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Cuidados paliativos 1 Cuidados paliativos Contexto dos CP Cada vez mais se fala sobre CP, embora seja recente no Brasil. Envelhecimento progresso da população (inversão da pirâmide etária); Transição do perfil demográfico e epidemiológico da população brasileira; Avanço tecnológico; Aumento das DCNTs; Pacientes em hospitais, abandonados, assistência inadequada etc. Mesmo frente a tanto desenvolvimento, existe certa defasagem do sistema de saúde brasileiro ao lidar com o novo perfil populacional. Foca-se no modelo curativista (focado em tratar a doença apenas; fragmentado) e hospitalocêntrico = sobrecarga no setor secundário = APS enfrenta dificuldades de cumprir suas tarefas efetivamente (acaba não sendo resolutiva). Conceitos O conceito inicial de CP, defendido na década de 1960, visava, sobretudo, melhorar as condições dos doentes com câncer no fim da vida → atualmente é abrangente (não só condições oncológicas, como crônicas e degenerativas), desde o diagnóstico da doença. O termo "paliativo", descrito em 1974 pelo canadense Balfour Mount, deriva do vocábulo latim pallium ("manta"), que remete à ideia de proteger ou amparar os pacientes que não possuíam mais terapêuticas possíveis. OMS → uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doença que ameaçam a continuidade da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. Busca-se prestar um atendimento de qualidade àquele que vivencia um doença crônica, sem possibilidade terapêutica de cura, desde o momento do Cuidados paliativos 2 diagnóstico - aplica-se não só em pacientes terminais. O ideal é retornar o paciente de CP para a residência, considerando a qualidade de vida e de morte. (assistência domiciliar). O encaminhamento tardio para os CP (encaminha somente no fim da vida) está relacionado ao controle de "sintomas refratários" (série de sintomas de difícil controle terapêutico). obs.: "palavras-chave" dos CP = qualidade de vida, dor, alívio do sofrimento Hospice "Hospice" → hospices eram abrigos (hospedarias) destinados a receber e cuidar de peregrinos e viajantes; sinônimo de CP. MOVIMENTO HOSPICE MODERNO → introduzido por Cicely Saunders (médica, enfermeira e assistente social); estudo com 1100 pacientes com câncer avançado entre 1958 e 1965; provou o efetivo alívio da dor quando os pacientes estavam em esquema de administração regular de drogas analgésicas. obs.: Cicely trouxe o conceito de "dor total", que considera a dor além do físico (psicossocial e espiritual). Princípios SEGUNDO À OMS: Promover o alívio da dor e outros sintomas desagradáveis; Afirmar a vida e considerar a morte como um processo normal da vida; Não acelerar, nem adiar a morte; não busca a futilidade terapêutica, nem a eutanásia/suicídio assistido/abandono terapêutico, mas sim abrigar o paciente e promover a qualidade de vida e de morte; Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente; Oferecer um sistema de suporte que possibilite o paciente viver tão ativamente quanto possível, até o momento da sua morte; Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença e ao enfrentar o luto; pode continuar após o óbito; Abordagem multiprofissional nas necessidades dos pacientes e familiares, incluindo luto; equipe mínima = médico, enfermeiro, psicólogo, Cuidados paliativos 3 capelão (necessidades espirituais); Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença; Iniciado o mais precocemente possível, juntamente com outras medidas de prolongamento da vida e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clínicas estressantes. Condições que se aplicam ao CP Devem ser aplicados o mais breve possível no curso de qualquer doença crônica que potencialmente leve à morte, e não somente na fase final de vida. Os sintomas não tratados no momento do surgimento podem ter seu controle dificultado nos últimos dias de vida. Atualmente, destinam-se não somente às neoplasias, mas a outras doenças crônico-degenerativas, como demências, Parkinson, insuficiência cardíaca, renal, DPOC, dentre outras doenças onde não há perspectiva de cura. Como CP iniciou no Brasil No Brasil, a história de CP é relativamente recente, datando da década de 80, época em que o país vivia o final da ditadura, cujo sistema de saúde priorizava a medicina hospitalocêntrica, essencialmente voltada à cura da doenças. O principal local de morte no Brasil foi e continua sendo o hospital, com muita dor e sofrimento - não recebem assistência primária, nem domiciliar, sem acesso a opiodes e assistência psicossocial e espiritual. Principal critério para CP utilizado pelo Medicare - critério de elegibilidade Medicare serviu como modelo para CP. CRITÉRIO DE ELEGIBILIDADE = expectativa de vida avaliada menor ou igual a 6 meses. O paciente deve fazer a opção por CP exclusivos e abrir mão dos tratamentos de prolongamento de vida. Nos EUA, o paciente deve ser beneficiário do MEDICARE. Cuidados paliativos 4 OMS: todos os pacientes portadores de doenças graves, progressivas e incuráveis, que ameacem a continuidade da vida, deveriam receber a abordagem dos CP desde o seu diagnóstico. A indicação depende da fase em que se encontra a doença e da história natural de cada uma delas. ESCALA DE PERFORMANCE DE KARNOFSKY KPS Não é específica para CP, mas é útil para indicação precoce ou terminal. Desenvolvida para pacientes com câncer. Documentar o declínio clínico do paciente. Valor 70% = indicação precoce de assistência de CP; Valor 50% = terminalidade; pacientes elegíveis para CP. ESCALA DE PERFORMANCE PALIATIVA PPS Aplicada logo na admissão do paciente. Ferramenta amplamente utilizada nas situações de elegibilidade para esse fim. Permite a avaliação da funcionalidade e a compreensão da trajetória da doença de base. Cuidados paliativos 5 obs.: autocuidado → observar se o paciente consegue se cuidar, mas a família/cuidadores não permite ou se ele consegue ou se não consegue. Critérios clínicos para cada doença ou condição clínica AMPC → manual com critérios clínicos para terminalidade; baseado na condição do paciente. Cuidados paliativos 6 Considerações finais Os CP precisam ser rigorosamente administrados no âmbito das práticas de saúde, com intenso controle e aplicação de fundamento científico a sua prática, para jamais serem confundidos com descaso, desatenção, ausência de assistência ou negligência. Um dos maiores desafios é a falta de profissionais capacitados para a assistência dos CP e como organizar os CP, baseado nos princípios do SUS.
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