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trabalho de historicidades de povos africanos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO - UFMA 
CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS – CCH 
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA – DEHIS 
DISCIPLINA: História da África Antiga 
Prof. Dr. Josenildo de Jesus Pereira 
Alun@:YASMIN DE JESUS ARAUJO DOS SANTOS Nota:____ 
I avaliação 
O produto historiográfico não tem nenhuma independência ou autonomia. Depende 
inteiramente do momento e ideologia que influencia a sua concepção. O que dizemos hoje é 
a revisão de anteriores visões, para ser necessariamente revisto amanhã. (LOPES, Carlos. 
A pirâmide invertida. P. 04) 
QUESTÃO 
A partir desta formulação de Carlos Lopes disserte a respeito da relação 
entre as correntes historiográficas e o processo de ensino e aprendizagem relativo à 
historicidades de povos do continente africano: 
 
Por muito tempo, teóricos defenderam a ideia que a África não tinha história. 
Após a segunda guerra mundial, devido às descobertas arqueológicas, os 
processos de independência e os movimentos de libertação dos países africanos, o 
continente africano começou a ser revelado no cenário mundial. Até então, os 
registros escritos da África e a participação dos povos africanos na história mundial 
era explicado pelas matrizes teóricas do positivismo e do materialismo histórico e a 
partir da década de 1940 e 1950, na perspectiva da escola de annales, e se 
amparando nessas correntes historiográficas, alguns estudiosos como os 
eurocentristas, defendiam que a África nunca participou da história universal. 
 
As perspectivas historiográficas inseriram a História da África dentro da 
história geral, isto porque não existiam linhas de pesquisa que permitissem a 
compreensão do mosaico da diversidade cultural africana. A falta de estudos acerca 
dessas sociedades e culturas africanas impediam o historiador de enxergar o 
Continente africano como o principal ator do processo historiográfico. Em 1972, o 
historiador africano Joseph Ki-Zerbo questionava a circulação de estudos sobre a 
história da África. De acordo com o autor, desde a colonização ou mesmo com os 
processos de independência, a história da África não passava de um mero apêndice 
dentro da história do país colonizador. E essa forma de abordagem se refletia na 
prática pedagógica e boa processos de ensino e aprendizagem de história. Essa 
interpretação simplista é reduzirem africanos apenas á povos pretos, com boa 
estatura, sem o fato de que a cultura, a língua, são características essenciais, 
negando toda a complexidade de sua historiografia, limitando-se aos esteriótipos 
sobre os povos, como sua falta de recursos, desastres naturais. A ideia de uma 
África pobre, faminta e incivilizada, se prendendo a superficialidades, reduzindo sua 
historicidade a esses aspectos, tudo isso banalizado por uma superioridade 
eurocêntrica que acabou distorcendo toda a história Africana. 
 
O eurocentrismo deve ser entendido como uma forma de etnocentrismo 
singular, qualitativamente diferente de outras formas históricas. Isso porque ele 
expressa uma dominação objetiva dos povos europeus ocidentais no mundo, 
fundada na crença da superioridade do modo de vida e seu desenvolvimento 
europeu-ocidental, querendo uma dominação do corpo, território e mente, 
principalmente aos africanos, fazendo-os acreditar que não tinham alma e que não 
eram indignos de direito no espaço da história. Hoje é perceptível o quanto este 
eurocentrismo esteve presente nos textos clássicos que fundamentam a 
historiografia moderna no iluminismo, deturpando a visão dos europeus e do mundo 
acerca dos demais povos. 
 
O historiador é um investigador que trabalha com vestígios e sinais emitidos 
do passado. Sendo assim, não pode tomar o modo e suas representações na sua 
literalidade. Por este motivo, deve-se sempre atentar sobre as produções 
historiográficas advindas do continente africano dentro de um contexto macro, 
portanto, bem distante das especificidades , diferenças ou particularidades que 
perpassam as histórias dos diferentes povos, dentro de cada contexto. Em razão 
disso, por muitos anos os estudos da historiografia africana padeceu, por muito 
tempo, dos preconceitos racistas dos estudiosos. São inúmeros os casos de 
historiadores que simplesmente não conseguiram acreditar que os povos africanos 
fossem capazes de criar culturas originais e civilizações sofisticadas. Pode-se 
exemplar, o filósofo germânico Hegel, que declara "[...] a África não é parte da 
história do mundo" e ainda que a sua parte setentrional pertencia ao mundo europeu 
asiático. Outro exemplo foi o manual L'historie de I'afrique Orientale, escrito por 
Coupland em 1928. Segundo esses escritos, "a África propriamente dita não teve 
história". Isso porque a maior parte dos habitantes teria permanecido por um longo 
período "mergulhado na barbárie", estagnado no tempo "sem avançar ou recuar". O 
propósito desses historiadores era vincular a história africana da concepção 
epistemológica frutificada pelo hegelianismo, que entendia que um povo sem escrita 
é um povo sem passado, e igualmente sem cultura, uma interpretação simplista e 
reducionista da complexidade efetiva da historiográfia africana. Na concepção de 
Ki-Zerbo essas visões desfocadas sobre a história explicam-se a partir do 
movimento científico do século XIX, quando as classificações científicas 
provenientes das concepções do darwinismo social e determinismo social 
categorizaram os povos africanos nos últimos graus da evolução das "raças 
humanas". Baseado no discurso racial biológico que fundamentou os estudos do 
século XIX, no conceito de racismo, um "grupo racial" passou a ser considerado 
superior em relação ao outro. Na perspectiva da "evolução" das "raças humanas", 
os povos africanos foram categorizados como atrasados, primitivos e incapazes de 
aprender, fazer e de evoluir. O racismo negou a inteligência, portanto, a plena 
humanidade dos povos africanos e dos seus descendentes. 
 
Para contrapor a visão colonial, temos a corrente historiográfica anti-colonial 
ou afrocentrista, que é a história feita pelos povos africanos que faz dura crítica ao 
método europeu, abordando o sujeito africano em seu contexto histórico. 
 
O movimento de independência dos países africanos criou, por parte de uma 
nova elite política intelectual, a necessidade da elaboração das identidades 
africanas dentro do continente, procurando valorizar os grandes reinos da África e 
grandes monumentos erguidos pelos africanos, destacando a originalidade das 
civilizações, e deste diante do mundo. E por diversas vezes, os historiadores 
chegaram a afirmar a superioridade Africana com relação às demais regiões do 
mundo. 
 
Para este objetivo, era necessário retomar ao passado em busca de 
elementos que legitimam uma história africana rica e diversificada, tanto quanto a 
história da Europa. De acordo com o escritor e filósofo anglo-ganês, Kwame 
Anthony Appiah, entre esses primeiro pensares pós independência estaria o 
aparecimento de ideologias que defendiam e ressignificavam a identidade africana, 
como o pan-africanismo e a negritude. 
 
O movimento negritude, caracterizava-se pela busca da valorização da 
cultura africana, seus feitos e essência. Defendiam o "comunitarismo inerente" aos 
povos da África seria base da sociedade africana tradicional, que significava por 
natureza coletivista; o socialismo é, portanto, já presente dentro da sociedade 
Africana, onde o capitalismo é o elemento estranho trazido pela colonização 
(BENOT, 1969). Era uma tentativas de rebater a ideologia racista-eurocêntrica que 
ditava que os negros eram eternos submissos. Os poetas da negritude exaltavam o 
ser-negro, sua emoção e sua sensibilidade, seu ritmo. Para Leopold Sedar Senghor, 
um dos teóricos defensores da negritude,que trabalhava junto com o filósofo Franz 
Fanon, dizia que "a emoção é negra, como a razão é grega" (apud FANON, 1967). 
Esta visão levou a uma fase essencialista negro, mas apesar de seus limites, 
configurou-se em uma tentativa de resgateda cultura negra contra o universalismo 
assimilador da ideologia metropolitana que influenciou os pensadores anti-coloniais 
africanos. Fanon que antes defendia a negritude, mais tarde passou a criticá-la. 
 
Essa perspectiva da historiografia afrocêntrica foi criticada por muitos 
estudiosos que alegaram que a África é uma região de grande autonomia e 
criatividade, que não necessita de parâmetros europeus para ser estudada. Apesar 
do impacto negativo, trouxe adições a visões sobre a população e suas tradições, 
além de ampliar discussões sobre o que é a história, rompendo os paradigmas 
europeus. 
 
Em relação a historiografia pós-colonial, apesar de ter grande semelhança 
com a anti-colonial, ela faz uma crítica ao Eurocentrismo, mas também, para com 
afrocentrismo por performar conceitos parecidos aos que estavam sendo julgados, 
principalmente sua superioridade aos outros povos, aderindo aos mesmos ideais do 
qual fazia sua crítica o que acaba sendo incoerente para os historiadores 
pós-coloniais. 
 
Ideia na qual evidencia a preexistência de uma diferenciação social que 
antecede a chegada dos europeus ao continente africano, e problemas sociais das 
quais os historiadores anti-coloniais não poderiam ocultar assim como destacar um 
dos únicos grandes feitos da África foi apenas o Egito, deixando de lado toda a 
cultura e historiografia presente. Tendo assim grande contribuição nas quebras de 
todos os parâmetros e disseminando ainda mais a importância da história africana 
para o mundo. 
 
Desde 1970 e 1980, várias correntes se difundiram em diferentes países, e 
novas pesquisas sobre os povos africanos foram feitas, tendo o propósito de 
retirá-la da obscuridade e integrá-lo no cenário da história em âmbito mundial, A lei 
10.639/2003 vem contribuir para a formação dos professores e para que esses 
saberem cheguem aos espaços de educação, tentando reparar lacunas feitas pela 
corrente colonial advindo dessa visão eurocêntrica.

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