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Problema 6 ROTAS DE TRANSMISSÃO O artigo com o título de “O surto do Sars-CoV-2: O que nós sabemos” foi publicado em 12/03/2020, ou seja, em um momento em que a pandemia começava a ser iniciada. Dessa forma, os conhecimentos acerca desse assunto ainda eram muitos incertos e foram aprofundados posteriormente com outras pesquisas e estudos. Porém, é importante discutirmos essas ideias iniciais para entendermos quais foram as bases para o aprofundamento das pesquisas e sistematização do conhecimento ❖ O artigo de Chan reporta um caso de cinco pacientes em uma família e isso confirma a ideia de que o Sars-CoV- 2 possui a sua transmissão de pessoa para pessoa ❖ Autoridades de saúde identificaram evidências de transmissão por uma cadeia de 4 componentes: • Uma pessoa que contraiu o vírus de uma fonte não humana • Essa pessoa infectada, infectou outra pessoa • E assim por diante ❖ Até o momento da elaboração desse artigo, tinha-se como a principal fonte de infecção sendo pacientes com pneumonia e infectados pelos Sars-CoV-2 >> A transmissão por gotículas respiratórias é a principal rota de transmissão ❖ Esse artigo também atribui uma relativa importância para casos assintomáticos, os quais desempenham um papel crítico no processo de transmissão ❖ Esse estuda apresenta também o fato de que o novo coronavírus foi detectado nas fezes de pacientes confirmados em Wuhan, Schenzen e até no primeiro caso dos EUA >> Isso indica que esse vírus pode se replicar e existir do TGI, sugerindo a transmissão fecal-oral • Há observações de que o vírus Sars-CoV-2 nas fezes podem ser retransmitidos por formação em aerossol de gotículas contendo o vírus, o que requer maiores estudos • Porém, até aquele momento não havia evidências de transmissão por aerossóis de COVID-19 ❖ Esse artigo traz ainda o relato de que uma mãe havia sido diagnosticada com um novo tipo de pneumonia por coronavírus e o recém-nascido havia testado positivo para o ácido nucleico viral em swabs de faringe após 30 horas de seu nascimento >> Isso sugere que o novo coronavírus pode causar infecção neonatal através da transmissão de mão para criança. TRANSMISSÃO POR AEROSSÓIS E SUPERFÍCIES ❖ O artigo apresenta dados que foram obtidos por meio de experimentos em 10 condições experimentais envolvendo dois vírus, Sars-CoV-1 e Sars-CoV-2, em 05 ambientes condicionados (aerossóis, plástico, aço inoxidável, cobre e papelão) • Os aerossóis contendo o vírus foram gerados com o uso de um nebulizador de 03 jatos e lançado em um ta,bor de Goldberg para criar um ambiente aerossolizado ❖ No que diz respeito aos aerossóis, o Sars-CoV-2 permaneceu viável durante o período do experimento, o qual foi de 03 horas, sendo que houve uma redução do título viral de 103,5 para 102,7 >> Essa mesma redução foi observada para o SarsCoV-1 ❖ Já no plástico e no aço inoxidável, o Sars-CoV-2 se apresentou mais estável no que no cobre e no papelão >> Vírus viáveis foram encontrados até 72 horas (3 dias) após a aplicação nessas superfícies, embora o título viral tenha sido bastante reduzido: • No plástico reduziu de 103,7 para 100,6após 72 horas • No aço inoxidável, reduziu-se de 103,7 para 100,6após 48 horas • No cobre, nenhum Sars-CoV-2 viável foi medido após4 horas >> Em relação ao SarsCoV-1 nenhum vírus viável foi identificado após8 horas • No papelão, nenhum SARS-CoV-2 viável foi medido após 24 horas e nenhum SARSCoV-1 foi medido após 8 horas ❖ De uma forma geral, concluiu-se com essa pesquisa que as meias vidas Sars-CoV-2 e 1 foram semelhantes em aerossóis com uma mediana apresentada em aproximadamente 1,1, a 1,2 horas. Os intervalos apresentados possuem 95% de confiança e são os seguintes: • 0,64 a 2,64 para o SARS-CoV-2 • e 0,78 a 2,43 para o SARS-CoV-1 ❖ A meia vida de ambos forma similares na superfície de cobre ❖ No papelão, a meia vida do SARS-CoV-2 foi maior que a do SARS-CoV-1. ❖ A viabilidade mais longa de ambos os vírus foi no aço inoxidável e no plástico, sendo a mediana estimada da meia vida do Sars-CoV-2 foi de aproximadamente 5,6 horas no aço inoxidável e 6,8 horas no plástico ❖ É importante ressaltar que o próprio artigo que os dados para a papelão possuía uma maior variação no experimento e por isso resultavam um erro padrão maior. Isso significa que em relação a esse resultado deve-se ter um maior cuidado na interpretação ❖ Conclusão do artigo: A estabilidade do SARS-CoV-2 foi similar à estabilidade do SARS-CoV-1 nas circunstâncias experimentais testadas. E isso indica que as diferenças epidemiológicas desse vírus provavelmente surgem de fatores com altas cargas virais e o potencial de pessoas infectadas assintomáticas em eliminar e transmitir o SARSCoV-2. Além disso: • Os resultados indicam que a transmissão do SARS-CoV- 2 por aerossóis e por fômites é plausível, pois o vírus pode permanecer viável e infeccioso em aerossóis por horas e, em superfícies, por dias TRANSMISSÃO ORAL-FECAL ❖ Os resultados obtidos e coletados pela pesquisa desse artigo foram baseados em todas as amostras respiratórias e fecais provenientes de pacientes com a COVID-19 no Quinto Hospital Afiliado da Universidade de Sun Yat-sem, Zhuhai, China, ao longo do curso de sua doença e em período de quarentena obrigatório. • As amostras foram coletadas a cada 1 ou 2 dias dependendo da disponibilidade das amostras fecais ate que dois resultados negativos para a doença fossem obtidos ❖ O total de amostras coletadas (fetais e respiratórias) foram de 74 pacientes • As amostras fecais de 33 (45%) dos 74 pacientes foram negativas para o RNA de SARS CoV-2 >> Enquanto isso as amostras respiratórias permaneceram positivas por um período médio de 15,4 dias a partir do início dos sintomas. • Para os 41 (55%) pacientes dos 74 os quais tiveram as amostras fecais positivas para RNA de SARS-CoV-2, as amostras respiratórias permaneceram positivas para RNA de SARS-CoV-2 durante uma média de 16,7 dias e as fecais, por uma média de 27,9 dias a partir do início dos sintomas ❖ O estudo traz a questão de um paciente por exemplo ter apresentado amostras fecais positivas por 33 dias contínuos após as amostras respiratórias terem sido negativas, assim como também apresentou um paciente que foi positivo para RNA de SARS-CoV-2, em suas amostras fecais, por 47 dias após o início dos sintomas ❖ O estudo também traz as seguintes informações: • A presença de sintomas gastrintestinais não se mostrou associada com amostras fecais positivas para o RNA de SARS-CoV-2 • A gravidade da doença não se mostrou associada com positividade prolongada das amostras fecais • Tratamentos antivirais se mostraram positivamente associados coma presença de RNA viral em amostras fecais ❖ Sendo assim, os dados do estudo sugerem a possibilidade de duração prolongada da liberação viral nas fezes por aproximadamente 5 semanas após as amostras respiratórias dos pacientes testarem negativas para o RNA de SARS-CoV-2. • Como já se sabe, o que poderia levar a transmissão fecal- oral ❖ Além disso, esse estudo traz a questão de que a positividade de amostras fecais para o Título: Estabilidade do SARS-CoV-2 em aerossóis e sobre superfícies em comparação ao SARS-CoV-1 RNA de SARS-CoV-2 normalmente demora em relação à positividade das amostras do trato respiratório >> Por isso não podemos utilizar isso como fonte de diagnostico ❖ O fato das as amostras fecais permaneceram positivas para o RNA de SARS-CoV-2 após as amostras do trato respiratório se tornarem negativas indica que o vírus continua se replicando ativamente no trato gastrintestinal e que a transmissão fecal-oral poderia ocorrer mesmo após a eliminação do vírus do trato respiratório. ❖ A transmissão pela via fecal-oral pode representar um grande risco em instalaçõesresidenciais, como pensões, dormitórios, trens, ônibus e navios de cruzeiro. TRANSMISSÃO VERTICAL ❖ Existem controvérsias sobre se o SARS-CoV-2 pode ser transmitido no útero de uma mãe infectada para seu filho antes do nascimento. Nesse artigo: • Série de 9 mulheres grávidas não encontrou transmissão de mãe para filho. • Um recém-nascido com anticorpos IgM elevados para SARS-CoV-2 nascido de uma mãe comCOVID-19. O caso positivo ❖ Antes: uma gestante de 34 semanas suspeita de ter sido exposta ao Sars-CoV-2 desenvolveu uma temperatura de 37,9oC e congestão nasal, o que evoluiu para dificuldades respiratórias. ❖ 3 dias depois, foi realizado um TC de tórax que mostrou opacidades irregulares foscas na periferia de ambos os pulmões. ❖ Teste RT-PCR de swab nasofaríngeo foi positivo. ❖ A paciente foi internada 5 dias depois e recebeu antiviral, antibiótico, corticoesteróide e oxigênio. Resultados de 4 repetições de teste RT-PCR foram positivos ❖ Os resultados de um teste RT-PCR das secreções vaginais da paciente foram negativos. ❖ 23 dias depois, a mãe deu a luz à criança por meio de uma cesárea em uma sala de isolamento de pressão negativa. >> A mãe usava uma máscara N95 e não segurou a criança. ❖ Após 02 horas do nascimento, o nível de IgG para SARS- CoV-2 era 140,32 AU/mL e o nível de IgM era 45,83 AU/mL. >> Assim como citocinas estavam elevadas e contagem de células brancas também ❖ Resultados de 5 testes RT-PCR de swabs nasofaríngeos coletados de 2 horas a 16 dias de idade foram negativos. Seus níveis de IgMe IgG permaneciam elevados ❖ O leite materno apresentou um teste negativo no exame de RT-PCR. ❖ O nível de anticorpos IgM elevado sugere que o recém- nascido foi infectado no útero, pois anticorpos IgM não são transferidos para o feto via placenta.>> O bebê potencialmente poderia ter sido exposto por 23 dias a partir do diagnóstico de COVID-19 da mãe até o nascimento. ❖ Embora a infecção no parto não possa ser descartada, os anticorpos IgM geralmente não aparecem até 3 a 7 dias após a infecção, e o IgM elevado no recém-nascido era evidente em uma amostra sanguínea coletada 2 horas após o nascimento >> Além disso, a secreção vaginal da mãe era negativa para SARS-CoV-2. ❖ Limitações desse relatório: o fato de ser um caso único e que nenhum teste de PCR do líquido amniótico ou placenta foi realizado. ❖ Além disso, de acordo com o Protocolo de manejo clínico, em mães infectadas pela Covid-19 é recomendada a manutenção do aleitamento materno, considerando o benefício do aleitamento e a ausência, até o momento, de evidências de transmissão do SARS-CoV-2 por essa via. • Em relação à cesariana em gestantes diagnosticadas com Covid-19, entre 26 e 40 semanas de gestação não há indicação exclusiva para esse procedimento. No entanto, deverão ser mantidas as indicações obstétricas e/ou clínicas considerando caso a caso. • Diante da possibilidade de interrupção prematura da gestação, o uso de corticoide para promover a maturidade pulmonar fetal deverá ser avaliado caso a caso ATUAÇÃO DO SARS-COV-2 NO ORGANISMO ❖ O Sars-CoV-2 utiliza a enzima conversora de angiotensina 2 dos hospedeiros como seu receptor para entrada nas células ❖ A linfocitopenia é comum em pacientes com Covid19, além disso, as vias de apoptose, autofagia e p53 em células mononucleares de sangue periférico encontram-se com aumento de expressão em pacientes com o quadro patológico • Ainda não está claro se o SARS-CoV2 também pode infectar as células T, resultando em linfocitopenia. ❖ O artigo busca avaliar a suscetibilidade dos linfócitos T à infecção pelo Sars-CoV-2 e para isso, SARS-CoV e SARS- CoV-2 pseudotipados foram envelopados • Os pseudovírus foram capazes de infectar células permissivas (células 293T/ECA2 e Huh7) que expressam receptores ECA2, mas não infectaram células não permissivas (células HeLa) • Ademais, pseudovírus de infectividade igual para células 293T/ECA2 foram usados para infectarem duas linhagens de linfócitos T, MT-2 e A3.01, com níveis de expressão de hECA2 e mRNA baixíssimos, próximo ao negativo Resultado: em várias replicações observou-se que as linhagens de células T foram mais sensíveis à infecção pelo SARS-CoV-2 em comparação ao SARS-CoV>> Basicamente isso significa que os linfócitos T podem ser mais permissivos à infecção pelo SARS-CoV- 2 e menos permissivos à infecção pelo SARS-CoV ➔ É plausível, de acordo com o artigo, que a proteína S do SARS-CoV-2 possa intermediar potente infectividade, mesmo nas células com baixa expressão de hECA2, o que poderia, por sua vez, justificar porque a taxa de transmissão da SARS- CoV-2 é tão alta. PROTEÍNA S: PROTEÍNA SPIKE! • A proteína S se acopla ao ACE2 e sofre uma divisão para que haja a fusão da membrana viral com a célula ou a endocitose. A partir disso, é liberado o RNA que está no interior do vírus • A proteína S tem um formato de cabeça de prego, com uma porção mais larga e outra mais estreita. A mais larga é chamada de porção S1 e é nela que está a parte que se liga ao receptor ACE2. ➔ Da mesma forma, é possível que se tenha outros receptores que permitam a entrada de SarsCoV-2 nas células T, como CD147, que está presente nas superfícies dos linfócitos T e que foram recentemente relatados como uma nova via de invasão para o Sars-CoV- 2 ❖ O artigo para determinar se o Sars-CoV-2 adentra nos linfócitos T através de endocitose não mediada por receptores usou o peptídeo EK1, o qual se mostrou um inibidor da proteína S do Sars-CoV-2, mediando a fusão células a célula • Ele inibe a infecção mediada por receptores por meio da interação com HR1 bloqueando a formação de feixes de seis hélices (6-HB) e posteriormente inibe a fusão entre as membranas viral e da célula alvo • Descobriram-se que o peptídeo EK1 tem atividade inibitória significativa contra pseudovírus SARS-CoV-2 em células MT-2, sugerindo que a entrada do vírus depende de fusão mediada por receptor. No entanto, o EK1 teve atividade inibitória em células MT-2 somente em altas concentrações • Estes resultados sugerem que o SARS-CoV2 também possa entrar em linfócitos T através da via de endocitose mediada por receptores. ❖ Esse mesmo estudo, buscando deixar as informações maus clara, realizou um ensaio com fusão célula-célula de SARS-CoV-2 mediada por proteína S, seguindo estudos prévios. >> Após 48h de cultura, 293T células expressando proteína S do SARS-CoV-2 sofreram fusão com células MT-2. • Conclusão: o SARS-CoV-2 é capaz de infectar células T através de fusão de membranas mediada por proteína S. • A porcentagem de células MT-2 positivas para nucleoproteína de SARS-CoV-2 foi 23,11% maior que aquelas células não infectadas 24 horas após a infecção, o que representa aproximadamente 4,6 vezes da porção em 1h >> Este resultado aponta que o vírus penetrou as células MT2 em 24h e as infectou. • Embora o Sars-CoV-2 tenha se mostrado eficiente em infectar as células MT-2, a mesma coisa não se pode dizer em relação a replicação. Foi observado o número de copias do genoma viral em diferentes tempos após a infecção e percebeu-se que o Sars-CoV-2 não foi capaz de se replicar eficientemente nessas células >> O número de cópias do genoma viral em 6h foi significativamente maior que em qualquer outro período de tempo no lisado celular, mas permaneceu constante em todos os períodos nos sobrenadantes. Isso sugere que o vírus consegue entras nas célulasMT-2 em 6h após a infecção, mas não se replica, tendo seu RNA viral logo em seguida degradado ❖ Foi concluído com esse artigo que: • SARS-CoV-2 é capaz de infectar células T • o SARS-CoV-2 infectou as células T por fusão de membranas dependente de receptores, mediada por proteína S • a infecção poderia ser inibida por peptídeo EK1. ❖Alguns experimentos conduzidos pela USP indicaram que o novo coronavírus é capaz de infectar e lavar à morte diferentes de linfócitos • Células mononucleares obtido a partir do sangue de doadores sadios foram incubadas com o vírus durante dois dias >> Com um anticorpo capaz de reconhecer antígenos do vírus no interior das células, os pesquisadores comprovaram que o processo de infecção tinha ocorrido. • As análises mostraram que os monócitos foram as células mononucleares mais suscetíveis ao SARS-CoV-2. Eles foram seguidos dos linfócitos TD4, linfócitos TCD8 e linfócitos B ❖ Em outro experimento, o grupo tentou bloquear a infecção com um inibidor de ACE2 - a proteína usada pelo microrganismo para entrar na célula humana, normalmente expressa em baixas quantidades nas células mononucleares do sangue. >> O ACE2 reduziu a carga viral mas não aboliu totalmente e isso sugere a existência de um mecanismo alternativo de infecção em células linfoides ❖ Ainda de acordo com outro estudo realizado por pesquisadores da UNICAMP, o novo coronavírus atua por um mecanismo semelhante ao do HIV, >> Os dois afetam o linfócito TCD4, porém o Sars-CoV-2 causa m quadro de imunodeficiência aguda não apenas porque mata parte dos linfócitos T CD4, mas também porque prejudica a função dessas células. Isso faz com que os linfócitos T CD8 se proliferem menos e os linfócitos B produzam anticorpos com menor afinidade e duração. Seria um efeito semelhante ao do HIV, só que agudo. • Na primeira etapa: os pesquisadores incubaram células de doadores saudáveis com o SARS-CoV-2 e acompanharam o que acontecia nas 24 horas seguintes por meio de diferentes técnicas. >> As análises confirmaram a presença do novo coronavírus no interior de aproximadamente 40% dos T CD4, sendo que 10% dessas células morreram ao final do período de observação. Os linfócitos T CD8 não foram afetados. • Os pesquisadores observaram ainda que a carga viral mais do que dobrou entre as medições feitas duas e 24 horas após o início do teste - sinal de que o vírus estava se replicando nas células em cultura. • Em pessoas que possuíam um quadro moderados da doença foram encontrados poucos linfócitos infectados e eles estavam produzindo interferon gama, o que é fundamental na resposta antiviral • Já em pacientes em estado mais crítico e avançado da doença, tinha-se um número muito maior de linfócitos com o vírus, as células estavam produzindo no lugar da IFN-γ a interleucina-10 (anti-inflamatória) >> os linfócitos T CD4 estavam sinalizando para o sistema imune a necessidade de frear o combate ao vírus. PREVENÇÃO GERAL A melhor prevenção é evitar exposição ao vírus • Higiene frequente das mãos com água e sabão ou preparação alcoólica. As mãos depois de voltar de locais públicos, tocar em bens públicos, cobrir a tosse ou espirro com as mãos, depois de tirar a sua máscara, antes de comer ou depois de ir ao banheiro, depois de tocar coisas sujas etc. • Evitar tocar olhos, nariz e boca sem higienização adequada das mãos. • Evitar contato próximo com pessoas doentes. • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, com cotovelo flexionado ou utilizando um lenço descartável. • Ficar em casa e evitar contato com pessoas quando estiver doente. • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência. • Membros da mesma família não devem compartilhar toalhas • Minimize atividades fora de casa • Evite festas, lugares fechados e movimentados • Evite contato com animais silvestres e domésticos • Mantenha distância mínima de 1 metro entre pessoas em lugares públicos e de convívio social, evitando abraços, beijos e apertos de mãos. • Não compartilhe objetos de uso pessoal como talheres, pratos, copos e toalhas. • Dormir bem e ter alimentação saudável PREVENÇÃO PROFISSIONAIS DE SAÚDE No atendimento pré-hospitalar • Isolar os pacientes suspeitos no transporte, e ofertar a eles máscara cirúrgica • Melhorar a ventilação, ou seja, preferência por vidros abertos para proporcionar a troca de ar • O profissional deve usar o EPI • A higiene das mãos com preparação alcoólica é fundamental • Limpar e desinfetar todas as superfícies internas do veículo após a realização do transporte, com álcool 70%, hipoclorito de sódio ou desinfetante No atendimento ambulatorial, pronto atendimento ou assistência hospitalar • Manter casos suspeitos em área separada até atendimento ou encaminhamento ao serviço de referência (se necessário), limitando sua movimentação fora da área de isolamento. • A provisão de todos os insumos: máscaras cirúrgicas, máscaras N95, PFF2 ou equivalente, sabonete líquido ou preparação alcoólica, lenços de papel, avental impermeável, gorro, óculos de proteção, luvas de procedimento, higiene. Equipamentos de Proteção Individual Sendo um profissional da saúde, a máscara de proteção respiratória deve ter eficácia mínima na filtração de 95% de partículas (tipo N95, N99, N100, PFF2, PFF3). As luvas devem ser utilizadas por profissionais de saúde quando houver risco de contato das mãos do profissional com sangue, fluidos corporais, secreções, excreções, mucosas, pele não íntegra. A utilização de luvas não substitui a lavagem das mãos, portanto, é preciso lavá-las com frequência. Para as pessoas comuns, não há necessidade de usar luvas. Apenas devem lavar as mãos corretamente sempre. FATORES DE RISCO Entre os fatores de risco para desfechos mais graves como a necessidade de internação em unidade de terapia intensiva (UTI) e/ou uso de ventilação mecânica e morte para a COVID-19 são: ✓ idade de 65 anos ou mais; ✓ pessoas internadas em instituições de longa permanência; ✓ pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica, asma (moderada a grave) e dependentes de oxigênio; ✓ pessoas com problemas cardíacos graves ou descompensados; ✓ hipertensos descompensados; ✓ diabéticos; ✓ portadores de doenças cromossômicas ou estado de fragilidade imunológica; ✓ indivíduos com insuficiência renal crônica avançada; ✓ gestantes de alto risco; pessoas de qualquer idade com obesidade grave (IMC > 40); ✓ e condições médicas, como doenças hepáticas. Sobre a asma, é uma doença respiratória comum caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas, superprodução de muco, hiper-responsividade e remodelação. É bem conhecido que os eosinófilos desempenham um papel central nas doenças alérgicas, incluindo a asma. Curiosamente, alguns estudos mostraram eosinopenia, ou seja, uma redução dessas células em pacientes com COVID-19, mais predominante em pacientes graves. Considerando que os pacientes asmáticos têm respostas imunes prejudicadas contra a infecção viral e que as infecções virais respiratórias têm o potencial de desencadear ou piorar os sintomas da asma, o manejo dos pacientes asmáticos torna-se mais complexo durante a pandemia de COVID-19. Sobre o diabetes mellitus o COVID-19 pode levar ao agravamento da resistência à insulina em pessoas com DM2 e DMT1 (especialmente aqueles que são obesos). Também, em meio aos bloqueios nacionais prevalecentes, a restrição de movimentos ao ar livre limitaria a exposição ao sol, levando à vitamina D deficiência. A hipovitaminose D tem sido considerada um fator de risco para a resistência à insulina e a suplementação de vitamina D melhora a sensibilidade à insulina. Assim, a vitamina D deficiente pode levar à piora do nível de glicose em pacientes subsequentemente infectados com COVID-19. Sobre hipertensão é considerada um dos fatores de risco mais importantes para COVID-19. A relação entre hipertensão e resultados adversos ainda é questionável. Não está claro se a pressão arterial não controlada é um fator de risco para adquirir COVID-19 ou se a pressão arterial controlada em pacientes com hipertensão é ou não umfator de risco menor. No entanto, várias organizações já enfatizaram o fato de que o controle da pressão arterial continua sendo uma consideração importante para reduzir a carga da doença, mesmo que não tenha efeito sobre a suscetibilidade à infecção viral SARS-CoV-2. O fato de que a hipertensão e outras formas de doença cardiovascular também encontradas com frequência em pacientes com COVID-19 são frequentemente tratadas com conversão de angiotensina inibidores da enzima (ACE) e bloqueadores do receptor de angiotensina (ARBs), e que o SARS-CoV-2, o vírus que causa COVID-19, se liga à ACE2 no pulmão para entrar nas células, reforça essa teoria. Sobre gestantes, a literatura atual indica que em casos graves, a infecção pelo SARS-CoV-2 desprende inúmeras citocinas, aumentando as concentrações plasmáticas de IL-2, IL-7, IL-10, TNF-a. Em grávidas no primeiro e terceiro semestre, encontra-se nesses momentos um estado pró- inflamatório, essas citocinas podem causar um estado ainda mais grave. É preciso deixar claro que as informações atuais não encontraram ainda infecção do COVID-19 no feto, entretanto, precisamos compreender os riscos potenciais para o feto na vida pós-natal. Em relação a pessoas com problemas cardíacos graves ou descompensados, relatórios sugerem o dano miocárdico causado pelo SARS-CoV-2, que dificulta o tratamento do paciente. Os pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA) devido a reserva funcional cardíaca reduzida, tem mais probabilidade de uma insuficiência cardíaca, tendo uma piora repentina do quadro. De acordo com dados sobre mortalidade, 35% dos pacientes tinham histórico de hipertensão, e 17% histórico de doença arterial coronariana. Além disso, pacientes com mais de 60 anos tinham mais sintomas sistêmicos e pneumonia severa quando comparado aos menores de 60 anos. Sobre os idosos, eles são mais susceptíveis à doenças, devido ao seu sistema imunológico mais deprimido, diante da redução em números e em funções de suas células de defesa. Eles também são mais susceptíveis à doença, pois apresentam múltiplos fatores de risco, como hipertensão arterial, diabetes mellitus e doenças cardiovasculares, que, usualmente, ocorrem de forma associada. Tabagismo: um estudo especial ❖ Os fumantes também são debatidos como um fator de risco, pois os fumantes realizam o ato sem a higienização adequada das mãos. ❖ Um exemplo são os narguilés que são populares entre os jovens e o perigo é o compartilhamento bucal. Outras doenças como influenza, herpes labial e tuberculose são transmitidas pelos narguilés, então, nessa lógica, o SARS-CoV-2 também seria. ❖ O hábito de fumar aumenta o risco de danos pulmonares. Em doenças como influenza, o tabaco aumenta a gravidade. No SARS-CoV-2 foi identificado que ele aumenta a expressão da enzima conversora de angiotensina 2(ECA2), que é um receptor do vírus. ❖ Fumantes com COVID-19 têm 3,25 vezes mais chances de desenvolver quadros mais graves da doença do que não fumantes. Riscos sociodemográficos Raça e etnia são fatores de risco: Isso porque condições crônicas como obesidade, AVC, diabetes afetam afro-americanos e latinos de forma mais acentuada em comparação com brancos. Comunidades de cor também são mais propensas por geralmente serem empregados como trabalhadores essenciais, estando mais exposto, e assim experimentando barreiras estruturais às medidas de distanciamento social, sendo mais vulnerável a doença grave. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A infecção com SARS-CoV-2 pode se apresentar clinicamente em uma destas três principais condições: 1. Portadores assintomáticos, 2.Indivíduos com doença respiratória aguda (DRA) 3.Pacientes com pneumonia em diferentes graus de gravidade. Nos maiores epicentros da doença, os primeiros casos surgiram em indivíduos assintomáticos com diagnóstico laboratorial confirmado. Só que essa triagem por meio de testes moleculares é complexa, pois a conduta em casos suspeitos varia em diferentes países. Esse desafio se torna ainda mais difícil na observação de casos pediátricos, que contribuem para grande parte dos portadores assintomáticos, exigindo maior atenção para evitar a transmissão. No entanto, os sintomas são mais evidentes em pacientes com testes moleculares positivos e com manifestações respiratórias e exames de imagem compatíveis com o diagnóstico de pneumonia. Os registros clínicos dos pacientes no início da infecção indicam que os sintomas mais comuns são: ✓ Febre ✓ Tosse ✓ Mialgia ✓ Fadiga Também podem ser acompanhados por secreção respiratória, dor de cabeça, hemoptise e diarreia Alguns dos sintomas iniciais se assemelham aos de outras infecções respiratórias virais, como Norovirose e Influenza. Dispneia e febre alta são sintomas que definem a principal diferença clínica entre a COVID-19 e o resfriado comum, que é acompanhado de congestão nasal, lacrimejamento, espirros e coriza, inicialmente hialina, mas que ao longo dos dias se torna amarelo-esverdeada. Quando comparamos com a Influenza, a COVID-19 apresenta sintomas clínicos semelhantes, mas com maior proporção de evoluções para infecções graves e críticas, exigindo oxigenoterapia e suporte ventilatório. Existem casos da que se complicam seriamente, levando os indivíduos à unidade de terapia intensiva (UTI) e até mesmo ao óbito. Quanto a esses casos mais complexos, ou evoluem dos sintomas iniciais que eu falei lá em cima, ou já manifestam a infecção pela SARS-CoV-2 por meio da SRAG, pela apresentação de dispneia ou sinais clínicos como diminuição da saturação ou cianose. Segundo o Ministério da Saúde, além do percentual de assintomáticos, entre os indivíduos com a COVID-19, cerca de 80% apresentam doença leve, 14% apresentam doença grave e 5% são casos críticos. Pacientes com sinais e sintomas como febre alta, taquipneia e dispneia, além de indicações clínicas da gravidade exigem maior atenção da equipe médica. A progressão dos primeiros sintomas de COVID-19 para sepse é lenta, e o envolvimento extra pulmonar é caracterizado principalmente por insuficiência cardíaca refratária e danos nos rins, levando cerca de 25% desses pacientes críticos à terapia renal substitutiva. A acentuada evolução para sepse e choque séptico pode atingir uma taxa de incidência superior a 50% em pacientes críticos, principalmente quando agravada por infecções secundárias. Também há relatos de sintomas menos comuns e difíceis de mensurar de forma objetiva, como: ✓ Anosmia (perda do olfato) ✓ Hiposmia (diminuição do olfato) ✓ Ageusia (perda do sentido do paladar) Entidades de especialistas propõem que esses 3 sejam incluídos no rastreamento da infecção por SARS-Cov-2, principalmente na ausência de outras doenças respiratórias, como rinite alérgica e rinossinusite aguda ou crônica. Há evidências de um número significativo de pessoas que desenvolveram esses sintomas e que, posteriormente, tiveram resultados positivos para a COVID-19. ÓBITOS Um estudo que descreveu as características dos casos que evoluíram a óbito em comparação aos casos recuperados verificou, com maior frequência nos casos que evoluíram ao óbito, pelo menos uma doença crônica (63% dos que foram a óbito e 39% dos que se recuperaram), sendo as principais: ✓ Hipertensão arterial sistêmica (48%) ✓ Doenças cardiovasculares (14%) Um estudo com indivíduos hospitalizados e positivos para a COVID- 19 na Itália, verificou que 33,9% deles apresentaram pelo menos uma alteração de olfato ou paladar, e 18,6%, ambas. •A perda de paladar ocorreu para 91% das pessoas, antes da hospitalização. •Os sintomas foram mais relatados por mulheres (52,6% versus 25%) e por aqueles mais jovens. ✓ Cerebrovasculares (4%), versus 24%, 4% e 0%, respectivamente, nos casos recuperados. ✓ Também foram mais frequentes entre os óbitos: ✓Dispneia (62% versus 31%) ✓ Aperto no peito (49% versus 30%) e perda da consciência (22% versus 1%); ✓ Linfopenia (39%) e leucocitose (50%) (versus 5% e 4% dos curados, respectivamente), ✓ Saturação ≤93% (64% versus 12%) ✓ Taquicardia (50% versus 30%) e taquipneia (27% versus 3%) Além de complicações que podem ser decorrência do próprio tempo de UTI e necessidade de procedimentos invasivos BRASIL As definições de caso adotadas pelo Ministério da Saúde do Brasil foram estabelecidas nos meses de fevereiro e março de 2020. As definições de casos suspeitos inicialmente basearam-se na ocorrência de febre e pelo menos um sinal ou sintoma respiratório, com histórico de viagem do indivíduo para áreas com transmissão local ou contato com caso confirmado. Mas, a febre não necessariamente estaria presente em todos os indivíduos acometidos, já que idosos ou até mesmo pessoas sem comorbidades não apresentaram esse sinal específico. Além disso gente, não podemos esquecer que febre não é padronizado, podendo ser uma temperatura medida ≥37,5ºC, temperatura ≥37,8ºC,7 registro em prontuário para casos hospitalizados ou até mesmo o relato, sem aferição confirmatória IVERMECTINA - A ivermectina é o fármaco preferencial para infecções por helmintos, dessa forma, ela é um antiparasitário disponível apenas para uso oral em humanos, sendo rapidamente absorvida, atingindo concentrações plasmáticas máximas em 4 horas após dose de 12 mg -> a excreção do fármaco e de seus metabólitos é quase exclusivamente por via fecal. - É um medicamento versátil e, quando ao seu papel como agente antiviral, sua eficácia tem sido demonstrada em diversos vírus, tanto in vitro quanto in vivo. É inibidor do transporte nuclear mediado pela importina α / β 1 heterodímero, responsável pela translocação de proteínas de várias espécies virais, como o HIV-1, indispensável para sua replicação. - Esta inibição parece afetar um número considerável de vírus de RNA, como o SARS-CoV-2. Além disso, a ivermectina pode se revelar como um poderoso antiviral na nova síndrome associada ao coronavírus sob uma nova perspectiva, ou seja, assumindo um papel de agente ionóforo: • Ionóforos são moléculas que possuem uma bolsa hidrofílica que constitui um sítio de ligação específica para um ou mais cátions, enquanto sua superfície externa é hidrofóbica, permitindo que o complexo assim formado atravesse as membranas celulares, afetando o equilíbrio hidroeletrolítico. - Acredita-se que 2 moléculas de Ivermectina, reagindo uma com a outra, pode criar um complexo considerado ionóforo. Assim, forma-se uma cavidade interna, os átomos de oxigênio (em vermelho), e os grupos de OH (em azul) que estabilizam a nova estrutura. A parte externa do complexo já teria em si todas as características hidrofóbicas necessárias para transportar os íons através da membrana viral. Como consequência, ocorre o desequilíbrio iônico entre o meio externo e o interno, com o retorno da água, o que neutraliza o vírus em um estágio inicial da infecção. - Vale ressaltar que essa hipótese valeria apenas para os vírus sem capsídeo protéico, estrutura que apresenta certa resistência à pressão osmótica. O novo coronavírus é um deles, apresentando apenas um envelope fosfolipídico em defesa do material genético, onde suas poucas proteínas são inseridas e que adquire no ato de sair das células infectadas. Essa captação de eletrólitos também pode afetar o potencial da membrana viral, ameaçando sua integridade e funcionalidade. Além disso, a variação da concentração de alguns cátions poderia inibir algumas enzimas-chave na replicação viral, como RNA polimerases dependentes de RNA (RdRp) Outros possíveis mecanismos e dosagem - Um dos estudos traz um possível mecanismo de ação da ivermectina como uso profilático pré-exposição ao vírus, sendo que isso seria através da combinação com a hidroxicloroquina: - A hidroxicloroquina atuaria como a primeira barreira inibindo a entrada do vírus e a ivermectina reduziria a replicação viral -> o autor relata que é uma sugestão com base em hipótese -> nada confiável então - Outros estudos in vitro trazem o mecanismo da ivermectina como uso profilático pós-exposição através da inibição da entrada viral mediada pela importina (IMP alfa/beta 1) O estudo traz que após 24 horas do uso da ivermectina em células infectadas pelo SARSCoV-2, houve uma redução de 93% no RNA viral. Após 48 horas, houve uma redução do RNA viral em 5000 vezes nas amostras tratadas com ivermectina em comparação com as amostras de controle. - Apesar de ter demonstrado eficácia, permanece incerta a dosagem e o período para uso da ivermectina. A investigação mais recente aplicou a Ivermectina em culturas celulares infectadas com o SARS-CoV-2 e encontrou uma redução expressiva na carga viral20, esse resultado incitou simulações estatísticas que sugeriu a concentração de 120 mg do medicamento uma vez por semana para alcançar níveis plasmáticos com função biológica em humanos infectados. Efeitos adversos A ivermectina é altamente ligada às proteínas plasmáticas, pincipalmente a albumina, podendo ser deslocada, elevando as frações livres nos pacientes com insuficiência renal. A ivermectina pode comprometer a integridade do rim e do fígado. Reações dermatológicas, gástricas, neuromusculares e cardiovasculares -> seu uso em pacientes com patologias neurológicas, musculares e miocárdicas, prévias, deve ser analisado com maior cautela CLOROQUINA E HIDROXICLOROQUINA - A cloroquina e a hidroxicloroquina são fármacos usados principalmente no tratamento da malária e das doenças reumáticas. - A cloroquina é absorvida rapidamente e quase por completo no TGI, atinge concentrações plasmáticas máximas em cerca de 3 horas e é rapidamente distribuída para os tecidos -> é excretada principalmente na urina. - A hidroxicloroquina, um análogo da cloroquina, é um agente antimalárico com propriedades imunossupressoras. Ela suprima o carregamento de peptídeos nas moléculas MHC de classe II ao aumentar o pH dos compartimentos lisossomal e endossomal, reduzindo, assim, a ativação de células T. Em razão dessas atividades imunossupressoras, é usada para tratar alguns distúrbios autoimunes, como artrite reumatoide e LES. Prováveis mecanismos de ação Existem 3 prováveis mecanismos de ação mais aceitos pelo corpo acadêmico-científico: 1. Modificação conformacional do receptor da Enzima Conversora de Angiotensina do tipo-2 (ECA 2): de acordo com alguns pesquisadores, a cloroquina e seus derivados parecem modificar o receptor por um mecanismo de glicosilação, o que acarreta por alterar o sítio de ligação que não mais consegue se ligar a proteína S (Spike) do novo coronavírus. 2. Alteração do pH do endossomo: acredita-se que a cloroquina promove a alcalinização (aumento do pH- agem como base fraca) no interior do endossomo, o que leva ao não rompimento do envelope viral e não liberação do RNA viral no citoplasma, impedindo que ocorra a replicação do vírus e, consequentemente, reduz a carga viral. Esse aumento do pH também interfere na fusão vírus/célula, porque a acidificação endossomal é requisito para essa fusão. o Esta droga se acumula nas organelas celulares criando um ambiente ácido para inibir a replicação de diferentes vírus, interferindo com o tráfego de endossomos / lisossomas ou na maturação da proteína viral durante a maturação dos vírions. 3. Redução e inibição na liberação de citocinas pró- inflamatórias (TNF-alfa e IL-6): o novo coronavírus promove o aumento da concentração de citocinas pró-inflamatórias, o que acarreta no quadro de pneumonite e as suas complicações. Assim, os ensaios utilizando cloroquina em pacientes com a síndrome respiratória aguda severa, demonstraram a reduçãodessas citocinas com o uso do medicamento -> é o mecanismo mais aceito entre os pesquisadores - Wang e outros autores relataram que a cloroquina atua nas fases de entrada e pós-entrada da infecção por SARS-CoV-2 em células Vero E6. A linhagem de células Vero é oriunda do rim do macaco-verde africano, sendo que essas células são aprovadas para uso em produção de vacinas e pesquisas pela OMS. - Maisonasse et al. realizaram o primeiro estudo de HCQ para SARS CoV-2, combinada ou não com azitromicina, em células do trato respiratório e em modelo animal (utilizando camundongos transgênicos), o que confirmou o efeito antiviral da HCQ em células genéricas do tipo Vero. Contudo, ao avaliar a ação da HCQ em células do trato respiratório humano, o mesmo efeito não foi encontrado. A falta de atividade in vitro da HCQ em células do trato respiratório humano é explicada pela necessidade de receptores específicos para entrada dos vírus na célula. Esses receptores não são encontrados em células genéricas do tipo Vero, nas quais a atividade inibitória de HCQ havia inicialmente sido demonstrada. Efeitos adversos A cloroquina costuma ser muito bem tolerada, mesmo com uso prolongado. Porém, os efeitos colaterais incluem dor de estômago, náuseas, vômitos, dor de cabeça e pesadelos. Cerca de 50% de cloroquina é excretada de forma inalterada e 10% como metabólito por via renal, podendo levar ao acúmulo no organismo, além de prolongar ainda mais a meia-vida do fármaco, que já é alta (10 – 60 dias). A hidroxicloroquina é apenas 3% excretada na forma inalterada, porém é metabolizada em cloroquina e metabólitos ativos que também podem se acumular em pacientes com lesão renal. O monitoramento efetivo do eletrocardiograma deve ser realizado devido maior risco de prolongamento no intervalo QT. Estudos ESTUDO FRANCÊS - O estudo feito em março de 2020 por um grupo de pesquisadores franceses trouxe que a cloroquina e a hidroxicloroquina são eficazes no tratamento de SARC-CoV- 2, apesar de terem algumas limitações, como eles mesmos relatam: • Tamanho pequeno da amostra: os resultados apresentados eram de apenas 36 pacientes, sendo 20 deles tratados com hidroxicloroquina e 16 do grupo controle. • Acompanhamento limitado de resultados a longo prazo • Abandono de 6 pacientes do estudo, sendo que 1 deles interrompeu o tratamento por náusea e outro faleceu. • Estudo não randomizado: os integrantes de cada grupo não foram escolhidos de forma aleatória -> inclusive os pacientes do grupo controle eram mais novos, dessa forma, não eram grupos totalmente balanceados. - Apesar dessas limitações, ao final do artigo, eles recomendam o tratamento dos pacientes com COVID- 19 com hidroxicloroquina e azitromicina, porém trazem também a necessidade de trabalhos adicionais para determinar a real utilidade desses compostos -> olha que paradoxo. - O estudo avaliou pacientes de 3 categorias: assintomática; infecção no trato respiratório superior (febre, faringite, entre outros sintomas) e infecção do trato respiratório inferior (sintomas de pneumonia ou bronquite). Os resultados trouxeram que no 6º dia pós-inclusão, 100% dos pacientes tratados com a combinação de hidroxicloroquina e azitromicina foram curados virologicamente, comparando com 57,1% em pacientes tratados apenas com hidroxicloroquina e 12,5% no grupo controle. ESTUDO DE MANAUS - Um estudo prospectivo, realizado em Manaus, foi o primeiro ensaio clínico randomizado controlado do mundo a utilizar CQ para o tratamento de COVID-19. Nele, avaliou-se duas doses diferentes de CQ: • A dose mais alta de CQ (previamente reconhecida como segura em protocolos clínicos para outras doenças) não deve ser recomendada para o tratamento de pacientes graves com COVID-19 devido a potenciais riscos à segurança (eventos adversos graves e riscos cardíacos foram associados à alta mortalidade). - O estudo serviu de referência para o FDA recomendar que doses mais elevadas não sejam utilizadas em qualquer situação, incluindo protocolos de pesquisas. Nesse estudo também não se verificou cura virológica até o quinto dia de tratamento, corroborando o achado de outros estudos. DIRETRIZES PARA O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA COVID-19 - Existem diversas terapias sendo consideradas ou propostas para o tratamento da COVID-19, muitas delas carecendo de apropriada avaliação de efetividade e segurança. Dessa forma, um grupo de 27 especialistas realizaram revisões sistemáticas sobre o tema para chegar ao consenso. • Essa força-tarefa foi formada pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). - Assim, essa diretriz foi criada na tentativa de proporcionar uniformidade nas indicações terapêuticas no contexto de COVID-19 e orientar essas intervenções por meio das melhores evidências disponíveis no momento de sua elaboração. Ao final, foram realizadas 11 recomendações, sendo que duas delas são relacionadas à cloroquina: Recomendação 1: eles sugerem não utilizar a hidroxicloroquina ou cloroquina no tratamento da COVID-19, devido ao baixo nível de evidência. • Os dados combinados de dois ensaios clínicos não mostraram melhora clínico-radiológica, além de mortalidade e necessidade de ventilação mecânica, consideradas desfechos clinicamente relevantes, terem sido avaliadas em estudos observacional com 364 pacientes, que encontrou maior mortalidade com o uso de HCQ. • A associação do uso de HCQ com arritmias é conhecida -> estudo observacional mostrou que 7 dos 37 (19%) pacientes que receberam HCQ em monoterapia desenvolveram intervalo QT ≥ 500ms. Recomendação 2: eles sugerem não utilizar a combinação de HCQ ou CQ e azitromicina de rotina no tratamento da COVID-19, devido ao nível muito baixo de evidência. Não foram identificados estudos clínicos avaliando azitromicina em monoterapia; adição de azitromicina ao regime de HCQ foi avaliada em apenas um estudo (no do grupos francês- PODRE DE RUIM O ESTUDO!!!) Não foram identificados ensaios clínicos randomizados que fizessem a comparação entre HCQ + azitromicina versus tratamento padrão. Cinco estudos observaram prolongamento do intervalo QT em alguns pacientes na associação de HCQ/CQ com azitromicina. Risco de eventos adversos cardiovasculares é moderado, em especial de arritmias, sendo potencializado com a associação de HCQ/CQ com azitromicina. ESTUDO SOLIDARITY DA OMS - Esse estudo foi postado ontem (15-10-2020) no servidor MedRxiv antes de serem publicados em uma revista científica (então cuidado na hora de falarem, porque ainda não foi aprovado pelas revistas científicas e nem revisado por outros especialistas). - O estudo encabeçado pela OMS, apontou que medicações como remdesivir, hidroxicloroquina, Interferon beta-1ª e a combinação de lopinavir e ritonavir são ineficazes no tratamento contra o coronavírus. O estudo é um ensaio randomizado, padrão ouro, com normas rígidas para coleta de evidências científicas. - Ao todo, participaram 11.266 adultos em mais de 30 países, sendo que foram relatadas 1.253 mortes durante a pesquisa, e, de acordo com o estudo, os medicamentos “desempenharam pouco ou nenhum papel na redução da mortalidade ou tempo de internação pela Covid-19”. Os principais resultados de mortalidade, início da ventilação e duração da hospitalização não foram claramente reduzidos por nenhum medicamento do estudo.