioambientais que são realizadas por órgãos públicos. A estrutura de gestão ambiental pública no Brasil está organizada a partir do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA): Órgão superior: Conselho de Governo; Órgão consultivo e deliberativo: Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA); Órgão central: Ministério do Meio Ambiente (MMA); Órgão executor: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA); Órgãos setoriais; Órgãos seccionais; e Órgãos locais. 29 Educação Ambiental O Ministério do Meio Ambiente (MMA) é responsável pela elaboração das normas, que serão fiscalizadas, nacionalmente, pelo IBAMA, órgão queexecuta as leis ambientais e as resoluções do CONAMA. Este Conselho é composto por membros do poder público e membros da sociedade, não vinculados ao governo. Nos estados, essa estrutura se reproduz, tendo um conselho estadual e um órgão executor. O Ministério Público é responsável por instaurar e julgar processos relativos à degradação do meio ambiente. Os órgãos públicos possuem o poder de comando e controle, ou seja, podem estabelecer padrões e controlar se este padrão está sendo respeitado. Por exemplo, são os órgãos de controle ambiental que estabelecem o padrão de emissões atmosféricas, ou de quantos PPM (partes por milhão) de determinada substância podem ter nos efluentes líquidos lançados por uma empresa num rio. A proibição ou restrição sobre a produção, comercialização ou uso de determinado produto também é feita pelos órgãos de controle ambiental. Outro instrumento de comando e controle são as licenças ambientais que devem ser solicitadas para grandes obras, como construção de estradas, condomínios, túneis etc., ou implantação/ ampliação de uma planta industrial. O processo de licenciamento tem início com uma carta-consulta ambiental apresentada pelo interessado ao órgão de controle ambiental, com a finalidade de verificar a viabilidade de localização. Por exemplo, uma construtora pretende construir um Shopping Center numa região da cidade e consulta o órgão ambiental municipal sobre a viabilidade de executar esta obra no local indicado. O órgão público terá o prazo de 15 dias para se manifestar sobre a consulta. E, uma vez considerado viável, será então iniciado o processo de licenciamento ambiental, que inclui a emissão de três licenças: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO). Veja mais detalhes sobre cada uma: Licença Prévia – nesta fase o órgão licenciador irá elaborar o Termo de Referência para a realização do EIA/RIMA. EIA é o Estudo de Impacto Ambiental, que faz uma análise dos impactos ambientais de uma ação 30 Educação Ambiental proposta e das suas alternativas. O resumo deste estudo com as principais conclusões denomina-se Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Durante este processo será produzido o Relatório de Controle Ambiental, um documento que descreve o empreendimento, o processo de produção e caracteriza as emissões geradas nos diversos setores (ruídos, efluentes líquidos, emissões atmosféricas e resíduos sólidos). Posteriormente é vistoriado o local das obras e promovida uma audiência pública, onde todos os interessados poderão se manifestar pró ou contra o empreendimento. Os resultados da audiência pública irão subsidiar a tomada de decisão sobre a liberação ou não da LP; Licença de Instalação – autoriza o início da construção do empreendimento e a instalação dos equipamentos. A execução do projeto deve ser feita conforme o modelo apresentado. Se houver alterações na planta ou nos sistemas instalados, estas devem ser formalmente enviadas ao órgão licenciador para avaliação. A concessão da LI implica no compromisso do interessado em manter o projeto final compatível com as condições de seu deferimento; e Licença de Operação – autoriza o funcionamento do empreendimento. Deve ser requerida quando a empresa estiver edificada e após a verificação da eficácia das medidas de controle ambiental estabelecidas nas condicionantes das licenças anteriores. Nestas licenças estão determinados os métodos de controle e as condições de operação. A concessão da LO implica no compromisso do interessado em manter o funcionamento dos equipamentos de controle da poluição, de acordo com as condições de seu deferimento. O artigo 225 da Constituição Federal estabelece o “meio ambiente ecologicamente equilibrado” como direito dos cidadãos deste país, definindo-o como “bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida” (CF,1988 art.225). Atribui ainda ao “Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. 31 Educação Ambiental Fica clara, portanto, a importância da educação no processo de gestão ambiental. Só o entendimento contextual mais amplo pode fazer com que os atores envolvidos, os protagonistas e os que sempre ficaram com o ônus histórico da degradação ambiental, possam compartilhadamente pensar alternativas de solução harmônicas e apropriadas para o bem de todos. Ao se falar em Educação no processo de gestão ambiental, está se falando de uma concepção de educação ambiental que tem como foco a organização e a capacitação das partes interessadas para a interlocução qualificada e para a gestão conjunta do ambiente comum. 3.2 GESTÃO RACIONAL DOS RECURSOS Tem-se debatido muito nas últimas décadas sobre a possível “insustentabilidade” ambiental do atual modelo civilizatório de desenvolvimento. Isto se deve aos graves problemas ambientais causados pelo uso intensivo dos recursos naturais em várias regiões do mundo. Alguns ambientalistas acreditam que a solução para a questão ambiental, neste quadro, só se dará com mudanças radicais no paradigma da atual trajetória do modelo capitalista; já outros, somados a maioria dos cientistas, políticos, governantes, etc, tentam buscar em políticas e estratégias ortodoxas, formas de ajustar a capacidade ecossistêmica da natureza a este mesmo modelo. Nenhuma das duas propostas, até agora, encontraram bases teóricas conceituais convincentes. Porém, uma das constatações quase unânimes, tanto por um grupo como pelo outro, é que não há como retroceder a trajetória tecnológica a qual a sociedade moderna está inserida. O uso da tecnologia em praticamente todos os setores da vida humana é uma realidade constante nos últimos anos do século XX. Salienta-se, entretanto, que a busca do “modelo americanizado” de se viver, baseado no consumismo e na utilização desenfreada dos recursos ambientais, provavelmente, levará o planeta Terra ao seu esgotamento. 32 Educação Ambiental Já está matematicamente constatada a escassez de recursos naturais, ou em outras palavras, não há recursos energéticos suficientes para se manter as “máquinas” funcionando com a frenética intensidade das “indústrias americanas” em todos os lugares do mundo. Chega-se com isto a um dilema: as sociedades menos desenvolvidas estarão destinadas a permanecerem sem acesso aos benefícios da modernidade que já estão plenamente incorporadas no cotidiano da sociedade dos países ricos; ou surgirão novas fontes de recursos capazes de aliar esta trajetória à “sustentabilidade” do planeta? Como esta resposta não poderá ser dada com total fidedignidade, pelo menos num futuro próximo, parte-se aqui para uma nova proposta: buscar na sociedade de cada “lugar” estratégias que aliem às expectativas de desenvolvimento e a disposição de quanto cada comunidade se propõe “a pagar” no que se refere ao uso dos recursos naturais a sua volta. Mas para isto, antes de qualquer conclusão, é preciso ter em cada cidadão um aliado na tomada de decisões, tanto no que diz respeito a possíveis utilizações dos recursos que estão a sua volta como na busca de alternativas para os problemas ambientais que a sua localidade já está enfrentando. É preciso ainda, considerar que as estratégias de desenvolvimento regional deverão levar em conta, tanto a geração atual, como as futuras. Por isso é de total relevância nesta proposta, saber se a comunidade de cada “lugar” estará disposta a serrar suas árvores, poluir seus rios, afetar a saúde de suas crianças, etc., em prol de um desenvolvimento econômico/industrial/tecnológico, ou se prefere preservar seus recursos para aproveitá-los com outras alternativas menos predatórias, mesmo que com isso corra o risco de ficar fora da “teia” globalizante da produção capitalista desenfreada. Em outras palavras, resistir ao processohomogenizador de produtividade e utilização dos recursos naturais ou incorporar-se às estratégias definidas nas mesas diretoras das grandes corporações transnacionais. Para 33 Educação Ambiental instigar o debate sobre estas questões se fará uma breve análise da trajetória do desenvolvimento capitalista contemporâneo, que terá a função de mostrar algumas evidências da (ir)racionalidade ambiental do atual modelo. Nesta perspectiva trataremos os recursos naturais existentes em cada lugar como potencial. Potencial não só econômico, mas, especialmente, sociais, culturais e ambientais. 3.3 GESTÃO AMBIENTAL NO ESPAÇO ESCOLA A escola é o espaço social e o local onde o aluno dará sequência ao seu processo de socialização. O que nela se faz, se diz e se valoriza representa um exemplo daquilo que a sociedade deseja e aprova. Comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis. Considerando a importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, a escola deverá oferecer meios efetivos para que cada aluno compreenda os fenômenos naturais, as ações humanas e sua consequência para consigo, para sua própria espécie, para os outros seres vivos e o ambiente. É fundamental que cada aluno desenvolva as suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para a construção de uma sociedade socialmente justa, em um ambiente saudável. Com os conteúdos ambientais permeando todas as disciplinas do currículo e contextualizados com a realidade da comunidade, a escola ajudará o aluno a perceber a correlação dos fatos e a ter uma visão holística, ou seja, integral do mundo em que vive. Para isso, a Educação Ambiental deve ser abordada de forma sistemática e transversal, em todos os níveis de ensino, assegurando a presença da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas e das atividades escolares. 34 Educação Ambiental A fundamentação teórico/prática dos projetos ocorrerá por intermédio do estudo de temas geradores que englobam palestras, oficinas e saídas a campo. Esse processo oferece subsídios aos professores para atuarem de maneira a englobar toda a comunidade escolar na coleta de dados para resgatar a história da área para, enfim, conhecer seu meio e levantar os problemas ambientais. Os conteúdos trabalhados serão necessários para o entendimento dos problemas e, a partir da coleta de dados, à elaboração de pequenos projetos de intervenção. Observe a ilustração abaixo: Considerando-se a Educação Ambiental um processo contínuo e cíclico, o método proposto para desenvolver os projetos conjuga os princípios gerais básicos da Educação Ambiental. A Educação Ambiental, como componente essencial no processo de formação e educação permanente, com uma abordagem direcionada para a resolução de problemas, contribui para o envolvimento ativo do público, torna o sistema educativo mais relevante e mais realista e estabelece uma maior COMPETÊNCIA RESPONSABILIDADE SENSIBILIZAÇÃO CIDADANIA COMPREENSÃO 35 Educação Ambiental interdependência entre estes sistemas e o ambiente natural e social, com o objetivo de um crescente bem-estar das comunidades humanas. Ao implementar um projeto de educação para o ambiente, estaremos facilitando aos alunos e à população uma compreensão fundamental dos problemas existentes, da presença humana no ambiente, da sua responsabilidade e do seu papel crítico como cidadãos de um país e de um planeta. Desenvolveremos, assim, as competências e valores que conduzirão a repensar e avaliar de outra maneira as suas atitudes diárias e as suas consequências no meio ambiente em que vivem. A Educação Ambiental para a sustentabilidade não deve ser prescritiva, mas sim indicativa, e deve ser alimentada com todas as formas de pensamento, em busca de um bem comum. Desse modo, a Educação Ambiental para a sustentabilidade poderia ser assim definida: é um processo educacional que prepara o indivíduo a perceber que as relações sociais e econômicas socialmente construídas pela humanidade devem ser justas e considerar a Terra a partir da finitude dos seus recursos naturais existentes. Apesar dos esforços vigentes, a prática da gestão ambiental nas escolas tem se mostrado um campo de conflitos, configurado por contradições e repleto de desafios. As práticas da educação ambiental, formalizadas no Brasil em 25 de junho de 2002, a partir do decreto Nº 4.281, o qual regulamentou a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, e instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental são exemplos do antagonismo a que nos referimos. Ferramenta fundamental para o desenvolvimento de uma gestão educacional atrelada aos valores ambientais, a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) apresenta diretrizes para o desenvolvimento da educação ambiental. O Art. 5º da PNEA afirma em seu texto: Na inclusão da Educação Ambiental em todos os níveis e modalidades de ensino, recomenda-se como referência os Parâmetros e as Diretrizes Curriculares Nacionais, observando-se: 36 Educação Ambiental I – a transversalidade, continuidade e a permanência3 II – A adequação dos programas vigentes de formação continuada de professores Na Política Nacional de Meio Ambiente, Lei Nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, tem-se que, conforme o art. 2º inciso X, a educação ambiental deve ser desenvolvida em “todos os níveis de ensino”. Carvalho (2006) apresenta-a como ação educativa, um ramo da educação4 , responsável pela formação de atitudes e sensibilidades ambientais. A autora indica ainda que, de acordo com a legislação, são aspectos fundamentais a transversalidade, a continuidade e permanência, a interdisciplinaridade, a obrigatoriedade em todos os níveis de ensino e a composição em caráter de urgência e essencial ao ensino fundamental. A práxis das normas da educação ambiental nas escolas, porém, revela contradições em sua aplicabilidade. Mais que indicar uma perda nas exigências das leis federais e estaduais que a instituíram, as práticas no espaço escolar evidenciam um quadro de descomprometimento e incoerência das várias esferas do poder público e de despreparo organizacional das unidades escolares no sentido de promover a transformação do ensino. De todo modo, Aranha (2006, p. 47) frisa que, no contexto em questão, “espera-se que o profissional da educação seja um sujeito crítico, reflexivo, um intelectual transformador, capaz de compreender o contexto social-econômico- político em que vive”, não se corrompendo frente às contradições e não se deixando levar pelo vício do “é assim mesmo”. A classificação “tipo de trabalho”, dada para a nossa proposta de interdisciplinaridade, em conversa com professores em exercício na escola onde trabalhava, já se mostra indicativa da falta de estímulos ebase crítica e/ou de tempo profissional dos que estavam envolvidos no âmbito da docência daquela escola. 37 Educação Ambiental Tal como indica Morin (2006), a qualificação do profissional do ensino é necessária à superação das sequelas deixadas pelo crescimento ininterrupto do conhecimento, expressas, dentre outras marcas, pela fragmentação do saber. Além disso, a construção de condições de trabalho adequadas é importante para o coerente exercício da função. A vida escolar de alunos, professores e funcionários não está desligada da vida social. O meio ambiente é um tema transversal, que deve ser explorado nas diversas disciplinas. Confira no site indicado reportagens e entrevistas sobre como incluir o tema no dia a dia da ATIVIDADE COMPLEMENTAR 38 Educação Ambiental escola e sequências didáticaspara trabalhá-lo em cada etapa de ensino. Boa leitura! Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/meio-ambiente/ A linha metodológica da Educação Ambiental deriva das orientações dos marcos referenciais internacionais e nacionais e mais recentemente dos temas transversais dos PCNs do Ministério de Educação. Considera-se necessário trabalhar a Educação Ambiental de maneira positiva, ou seja, não somente como problema, e sim como aspectos positivos potenciais que um grupo social, uma manifestação cultural, um conhecimento tradicional, um ecossistema, uma região biogeográfica, uma cidade, um parque nacional, entre muitos outros, apresentam e podem ser otimizados com a finalidade de criar alternativas viáveis para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Nesse caso, o esquema geral é similar ao assinalado para os problemas ambientais. Pela introdução dos temas transversais, pretende-se formar um educando que seja capaz de analisar as múltiplas implicações ideológicas, sociais, culturais, econômicas, das questões socioambientais, convertendo-o em um agente participativo e consciente nas tomadas de decisões políticas que definirão os caminhos de desenvolvimento alternativos para a construção da sociedade do futuro. A Educação Ambiental exige a constituição de equipes multidisciplinares, constituídas por professores de diferentes formações, e apoio técnico em momentos específicos do trabalho. Essas equipes deverão programar suas atividades conjuntamente e elaborar um marco referencial comum em torno do problema ou potencialidade a ser analisado, mantendo um fluxo de informações permanente entre o Problema/potencialidade selecionado, os objetivos educacionais propostos e os aportes específicos de suas disciplinas. O trabalho em equipe poderá ter duas vertentes fundamentais: http://revistaescola.abril.com.br/meio-ambiente/ 39 Educação Ambiental a) constituição da equipe multidisciplinar dos professores. A atividade conjunta gera a oportunidade de intercâmbio de experiências, aprofundamento de conhecimentos, elaboração coletiva do planejamento educacional, interação cognitiva e sentido de participação solidária. Permite a elaboração de consensos, aumenta os conhecimentos e a capacidade profissional; estimula a circulação de ideias, informações e sugestões; promove a iniciativa e a cooperação. Na realização dos objetivos da Educação Ambiental, é fundamental o desenvolvimento de trabalhos em equipe; este tipo de trabalho enriquece a formação dos professores, permitindo a reciclagem em serviço, ampliando os horizontes disciplinares. b) constituição de grupos de trabalho pelos alunos, para o desenvolvimento de unidades de ensino-aprendizagem, orientados pela equipe de professores (Projeto). Em relação à importância do trabalho em grupo, deve-se destacar que ele permite o diálogo. O confronto de ideias substitui a competição pela cooperação e estimula a iniciativa, a autonomia e a criatividade, permitindo maior eficácia na aprendizagem, uma vez que atua positivamente sobre a atenção, a atividade reflexiva, a deliberação democrática, a compreensão e a elaboração de conhecimentos. Valoriza a noção de trabalho coletivo como instrumento de construção do conhecimento. Prepara melhor o aluno para a prática social. Desmitifica a ciência como atividade de seres isolados e excepcionais, conduzindo a vê-la como produto histórico da sociedade. Extraído e adaptado de: FREITAS, Rafael Estrela de. RIBEIRO, Karla Cristina Campos. Educação e percepção ambiental para a conservação do meio ambiente na cidade de Manaus. Revista Eletrônica Aboré - Publicação da Escola Superior de Artes e Turismo Manaus - Edição 03 Nov/2007. Disponível em: http://www.revistas. uea.edu.br/old/abore/artigos/artigos_3/Rafael%20Estrela%20de%20Freitas.pdf Em síntese, Educação Ambiental, na abordagem denominada socioambiental, é proposta como uma alternativa educacional complexa que deverá ser levada à prática com a finalidade de verificar as suas possibilidades reais, na melhoria da qualidade do ensino público. 40 Educação Ambiental 1)De acordo com a importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, a escola deverá oferecer: 2) Quais os princípios gerais da Educação Ambiental? 3) Qual a importância da Educação Ambiental? 4) Apresente de forma objetiva algumas das linhas metodológicas que podem ser adotadas pela Educação Ambiental nas escolas. Tem-se debatido muito nas últimas décadas sobre a possível “insustentabilidade” ambiental do atual modelo civilizatório de desenvolvimento Como deve ser a Educação Ambiental para a sustentabilidade? 41 Educação Ambiental UNIDADE 04 MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL Fonte: https://gennegociosegestao.com.br/wp- content/uploads/2019/03/novas-tecnologias-gestao-ambiental-770x313.jpg https://gennegociosegestao.com.br/wp-content/uploads/2019/03/novas-tecnologias-gestao-ambiental-770x313.jpg https://gennegociosegestao.com.br/wp-content/uploads/2019/03/novas-tecnologias-gestao-ambiental-770x313.jpg 42 Educação Ambiental INTRODUÇÃO As organizações estão sujeitas a mudanças e ajustes internos constantes devido às pressões externas a que estão sujeitas. Este fato tem levado as empresas a buscarem estratégias alternativas, uma vez que devem se adaptar ao novo ambiente, marcado por intensas transformações. As estratégias adotadas pelas organizações retratam a forma pelas quais estas se comportam perante o ambiente. As empresas adaptam-se para atender aos desafios do mercado. Os estudos das adaptações estratégicas descrevem e buscam entender o processo de mudança nas organizações, sendo que estas respondem com padrões comportamentais e de tomadas de decisão de acordo com a sua cultura organizacional, suas políticas e diretrizes. Em relação à gestão ambiental, o mercado tem exigido das organizações uma nova postura frente ao desenvolvimento de métodos e técnicas para concepção de produtos e serviços mais eficientes do ponto de vista ecológico. Maimon (1996) afirmou que os problemas ambientais já estavam sendo tratados como questões estratégicas da empresa, desde o início da década, relacionando-os com a competitividade atual e futura do negócio. Com o aumento do interesse público pelas questões ambientais, a autora afirma que as organizações deveriam atentar cada vez mais para essas questões, estabelecendo ações em seu planejamento estratégico que permitam produzir de forma a minimizar os impactos ambientais negativos de suas atividades. Neste contexto, complementou Donaire (1999) que entre as diferentes variáveis que afetam o ambiente de negócios, a preocupação ecológica ganhou destaque significativo em face de sua relevância para a qualidade de vida das populações. Vários fatores demonstravam a importância da questão ambiental nas agendas dos executivos de empresas da época, por exemplo: a globalização dos negócios, a conscientização crescente dos atuais consumidores e a disseminação da educação ambiental nas escolas. Estes fatores estavam 43 Educação Ambiental direcionando as ações das organizações no sentido da incorporação da variável ambiental, tanto na prospecção de seus cenários, quanto nas tomadas de decisão, visando à adoção de uma postura responsável de respeito à questão ambiental. (TEXTO EXTRAÍDO DO XXXIII ENCONTRO DA ANPAD) 4.1 MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES Donaire (1999) observou que nas indústrias brasileiras a interiorização da questão ambiental, num primeiro momento, ocorreu por influências externas - pressões advindas da legislação ambiental e da comunidade (nacional e internacional), que repercutiram no nível interno das organizações. O autor aindasalienta que os programas de gestão ambiental estabelecem as atividades que serão desenvolvidas, a seqüência entre elas, bem como os responsáveis pela sua execução. Normalmente estes programas abrangem os aspectos ambientais mais importantes e buscam a melhoria contínua do processo, ampliando seu escopo de atuação com o passar do tempo; além de possuir dinamismo e flexibilidade suficientes, para se adaptar a mudanças, que podem ocorrer tanto no seu ambiente atual, quanto no seu ambiente futuro. Uma gestão ambiental sistemática não é algo que possa ser introduzido de imediato, exige planificação, estabelecimento de etapas seqüenciais e vigor na sua implementação. Neste sentido devem ser considerados os aspectos econômicos, a tecnologia utilizada, o processo produtivo, a cultura da organização e seus recursos humanos. O autor complementou que as organizações deveriam, de maneira acentuada, incorporar a variável ambiental na prospecção de seus cenários e na tomada de decisão, além de manter uma postura responsável com a questão ambiental. (DONAIRE, 1999). De acordo com Andrade et al. (2002) a gestão ambiental não apresenta um significado stricto sensu, mas várias propostas são apresentadas, tanto no setor de serviço quanto no setor industrial, iniciando-se pela consciência 44 Educação Ambiental ecológica que está abrindo caminho para o desenvolvimento de novos produtos, novas oportunidades de negócios e novos mercados de trabalho. Também, seu significado pode estar associado à idéia de resolver os problemas ambientais da empresa, uma vez que o mercado tem exigido das indústrias uma nova postura frente aos avanços em diversas áreas do conhecimento. Fato este que tem levado ao desenvolvimento de métodos e técnicas que convirjam para a concepção de produtos e serviços menos agressivos ao ambiente natural, bem como para a melhoria da imagem organizacional. Já, por outra perspectiva, a gestão ambiental é motivada por uma ética ecológica e por uma preocupação com o bem-estar das futuras gerações. Assim, novas pesquisas em torno das questões ambientais procuram a relação entre o comportamento das organizações e a gestão ambiental, levando a construção de novos conceitos e modelos. Sob o pondo de vista de Tachizawa (2002), a gestão ambiental foi a resposta natural das empresas ao chamado do consumidor verde e ecologicamente correto. Desta forma, os empresários ganharam uma nova fatia de mercado e, com a introdução dos programas de reciclagem, das medidas para poupar energia e outras inovações ecológicas ganharam eficiência produtiva. A inclusão da proteção do ambiente entre os objetivos da organização amplia o conceito de administração e a empresa verde torna-se sinônimo de bons negócios, já que segundo o autor, no futuro será a única forma de empreender de forma duradoura e lucrativa. 45 Educação Ambiental A nova consciência ambiental, surgida no bojo das transformações culturais que ocorreram nas décadas de 60 e 70, ganhou dimensão e situou o meio ambiente como um dos princípios mais fundamentais do homem moderno. Na nova cultura, a fumaça passou a ser vista como anomalia e não mais como uma vantagem ou sinal de progresso. “Nos Estados Unidos, os consumidores ambientalmente saudáveis (pessoas que estão atentas à qualidade de vida das futuras gerações e que pagam pelo valor ambiental agregado ao produto) representam 37% da população, enquanto em países europeus, como 16 Suíça, Alemanha e Inglaterra, já são 50%. Na Inglaterra, dois de cada cinco cidadãos vão ao supermercado com uma lista de produtos ambientalmente saudáveis à mão. As estratégias de marketing adotadas pelas empresas estão sendo moldadas visando à melhoria da imagem, por meio da criação de novos produtos ‘verdes’ (produtos que durante todo seu ciclo de vida apresentam diferencial positivo aos impactos ambientais causados por ele) e de ações voltadas para a proteção ambiental” (Souza, 1993). 46 Educação Ambiental O marketing ambiental passou a ser o código-chave, a palavra mágica e, mais do que isso, compromisso e obrigação das empresas que pretendem ser modernas e competitivas. A consciência da proteção do meio ambiente por parte das empresas resultou, também, na mitificação do conceito de qualidade do produto, que agora precisa ser ambientalmente viável. Recente estudo americano concluiu que, no primeiro semestre de 1990, 9,2% dos produtos industrializados no mercado eram anunciados ‘verdes’, enquanto em 1989 estes constituíam apenas 0,5%. A proteção ambiental deslocou-se uma vez mais, deixando de ser uma função exclusiva de proteção para tornar-se também uma função da administração. Contemplada na estrutura organizacional e interferindo no planejamento estratégico, passou a ser uma atividade importante na empresa, seja no desenvolvimento de atividades de rotina, seja na discussão dos cenários alternativos, e a conseqüente análise de sua evolução acabou gerando políticas, metas e planos de ação. Essa atividade dentro da organização passou a ocupar interesse dos presidentes e diretores e a exigir uma nova função administrativa na estrutura, que pudesse abrigar um corpo técnico específico e um sistema gerencial especializado, com a finalidade de propiciar à empresa uma integração articulada e bem conduzida de todos os seus setores e a realização de um trabalho de comunicação social moderno e consciente. A inclusão da proteção do ambiente entre os objetivos da administração amplia substancialmente todo o conceito de administração. Administradores e empresários, independentemente, introduziram em suas empresas programas de reciclagem, medidas para poupar energia e outras inovações ambientais. Essas práticas difundiram-se rapidamente e logo vários pioneiros do negócio desenvolveram sistemas abrangentes de administração de caráter ambiental. 47 Educação Ambiental FONTE:https://slideplayer.com.br/slide/2653119/9/images/26/Planejamento%20A mbiental.jpg Na abordagem sistêmica, o foco da atenção se transfere da análise da interação das partes para o todo, contrariamente ao pensamento pré-sistêmico, no qual o método analítico procurava chegar à compreeensão do todo a partir do estudo independente das partes. A adoção do enfoque sistêmico, encarando a instituição como um macrossistema aberto que interage com o meio ambiente, pode ser entendida como um processo que procura converter recursos em produtos, bens e serviços, em consonância com seu modelo de gestão, missão, crenças e valores corporativos. A visão sistêmica ou visão horizontal de uma organização permite visualizar: • O cliente, o produto e o fluxo de atividade da cadeia produtiva; • Como o trabalho é realmente feito pelos processos que atravessam as fronteiras funcionais; https://slideplayer.com.br/slide/2653119/9/images/26/Planejamento%20Ambiental.jpg https://slideplayer.com.br/slide/2653119/9/images/26/Planejamento%20Ambiental.jpg 48 Educação Ambiental • Os relacionamentos internos entre cliente-fornecedor, por meio dos quais são produzidos os produtos e serviços. O enfoque sistêmico possibilita uma visão macroscópica da organização, que é o ponto de partida para concepção do modelo de gestão ambiental, o qual permitirá à organização responder eficazmente à nova realidade da concorrência acirrada e de expectativas dos clientes em mutação. Essa macrovisão permite visualizar a organização 21 como um macrossistema que converte diversas entradas de recursos em saídas de produtos e serviços que ela fornece para sistemas receptores ou mercados. Um sistema de gestão ambiental pode ser definido como um conjunto de procedimentos para gerir ou administrar uma empresa, de forma o obter o melhor relacionamento com o meio ambiente. O modelo de gestão ambiental deve estabeleceros elos de ligação entre a missão da empresa e o efetivo atendimento das expectativas dos clientes. O modelo de gestão ambiental incorpora em seus princípios de qualidade os requisitos determinados pelas normas NBR serie ISO 14000 instituídas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Tais instrumentos legais se baseiam em normas internacionais de gestão ambiental que têm por objetivo prover as organizações com elementos de um sistema ambiental eficaz, passível de integração com outros requisitos de gestão, de forma a auxilia-las a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos. As normas da serie ISO 14000 que tratam dos sistemas de gestão ambiental compartilham dos princípios comuns estabelecidos para sistema da qualidade da serie de Normas NBR ISO 9000. Enquanto os sistemas de gestão da qualidade tratam das necessidades dos clientes, os sistemas de gestão ambiental atendem às necessidades de um vasto conjunto de partes interessada 49 Educação Ambiental (órgãos públicos, sindicato, ONG’s, empregados, acionistas, comissão de bairros etc.) e às crescentes necessidades da sociedade sobre proteção ambiental. O Sistema de Gestão Ambiental deve ser entendido como um conjunto de decisões assumidas a fim de obter um equilíbrio dinâmico entre missão, objetivos, meios e atividades-fim. Uma das normas da ISO Série 14000, ou seja, a ISO 14000 estabelece as especificações e os elementos de como se deve implementar um sistema de gestão ambiental. O QUADRO 2.2 ilustra o modelo de implementação que é similar na maioria dos sistemas de gestão ambiental: Fonte: D’Avignon, p.26 Segundo a ABNT (1996), tais normas especificam os requisitos relativos a um sistema de gestão ambiental, permitindo a uma organização formular política e objetivos que levam em conta os requisitos legais e as informações referentes aos impactos ambientais significativos. Elas se aplicam aos aspectos ambientais que possam ser controlados pela organização e sobre os quais se Verificação e Ação corretiva Análise Crítica Implementação Planejamento Política 50 Educação Ambiental presume que elas tenham influência. Em si, elas não prescrevem critérios específicos de desempenho ambiental. As normas da série ISO 14000, segundo a ABNT, se aplicam a qualquer organização que deseje: • Implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental; • Se assegurar de sua conformidade com sua política ambiental definida; • Demonstrar tal conformidade a terceiros; • Buscar certificações e registro do seu sistema de gestão ambiental por uma organização externa; • Realizar uma auto-avaliação e emitir autodeclaração de conformidade com essas normas. O grau de aplicação dessas normas dependerá de fatores como a política ambiental da organização, a natureza de suas atividades e as condições em que ele opera. Após o comprometimento com as questões ambientais e a avaliação inicial começase a implantar os outros requisitos especificados pela norma. Abaixo eles aparecem em ordem de implementação, o que não impede que certas etapas sejam executas paralelamente: a) Estabelecimento da política ambiental da organização; b) Planejamento para implantação; ⇒ Levantamento dos aspectos ambientais ⇒ Requisitos legais e outros ⇒ Objetivos e metas ⇒ Programas de gerenciamento ambiental c) Implantação e operação; ⇒ Estrutura e responsabilidade ⇒ Treinamento e conscientização 51 Educação Ambiental ⇒ Comunicação ⇒ Documentação ambiental ⇒ Controle de documento ⇒ Controle operacional ⇒ Plano de emergência d) Verificação e ação corretiva ⇒ Monitoração e medição ⇒ Não-conformidade e ações corretivas e preventivas ⇒ Registros ⇒ Auditorias e) Análise crítica da alta administração Todas estas etapas buscam o conceito de melhoria contínua, ou seja, um ciclo dinâmico no qual se está reavaliando permanentemente o sistema de gestão e procurando a melhor relação possível com o meio ambiente. O planejamento estratégico em uma organização pode ser entendido como o conjunto de decisões programadas previamente, relativas ao que deve ser feito na organização a longo prazo. Conceitualmente, administrar é pôr em prática uma estratégia tanto no nível microssocial como no nível macrossocial, ou seja, operacionalmente, as estratégias devem direcionar a gestão das organizações. O delineamento estratégico de uma organização tem como subprodutos, principalmente, os programas de vendas, de produção, de compras e suprimento e o orçamento. O planejamento estratégico e ambiental da organização deve ser entendido como um processo cujo objetivo final é dotá-lo de um instrumento de gestão estratégica – Plano Estratégico Ambiental – de longo prazo, que, por sua vez, representa a súmula do conceito estratégico da empresa, servindo de orientação para a definição e o desenvolvimento dos planos e programas de curto e médio prazos, bem como permitindo a convergência de ações em torno de objetivos comuns. 52 Educação Ambiental O Plano Estratégico Ambiental delineado caracteriza a organização em termos do que será feito e como se pretende que as coisas aconteçam, necessitando, porém, de comunicação e compartilhamento dessas diretrizes em todos os níveis organizacionais e funcionais da organização sob estudo. De fato, além do Plano Estratégico Ambiental delineado, sugere-se que sejam desenvolvidas, planos operacionais pertinentes a cada área funcional da organização, tais como os seguintes: • Plano Econômico-Financeiro; • Plano do Orçamento Anual; • Plano Diretor de Automação (Novos Projetos); • Plano de Desenvolvimento de Recursos Humanos. O modelo de gestão ambiental enfatiza a ativa participação de todos os gestores, técnicos e funcionários da organização. A comunicação interna, como também a externa, é fundamental no processo de gestão ambiental. Para se tornar um instrumento de gestão efetivo e flexível, o Plano Estratégico Ambiental deve considerar o delineamento de cenários (mercado, economia, governo, leis, foco dos clientes e outros). A criação de cenários alternativos assegura o eficaz planejamento e o posterior monitoramento das ações estratégicas da organização. Com seu uso, o gestor pode controlar o alcance dos objetivos estratégicos e, portanto, alterar suas ações estratégicas em face do cenário que estiver predominando. Por exemplo, se o cenário mais provável não estiver acontecendo, e sim prevalecendo o cenário otimista, ou pessimista, a organização pode, modificar suas estratégias de modo a se beneficiar desse novo cenário, ou direcionar suas ações no sentido de minimizar os impactos decorrentes. O planejamento estratégico em uma organização, qualquer que seja o setor econômico ao qual pertença, deve ser encarado como um processo, 53 Educação Ambiental permanente e dinâmico, e não como uma fase estanque cujo produto final seja um relatório ou certificado na parede, algo finito. De fato, há estratégias e instrumentos de gestão que são comuns a todas as instituições. No entanto, há estratégias específicas e instrumentos particulares que variam em função das crenças, dos valores e do estilo de gestão que são singulares a cada organização. O modelo de gestão foi concebido para uma organização hipotética, pois, para fazê-lo de forma específica a uma determinada organização, seria preciso incorporar as crenças e os valores dessa instituição. Ou seja, a implementação do modelo de gestão ambiental em cada empresa deve levar em conta, ainda, os fatores
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