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40 @lilyfazvet Os agentes antimicrobianos são essenciais para qualquer escolha terapêutica adequada, o que torna fundamental ter conhecimento sobre eles; Cerca de 50% dos antimicrobianos são prescritos incorretamente ou usados em excesso (má conduta do paciente), o que pode causar uma elevação da resistência microbiana, dos custos dos remédios e da mortalidade dos indivíduos; Eles podem ser produzidos por bactérias e fungos ou podem ser total ou parcialmente sintéticos; Os agentes antimicrobianos naturais são chamados de antibióticos, já os agentes sintéticos ou semissintéticos são chamados de quimioterápicos; Existem quatro tipos de antimicrobianos: - antibacterianos; - antiparasitários; - antifúngicos; - antivirais. Na prática clínica eles possuem duas finalidades: a profilática (prevenção) e a terapêutica (tratamento) – cada caso é um caso, ou seja, o tratamento é variável; Conceitos Importantes Toxidade seletiva: capacidade de lesar o microrganismo, sem ser tóxica para o hospedeiro; Sinergismo: quando a combinação de duas drogas aumenta a atividade de ambas; Antagonismo: quando um antimicrobiano diminui a ação de outro; Ponto crítico ou breakpoint: é a concentração de uma droga que alcança o soro, urina ou líquido cefalorraquidiano, após a administração do agente, com fins terapêuticos. Propriedades ideais Os antimicrobianos possuem propriedades ideais, que determinam a sua eficácia, sendo elas: - toxicidade seletiva; - amplo espectro de ação; - disponibilidade e baixo custo; - não produzir efeitos colaterais; - não agir contra a microbiota residente; - solubilidade em líquidos corporais; - alcançar altas concentrações nos tecidos e no sangue; - não ser afetado pela acidez estomacal ou proteínas do sangue. Dessa forma, a droga ideal é aquela que destrói o agente infeccioso e não se mostra tóxica para o paciente. Baseada na origem: - naturais; - sintéticas; - semissintéticas. Atividade no microrganismo: - bacteriostática: impede o crescimento dos microrganismos; - bactericida: matam os microrganismos. Espectro de ação: - amplo espectro de ação: ativo contra gram-positivas e gram-negativas, micoplasma, clamídias; Os antimicrobianos são substâncias que têm a capacidade de inibir o crescimento e/ou destruir microorganismos. Devido à grande variabilidade genética microbiana, a resistência a drogas tem se tornado um problema grave, dos pontos de vista ecológico e clínico. 41 @lilyfazvet - pequeno espectro de ação: ativo contra gram-positivas ou gram-negativas. O mecanismo de ação dos antibióticos tem como principais alvos na célula bacteriana: - síntese da parede celular; - interferência na integridade da membrana celular; - síntese e integridade de ácidos nucleicos. - interferência na síntese proteica; - atividade anti-metabólica. As drogas antibacterianas, como o próprio nome diz, atuam contra a ação de bactérias. Um dos principais mecanismos de ação ocorre na parede celular, onde, ao inibir a síntese da parede celular, mais especificamente a camada de peptidoglicano, os beta-lactâmicos levam a bactéria a lise osmótica e consequentemente a morte; Os principais antibióticos/ quimioterápicos utilizados na ação na parede celular são os beta-lactâmicos e os glicopeptídeos. Beta-lactâmicos Os β-lactâmicos são um grupo de antimicrobianos que possuem em comum no seu núcleo estrutural o anel β- lactâmico, o qual confere atividade bactericida; Fazem parte desse grupo as penicilinas, cefalosporinas, carbapenemos e monobactamos; Glicopeptídeos Os glicopeptídeos são constituídos por grandes estruturas cíclicas complexas, que contém em sua molécula aminoácidos e açúcares; Eles apresentam um múltiplo mecanismo de ação, inibindo a síntese do peptideoglicano, além de alterar a permeabilidade da membrana citoplasmática e interferir na síntese de RNA citoplasmático – dessa forma, inibem a síntese da parede celular bacteriana; Fazem parte desse grupo a vancomicina e a teicoplanina. A membrana celular é uma estrutura vital para as bactérias, já que a mesma auxilia na permeabilidade de solutos e na transdução de sinais; Dessa forma, quando substâncias como as polimixinas rompem esse membrana, ocorre a morte bacteriana. Polimixinas As polimixinas são antimicrobianos polipeptídicos e o seu mecanismo de ação envolve a interrupção da integridade da membrana extracelular de bactérias gram-negativas; Elas são ativas contra muitas espécies de bactérias multirresistentes (Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii e enterobactérias) e atualmente há duas polimixinas disponíveis comercialmente: a polimixina E (colistina) e a polimixina B. Algumas classes possuem características bactericidas (aminoglicosídeos), alguns bacteriostáticos (tetraciclinas e macrolídeos) e outros com ambas as características. Aminoglicosideos Exemplo de anel β-lactâmico 42 @lilyfazvet O primeiro aminoglicosídeo foi a estreptomicina, obtida a partir do fungo Streptomyces griséus, em 1944; As principais drogas utilizadas atualmente além da estreptomicina, são: gentamicina, tobramicina, amicacina, netilmicina, paramomicina e espectinomicina. Tetraciclinas As tetraciclinas, quando em concentrações terapêuticas, são antimicrobianos bacteriostáticos; Elas apresentam um amplo espectro de ação, incluindo bactérias gram-positivas, gram-negativas aeróbias e anaeróbias, espiroquetas, riquétsias, micoplasma, clamídias e alguns protozoários. Macrolídeos Os macrolídeos são um grupo de antimicrobianos quimicamente constituídos por um anel macrocíclico de lactona, ao qual ligam-se um ou mais açúcares; Pertencem a este grupo: azitromicina, claritromicina, eritromicina, espiramicina, miocamicina, roxitromicina, etc; Essas drogas possuem um espectro de ação é semelhante, diferindo apenas na potência contra alguns microrganismos. Lincosamidas A primeira lincosamida foi isolada em1962 (Streptomyces lincolmensis); Elas possuem um espectro de ação semelhante aos macrolídeos, por serem inibidores da síntese proteica com ação no mesmo alvo, com a vantagem de possuírem excelente ação contra microrganismos anaeróbios; Existem tanto lincosamidas naturais, como a lincomicina, quanto semissintéticas, como a clindamicina. Anfenicóis Os anfenicóis inibem a síntese de proteínas nas bactérias e, em menor grau, nas células eucarióticas; Elas abrangem o cloranfenicol e o tianfenicol e são antibióticos bacteriostáticos de amplo espectro de atividade, atuando em bactérias gram- positivas, gram-negativas, riquétsias, clamídias e micoplasmas. São classes com efeitos bacteriostáticos que podem ser usados tanto para bactérias gram-positivas como para bactérias gram-negativas e, dependendo da dose, podem ter ação nactericida. Sulfonamidas A sulfacrisoidina foi o primeiro agente antimicrobiano utilizado clinicamente, em 1935; O grupo das sulfonamidas compreende seis drogas principais: sulfanilamida, sulfisoxazol, sulfacetamida, ácido para- aminobenzóico, sulfadiazina e sulfametoxazol, sendo as duas últimas de maior importância clínica. Trimetopim O trimetoprim atua inibindo a enzima diidrofolato redutase, impedindo assim a formação do metabólito ativo do ácido tetrahidrofólico no final do processo; Dessa forma, ele pode ser considerado um antagonista do ácido fólico (que é essencial para a replicação bacteriana), inibindo a sua formação pela bactéria. 43 @lilyfazvet Quinolonas As primeiras quinolonas foram utilizadas no início dos anos 60 (ácido nalidíxicona prática clínica), entretanto, no início dos anos 80, surgiram as fluorquinolonas, que garantiram um aumento do espectro dessas drogas (bacilos gram-negativos e boa atividade contra alguns cocos gram- positivos); As quinolonas mais recentes são: levofloxacina, gatifloxacina, moxifloxacina e gemifloxacina. Rifampicina A ripampicina é um antibiótico bactericida que age ligando-se e inibindo a RNA polimerase dependente de DNA nas células procarióticas; Ela é um dos agentes antituberculosos ativos mais conhecidos, e é também efetiva contra a maioria das bactérias gram-negativas e gram-positivas. As drogas antifúngicas exercem ações fungistáticas ou fungicidas, direta ou indiretamente; Os antifúngicos têm características especiais quanto ao seu mecanismo de ação, via de administração, ação em micoses superficiais e sistêmicas; Eles podem ser classificados com base no sítio-alvo e estrutura química, sendo que estes atuam em sua maioria na membrana celular (azóis, anfotericina e nistatina), exceto a fluocitosina e agriseofulvina, que atuam na síntese do ácido nucleico; Os agentes antifúngicos mais utilizados atualmente são: - imidazóis e triazóis; - flucitosina e alilaminas; - antibióticos representados pelos poliênicos (anfotericina B, nistatina e natamicina) e a griseofulvina. Os polienos, como a nistatina e a anfotericina B, combinam-se com os esteróis da membrana plasmática e são fungicidas; Os azóis e as alilaminas interferem com a síntese de esteróis e são usados no tratamento de micoses cutâneas e sistêmicas; As equinocandinas interferem com a síntese da parede celular fúngica; A flucitosina é um antimetabólito da citosina; Já a griseofulvina interfere com a divisão da célula eucariótica e é usada principalmente no tratamento de infecções de pele causadas por fungos. Devido ao fato de que os vírus se replicam dentro das células do hospedeiro, normalmente usando os mecanismos genéticos e metabólicos do próprio hospedeiro, é relativamente difícil atingi- los sem danificar a maquinaria celular; Dessa forma, muitos dos antivirais em uso hoje são moléculas análogas aos componentes do DNA ou do RNA viral: - os análogos de nucleosídeos e nucleotídeos, como o aciclovir e a zidovudina, inibem a síntese de DNA ou RNA; - os inibidores de enzimas virais são usados no tratamento de infecções causadas pelos vírus Influenza e HIV; - os interferons-α inibem a propagação do vírus para novas células.
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