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COVID 19-O que se sabe



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Problema 6 
ROTAS DE TRANSMISSÃO 
O artigo com o título de “O surto do Sars-CoV-2: O que nós 
sabemos” foi publicado em 12/03/2020, ou seja, em um 
momento em que a pandemia começava a ser iniciada. 
Dessa forma, os conhecimentos acerca desse assunto 
ainda eram muitos incertos e foram aprofundados 
posteriormente com outras pesquisas e estudos. Porém, é 
importante discutirmos essas ideias iniciais para 
entendermos quais foram as bases para o aprofundamento 
das pesquisas e sistematização do conhecimento 
❖ O artigo de Chan reporta um caso de cinco pacientes em 
uma família e isso confirma a ideia de que o Sars-CoV- 2 
possui a sua transmissão de pessoa para pessoa 
❖ Autoridades de saúde identificaram evidências de 
transmissão por uma cadeia de 4 componentes: 
• Uma pessoa que contraiu o vírus de uma fonte não 
humana 
• Essa pessoa infectada, infectou outra pessoa 
• E assim por diante 
❖ Até o momento da elaboração desse artigo, tinha-se 
como a principal fonte de infecção sendo pacientes com 
pneumonia e infectados pelos Sars-CoV-2 >> A 
transmissão por gotículas respiratórias é a principal rota 
de transmissão 
❖ Esse artigo também atribui uma relativa importância 
para casos assintomáticos, os quais desempenham um 
papel crítico no processo de transmissão 
❖ Esse estuda apresenta também o fato de que o novo 
coronavírus foi detectado nas fezes de pacientes 
confirmados em Wuhan, Schenzen e até no primeiro caso 
dos EUA >> Isso indica que esse vírus pode se replicar e 
existir do TGI, sugerindo a transmissão fecal-oral 
• Há observações de que o vírus Sars-CoV-2 nas fezes 
podem ser retransmitidos por formação em aerossol de 
gotículas contendo o vírus, o que requer maiores estudos 
• Porém, até aquele momento não havia evidências de 
transmissão por aerossóis de COVID-19 
❖ Esse artigo traz ainda o relato de que uma mãe havia 
sido diagnosticada com um novo tipo de pneumonia por 
coronavírus e o recém-nascido havia testado positivo para 
o ácido nucleico viral em swabs de faringe após 30 
horas de seu nascimento >> Isso sugere que o novo 
coronavírus pode causar infecção neonatal através 
da transmissão de mão para criança. 
TRANSMISSÃO POR AEROSSÓIS E SUPERFÍCIES 
❖ O artigo apresenta dados que foram obtidos por meio de 
experimentos em 10 condições experimentais envolvendo 
dois vírus, Sars-CoV-1 e Sars-CoV-2, em 05 ambientes 
condicionados (aerossóis, plástico, aço inoxidável, cobre e 
papelão) 
• Os aerossóis contendo o vírus foram gerados com o uso 
de um nebulizador de 03 jatos e lançado em um ta,bor de 
Goldberg para criar um ambiente aerossolizado 
❖ No que diz respeito aos aerossóis, o Sars-CoV-2 
permaneceu viável durante o período do experimento, o 
qual foi de 03 horas, sendo que houve uma redução do título 
viral de 103,5 para 102,7 >> Essa mesma redução foi 
observada para o SarsCoV-1 
❖ Já no plástico e no aço inoxidável, o Sars-CoV-2 se 
apresentou mais estável no que no cobre e no papelão >> 
Vírus viáveis foram encontrados até 72 horas (3 dias) após 
a aplicação nessas superfícies, embora o título viral tenha 
sido bastante reduzido: 
• No plástico reduziu de 103,7 para 100,6após 72 horas 
• No aço inoxidável, reduziu-se de 103,7 para 100,6após 48 
horas 
• No cobre, nenhum Sars-CoV-2 viável foi medido após4 
horas >> Em relação ao SarsCoV-1 nenhum vírus viável foi 
identificado após8 horas 
• No papelão, nenhum SARS-CoV-2 viável foi medido após 
24 horas e nenhum SARSCoV-1 foi medido após 8 horas 
❖ De uma forma geral, concluiu-se com essa pesquisa que 
as meias vidas Sars-CoV-2 e 1 foram semelhantes em 
aerossóis com uma mediana apresentada em 
aproximadamente 1,1, a 1,2 horas. Os intervalos 
apresentados possuem 95% de confiança e são os 
seguintes: 
• 0,64 a 2,64 para o SARS-CoV-2 
• e 0,78 a 2,43 para o SARS-CoV-1 
❖ A meia vida de ambos forma similares na superfície de 
cobre 
❖ No papelão, a meia vida do SARS-CoV-2 foi maior que a 
do SARS-CoV-1. 
❖ A viabilidade mais longa de ambos os vírus foi no aço 
inoxidável e no plástico, sendo a mediana estimada da meia 
vida do Sars-CoV-2 foi de aproximadamente 5,6 horas no 
aço inoxidável e 6,8 horas no plástico 
❖ É importante ressaltar que o próprio artigo que os dados 
para a papelão possuía uma maior variação no 
experimento e por isso resultavam um erro padrão maior. 
Isso significa que em relação a esse resultado deve-se ter 
um maior cuidado na interpretação 
❖ Conclusão do artigo: A estabilidade do SARS-CoV-2 foi 
similar à estabilidade do SARS-CoV-1 nas circunstâncias 
experimentais testadas. E isso indica que as diferenças 
epidemiológicas desse vírus provavelmente surgem de 
fatores com altas cargas virais e o potencial de pessoas 
infectadas assintomáticas em eliminar e transmitir o 
SARSCoV-2. Além disso: 
• Os resultados indicam que a transmissão do SARS-CoV-
2 por aerossóis e por fômites é plausível, pois o vírus pode 
permanecer viável e infeccioso em aerossóis por horas e, 
em superfícies, por dias 
TRANSMISSÃO ORAL-FECAL 
❖ Os resultados obtidos e coletados pela pesquisa desse 
artigo foram baseados em todas as amostras respiratórias 
e fecais provenientes de pacientes com a COVID-19 no 
Quinto Hospital Afiliado da Universidade de Sun Yat-sem, 
Zhuhai, China, ao longo do curso de sua doença e em 
período de quarentena obrigatório. 
• As amostras foram coletadas a cada 1 ou 2 dias 
dependendo da disponibilidade das amostras fecais ate que 
dois resultados negativos para a doença fossem obtidos 
❖ O total de amostras coletadas (fetais e respiratórias) 
foram de 74 pacientes 
• As amostras fecais de 33 (45%) dos 74 pacientes foram 
negativas para o RNA de SARS CoV-2 >> Enquanto isso as 
amostras respiratórias permaneceram positivas por um 
período médio de 15,4 dias a partir do início dos sintomas. 
• Para os 41 (55%) pacientes dos 74 os quais tiveram as 
amostras fecais positivas para RNA de SARS-CoV-2, as 
amostras respiratórias permaneceram positivas para RNA 
de SARS-CoV-2 durante uma média de 16,7 dias e as fecais, 
por uma média de 27,9 dias a partir do início dos sintomas 
❖ O estudo traz a questão de um paciente por exemplo ter 
apresentado amostras fecais positivas por 33 dias 
contínuos após as amostras respiratórias terem sido 
negativas, assim como também apresentou um paciente 
que foi positivo para RNA de SARS-CoV-2, em suas 
amostras fecais, por 47 dias após o início dos sintomas 
❖ O estudo também traz as seguintes informações: 
• A presença de sintomas gastrintestinais não se mostrou 
associada com amostras fecais positivas para o RNA de 
SARS-CoV-2 
• A gravidade da doença não se mostrou associada com 
positividade prolongada das amostras fecais 
• Tratamentos antivirais se mostraram positivamente 
associados coma presença de RNA viral em amostras 
fecais ❖ Sendo assim, os dados do estudo sugerem a 
possibilidade de duração prolongada da liberação viral nas 
fezes por aproximadamente 5 semanas após as amostras 
respiratórias dos pacientes testarem negativas para o RNA 
de SARS-CoV-2. 
• Como já se sabe, o que poderia levar a transmissão fecal-
oral 
❖ Além disso, esse estudo traz a questão de que a 
positividade de amostras fecais para o Título: Estabilidade 
do SARS-CoV-2 em aerossóis e sobre superfícies em 
comparação ao SARS-CoV-1 RNA de SARS-CoV-2 
normalmente demora em relação à positividade das 
amostras do trato respiratório >> Por isso não podemos 
utilizar isso como fonte de diagnostico 
❖ O fato das as amostras fecais permaneceram positivas 
para o RNA de SARS-CoV-2 após as amostras do trato 
respiratório se tornarem negativas indica que o vírus 
continua se replicando ativamente no trato gastrintestinal 
e que a transmissão fecal-oral poderia ocorrer mesmo 
após a eliminação do vírus do trato respiratório. 
❖ A transmissão pela via fecal-oral pode representar um 
grande risco em instalaçõesresidenciais, como pensões, 
dormitórios, trens, ônibus e navios de cruzeiro. 
TRANSMISSÃO VERTICAL 
❖ Existem controvérsias sobre se o SARS-CoV-2 pode ser 
transmitido no útero de uma mãe infectada para seu filho 
antes do nascimento. Nesse artigo: 
• Série de 9 mulheres grávidas não encontrou transmissão 
de mãe para filho. 
• Um recém-nascido com anticorpos IgM elevados para 
SARS-CoV-2 nascido de uma mãe comCOVID-19. O caso 
positivo 
❖ Antes: uma gestante de 34 semanas suspeita de ter sido 
exposta ao Sars-CoV-2 desenvolveu uma temperatura de 
37,9oC e congestão nasal, o que evoluiu para dificuldades 
respiratórias. 
❖ 3 dias depois, foi realizado um TC de tórax que mostrou 
opacidades irregulares foscas na periferia de ambos os 
pulmões. 
❖ Teste RT-PCR de swab nasofaríngeo foi positivo. 
❖ A paciente foi internada 5 dias depois e recebeu antiviral, 
antibiótico, corticoesteróide e oxigênio. Resultados de 4 
repetições de teste RT-PCR foram positivos ❖ Os 
resultados de um teste RT-PCR das secreções vaginais da 
paciente foram negativos. 
❖ 23 dias depois, a mãe deu a luz à criança por meio de 
uma cesárea em uma sala de isolamento de pressão 
negativa. >> A mãe usava uma máscara N95 e não segurou 
a criança. 
❖ Após 02 horas do nascimento, o nível de IgG para SARS-
CoV-2 era 140,32 AU/mL e o nível de IgM era 45,83 AU/mL. 
>> Assim como citocinas estavam elevadas e contagem de 
células brancas também 
❖ Resultados de 5 testes RT-PCR de swabs nasofaríngeos 
coletados de 2 horas a 16 dias de idade foram negativos. 
Seus níveis de IgMe IgG permaneciam elevados 
❖ O leite materno apresentou um teste negativo no exame 
de RT-PCR. 
❖ O nível de anticorpos IgM elevado sugere que o recém-
nascido foi infectado no útero, pois anticorpos IgM não são 
transferidos para o feto via placenta.>> O bebê 
potencialmente poderia ter sido exposto por 23 dias a partir 
do diagnóstico de COVID-19 da mãe até o nascimento. 
❖ Embora a infecção no parto não possa ser descartada, 
os anticorpos IgM geralmente não aparecem até 3 a 7 dias 
após a infecção, e o IgM elevado no recém-nascido era 
evidente em uma amostra sanguínea coletada 2 horas após 
o nascimento >> Além disso, a secreção vaginal da mãe era 
negativa para SARS-CoV-2. 
❖ Limitações desse relatório: o fato de ser um caso único 
e que nenhum teste de PCR do líquido amniótico ou 
placenta foi realizado. 
❖ Além disso, de acordo com o Protocolo de manejo 
clínico, em mães infectadas pela Covid-19 é recomendada 
a manutenção do aleitamento materno, considerando o 
benefício do aleitamento e a ausência, até o momento, de 
evidências de transmissão do SARS-CoV-2 por essa via. 
• Em relação à cesariana em gestantes diagnosticadas com 
Covid-19, entre 26 e 40 semanas de gestação não há 
indicação exclusiva para esse procedimento. No entanto, 
deverão ser mantidas as indicações obstétricas e/ou 
clínicas considerando caso a caso. 
• Diante da possibilidade de interrupção prematura da 
gestação, o uso de corticoide para promover a maturidade 
pulmonar fetal deverá ser avaliado caso a caso 
ATUAÇÃO DO SARS-COV-2 NO ORGANISMO 
❖ O Sars-CoV-2 utiliza a enzima conversora de 
angiotensina 2 dos hospedeiros como seu receptor para 
entrada nas células 
❖ A linfocitopenia é comum em pacientes com Covid19, 
além disso, as vias de apoptose, autofagia e p53 em células 
mononucleares de sangue periférico encontram-se com 
aumento de expressão em pacientes com o quadro 
patológico 
• Ainda não está claro se o SARS-CoV2 também pode 
infectar as células T, resultando em linfocitopenia. 
❖ O artigo busca avaliar a suscetibilidade dos linfócitos T à 
infecção pelo Sars-CoV-2 e para isso, SARS-CoV e SARS-
CoV-2 pseudotipados foram envelopados 
• Os pseudovírus foram capazes de infectar células 
permissivas (células 293T/ECA2 e Huh7) que expressam 
receptores ECA2, mas não infectaram células não 
permissivas (células HeLa) 
• Ademais, pseudovírus de infectividade igual para células 
293T/ECA2 foram usados para infectarem duas linhagens 
de linfócitos T, MT-2 e A3.01, com níveis de expressão de 
hECA2 e mRNA baixíssimos, próximo ao negativo 
Resultado: em várias replicações observou-se que as 
linhagens de células T foram mais sensíveis à infecção pelo 
SARS-CoV-2 em comparação ao SARS-CoV>> Basicamente 
isso significa que os linfócitos T podem ser mais 
permissivos à infecção pelo SARS-CoV- 2 e menos 
permissivos à infecção pelo SARS-CoV ➔ É plausível, de 
acordo com o artigo, que a proteína S do SARS-CoV-2 
possa intermediar potente infectividade, mesmo nas 
células com baixa expressão de hECA2, o que poderia, por 
sua vez, justificar porque a taxa de transmissão da SARS-
CoV-2 é tão alta. 
PROTEÍNA S: PROTEÍNA SPIKE! 
• A proteína S se acopla ao ACE2 e sofre uma divisão para 
que haja a fusão da membrana viral com a célula ou a 
endocitose. A partir disso, é liberado o RNA que está no 
interior do vírus 
• A proteína S tem um formato de cabeça de prego, com 
uma porção mais larga e outra mais estreita. A mais larga 
é chamada de porção S1 e é nela que está a parte que se 
liga ao receptor ACE2. ➔ Da mesma forma, é possível que 
se tenha outros receptores que permitam a entrada de 
SarsCoV-2 nas células T, como CD147, que está presente 
nas superfícies dos linfócitos T e que foram recentemente 
relatados como uma nova via de invasão para o Sars-CoV-
2 ❖ O artigo para determinar se o Sars-CoV-2 adentra nos 
linfócitos T através de endocitose não mediada por 
receptores usou o peptídeo EK1, o qual se mostrou um 
inibidor da proteína S do Sars-CoV-2, mediando a fusão 
células a célula 
• Ele inibe a infecção mediada por receptores por meio da 
interação com HR1 bloqueando a formação de feixes de seis 
hélices (6-HB) e posteriormente inibe a fusão entre as 
membranas viral e da célula alvo 
• Descobriram-se que o peptídeo EK1 tem atividade 
inibitória significativa contra pseudovírus SARS-CoV-2 em 
células MT-2, sugerindo que a entrada do vírus depende de 
fusão mediada por receptor. No entanto, o EK1 teve 
atividade inibitória em células MT-2 somente em altas 
concentrações 
• Estes resultados sugerem que o SARS-CoV2 também 
possa entrar em linfócitos T através da via de endocitose 
mediada por receptores. 
❖ Esse mesmo estudo, buscando deixar as informações 
maus clara, realizou um ensaio com fusão célula-célula de 
SARS-CoV-2 mediada por proteína S, seguindo estudos 
prévios. >> Após 48h de cultura, 293T células expressando 
proteína S do SARS-CoV-2 sofreram fusão com células 
MT-2. 
• Conclusão: o SARS-CoV-2 é capaz de infectar células T 
através de fusão de membranas mediada por proteína S. 
• A porcentagem de células MT-2 positivas para 
nucleoproteína de SARS-CoV-2 foi 23,11% maior que 
aquelas células não infectadas 24 horas após a infecção, o 
que representa aproximadamente 4,6 vezes da porção em 
1h >> Este resultado aponta que o vírus penetrou as células 
MT2 em 24h e as infectou. 
• Embora o Sars-CoV-2 tenha se mostrado eficiente em 
infectar as células MT-2, a mesma coisa não se pode dizer 
em relação a replicação. Foi observado o número de copias 
do genoma viral em diferentes tempos após a infecção e 
percebeu-se que o Sars-CoV-2 não foi capaz de se replicar 
eficientemente nessas células >> O número de cópias do 
genoma viral em 6h foi significativamente maior que em 
qualquer outro período de tempo no lisado celular, mas 
permaneceu constante em todos os períodos nos 
sobrenadantes. Isso sugere que o vírus consegue entras 
nas célulasMT-2 em 6h após a infecção, mas não se replica, 
tendo seu RNA viral logo em seguida degradado 
❖ Foi concluído com esse artigo que: 
• SARS-CoV-2 é capaz de infectar células T 
• o SARS-CoV-2 infectou as células T por fusão de 
membranas dependente de receptores, mediada por 
proteína S 
• a infecção poderia ser inibida por peptídeo EK1. 
❖Alguns experimentos conduzidos pela USP indicaram 
que o novo coronavírus é capaz de infectar e lavar à morte 
diferentes de linfócitos 
• Células mononucleares obtido a partir do sangue de 
doadores sadios foram incubadas com o vírus durante dois 
dias >> Com um anticorpo capaz de reconhecer antígenos 
do vírus no interior das células, os pesquisadores 
comprovaram que o processo de infecção tinha ocorrido. 
• As análises mostraram que os monócitos foram as 
células mononucleares mais suscetíveis ao SARS-CoV-2. 
Eles foram seguidos dos linfócitos TD4, linfócitos TCD8 e 
linfócitos B 
 ❖ Em outro experimento, o grupo tentou bloquear a 
infecção com um inibidor de ACE2 - a proteína usada pelo 
microrganismo para entrar na célula humana, 
normalmente expressa em baixas quantidades nas células 
mononucleares do sangue. >> O ACE2 reduziu a carga viral 
mas não aboliu totalmente e isso sugere a existência de um 
mecanismo alternativo de infecção em células linfoides 
❖ Ainda de acordo com outro estudo realizado por 
pesquisadores da UNICAMP, o novo coronavírus atua por 
um mecanismo semelhante ao do HIV, >> Os dois afetam o 
linfócito TCD4, porém o Sars-CoV-2 causa m quadro de 
imunodeficiência aguda não apenas porque mata parte dos 
linfócitos T CD4, mas também porque prejudica a função 
dessas células. Isso faz com que os linfócitos T CD8 se 
proliferem menos e os linfócitos B produzam anticorpos 
com menor afinidade e duração. Seria um efeito 
semelhante ao do HIV, só que agudo. 
• Na primeira etapa: os pesquisadores incubaram células 
de doadores saudáveis com o SARS-CoV-2 e 
acompanharam o que acontecia nas 24 horas seguintes por 
meio de diferentes técnicas. >> As análises confirmaram a 
presença do novo coronavírus no interior de 
aproximadamente 40% dos T CD4, sendo que 10% dessas 
células morreram ao final do período de observação. Os 
linfócitos T CD8 não foram afetados. 
• Os pesquisadores observaram ainda que a carga viral 
mais do que dobrou entre as medições feitas duas e 24 
horas após o início do teste - sinal de que o vírus estava se 
replicando nas células em cultura. 
• Em pessoas que possuíam um quadro moderados da 
doença foram encontrados poucos linfócitos infectados e 
eles estavam produzindo interferon gama, o que é 
fundamental na resposta antiviral 
• Já em pacientes em estado mais crítico e avançado da 
doença, tinha-se um número muito maior de linfócitos com 
o vírus, as células estavam produzindo no lugar da IFN-γ a 
interleucina-10 (anti-inflamatória) >> os linfócitos T CD4 
estavam sinalizando para o sistema imune a necessidade 
de frear o combate ao vírus. 
PREVENÇÃO GERAL 
A melhor prevenção é evitar exposição ao vírus 
• Higiene frequente das mãos com água e sabão ou 
preparação alcoólica. As mãos depois de voltar de 
locais públicos, tocar em bens públicos, cobrir a tosse 
ou espirro com as mãos, depois de tirar a sua máscara, 
antes de comer ou depois de ir ao banheiro, depois de 
tocar coisas sujas etc. 
 
• Evitar tocar olhos, nariz e boca sem higienização 
adequada das mãos. 
• Evitar contato próximo com pessoas doentes. 
• Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, com cotovelo 
flexionado ou utilizando um lenço descartável. 
 
• Ficar em casa e evitar contato com pessoas quando 
estiver doente. 
• Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com 
frequência. 
• Membros da mesma família não devem compartilhar 
toalhas 
• Minimize atividades fora de casa 
• Evite festas, lugares fechados e movimentados 
• Evite contato com animais silvestres e domésticos 
• Mantenha distância mínima de 1 metro entre pessoas 
em lugares públicos e de convívio social, evitando 
abraços, beijos e apertos de mãos. 
• Não compartilhe objetos de uso pessoal como talheres, 
pratos, copos e toalhas. 
• Dormir bem e ter alimentação saudável 
 
PREVENÇÃO PROFISSIONAIS DE SAÚDE 
No atendimento pré-hospitalar 
• Isolar os pacientes suspeitos no transporte, e ofertar a 
eles máscara cirúrgica 
• Melhorar a ventilação, ou seja, preferência por vidros 
abertos para proporcionar a troca de ar 
• O profissional deve usar o EPI 
• A higiene das mãos com preparação alcoólica é 
fundamental 
• Limpar e desinfetar todas as superfícies internas do 
veículo após a realização do transporte, com álcool 70%, 
hipoclorito de sódio ou desinfetante 
No atendimento ambulatorial, pronto 
atendimento ou assistência hospitalar 
• Manter casos suspeitos em área separada até atendimento 
ou encaminhamento ao serviço de referência (se 
necessário), limitando sua movimentação fora da área de 
isolamento. 
• A provisão de todos os insumos: máscaras cirúrgicas, 
máscaras N95, PFF2 ou equivalente, sabonete líquido ou 
preparação alcoólica, lenços de papel, avental 
impermeável, gorro, óculos de proteção, luvas de 
procedimento, higiene. 
Equipamentos de Proteção Individual 
Sendo um profissional da saúde, a máscara de proteção 
respiratória deve ter eficácia mínima na filtração de 95% de 
partículas (tipo N95, N99, N100, PFF2, PFF3). 
As luvas devem ser utilizadas por profissionais de saúde 
quando houver risco de contato das mãos do profissional 
com sangue, fluidos corporais, secreções, excreções, 
mucosas, pele não íntegra. A utilização de luvas não 
substitui a lavagem das mãos, portanto, é preciso lavá-las 
com frequência. 
 
 Para as pessoas comuns, não há necessidade de usar luvas. 
Apenas devem lavar as mãos corretamente sempre. 
 
FATORES DE RISCO 
Entre os fatores de risco para desfechos mais graves como 
a necessidade de internação em unidade de terapia 
intensiva (UTI) e/ou uso de ventilação mecânica e morte 
para a COVID-19 são: 
✓ idade de 65 anos ou mais; 
✓ pessoas internadas em instituições de longa 
permanência; 
✓ pacientes com doença pulmonar obstrutiva 
crônica, asma (moderada a grave) e dependentes 
de oxigênio; 
✓ pessoas com problemas cardíacos graves ou 
descompensados; 
✓ hipertensos descompensados; 
✓ diabéticos; 
✓ portadores de doenças cromossômicas ou estado 
de fragilidade imunológica; 
✓ indivíduos com insuficiência renal crônica 
avançada; 
✓ gestantes de alto risco; pessoas de qualquer idade 
com obesidade grave (IMC > 40); 
✓ e condições médicas, como doenças hepáticas. 
Sobre a asma, é uma doença respiratória comum 
caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas, 
superprodução de muco, hiper-responsividade e 
remodelação. É bem conhecido que os eosinófilos 
desempenham um papel central nas doenças alérgicas, 
incluindo a asma. Curiosamente, alguns estudos 
mostraram eosinopenia, ou seja, uma redução dessas 
células em pacientes com COVID-19, mais predominante 
em pacientes graves. Considerando que os pacientes 
asmáticos têm respostas imunes prejudicadas contra a 
infecção viral e que as infecções virais respiratórias têm o 
potencial de desencadear ou piorar os sintomas da asma, 
o manejo dos pacientes asmáticos torna-se mais complexo 
durante a pandemia de COVID-19. 
Sobre o diabetes mellitus o COVID-19 pode levar ao 
agravamento da resistência à insulina em pessoas com 
DM2 e DMT1 (especialmente aqueles que são obesos). 
Também, em meio aos bloqueios nacionais prevalecentes, 
a restrição de movimentos ao ar livre limitaria a exposição 
ao sol, levando à vitamina D deficiência. A hipovitaminose 
D tem sido considerada um fator de risco para a resistência 
à insulina e a suplementação de vitamina D melhora a 
sensibilidade à insulina. Assim, a vitamina D deficiente 
pode levar à piora do nível de glicose em pacientes 
subsequentemente infectados com COVID-19. 
 
Sobre hipertensão é considerada um dos fatores de risco 
mais importantes para COVID-19. A relação entre 
hipertensão e resultados adversos ainda é questionável. 
Não está claro se a pressão arterial não controlada é um 
fator de risco para adquirir COVID-19 ou se a pressão 
arterial controlada em pacientes com hipertensão é ou não 
umfator de risco menor. No entanto, várias organizações 
já enfatizaram o fato de que o controle da pressão arterial 
continua sendo uma consideração importante para reduzir 
a carga da doença, mesmo que não tenha efeito sobre a 
suscetibilidade à infecção viral SARS-CoV-2. O fato de que 
a hipertensão e outras formas de doença cardiovascular 
também encontradas com frequência em pacientes com 
COVID-19 são frequentemente tratadas com conversão de 
angiotensina inibidores da enzima (ACE) e bloqueadores do 
receptor de angiotensina (ARBs), e que o SARS-CoV-2, o 
vírus que causa COVID-19, se liga à ACE2 no pulmão para 
entrar nas células, reforça essa teoria. 
Sobre gestantes, a literatura atual indica que em casos 
graves, a infecção pelo SARS-CoV-2 desprende inúmeras 
citocinas, aumentando as concentrações plasmáticas de 
IL-2, IL-7, IL-10, TNF-a. Em grávidas no primeiro e terceiro 
semestre, encontra-se nesses momentos um estado pró-
inflamatório, essas citocinas podem causar um estado 
ainda mais grave. É preciso deixar claro que as 
informações atuais não encontraram ainda infecção do 
COVID-19 no feto, entretanto, precisamos compreender os 
riscos potenciais para o feto na vida pós-natal. 
Em relação a pessoas com problemas cardíacos graves ou 
descompensados, relatórios sugerem o dano miocárdico 
causado pelo SARS-CoV-2, que dificulta o tratamento do 
paciente. Os pacientes com síndrome coronariana aguda 
(SCA) devido a reserva funcional cardíaca reduzida, tem 
mais probabilidade de uma insuficiência cardíaca, tendo 
uma piora repentina do quadro. 
De acordo com dados sobre mortalidade, 35% dos 
pacientes tinham histórico de hipertensão, e 17% histórico 
de doença arterial coronariana. 
Além disso, pacientes com mais de 60 anos tinham mais 
sintomas sistêmicos e pneumonia severa quando 
comparado aos menores de 60 anos. 
Sobre os idosos, eles são mais susceptíveis à doenças, 
devido ao seu sistema imunológico mais deprimido, diante 
da redução em números e em funções de suas células de 
defesa. Eles também são mais susceptíveis à doença, pois 
apresentam múltiplos fatores de risco, como hipertensão 
arterial, diabetes mellitus e doenças cardiovasculares, que, 
usualmente, ocorrem de forma associada. 
Tabagismo: um estudo especial 
❖ Os fumantes também são debatidos como um fator 
de risco, pois os fumantes realizam o ato sem a 
higienização adequada das mãos. 
❖ Um exemplo são os narguilés que são populares 
entre os jovens e o perigo é o compartilhamento 
bucal. Outras doenças como influenza, herpes 
labial e tuberculose são transmitidas pelos 
narguilés, então, nessa lógica, o SARS-CoV-2 
também seria. 
❖ O hábito de fumar aumenta o risco de danos 
pulmonares. Em doenças como influenza, o tabaco 
aumenta a gravidade. No SARS-CoV-2 foi 
identificado que ele aumenta a expressão da 
enzima conversora de angiotensina 2(ECA2), que é 
um receptor do vírus. 
❖ Fumantes com COVID-19 têm 3,25 vezes mais 
chances de desenvolver quadros mais graves da 
doença do que não fumantes. 
Riscos sociodemográficos 
Raça e etnia são fatores de risco: 
Isso porque condições crônicas como obesidade, AVC, 
diabetes afetam afro-americanos e latinos de forma mais 
acentuada em comparação com brancos. 
Comunidades de cor também são mais propensas por 
geralmente serem empregados como trabalhadores 
essenciais, estando mais exposto, e assim experimentando 
barreiras estruturais às medidas de distanciamento social, 
sendo mais vulnerável a doença grave. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
A infecção com SARS-CoV-2 pode se apresentar 
clinicamente em uma destas três principais condições: 
1. Portadores assintomáticos, 
2.Indivíduos com doença respiratória aguda (DRA) 
3.Pacientes com pneumonia em diferentes graus de 
gravidade. 
 
Nos maiores epicentros da doença, os primeiros casos 
surgiram em indivíduos assintomáticos com diagnóstico 
laboratorial confirmado. Só que essa triagem por meio de 
testes moleculares é complexa, pois a conduta em casos 
suspeitos varia em diferentes países. Esse desafio se torna 
ainda mais difícil na observação de casos pediátricos, que 
contribuem para grande parte dos portadores 
assintomáticos, exigindo maior atenção para evitar a 
transmissão. No entanto, os sintomas são mais evidentes em 
pacientes com testes moleculares positivos e com 
manifestações respiratórias e exames de imagem 
compatíveis com o diagnóstico de pneumonia. Os registros 
clínicos dos pacientes no início da infecção indicam que os 
sintomas mais comuns são: 
✓ Febre 
✓ Tosse 
✓ Mialgia 
✓ Fadiga 
 
Também podem ser acompanhados por secreção 
respiratória, dor de cabeça, hemoptise e diarreia 
Alguns dos sintomas iniciais se assemelham aos de 
outras infecções respiratórias virais, como Norovirose e 
Influenza. Dispneia e febre alta são sintomas que definem a 
principal diferença clínica entre a COVID-19 e o resfriado 
comum, que é acompanhado de congestão nasal, 
lacrimejamento, espirros e coriza, inicialmente hialina, mas 
que ao longo dos dias se torna amarelo-esverdeada. Quando 
comparamos com a Influenza, a COVID-19 apresenta 
sintomas clínicos semelhantes, mas com maior proporção 
de evoluções para infecções graves e críticas, exigindo 
oxigenoterapia e suporte ventilatório. Existem casos da que 
se complicam seriamente, levando os indivíduos à unidade 
de terapia intensiva (UTI) e até mesmo ao óbito. Quanto a 
esses casos mais complexos, ou evoluem dos sintomas 
iniciais que eu falei lá em cima, ou já manifestam a infecção 
pela SARS-CoV-2 por meio da SRAG, pela apresentação de 
dispneia ou sinais clínicos como diminuição da saturação ou 
cianose. Segundo o Ministério da Saúde, além do percentual 
de assintomáticos, entre os indivíduos com a COVID-19, cerca 
de 80% apresentam doença leve, 14% apresentam doença 
grave e 5% são casos críticos. Pacientes com sinais e 
sintomas como febre alta, taquipneia e dispneia, além de 
indicações clínicas da gravidade exigem maior atenção da 
equipe médica. A progressão dos primeiros sintomas de 
COVID-19 para sepse é lenta, e o envolvimento extra 
pulmonar é caracterizado principalmente por insuficiência 
cardíaca refratária e danos nos rins, levando cerca de 25% 
desses pacientes críticos à terapia renal substitutiva. A 
acentuada evolução para sepse e choque séptico pode 
atingir uma taxa de incidência superior a 50% em pacientes 
críticos, principalmente quando agravada por infecções 
secundárias. 
Também há relatos de sintomas menos comuns e 
difíceis de mensurar de forma objetiva, como: 
✓ Anosmia (perda do olfato) 
✓ Hiposmia (diminuição do olfato) 
✓ Ageusia (perda do sentido do paladar) 
Entidades de especialistas propõem que esses 3 sejam 
incluídos no rastreamento da infecção por SARS-Cov-2, 
principalmente na ausência de outras doenças respiratórias, 
como rinite alérgica e rinossinusite aguda ou crônica. Há 
evidências de um número significativo de pessoas que 
desenvolveram esses sintomas e que, posteriormente, 
tiveram resultados positivos para a COVID-19. 
 
 
 
 
 
 
ÓBITOS 
Um estudo que descreveu as características 
dos casos que evoluíram a óbito em comparação aos casos 
recuperados verificou, com maior frequência nos casos que 
evoluíram ao óbito, pelo menos uma doença crônica (63% dos 
que foram a óbito e 39% dos que se recuperaram), sendo as 
principais: 
✓ Hipertensão arterial sistêmica (48%) 
✓ Doenças cardiovasculares (14%) 
Um estudo com indivíduos hospitalizados e positivos para a COVID-
19 na Itália, verificou que 33,9% deles apresentaram pelo menos 
uma alteração de olfato ou paladar, e 18,6%, ambas. 
•A perda de paladar ocorreu para 91% das pessoas, antes da 
hospitalização. 
•Os sintomas foram mais relatados por mulheres (52,6% versus 
25%) e por aqueles mais jovens. 
✓ Cerebrovasculares (4%), versus 24%, 4% e 0%, 
respectivamente, nos casos recuperados. 
✓ Também foram mais frequentes entre os óbitos: 
✓Dispneia (62% versus 31%) 
✓ Aperto no peito (49% versus 30%) e perda da 
consciência (22% versus 1%); 
✓ Linfopenia (39%) e leucocitose (50%) (versus 5% e 4% 
dos curados, respectivamente), 
✓ Saturação ≤93% (64% versus 12%) 
✓ Taquicardia (50% versus 30%) e taquipneia (27% versus 
3%) 
Além de complicações que podem ser decorrência do 
próprio tempo de UTI e necessidade de procedimentos 
invasivos 
BRASIL 
As definições de caso adotadas pelo Ministério da 
Saúde do Brasil foram estabelecidas nos meses de fevereiro 
e março de 2020. As definições de casos suspeitos 
inicialmente basearam-se na ocorrência de febre e pelo 
menos um sinal ou sintoma respiratório, com histórico de 
viagem do indivíduo para áreas com transmissão local ou 
contato com caso confirmado. Mas, a febre não 
necessariamente estaria presente em todos os indivíduos 
acometidos, já que idosos ou até mesmo pessoas sem 
comorbidades não apresentaram esse sinal específico. Além 
disso gente, não podemos esquecer que febre não é 
padronizado, podendo ser uma temperatura medida ≥37,5ºC, 
temperatura ≥37,8ºC,7 registro em prontuário para casos 
hospitalizados ou até mesmo o relato, sem aferição 
confirmatória 
IVERMECTINA 
- A ivermectina é o fármaco preferencial para infecções por 
helmintos, dessa forma, ela é um antiparasitário disponível 
apenas para uso oral em humanos, sendo rapidamente 
absorvida, atingindo concentrações plasmáticas máximas 
em 4 horas após dose de 12 mg -> a excreção do fármaco e 
de seus metabólitos é quase exclusivamente por via fecal. 
- É um medicamento versátil e, quando ao seu papel como 
agente antiviral, sua eficácia tem sido demonstrada em 
diversos vírus, tanto in vitro quanto in vivo. 
É inibidor do transporte nuclear mediado pela importina α / 
β 1 heterodímero, responsável pela translocação de 
proteínas de várias espécies virais, como o HIV-1, 
indispensável para sua replicação. 
- Esta inibição parece afetar um número considerável de 
vírus de RNA, como o SARS-CoV-2. Além disso, a 
ivermectina pode se revelar como um poderoso antiviral na 
nova síndrome associada ao coronavírus sob uma nova 
perspectiva, ou seja, assumindo um papel de agente 
ionóforo: 
 • Ionóforos são moléculas que possuem uma bolsa 
hidrofílica que constitui um sítio de ligação específica para 
um ou mais cátions, enquanto sua superfície externa é 
hidrofóbica, permitindo que o complexo assim formado 
atravesse as membranas celulares, afetando o equilíbrio 
hidroeletrolítico. 
- Acredita-se que 2 moléculas de Ivermectina, reagindo uma 
com a outra, pode criar um complexo considerado ionóforo. 
Assim, forma-se uma cavidade interna, os átomos de 
oxigênio (em vermelho), e os grupos de OH (em azul) que 
estabilizam a nova estrutura. 
A parte externa do complexo já teria em si todas as 
características hidrofóbicas necessárias para transportar os 
íons através da membrana viral. Como consequência, ocorre 
o desequilíbrio iônico entre o meio externo e o interno, com 
o retorno da água, o que neutraliza o vírus em um estágio 
inicial da infecção. 
- Vale ressaltar que essa hipótese valeria apenas para os 
vírus sem capsídeo protéico, estrutura que apresenta certa 
resistência à pressão osmótica. O novo coronavírus é um 
deles, apresentando apenas um envelope fosfolipídico em 
defesa do material genético, onde suas poucas proteínas são 
inseridas e que adquire no ato de sair das células infectadas. 
 Essa captação de eletrólitos também pode afetar o 
potencial da membrana viral, ameaçando sua integridade e 
funcionalidade. Além disso, a variação da concentração de 
alguns cátions poderia inibir algumas enzimas-chave na 
replicação viral, como RNA polimerases dependentes de 
RNA (RdRp) 
Outros possíveis mecanismos e dosagem 
- Um dos estudos traz um possível mecanismo de ação 
da ivermectina como uso profilático pré-exposição ao vírus, 
sendo que isso seria através da combinação com a 
hidroxicloroquina: 
- A hidroxicloroquina atuaria como a primeira barreira 
inibindo a entrada do vírus e a ivermectina reduziria a 
replicação viral -> o autor relata que é uma sugestão com 
base em hipótese -> nada confiável então 
- Outros estudos in vitro trazem o mecanismo da 
ivermectina como uso profilático pós-exposição através da 
inibição da entrada viral mediada pela importina (IMP 
alfa/beta 1) 
O estudo traz que após 24 horas do uso da ivermectina 
em células infectadas pelo SARSCoV-2, houve uma redução 
de 93% no RNA viral. Após 48 horas, houve uma redução do 
RNA viral em 5000 vezes nas amostras tratadas com 
ivermectina em comparação com as amostras de controle. 
- Apesar de ter demonstrado eficácia, permanece 
incerta a dosagem e o período para uso da ivermectina. 
A investigação mais recente aplicou a Ivermectina em 
culturas celulares infectadas com o SARS-CoV-2 e 
encontrou uma redução expressiva na carga viral20, esse 
resultado incitou simulações estatísticas que sugeriu a 
concentração de 120 mg do medicamento uma vez por 
semana para alcançar níveis plasmáticos com função 
biológica em humanos infectados. 
 
Efeitos adversos 
A ivermectina é altamente ligada às proteínas 
plasmáticas, pincipalmente a albumina, podendo ser 
deslocada, elevando as frações livres nos pacientes com 
insuficiência renal. 
A ivermectina pode comprometer a integridade do rim 
e do fígado. 
Reações dermatológicas, gástricas, neuromusculares 
e cardiovasculares -> seu uso em pacientes com patologias 
neurológicas, musculares e miocárdicas, prévias, deve ser 
analisado com maior cautela 
 
CLOROQUINA E HIDROXICLOROQUINA 
 
- A cloroquina e a hidroxicloroquina são fármacos 
usados principalmente no tratamento da malária e das 
doenças reumáticas. 
- A cloroquina é absorvida rapidamente e quase por 
completo no TGI, atinge concentrações plasmáticas máximas 
em cerca de 3 horas e é rapidamente distribuída para os 
tecidos -> é excretada principalmente na urina. 
- A hidroxicloroquina, um análogo da cloroquina, é um 
agente antimalárico com propriedades imunossupressoras. 
Ela suprima o carregamento de peptídeos nas moléculas 
MHC de classe II ao aumentar o pH dos compartimentos 
lisossomal e endossomal, reduzindo, assim, a ativação de 
células T. 
Em razão dessas atividades imunossupressoras, é 
usada para tratar alguns distúrbios autoimunes, como artrite 
reumatoide e LES. 
 
Prováveis mecanismos de ação 
Existem 3 prováveis mecanismos de ação mais aceitos 
pelo corpo acadêmico-científico: 
1. Modificação conformacional do receptor da Enzima 
Conversora de Angiotensina do tipo-2 (ECA 2): de acordo 
com alguns pesquisadores, a cloroquina e seus derivados 
parecem modificar o receptor por um mecanismo de 
glicosilação, o que acarreta por alterar o sítio de ligação que 
não mais consegue se ligar a proteína S (Spike) do novo 
coronavírus. 
2. Alteração do pH do endossomo: acredita-se que a 
cloroquina promove a alcalinização (aumento do pH- agem 
como base fraca) no interior do endossomo, o que leva ao 
não rompimento do envelope viral e não liberação do RNA 
viral no citoplasma, impedindo que ocorra a replicação do 
vírus e, consequentemente, reduz a carga viral. Esse 
aumento do pH também interfere na fusão vírus/célula, 
porque a acidificação endossomal é requisito para essa 
fusão. o Esta droga se acumula nas organelas celulares 
criando um ambiente ácido para inibir a replicação de 
diferentes vírus, interferindo com o tráfego de endossomos 
/ lisossomas ou na maturação da proteína viral durante a 
maturação dos vírions. 
3. Redução e inibição na liberação de citocinas pró-
inflamatórias (TNF-alfa e IL-6): o novo coronavírus promove 
o aumento da concentração de citocinas pró-inflamatórias, o 
que acarreta no quadro de pneumonite e as suas 
complicações. Assim, os ensaios utilizando cloroquina em 
pacientes com a síndrome respiratória aguda severa, 
demonstraram a reduçãodessas citocinas com o uso do 
medicamento -> é o mecanismo mais aceito entre os 
pesquisadores 
- Wang e outros autores relataram que a cloroquina 
atua nas fases de entrada e pós-entrada da infecção por 
SARS-CoV-2 em células Vero E6. 
A linhagem de células Vero é oriunda do rim do 
macaco-verde africano, sendo que essas células são 
aprovadas para uso em produção de vacinas e pesquisas 
pela OMS. 
- Maisonasse et al. realizaram o primeiro estudo de 
HCQ para SARS CoV-2, combinada ou não com azitromicina, 
em células do trato respiratório e em modelo animal 
(utilizando camundongos transgênicos), o que confirmou o 
efeito antiviral da HCQ em células genéricas do tipo Vero. 
Contudo, ao avaliar a ação da HCQ em células do trato 
respiratório humano, o mesmo efeito não foi encontrado. 
 A falta de atividade in vitro da HCQ em células do trato 
respiratório humano é explicada pela necessidade de 
receptores específicos para entrada dos vírus na célula. 
Esses receptores não são encontrados em células genéricas 
do tipo Vero, nas quais a atividade inibitória de HCQ havia 
inicialmente sido demonstrada. 
 
Efeitos adversos 
A cloroquina costuma ser muito bem tolerada, mesmo 
com uso prolongado. Porém, os efeitos colaterais incluem 
dor de estômago, náuseas, vômitos, dor de cabeça e 
pesadelos. 
Cerca de 50% de cloroquina é excretada de forma 
inalterada e 10% como metabólito por via renal, podendo 
levar ao acúmulo no organismo, além de prolongar ainda 
mais a meia-vida do fármaco, que já é alta (10 – 60 dias). 
A hidroxicloroquina é apenas 3% excretada na forma 
inalterada, porém é metabolizada em cloroquina e 
metabólitos ativos que também podem se acumular em 
pacientes com lesão renal. 
O monitoramento efetivo do eletrocardiograma deve 
ser realizado devido maior risco de prolongamento no 
intervalo QT. 
 
Estudos 
ESTUDO FRANCÊS 
 - O estudo feito em março de 2020 por um grupo de 
pesquisadores franceses trouxe que a cloroquina e a 
hidroxicloroquina são eficazes no tratamento de SARC-CoV-
2, apesar de terem algumas limitações, como eles mesmos 
relatam: 
• Tamanho pequeno da amostra: os resultados 
apresentados eram de apenas 36 pacientes, sendo 20 deles 
tratados com hidroxicloroquina e 16 do grupo controle. 
• Acompanhamento limitado de resultados a longo 
prazo 
• Abandono de 6 pacientes do estudo, sendo que 1 deles 
interrompeu o tratamento por náusea e outro faleceu. 
• Estudo não randomizado: os integrantes de cada 
grupo não foram escolhidos de forma aleatória -> inclusive 
os pacientes do grupo controle eram mais novos, dessa 
forma, não eram grupos totalmente balanceados. 
- Apesar dessas limitações, ao final do artigo, eles 
recomendam o tratamento dos pacientes com COVID- 19 com 
hidroxicloroquina e azitromicina, porém trazem também a 
necessidade de trabalhos adicionais para determinar a real 
utilidade desses compostos -> olha que paradoxo. 
 - O estudo avaliou pacientes de 3 categorias: 
assintomática; infecção no trato respiratório superior (febre, 
faringite, entre outros sintomas) e infecção do trato 
respiratório inferior (sintomas de pneumonia ou bronquite). 
Os resultados trouxeram que no 6º dia pós-inclusão, 100% 
dos pacientes tratados com a combinação de 
hidroxicloroquina e azitromicina foram curados 
virologicamente, comparando com 57,1% em pacientes 
tratados apenas com hidroxicloroquina e 12,5% no grupo 
controle. 
 ESTUDO DE MANAUS 
- Um estudo prospectivo, realizado em Manaus, foi o 
primeiro ensaio clínico randomizado controlado do mundo a 
utilizar CQ para o tratamento de COVID-19. Nele, avaliou-se 
duas doses diferentes de CQ: 
 • A dose mais alta de CQ (previamente reconhecida 
como segura em protocolos clínicos para outras doenças) 
não deve ser recomendada para o tratamento de pacientes 
graves com COVID-19 devido a potenciais riscos à segurança 
(eventos adversos graves e riscos cardíacos foram 
associados à alta mortalidade). 
- O estudo serviu de referência para o FDA recomendar 
que doses mais elevadas não sejam utilizadas em qualquer 
situação, incluindo protocolos de pesquisas. Nesse estudo 
também não se verificou cura virológica até o quinto dia de 
tratamento, corroborando o achado de outros estudos. 
DIRETRIZES PARA O TRATAMENTO 
FARMACOLÓGICO DA COVID-19 
- Existem diversas terapias sendo consideradas ou 
propostas para o tratamento da COVID-19, muitas delas 
carecendo de apropriada avaliação de efetividade e 
segurança. Dessa forma, um grupo de 27 especialistas 
realizaram revisões sistemáticas sobre o tema para chegar 
ao consenso. 
• Essa força-tarefa foi formada pela Associação de 
Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), pela Sociedade 
Brasileira de Infectologia (SBI) e pela Sociedade Brasileira 
de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). 
 - Assim, essa diretriz foi criada na tentativa de 
proporcionar uniformidade nas indicações terapêuticas no 
contexto de COVID-19 e orientar essas intervenções por meio 
das melhores evidências disponíveis no momento de sua 
elaboração. Ao final, foram realizadas 11 recomendações, 
sendo que duas delas são relacionadas à cloroquina: 
Recomendação 1: eles sugerem não utilizar a 
hidroxicloroquina ou cloroquina no tratamento da COVID-19, 
devido ao baixo nível de evidência. 
• Os dados combinados de dois ensaios clínicos não 
mostraram melhora clínico-radiológica, além de 
mortalidade e necessidade de ventilação mecânica, 
consideradas desfechos clinicamente relevantes, terem sido 
avaliadas em estudos observacional com 364 pacientes, que 
encontrou maior mortalidade com o uso de HCQ. 
• A associação do uso de HCQ com arritmias é 
conhecida -> estudo observacional mostrou que 7 dos 37 
(19%) pacientes que receberam HCQ em monoterapia 
desenvolveram intervalo QT ≥ 500ms. 
Recomendação 2: eles sugerem não utilizar a 
combinação de HCQ ou CQ e azitromicina de rotina no 
tratamento da COVID-19, devido ao nível muito baixo de 
evidência. 
Não foram identificados estudos clínicos avaliando 
azitromicina em monoterapia; adição de azitromicina ao 
regime de HCQ foi avaliada em apenas um estudo (no do 
grupos francês- PODRE DE RUIM O ESTUDO!!!) 
Não foram identificados ensaios clínicos randomizados 
que fizessem a comparação entre HCQ + azitromicina versus 
tratamento padrão. 
Cinco estudos observaram prolongamento do intervalo 
QT em alguns pacientes na associação de HCQ/CQ com 
azitromicina. 
Risco de eventos adversos cardiovasculares é 
moderado, em especial de arritmias, sendo potencializado 
com a associação de HCQ/CQ com azitromicina. 
ESTUDO SOLIDARITY DA OMS 
- Esse estudo foi postado ontem (15-10-2020) no 
servidor MedRxiv antes de serem publicados em uma revista 
científica (então cuidado na hora de falarem, porque ainda 
não foi aprovado pelas revistas científicas e nem revisado 
por outros especialistas). 
- O estudo encabeçado pela OMS, apontou que 
medicações como remdesivir, hidroxicloroquina, Interferon 
beta-1ª e a combinação de lopinavir e ritonavir são ineficazes 
no tratamento contra o coronavírus. 
O estudo é um ensaio randomizado, padrão ouro, com 
normas rígidas para coleta de evidências científicas. 
- Ao todo, participaram 11.266 adultos em mais de 30 
países, sendo que foram relatadas 1.253 mortes durante a 
pesquisa, e, de acordo com o estudo, os medicamentos 
“desempenharam pouco ou nenhum papel na redução da 
mortalidade ou tempo de internação pela Covid-19”. 
Os principais resultados de mortalidade, início da 
ventilação e duração da hospitalização não foram 
claramente reduzidos por nenhum medicamento do estudo.