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MARCELA DE CASTRO E CASTRO – MÓDULO VIII - NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO Ao nascimento, o pequeno ser começa a enfrentar um tipo de existência completamente novo. Seu habitat líquido foi trocado por um habitat aéreo e sua energia deverá ser obtida de maneira totalmente nova. O oxigênio que lhe era cedido aos tecidos pelo sangue materno, através da placenta, passa a ser-lhe apresentado em mistura no ar, tornando obrigatório o processo de respiração pulmonar. Associadas às modificações de ambiente e de tipo de respiração e circulação, encontram-se, nos primeiros dias, modificações anatômicas importantes, bem como variações do estado funcional de praticamente todos os órgãos e sistemas. FETO Na vida fetal, o oxigênio é transmitido da mãe ao feto por meio da placenta. O sangue oxigenado vai seguir da placenta para a veia umbilical que sobe em direção ao coração. No trajeto a veia umbilical vai atingir o fígado (um dos órgãos mais irrigados no feto), levando sangue oxigenado a ele, e lá a V.U. se ramifica, originando o ducto venoso. Este, por sua vez, irá desembocar na veia cava inferior, que carregará uma porção de sangue não oxigenado, misturando-os e segue até cair no átrio direito, que se comunica com o átrio esquerdo pelo forame oval. Do átrio direito, o sangue flui para o ventrículo esquerdo e depois se segue para as artérias pulmonares em direção ao pulmão, entretanto o pulmão apresente ALTA resistência, o que não permite a passagem e troca de substâncias, ficando impedido a volta pelas veias pulmonares para o átrio esquerdo. Então, o sangue acaba se acumulando e voltando ao ventrículo direito, deixando a pressão nele ALTA, desse modo o sangue que está na parte de cima (átrio direito), acaba seguindo para o caminho que oferece menos resistência, ou seja, pelo forame oval para o átrio esquerdo. O sangue segue para o ventrículo esquerdo e por fim para a aorta. Além disso, existe outra estrutura de adaptação fetal: o ducto arterioso. Esse ducto conecta o tronco pulmonar diretamente à aorta, assim o sangue que encontrou grande resistência no pulmão, acaba seguindo pelo ducto arterioso para a aorta que oferece menor resistência. ADAPTAÇÃO DO RN Envolta dos vasos umbilicais em sua base, existe uma estrutura denominada geleia de Wharton. Essa geleia após o nascimento ela se contrai e lacra os vasos, impedindo o sangramento exacerbado do bebê. Depois que o cordão é cortado, a veia umbilical começa a coagular em seu interior e com o passar do tempo ela se torna o ligamento redondo hepático. O ducto venoso se torna o ligamento venoso. Além disso, durante o nascimento (por parto vaginal) o RN passa pelo canal vaginal e acaba eliminando grande parte do líquido alveolar, somado a isso o choro ao nascer permite a entrada de ar nos pulmões, assim ele deixa de ter muito líquido (alta resistência) e passa a ter ar (baixa resistência). Então, a pressão no VD diminui e no AE aumenta, promovendo o fechamento do forame oval fisiologicamente em cerca de 10-15 minutos e formando a fossa oval de 6 meses a 1 ano. Dessa forma, o sangue consegue fluir em seu curso fisiológico (AT -> VD -> AP -> VP -> AE -> VE -> AORTA). Devido a altos níveis de O2 e baixos níveis de prostaglandinas, a musculatura que envolve o ducto arterioso se contrai e forma o ligamento arterioso, se fechando funcionalmente 15 a 20 horas após o nascimento e anatomicamente aos 2 ou 3 meses. E as artérias umbilicais formam o ligamento umbilical medial. MARCELA DE CASTRO E CASTRO – MÓDULO VIII - NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO Com a compressão do tórax ao passar pelo canal vaginal, cerca de um terço do líquido pulmonar, é expelido pela boca e nariz, e os dois terços restantes são absorvidos pela circulação pulmonar e sistema linfático, dentro de 6 a 24 horas após o nascimento. Além disso, com a compressão mecânica do tórax e expulsão do líquido pulmonar, ocorre uma descompressão do tórax, quando o RN sai do canal vaginal, criando-se assim, uma pressão negativa que traz o ar para dentro dos pulmões. A completa expansão pulmonar e distribuição do ar pelos alvéolos ocorre quando o recém-nascido chora, porque o choro cria uma pressão intratorácica positiva, mantendo os alvéolos abertos e forçando o restante do líquido pulmonar para os capilares pulmonares e sistema linfático. Após as primeiras respirações, o recém- nascido assume sua atividade ventilatória e de oxigenação, com a substituição do espaço antes ocupado pelos fluidos pulmonares por ar atmosférico. Antes do evento do nascimento, o pulmão permanece repleto de líquido e recebe de 10 a 15% do débito cardíaco total. O início da função respiratória é estabelecido por estímulos térmicos, físicos, sensoriais, como dor e luminosidade, e químicos, como o baixo pH, devido ao acúmulo de metabólitos ácidos nos centros medulares por causa da hipóxia originada pela falta da circulação umbilical. A primeira respiração deve ocorrer dentro de 20 segundos após o parto. Após os primeiros minutos de vida, com a expulsão e reabsorção do líquido presente nos pulmões, este enche-se de ar e o fluxo sanguíneo aumenta consideravelmente, cerca de oito a dez vezes.
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