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Ivina Marcella C. Santos Pneumonias INTRODUÇÃO Em alguns momentos da sua carreira, William Osler referiu-se à pneumonia como a maior inimiga do idoso, e, em outros, como sua companheira. A última caracterização explica-se pela frequência com que a enfermidade acomete os idosos, e a primeira, pela frequência com que lhes ceifava as vidas. As pneumonias vão ser responsáveis por grande número de internações hospitalares dos idosos , que geralmente são mais prolongadas, exigindo antibióticos de maior potência. • Apesar das elevadas taxas de mortalidade resultantes de pneumonia na velhice, a idade, por si só, não contraindica a instituição de medidas agressivas para o tratamento, pois as pneumonias são doenças potencialmente curáveis, mesmo nos indivíduos frágeis e com múltiplas doenças crônicas. Entretanto, a fragilidade, a multimorbidade e o prejuízo funcional são fatores preditivos de pior prognóstico. Vale ressaltar que o custo do tratamento desses pacientes é elevado e poderá, com o rápido envelhecimento da população brasileira, comprometer importante parcela dos recursos orçamentários destinados à saúde CONCEITOS Pneumonite • É uma inflamação aguda, de natureza infecciosa ou não, localizada no parênquima pulmonar. Pneumonia • Quando há infecção, seja ela bacteriana, viral ou fúngica CLASSIFICAÇÃO As pneumonias dos idosos sejam classificadas conforme: • O local de aquisição • A presença de comorbidades • A condição imunológica do hospedeiro A escolha do antibiótico frequentemente dependerá desses fatores, pois inúmeros estudos têm demonstrado que o diagnóstico etiológico é obtido em menos da metade dos pacientes PATOGENIA E FATORES PREDISPONENTES A pneumonia é ocasionada por mecanismos patogênicos diferentes: • Colonização da orofaringe ou nasofaringe e subsequente aspiração de microrganismos; • Inalação de aerossóis infectados • Disseminação hematogênica de outros locais de infecção • Extensão direta do foco adjacente infectado A ocorrência de pneumonia vai depender da quantidade de microrganismos, da virulência dos mesmos e das condições de defesa do hospedeiro. Existe um grande número de fatores que predispõem o idoso a ter pneumonia. As modificações fisiológicas que o envelhecimento ocasiona nos sistemas respiratório e imune deixa o idoso mais suscetível à infecção bacteriana em decorrência da redução da função dos neutrófilos e expressão do neutrófilo CD16 e da fagocitose . A imunossenescência, é caracterizada por redução da produção de anticorpos, da função dos linfócitos T, da produção de interleucinas e dos níveis séricos de IgM, favorece a infecção por patógenos específicos (p. ex., Listeria monocytogenes, Streptococcus pneumoniae, Mycobacterium tuberculosis e a reativação do vírus da varicelazóster) . Apesar da diminuição da capacidade vital, da atividade mucociliar e da resposta imune, o envelhecimento não é fator de risco isolado para pneumonia. O risco está aumentado quando há exposição prolongada ao fumo e/ou coexistência de outras doenças, agravando a perda da reserva funcional pulmonar • O fator extrínseco mais importante que predispõe às pneumonias adquiridas na comunidade e nos asilos é a infecção pelo vírus da gripe (influenza) Até agora pois no Freitas fala que inúmeros estudos têm demonstrado que fatores predisponentes mais importantes são a desnutrição, a sarcopenia, a fragilidade, as aspirações silenciosas ou de grande volume e as doenças pulmonares e cardiovasculares QUADRO CLÍNICO A tríade que evidencia presença de infecção (febre, calafrio e leucocitose), sinais e/ou sintomas localizados no sistema respiratório (tosse, aumento de secreção, dispneia, dor torácica e achados anormais no exame físico dos pulmões) e alterações radiológicas geralmente identifica um paciente com pneumonia. . Entretanto, essa tríade pode não estar presente no paciente idoso uma vez que nas idades mais avançadas as doenças podem apresentar-se de maneira atípica, com poucos sintomas, ou apenas com sintomas inespecíficos, como: • Confusão mental; • Distúrbio do humor; • Incontinência; • Inapetência; • Perda de peso; • declínio da capacidade funcional; • piora de alguma doença crônica prévia, síncope e quedas. É claro que quanto mais velho ou mais frágil for o paciente, maior será a chance de as doenças se manifestarem de modo diferente do que o habitual, e nos idosos residentes em instituições de longa permanência, as pneumonias frequentemente se manifestam de forma atípica. No Freitas fala de vários estudos demonstram que idosos com pneumonia adquirida na comunidade reportam muito menos sintomas quando comparados com indivíduos mais jovens e a pneumonia aspirativa tem um curso mais indolente. Os sintomas menos relatados nos gerontes foram dor pleurítica, febre e calafrios. A dispneia pode se apresentar sozinha e a taquipneia, apesar de inespecífica, foi o sinal clínico mais indicativo de infecção do trato respiratório inferior nos idosos. Nos indivíduos de 75 anos ou mais, temperatura de 37,2°C, e não 38°C como nos indivíduos mais jovens, pode ser considerada resposta febril e essa diferenciação se faz necessária para não atrasar o diagnóstico e o tratamento das infecções neste grupo populacional Um dos achados mais importantes é a alta prevalência de confusão mental (delirium) como forma de apresentação das pneumonias nas faixas etárias mais elevadas. Essa condição pode estar presente em 12 a 45% dos casos e em mais de 70% dos casos de pneumonias adquiridas em asilos, e a sua presença aumenta o risco de morte, tanto intra-hospitalar como após a alta. PSIUUU!!! O delirium, é o único sintoma apresentado pelo paciente, e, muitas vezes, uma tomografia computadorizada do crânio é solicitada antes da radiografia do tórax. A confusão mental ocorre tanto em indivíduos com demência como nos previamente lúcidos A diminuição da capacidade para executar as AVD, pode estar presente em cerca de 50% dos casos e também pode ser o único sintoma. Essa situação frequentemente não é reconhecida pelo médico, mas quase sempre é relatada pelos familiares. É comum que o médico interprete essa informação como uma consequência natural do processo de envelhecimento. O exame físico, ao contrário do que ocorre nos pacientes mais jovens, raramente mostra sinais de consolidação pulmonar (redução do murmúrio vesicular e do frêmito toracovocal e a presença de estertores crepitantes finos), aumentando a necessidade de se realizarem radiografias do tórax em idosos com alteração da função mental, inapetência, perda funcional, taquipneia e/ou exacerbação de uma doença crônica subjacente, como insuficiência cardíaca, DPOC ou diabetes melito, doença renal crônica. Nos hospitais, principalmente nos pacientes com suporte ventilatório, o diagnóstico de pneumonia é baseado na presença de: • Febre • Leucocitose • secreção traqueal purulenta e de novos infiltrados na radiografia do tórax, • bem como no aumento dos infiltrados antigos e na presença de culturas positivas. No caso dos idosos, esses critérios são um problema, pois quase sempre estão ausentes, e, no entanto, são observados o agravamento da insuficiência respiratória, a piora da função mental e a falência de múltiplos órgãos. Se nos basearmos nos critérios validados para infecção hospitalar, principalmente para pneumonias hospitalares, o diagnóstico dessas infecções em idosos poderá ser muito tardio, aumentando o risco de complicações e morte
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