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Profª. Ms. Cibelle Magalhães ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL NAS PATOLOGIAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO E ÓRGÃOS ANEXOS AULA 7 São José dos Campos – 2021/1 Na aula passada... - Assistência Nutricional nas Doenças Hepáticas - B1 Aula Teórica e Prática - Manifestações clínicas das doenças biliares (U3S3) - Exercícios - AF2 (Valor: 1500 pontos) AULA 7 Manifestações clínicas das doenças biliares (U3S3) ● A bile é produzida no fígado e direcionada até a VB por meio dos canais biliares intra-hepáticos e ducto biliar comum. ○ A produção hepática diária de bile gira em torno de um litro. ● A vesícula biliar concentra, armazena e excreta a bile. ○ o volume armazenado de bile é em torno de 50 mL. ● A bile deve ser liberada na luz do intestino, em volume apropriado, para promover a digestão e a absorção dos lipídios, por meio da solubilização fornecida pelos ácidos biliares. ● Bile = água, sais biliares e pequenas quantidades de pigmentos e colesterol Vesícula Biliar ● Conhecida popularmente como barro biliar. ● Ocorre quando a vesícula biliar não esvazia a bile completamente no intestino e seu conteúdo se acumula em seu interior, deixando-o espesso. ● É um quadro assintomático, na maioria das vezes. Entretanto, em raros casos alguns pacientes podem referir dor na lateral direita, náuseas, vômito, anorexia, etc. ● Grupo de risco: pacientes com diabetes, excesso de peso corpóreo, gestantes, transplantados e pacientes que perderam peso de forma muito rápida. Lama Biliar Maior risco de desenvolvimento de litíase biliar (cálculos ou pedras) ● Diagnosticada quando há presença de cálculos biliares, porém, sem infecção da vesícula biliar. Colelitíase Precipitações de elementos da bile Cálculos Biliares • Alterações na síntese e excreção da bile pelo fígado. • Consumo elevado de alimentos ricos em gordura e colesterol. • Alteração na concentração da bile na VB. • Colonização da VB por bactérias intestinais. ● Cerca de 80% dos portadores de cálculos biliares são assintomáticos. Nos demais, o sintoma mais comum é a cólica biliar, mas pode evoluir para complicações graves: Colelitíase Coledocolitíase (obstrução do trato biliar por cálculos nos ductos biliares) Colecistite (inflamação da vesícula biliar) Colangite (inflamação dos ductos biliares ) Pancreatite aguda biliar Câncer da vesícula biliar ● A litíase biliar é fator incontestável na etiopatogênese do câncer da vesícula biliar. https://www.scielo.br/scielo.php?script= sci_arttext&pid=S0100- 69912002000200006#:~:text=A%20lit% C3%ADase%20biliar%20%C3%A9%20 fator,diagn%C3%B3stico%20de%20c% C3%A2ncer4%2D6. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-69912002000200006#:~:text=A%20lit%C3%ADase%20biliar%20%C3%A9%20fator,diagn%C3%B3stico%20de%20c%C3%A2ncer4%2D6 https://cdn.publisher.gn1.link/revistadocbc .org.br/pdf/v44n3a06.pdf https://cdn.publisher.gn1.link/revistadocbc.org.br/pdf/v44n3a06.pdf ● Diagnóstico: ultrassom Colelitíase https://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/6812/1/00 0461277-Texto+Completo-0.pdf https://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/6812/1/000461277-Texto+Completo-0.pdf ● É a inflamação da vesícula biliar (VB), geralmente, em decorrência da obstrução dos ductos biliares em função da litíase biliar. ● Os sintomas são dores no quadrante superior, náuseas, vômito, presença de flatos, mal absorção de lipídios, icterícia, fezes descoradas – dada a ausência dos pigmentos biliares, entre outros. ● Tratamento: colecistectomia – retirada da vesícula Colecistite Aguda Causada pelos cálculos biliares Crônica De origem bacteriana, irritantes químicos ou litíase biliar Colecistectomia https://www.youtube.com/watch?v=jhKLY0Bboy8 https://www.youtube.com/watch?v=jhKLY0Bboy8 ● É a inflamação de quaisquer ductos biliares, desde os de menor calibre até os mais calibrosos. ● Principal causa de colangite é a interrupção do fluxo biliar para o duodeno → bactérias intestinais se movem para os ductos biliares causando o processo inflamatório → colangite aguda. ● Sintomas: febre, dor na região abdominal superior direita, icterícia, náusea, vômito, anorexia, entre outros. ● Se não tratada, a colangite pode levar o indivíduo a óbito, em função de sepse. ● Colangite Esclerosante Primária (CEP) é uma doença muito grave, que causa esclerose (endurecimento dos tecidos) das vias biliares por um processo inflamatório não identificado. Suspeita-se que a fisiopatogenia esteja relacionada ao sistema autoimune. Colangite ● Sua incidência não é significativa (10-40 pessoas por milhão). ● Se desenvolve mais em homens acima de 40 anos. ● Cerca de 70% a 90% dos pacientes com CEP apresentam alguma Doença Inflamatória Intestinal (DII). ● Em muitos casos de CEP, há necessidade de transplante hepático e esta doença pode levar o paciente a óbito. Colangite Esclerosante Primária (CEP) Xantomas: lesões caracterizadas por acumulações de macrófagos carregados de lipídios que podem aparecer em qualquer parte do corpo, mas principalmente nos tendões, pele, mãos, pés, glúteos e joelhos Um paciente referindo quaisquer sintomas ou sinais desta ordem, em uma consulta nutricional, deve ser encaminhado com urgência ao gastroenterologista. ● Fosfatase alcalina: quando acima dos valores de referência podem indicar obstrução biliar e/ou colestase (qualquer condição em que o fluxo de bile do fígado diminui ou para) ● Gama Glutamiltransferase (GGT): se apresenta alterado em pacientes portadores de doença hepatobiliar. ● Bilirrubinas (direta e indireta): o aumento das suas concentrações pode estar relacionado com a falta de eliminação de bilirrubina pela bile. Em casos em que ambas as bilirrubinas estejam altas, porém, com maior ênfase à bilirrubina direta, pode ser causa de obstrução do fluxo da bile. ● Amilases e lipase sérica: quando elevadas podem indicar problemas pancreáticos, decorrentes de coledocolitíase; ● Aspartato Aminotransferase (AST/TGO) e Alanina Aminotransferase (ALT/TGP): o aumento pode indicar colestase extra-hepática. ● Vitaminas lipossolúveis: a deficiência destas vitaminas pode estar relacionada com a má absorção intestinal por fluxo biliar reduzido. Exames bioquímicos úteis na avaliação do fluxo e de lesões nas vias biliares Alterações Nutricionais Deficiências de vitaminas do complexo, E, K, C, além de ferro e proteínas. Nestas condições, o nutricionista deve auxiliar na recuperação do estado nutricional, corrigir possíveis casos de má-absorção e esteatorreia. Avaliar uma eventual necessidade de suplementar vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K). Assistência Nutricional Nas Doenças Biliares LAMA BILIAR Hipogordurosa Hipossódica Com concentração de colesterol abaixo de 300 mg/dia. Assistência Nutricional Nas Doenças Biliares COLELITÍASE Rica em fibras. Hipogordurosa. As frituras e os alimentos ricos em gorduras, embutidos, queijos amarelos e demais alimentos gordurosos devem ser evitados. Perda de peso gradual. Valor calórico total adequado a cada condição clínica. Fracionada em refeições com volumes menores para uma melhor aceitação do paciente e redução das dores e demais sintomas relacionados ao quadro clínico. Assistência Nutricional Nas Doenças Biliares COLECISTITE Auxiliar o paciente na perda de peso, evitando jejum prolongado e perda ponderal rápida. Deve ser contraindicado o consumo de alimentos que causem desconforto gástrico Deve ser observado o consumo de vitaminas lipossolúveis, atentando-se a problemas de má absorção, dada a ausência ou pouco volume disponível de bile. Assistência Nutricional Nas Doenças Biliares APÓS A CIRURGIA (COLECISTECTOMIA) Dieta deve evoluir conforme a melhora do quadro clínico e resposta do paciente, iniciando com dieta leve e progredindo até a dieta geral. Início: Indica-se o consumo de carnes magras, sem pele, frutas (com exceção às ricas em gorduras), legumes cozidos, cereais integrais,leite e iogurte desnatados, ricota, queijo cottage e laticínios desnatados e light. Após a recuperação total da colecistectomia: • A dieta pode ser normolipídica, não havendo necessidade de ser hipolipídica. • Se o consumo de gorduras for alto, provavelmente o paciente terá diarreia, já que a ausência da vesícula biliar impede o armazenamento da bile e assim, como esta é lançada diretamente na luz intestinal, poderá haver comprometimento da digestão e absorção de gorduras → observar a necessidade ou não de complementar a dieta com nutrientes específicos. Exercícios ● Paciente homem, adulto, profissão: motorista de aplicativo, com colelitíase biliar e cirurgia de colecistectomia agendada. Foi encaminhado ao nutricionista pelo gastroenterologista porque o paciente tem apresentado muitos problemas em relação a sua alimentação. O paciente relata fortes dores abdominais após as refeições e, em alguns casos, ocorrem vômitos na sequência. Na primeira consulta com a nutricionista, o paciente relatou que o seu objetivo é perder 10 kg em 1 mês (quer emagrecer antes da cirurgia porque leu no Google que a obesidade aumenta os riscos durante a cirurgia). Durante a consulta, a nutricionista fez o R24h apresentado a seguir e as seguintes medidas: ● Peso atual: 104 kg ● Altura: 1,81 m ● C Cintura: 98 cm CASO 1 CASO 1 - R24h REFEIÇÃO QUANTIDADE ALIMENTO Café da manhã 8:00 horas 1 copo duplo 1 fatia média Leite integral puro Bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Almoço 12:30 horas 1 col de servir 1 unidade grande 2 col de servir 1 concha pequena 1 fatia média Salada de maionese Bife à milanesa Arroz à grega Feijão Pudim de leite condensado. Lanche da tarde 15:30 horas 1 unidade 1 lata pequena Coxinha frita grande Coca-cola Jantar 21:00 horas 2 fatias 1 lata pequena Pizza quatro queijos Coca-cola 1) Com base na antropometria, qual a classificação do IMC desse paciente? Ele apresenta riscos para complicações metabólicas? 2) Sobre a perda de peso, o que a nutricionista precisa explicar ao paciente? 3) Apresente sugestões qualitativas de alterações para a alimentação do paciente com base em seu R24h. CASO 1 ● Com base na antropometria, qual a classificação do IMC desse paciente? Ele apresenta riscos para doenças metabólicas? IMC = 104/1,81² = 31,7 kg/m² → obesidade grau I CC = 98 cm → risco elevado para complicações metabólicas Resolução Caso 1 2) Sobre a perda de peso, o que a nutricionista precisa explicar ao paciente? Deverá explicar que perdas de peso acentuadas, nesse caso, só poderão piorar o quadro de colelitíase e são contraindicadas. Que o melhor é uma perda de peso lenta e sustentável como é indicado de maneira geral para as doenças hepáticas: redução de até 1 kg por semana é desejável e pode ser obtida pela redução de 500 a 1.000 kcal das necessidades energéticas diárias. 3) Apresente sugestões qualitativas de alterações para a alimentação do paciente com base em seu R24h. - Considerar o trabalho do paciente: motorista de aplicativo - Orientações para colelitíase Resolução Caso 1 3) Apresente sugestões qualitativas de alterações para a alimentação do paciente com base em seu R24h. - Leite desnatado - Bolo sem cobertura + fruta; bolo integral de frutas; pão integral + queijo branco/ricota - Lanche: 1 fruta + aveia - Salada de folhas + legumes (1/2 prato) - Bife grelhado (porção tamanho da palma da mão) - Arroz branco/integral/a grega desde que sem bacon, linquiça etc, - Feijão - Sobremesa: fruta - Lanche: 1 fruta + 1 iogurte desnatado + aveia - Jantar: evitar lanches gordurosos - Sopa - Lanche natural (pão integral, cotage/ricota, cenoura ralada, atum ● Paciente F.S.C, sexo masculino, 61 anos, casado, reside com a esposa e a filha; natural e residente em Caraguatatuba – SP. Em sua última consulta, há 2 meses, foram realizados exames de rotina, sendo diagnosticada a esteatose hepática por meio de ultrassonografia. Por morar no litoral, realiza caminhadas na praia por 1 hora, de 2 a 3 vezes na semana; informa ainda que há dois meses adquiriu o hábito de utilizar as escadas em vez do elevador nos dias em que está trabalhando. ● Peso habitual: 84 kg ● Peso atual: 80 kg (desde o diagnóstico, pesquisou uma dieta no Google e emagreceu 4 kg em 2 meses). ● Estatura: 1,68 m ● C Cintura: 103 cm CASO 2 1. Com base na antropometria, qual a classificação do IMC desse paciente? Ele apresenta riscos para complicações metabólicas? 2. Considerando as orientações nutricionais para o tratamento da esteatose hepática, determine: - VET em kcal/dia (considere 25 kcal/kg/dia) - PTNA em kcal/dia, g/dia, g/kg/dia (considere 16% do VET) - CHO em kcal/dia, g/dia, g/kg/dia (considere 59% do VET) - LIP em kcal/dia, g/dia, g/kg/dia (considere 25% do VET) - Fibras em g/dia (considere 14 g/1000 kcal) 3. Com relação às orientações nutricionais para esteatose hepática, o que esse paciente deveria evitar? CASO 2 1) Com base na antropometria, qual a classificação do IMC desse paciente? Ele apresenta riscos para doenças metabólicas? IMC = 80/1,68² = 28,3 kg/m² = sobrepeso CC = 103 cm = risco muito elevado para complicações metabólicas Resolução – CASO 2 2) Considerando as orientações nutricionais para o tratamento da esteatose hepática, determine: Resolução – Caso 2 VET = 25 kcal/kg/dia = 25 x 80 = 2000 kcal/dia PTN= 16% 2000 kcal 100% X 16% X = 320 kcal Se 1 g = 4 kcal = 320/4 = 80 g/dia 80/80 = 1 g/kg/dia CHO = 59% 2000 kcal 100% X 59 % X = 1180 kcal Se 1 g = 4 kcal = 1180/4 = 295 g/dia 295/80 = 3,68 g/kg/dia 2) Considerando as orientações nutricionais para o tratamento da esteatose hepática, determine: Resolução – Caso 2 LIP= 25% 2000 kcal 100% X 25% X = 500 kcal Se 1 g = 9 kcal = 500/9 = 55,5 g/dia 55,5/80 = 0,69 g/kg/dia Fibra = 14 g/1000 kcal 14 g 1000 kcal X 2000 kcal X = 28 g/dia 3) Com relação às orientações nutricionais para esteatose hepática, o que esse paciente deveria evitar? Resolução – Caso 2 AF-2 1500 PONTOS Fazer e enviar pelo link: https://forms.office.com/r/MLaRumVCBd DATA LIMITE PARA O ENVIO: 22/04/21 até às 23:45 horas https://forms.office.com/r/MLaRumVCBd Aviso da Coordenação do Curso Não haverá aula na semana de 19 a 23/04/21 Semana de cursos: a programação completa será liberada até 16/04/21 Na semana que vem... Introdução ao funcionamento e nutrição intestinal Próxima Aula