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FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS E SOCIAIS DE 
PETROLINA – FACAPE 
 
 
MARCOS FLADIMY FILHO 
 
 
 
 
 
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
 
 
 
 
 
 
 
PETROLINA 
2018 
 
MARCOS FLADIMY FILHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
Artigo Científico requisitado como 
atividade avaliativa referente a 
disciplina de Introdução ao Estudo 
do Direito. 
Docente: Nadielson 
 
 
 
 
 
 
 
PETROLINA 
2018 
Resumo 
 
O presente artigo aborda a importância da discussão sobre a 
violência de gênero, buscando entender como ela ocorre e por quais 
motivos, além de traçar um panorama geral sobre os tipos mais 
comuns de sua manifestação, bem como ressaltando a importância 
em perceber como a vítima se sente ante à situação. Ressalta-se 
também a relevante importância da Lei Maria da Penha na luta 
contra a banalização deste tipo de violência e a forma como ampara 
a vítima. 
 
 
Palavras-chave: Gênero. Mulher. Violência. Lei Maria da Penha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 5 
1. CONCEITO DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER .............................................................. 5 
FORMAS DE VIOLÊNCIA ................................................................................................................... 7 
1.1 Violência Física ................................................................................................................... 7 
2.2 Violência Psicológica ................................................................................................................. 8 
2.3 Violência Sexual ......................................................................................................................... 8 
2.4 Violência Patrimonial ................................................................................................................. 9 
2.5 Violência Moral ........................................................................................................................... 9 
2. FATORES QUE CONTRIBUEM PARA MANTER A VIOLÊNCIA DE GÊNERO ........... 10 
2.1 Omissão das Vítimas ....................................................................................................... 11 
3.2 Desigualdade e a sua Influência para a Violência .............................................................. 12 
LEI 11.340/06 - MARIA DA PENHA ................................................................................................ 13 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 16 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A violência contra a mulher é um sério problema que atinge milhares de 
pessoas no mundo todo e, de maneira intensa, no Brasil. Essa forma de opressão 
pode ocorrer sobre qualquer uma, em qualquer lugar: em casa, na rua, no 
transporte, no local de trabalho e de lazer. A situação é tão grave que em 2015 a 
Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a considerá-la uma epidemia mundial 
e uma das mais frequentes violações dos Direitos Humanos. 
É latente, por outro lado, a necessidade de compreender a realidade das 
mulheres que encontram-se nessa situação, bem como o comportamento da 
sociedade em relação ao ato cometido. 
No contexto brasileiro, essa condição apresenta elevada prevalência e coloca 
a violência contra a mulher como um dos problemas prioritários a ser combatidos 
pela saúde pública e pelos organismos de defesa dos direitos humanos, assim como 
um desafio ao setor saúde. Apesar de caracterizar-se como um problema de grande 
relevância, a violência de gênero somente ganhou maior notoriedade a partir da 
criação da Lei 11.340/2006 – conhecida como Lei Maria da Penha. Este tipo de 
violência passou, então, a ser definido como um crime específico e possíveis 
mudanças na forma de punição aos agressores foram asseguradas. 
A Lei Maria da Penha (Lei 11.340 de 2006) foi uma grande conquista, pois 
reconheceu a violência doméstica contra as mulheres, conforme acima citado, como 
crime e não como assunto privado, além de garantir uma proteção especial àquela 
que tivera sofrido violência. No entanto, ainda se faz necessária a efetiva 
implantação e ampliação de políticas públicas de combate e prevenção dessas 
práticas. 
 
1. CONCEITO DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
 
Para abordar a violência contra a mulher, faz-se necessário conceituar que o 
gênero deve ser entendido como elemento constitutivo das relações sociais, ou seja, 
aquela que é exercida de um sexo sobre o sexo oposto. Baseada nas diferenças 
entre os sexos, este conceito refere-se à violência onde o sujeito passivo é a pessoa 
de gênero feminino (FERRANTE; SANTOS; VIERA, 2009). O termo violência deriva 
da palavra latina vis, que significa força e se refere às noções de constrangimento e 
de usar a superioridade física sobre outra pessoa. A violência contra a mulher pode 
ser compreendida como uso intencional de poder ou força física, podendo ser real 
ou apenas ameaça, que possa resultar em lesão, dano psicológico ou físico e até 
morte (BRASIL, 2002). Tal comportamento pode invadir a autonomia, integridade 
física ou psicológica e mesmo a vida de outro. Pode ocorrer de diversas maneiras, 
como a violência e o abuso sexual contra as crianças, maus-tratos contra idosos e 
pessoas com deficiência, violência contra a mulher, etc. 
A violência afeta mulheres de todas as classes sociais, etnias e regiões 
brasileiras. A situação é tão grave que em 2015 a Organização Mundial da Saúde 
(OMS) passou a considerá-la uma epidemia mundial e uma das mais frequentes 
violações dos Direitos Humanos. Disso, atualmente, a violência contra as mulheres é 
entendida não como um problema de ordem privada ou individual, mas como um 
fenômeno estrutural, de responsabilidade da sociedade como um todo. 
No Brasil, a situação é alarmante: a cada 5 minutos uma mulher é espancada; a 
cada 2 horas uma mulher é assassinada devido à violência doméstica; de 2009 a 
2012 as denúncias de estupro cresceram 158%; aumentaram consideravelmente os 
relatos públicos de assédio sexual e/ou moral nos locais de trabalho. (Dados da 
Secretaria de Políticas para Mulheres – SPM/PR – 2012) 
Apesar de os números relacionados à violência contra as mulheres no Brasil 
serem alarmantes, muitos avanços foram alcançados em termos de legislação, 
sendo a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) considerada pela ONU uma das três 
leis mais avançadas de enfrentamento à violência contra as mulheres do mundo. 
A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra 
a Mulher, mais conhecida como Convenção de Belém do Pará, define violência 
contra a mulher como ―qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause 
morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera 
pública como na esfera privada‖ (Capítulo I, Artigo 1°). 
A Lei Maria da Penha apresenta mais duas formas de violência - moral e 
patrimonial -, que, somadas às violências física, sexual e psicológica, totalizam as 
cinco formas de violência doméstica e familiar, conforme definidas em seu Artigo 7°. 
Em 2015, a Lei 13.104 (Lei nº 13.104, de 2015) altera o Código Penal para 
prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e inclui 
o feminicídio no rol dos crimes hediondos. O feminicídio, então, passa a ser 
entendido como homicídio qualificado contra as mulheres ―por razões da condição 
de sexo feminino‖. 
 
 
2. FORMAS DE VIOLÊNCIA 
 
Em termos gerais, a violência contra a mulher é um tipo de violência que 
acontece geralmente no âmbito privado ou doméstico. É praticada nas relaçõesinterpessoais onde agressores estabelecem relações de afetividade com a vítima. 
Particularmente, os agressores se configuram como maridos, ex-maridos, 
companheiros, ex-companheiros, namorados, ex-namorados que usam da violência 
como uma forma de exercer o poder sobre a mulher, ante à sua hipossuficiência 
desta. Mesmo que esse tipo de violência venha a ser praticada no âmbito privado 
ela deve ser tratada com um caráter político e público, pois é um tema de 
responsabilidade geral e social. 
A violência contra a mulher se expressa de várias formas. A citada Lei Maria da 
Penha estabelece, no seu artigo 7º, basicamente quatro espécies: violência física, 
psicológica, patrimonial e sexual. 
 
2.1 Violência Física 
 De acordo com a Lei Maria da Penha, ―a violência física, entendida como 
qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal‖. É caracterizada 
por lesões corporais causadas por tapas, chutes, arremessos de objetos e por 
qualquer outra forma que possa deixar marcas no corpo físico da vítima. Nesse tipo 
de violência pode ocorrer lesões graves e deixá-la incapacitada de realizar tarefas 
habituais por toda sua vida podendo leva-la a morte. 
 
2.2 Violência Psicológica 
 
Nos termos da legislação especial, é ― a violência psicológica, entendida como 
qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que 
lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar 
suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, 
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, 
perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação 
do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde 
psicológica e à autodeterminação. 
 
2.3 Violência Sexual 
 
A Lei Maria da Penha define a violência sexual como ―qualquer conduta que a 
constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, 
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a 
comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de 
usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao 
aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou 
que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos‖. 
Caracteriza-se quando a mulher é forçada a ter relações sexuais com alguém, 
que pode ser seu marido, companheiro, namorado ou mesmo alguém desconhecido. 
Esse tipo de violência pode ocorrer de várias formas: através do estupro, abuso 
sexual, este, praticado especialmente contra crianças e adolescentes, assédio 
sexual que é a perseguição constrangedora da vítima por alguém que se aproveita 
de sua condição hierarquicamente superior; e atentado violento ao pudor. 
 
2.4 Violência Patrimonial 
 
A violência exercida sobre os bens da mulher também recebeu tratamento 
especifico da Lei Maria da Penha, que é entendida, nos seus dizeres como ― 
qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de 
seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e 
direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas 
necessidades‖. 
Configura-se, portanto, pela ação de retenção ou subtração, destruição 
parcial ou total de pertences da vítima: objetos, aparelho de telefone, instrumentos 
de trabalho, documentos pessoais, bens, dinheiros, roupas etc. Estragar um 
computador necessário para o desempenho profisisonal, uma máquina de costura, 
de lavar, ou qualquer outro instrumento de trabalho das mulheres são formas de 
violência patrimonial contra estas relacionada ao trabalho. 
 
2.5 Violência Moral 
 
A nossa legislação extravagante conceitua violência moral como ―qualquer 
conduta que configure calúnia, difamação ou injúria‖. Advém de ações destinadas a 
caluniar, difamar ou injuriar a honra ou a reputação de uma mulher. Uma forma de 
violência velada é o assédio moral. Fofocas mal-intencionadas que depreciem as 
mulheres e que sejam feitas no locais de trabalho são exemplos desse tipo de 
violência. 
Os tipos que vitimizam as mulheres de violência são inúmeros, logo seria de 
muita pretensão tentar falar aqui de todos eles. 
O Instituto DataSenado, na realização da sua pesquisa sobre a Violência 
doméstica e familiar contra a mulher – 2015, constatou que as agressões físicas e 
psicológicas foram majoritárias entre as mulheres que declararam ter sido vítima de 
violência – sete em cada dez mulheres sofreram agressão física; 48%, quase 
metade, sofreram agressão psicológica. A violência sexual ainda atinge uma em 
cada dez brasileiras. 
https://www12.senado.leg.br/institucional/datasenado
https://www12.senado.leg.br/institucional/datasenado/pesquisas/consultarpesquisa?materia_id=brasileiras-sabem-da-lei-maria-da-penha-mas-a-violencia-domestica-e-familiar-contra-as-mulheres-persiste
https://www12.senado.leg.br/institucional/datasenado/pesquisas/consultarpesquisa?materia_id=brasileiras-sabem-da-lei-maria-da-penha-mas-a-violencia-domestica-e-familiar-contra-as-mulheres-persiste
 
Nota-se que mesmo existindo a Lei, diferentes razões impedem a mulher de 
recorrer à justiça, entre elas destacam-se o medo do agressor, a vergonha, a 
dependência financeira e a punição branda, onde neste último geralmente o autor do 
crime presta apenas serviços sociais, o que para as mulheres violentadas não é o 
bastante (BRASIL, 2009). 
 
 
3. FATORES QUE CONTRIBUEM PARA MANTER A VIOLÊNCIA DE 
GÊNERO 
Fruto da construção histórica das sociedades modernas, o processo por meio do 
qual o capitalismo é reforçado pelo patriarcado faz com que os homens, enquanto 
grupo social, tenham privilégios e sejam protegidos quando agem de forma a tentar 
manter a submissão das mulheres. Muitas lutas têm conseguido questionar e até 
mesmo reverter em parte a construção machista de nossa sociedade, mas, ainda há 
uma série de obstáculos que precisamos romper para podermos colocar fim à 
violência sexista. Tais como a impunidade dos agressores, o silêncio das mulheres 
agredidas, as ideias construídas socialmente sobre a inferioridade das mulheres 
que, consequentemente, influenciam para a banalização da violência de gênero. 
Além de tudo isso, é nítido que há, no seio social, uma espécie de transformação 
das vítimas em culpadas – afirmação de que a mulher que provocou e que mereceu, 
bem como as diversas desculpas para tentar justificar os atos de violência: bebida, 
estresse ou loucura. 
Diante da enorme necessidade de se proteger e amparar, de maneira sistêmica, 
as vítimas da violência de gênero é que houve o nascimento da Lei Maria da Penha, 
diploma legislativo importantíssimo e de grande valia para o combate da violência 
sexista. 
 
3.1 Omissão das Vítimas 
De acordo com a cartilha Campanha permanente do Ministério Público do ano de 
2012, Maria da Penha em Ação, acredita-se que mais de 50 % das mulheres que 
sofrem agressão permanecem caladas sem pedir ajuda. Por vergonha, medo, 
dependências financeiras ou emocionais, essas são muitas das causas. Cativas 
ainda de uma cultura machista, sofrem sozinhas e em silêncio. Em muitos casos o 
agressor acusa a própria vítima de ser a responsável pela agressão e até promete 
depois do ato agressor que não acontecera novamente. Porém não demora muito 
para que o ato monstruoso volte a ocorrer. 
De acordo com Silva (2002), ao observar-se o contexto das vítimas, percebe-se a 
vergonha, o medo e o desconhecimento do arcabouço legal que impõe limites à 
violência. Esses fatores dificultam a ida das vítimas aos serviços de saúde. Mesmo 
quando se veem obrigadas a procurar esses serviços, devido à presença de lesões 
físicas, as mesmas tendem a silenciar o problema e raramente fazem queixas 
espontâneas durante as consultas8. Isto proporciona um caráter de invisibilidade àviolência de gênero, que não é algo consentido, mas sim cedido, em virtude das 
mulheres não usufruírem plenamente do poder patriarcal, como ocorre com os 
homens. 
Mesmo contemplando a intensidade que esta realidade vem sendo discutida é 
necessário cada vez mais trazer luz a essas mulheres do direito que todas elas 
despõe de viver sem violência. Que quando gritam por socorro, não é vergonhoso, 
mas, demonstram dignidade, liberdade e cidadania. Faz com que o Estado cumpra o 
seu dever de punir o responsável e proteger a vítima. 
 
3.2 Desigualdade e a sua Influência para a Violência 
 
A violência doméstica, tem raízes culturais, está relacionado a práticas 
machistas que foram e continuam sendo a causa da desigualdade, que legitimam e 
que acabam contribuindo para que as mulheres se vejam como dependentes no 
qual sentem dificuldades financeiras e emocionais, de romper o ciclo de agressões. 
A violência é portanto um meio de coagir, de submeter outrem a seu domínio, 
é uma violação dos direitos essenciais do ser humano. A dominação que o homem 
exerce sobre a mulher constitui uma das dificuldades para que ela consiga sair da 
situação de violência em que se encontra. 
Um problema que leva as mulheres a continuarem vivendo em situação de 
violência é a dependência emocional em relação ao marido. Muitas sofrem para 
manter o casamento, pelo fato de confundirem o papel de esposa com o de mãe. 
Até chegam, muitas vezes, a denunciar o marido, mas não chegam, na maioria dos 
casos, a se separar em definitivo. Só que muitas vezes, o problema vai criando uma 
proporção tamanha que ela necessita denunciar e quando o faz se sentem culpadas. 
Portando a violência contra a mulher é entendida como um fenômeno social 
baseado nas desigualdades de gênero e refletidas nos papeis atribuídos a homens e 
mulheres. 
No Brasil, esta condição apresenta elevada prevalência e coloca a violência 
sexista como um dos problemas prioritários a ser combatidos pela saúde pública e 
pelos organismos de defesa dos direitos humanos, assim como um desafio ao setor 
saúde. Apesar de caracterizar-se como um problema relevante, a violência de 
gênero apenas ganhou maior notoriedade a partir da criação da Lei 11.340/2006 – 
conhecida como Lei Maria da Penha. Este tipo de violência passou, então, a ser 
definido como um crime específico e possíveis mudanças na forma de punição aos 
agressores foram proporcionadas. 
 
 
4. LEI 11.340/06 - MARIA DA PENHA 
 
A violência doméstica contra mulher é crime, e, para evitar este ato e punir quem 
o pratica, foi criada em 7 de agosto de 2006 a lei de número 11.340 – Lei lei Maria 
da Penha, que entrou em vigor no dia 22 setembro de 2006. A lei recebeu este 
nome para homenagear a mulher Maria da Penha Maia Fernandes, que foi 
violentada pelo marido durante seis anos de casamento. O estopim para que Maria o 
denunciasse foi quando o marido atirou contra ela deixando-a paraplégica, porém o 
marido foi punido dezenove anos depois e ficou apenas dois anos preso. Seu caso 
foi abordado pela Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização 
dos Estados Americanos que responsabilizou o Brasil por ficar omisso diante de tal 
fatalidade. 
 A OEA realizou no Brasil a Convenção do Belém do Pará, em 9 de junho de 
1994, para punir e evitar a violência doméstica contra a mulher e buscou investigar 
como estava o caso de Maria na justiça. Diante da situação, exigiram que o Brasil 
criasse uma lei com o fim punir a violência doméstica contra mulher. Para melhor 
entendimento da lei iremos abordar suas principais características. 
Segundo o artigo 1º da Lei Maria da Penha, esta tem o principal objetivo de 
caracterizar a violência doméstica e familiar como violação dos direitos humanos das 
mulheres proteção e procedimentos policiais e judiciais mais humanizados, para as 
vítimas: 
 
Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência 
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da 
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as 
Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para 
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados 
internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre 
a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e 
estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de 
violência doméstica e familiar. 
 
Para Hermann (2007, p. 83), a proteção da mulher preconizada na Lei 
decorre da construção de sua condição (ainda) hipossuficiente no contexto familiar, 
fruto da cultura patriarcal que facilita sua vitimação em situações de violência 
doméstica, tornando necessária a intervenção do Estado a seu favor [...]. 
Conforme o pensamento de Hermann acima, pode-se entender que a mulher 
tem o estereótipo de um ser frágil, dona de casa que dedica a vida à família. É 
vítima de agressões do marido, na maioria das vezes não o denuncia por medo, 
insegurança, por depender economicamente dele, e, muitas vezes, por estar iludida 
pelas promessas de mudança do parceiro. Já diz o ditado popular: ‖Em briga de 
marido e mulher não se mete a colher‖, porém este conhecimento popular é 
machista e ultrapassado, pois garante autoridade ao homem em relação à mulher, 
consequentemente a tornando submissa às suas vontades e rompendo os princípios 
do art. 5o inciso I da Constituição Federal, que garante igualdade de direitos e 
obrigações entre homens e mulheres. 
O art. 2o da lei Maria da Penha estabelece que: 
Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação 
sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos 
fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as 
oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde 
física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. 
 
Conforme descrito neste artigo, a lei garante igualdade entre as mulheres pelo 
fato de não distingui-las por suas crenças e origens. Garante também uma igualdade 
de gênero entre o homem e a mulher, pois a mulher perdeu aquele título de Amélia e 
conquistou seu espaço na sociedade. Isso se torna notório principalmente durante a 
I e II Guerra Mundial, quando seus parceiros foram para os campos de batalha e 
elas puderam se libertar da condição de dependência do marido e começaram a 
ocupar os mesmos cargos que eram ocupados por eles. Portanto elas precisavam 
de um ente que intervisse na situação para garantir seus direitos e sua proteção; 
esta instituição é o Estado. A função do Estado está expressa na Lei Maria da 
Penha no art. 8o: 
 
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar 
contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-
governamentais, tendo por diretrizes: 
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da 
Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, 
saúde, educação, trabalho e habitação; 
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações 
relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes 
às causas, às consequências e à frequência da violência doméstica e 
familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem 
unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das 
medidas adotadas; III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos 
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis 
estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e 
familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV 
do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal; 
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as 
mulheres,em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher; 
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da 
violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e 
à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção 
aos direitos humanos das mulheres; VI - a celebração de convênios, 
protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de parceria 
entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-
governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de 
erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher; VII - a 
capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, 
do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às 
áreas enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou 
etnia; 
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores 
éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a 
perspectiva de gênero e de raça ou etnia; 
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para 
os conteúdos relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de 
raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a 
mulher. 
 
É notório que a função do Estado é evitar a violência doméstica conforme o 
caput do artigo; para isso ele deve desvendar os motivos que levam o agressor à 
prática da violência contra sua parceira, descobrir o motivo de tantas mulheres se 
manterem em silêncio diante das agressões, e, principalmente verificar as 
consequências causadas à mulher. A partir destes dados pode-se desenvolver 
campanhas para evitar a violência doméstica e propagar a lei para a sociedade. 
Para regulamentar sobre a punição do agressor, a lei utiliza-se dos princípios 
do Código Penal e do Código Civil, conforme art. 13 da lei 11.340. Com relação ao 
cumprimento de pena a lei estabelece conforme art. 17 que o agressor não pode se 
escusar de cumprir pena com o pagamento de multa, doação de cestas básicas ou 
prestação de serviços comunitários, que deveria ser aplicada no julgamento de 
ouros crimes a fim de evitar a impunidade dos criminosos. 
A Lei Maria da Penha necessita ser conhecida, difundida, interpretada, 
amplamente divulgada, tanto em espaços acadêmicos como em escolas, 
associações, sindicados, locais de trabalho, comunidades de periferia, grupos de 
mulheres, entre outros. 
 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Conclui-se que a violência contra a mulher é fruto das desigualdades de gênero 
sendo estas identificadas nos papéis atribuídos pela sociedade aos homens e as 
mulheres e que isto advém de raízes culturais criadas e impostas pelos indivíduos. 
São exatamente essas práticas machistas que legitimam e acabam contribuindo 
para que as mulheres se vejam como dependentes em relação ao marido ou 
companheiro, tanto financeiramente como afetivamente, no qual sentem dificuldade 
de sair da situação em que se encontram. 
A edição da Lei nº 11.340/2006 veio como um passo em direção ao cumprimento 
das determinações da Convenção de Belém do Pará e da Convenção para a 
Eliminação de Todas as Formas de Violência contra as Mulheres, além de 
regulamentar a Constituição Federal. Essa Lei traz medidas protetivas à mulher 
vítima de violência doméstica e familiar, e, na esfera punitiva, proíbe a aplicação das 
chamadas pena alternativas, principalmente os benefícios da Lei nº 9099/95 (a 
transação penal, as multas que eram convertidas em cestas básicas —, e a 
suspensão condicional do processo). 
Dentre as medidas protetivas elencadas na Lei ‗Maria da Penha‘, algumas 
merecem destaque, diante de seus feitos intimidativos, bem como para a garantia da 
integridade física e moral da ofendida. Pode-se citar a obrigação de a Autoridade 
Policial garantir a proteção da mulher, encaminhá-la ao hospital, fornecer-lhe e aos 
dependentes o transporte que se fizer necessário, e acompanhar-lhe ao domicílio 
para a retirada dos pertences. 
O combate ao fenômeno da Violência contra Mulher não é função exclusiva do 
Estado; a sociedade também precisa se conscientizar sobre sua responsabilidade, 
no sentido de não aceitar conviver com este tipo de violência, pois, ao se calar, ela 
contribui para a perpetuação da impunidade. Faz-se urgente a compreensão, por 
parte da sociedade como um todo, de que os Direitos das Mulheres são Direitos 
Humanos, e que a modificação da cultura de subordinação calcada em questões de 
gênero requer uma ação conjugada, já que a violência contra a mulher desencadeia 
desequilíbrios nas ordens econômica, familiar e emocional. 
Além disso, a conscientização da natureza histórica da desigualdade de gênero 
precisa ser trabalhada desde o início do ensino escolar, já que a desigualdade de 
gênero somada a ordem patriarcal vigente são alguns dos ingredientes que, unidos 
ao sentimento de culpa inculcado historicamente na psique das mulheres, 
contribuem para a perpetuação das relações desiguais de poder que acabam por 
acarretar em violência 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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