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2 º D I A D O T R Í D U O D E P Á S C O A S E X T A F E I R A D A P A I X Ã O Sinal da Cruz Invocação do Espírito Santo (1 Cor 1, 18-25) "A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina. 19.Está escrito: Destrui rei a sabedoria dos sábios, e anularei a prudência dos prudentes (Is 29,14). 20.Onde está o sábio? Onde o erudito? Onde o argumentador deste mundo? Acaso não declarou Deus por loucura a sabedoria deste mundo? 21.Já que o mundo, com a sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura de sua mensagem.* 22.Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam a sabedoria; 23.mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos; 24.mas, para os eleitos – quer judeus quer gregos –, força de Deus e sabedoria de Deus. 25.Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens." Intenções = Divino Jesus, eu vos ofereço este terço que vou rezar, contemplando os mistérios de nossa Redenção. Rezo em reparação às ofensas que cometemos contra o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria. Concedei-me, pela intercessão de Maria, vossa Mãe Santíssima, a quem me dirijo, as graças necessárias para bem rezá-lo para ganhar as indulgências desta santa devoção. • Creio... • Pai Nosso... • Angelus e Ave Maria = Jaculatória > Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. • Glória ao Pai... T E R Ç O M I S T É R I O S D O L O R O S O S A G O N I A M O R T A L D E J E S U S N O H O R T O D A S O L I V E I R A S 1 º M I S T É R I O LEITURA Retirou-se Jesus com eles para um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: "Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar". E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes, então: "Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo". Adiantou-se um pouco e, prostrando-se com a face por terra, assim rezou: "Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres (Mt 26, 36-39). Então vindo do Céu, apareceu-Lhe um anjo que O confortava. Cheio de angústia, pôs-Se a orar mais instantemente, e o suor tornou-se-Lhe como grossas gotas de sangue, que caiam na terra. Depois de ter orado, levantou- Se e foi ter com os discípulos, encontrando-os a dormir, devido à tristeza. Disse-lhes: "Por que dormis? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação (Lc 22, 43-46). Chegou a hora: o Filho do Homem será entrgue nas mãos dos pecadores" (Mt 26, 45). A G O N I A M O R T A L D E J E S U S N O H O R T O D A S O L I V E I R A S 1 º M I S T É R I O MEDITAÇÃO Quando o véu das sombras desce sobre Jerusalém, as oliveiras do Getsémani parecem-nos reconduzir, ainda hoje, com o sussurrar das suas folhas, àquela noite de sofrimento e de oração vivida por Jesus. Ele se destaca solitário, no centro da cena, ajoelhado no chão daquele jardim. Como cada pessoa que está diante da morte, também Cristo se sente afligido pela angústia; aliás, a palavra originária que o evangelista Lucas utiliza é «agonia», ou seja, luta. Então, a oração de Jesus é dramática, tensa como num combate, e o suor estriado de sangue que se escorre pelo seu rosto é sinal de um tormento áspero e duro. O grito é lançado para o alto, em direção ao Pai que parece misterioso e mudo: «Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice», o cálice da dor e da morte. Também um dos grandes Pais de Israel, Jacó, em uma noite escura na margem de um afluente do Jordão tinha encontrado Deus como uma pessoa misteriosa, que «lutara com ele até o surgir da aurora»(2). Rezar em tempo de prova é uma experiência que perturba corpo e alma e também Jesus, nas trevas daquela noite, «oferece orações e súplicas com fortes gritos e lágrimas àquele que pode libertá- lo da morte» No Cristo do Getsémani, em luta com a angústia, reencontramo-nos a nós mesmos quando atravessamos a noite da dor lancinante, da solidão dos amigos, do silêncio de Deus. É por isso que Jesus – como foi dito - «estará em agonia até o fim dos tempos: não é necessário dormir até àquele momento pois ele procura companhia e conforto» (4), como todo sofredor da terra. Nele descobrimos também o nosso rosto, quando é regado pelas lágrimas e é marcado pela desolação. Mas a luta de Jesus não chega à tentação da rendição desesperada, mas à profissão de confiança no Pai e no seu misterioso desígnio. São as palavras do «Pai nosso» que ele repropõe naquela hora amarga: «Orai para que não entreis... não se faça, contudo, a Minha vontade, mas a Tua». E eis que então, aparece o anjo da consolação, do apoio e do conforto que auxilia Jesus e a nós a continuar até o final o nosso caminho. A F L A G E L A Ç Ã O D E J E S U S A T A D O A U M T R O N C O LEITURA Pilatos, vendo que nada conseguia e que o tumulto aumentava cada vez mais, mandou vir água e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo: “Estou inocente deste sangue. Isso é convosco”. E todo o povo respondeu: “Que o seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos!” Então, soltou-lhes Barrabás. Quanto a Jesus, depois de O mandar flagelar, entregou-O para ser crucificado (Mt 27,24-26). 2 º M I S T É R I O A F L A G E L A Ç Ã O D E J E S U S A T A D O A U M T R O N C O MEDITAÇÃO A flagelação era um horrível tormento e, de todos, o mais humilhante, depois da crucifixão, suplício de escravos. Podemos afirmar com certeza ter sido um suplício dos mais horrorosos da Paixão. A lei dos judeus ordenava que não passasse de quarenta golpes. Para Nosso Senhor, entretanto, não havia mais lei, nem medida, nem número. Fora entregue à ira dos carrascos. Batem furiosamente sobre o corpo santíssimo do Redentor e O ferem da cabeça aos pés. Rasgam-Lhe as carnes e o sangue corre até o chão. Golpes sobre golpes e sobre as feridas já abertas. Jesus é uma chaga viva. Ninguém o reconhece. É a figura de um leproso de chagas abertas, dizia o profeta. A crueldade dos judeus temia que Pilatos ainda libertasse Jesus e então empregam todos os recursos para que a vítima morra após a flagelação. Cansam-se de açoitar e se revezam os carrascos. A paciência infinita de Jesus não se cansa. As carnes do Redentor voam aos pedaços na ponta dos chicotes e o sangue corre das suas veias abertas. Horrível espetáculo! Amarrado à coluna como se fosse vil escravo, lá estava Jesus em lastimoso estado. Humilhado, insultado, uma só chaga da cabeça aos pés. Afinal o desamarram e a Vítima Divina cai por terra. Atiram-na ainda a pontapés. Ninguém dele se compadece. É esmagado como um verme, atirado ao chão, ferido, despedaçado, em suas carnes, todo sangue e chagas em todo o corpo. Bastava este suplício para o fazer expirar de dor, não fosse Ele o Homem Deus. 2 º M I S T É R I O A C O R O A Ç Ã O D E E S P I N H O S D E J E S U S LEITURA Tecendo uma coroa de espinhos, puseram-Lha na cabeça, e uma cana na mão direita. Dobrando o joelho diante d’Ele, escarneciam- n’O, dizendo: “Salve! Rei dos Judeus!” E, cuspindo-Lhe no rosto, agarravam na cana e batiam-Lhe na cabeça (Mt 27,27-31) 3 º M I S T É R I O A C O R O A Ç Ã O D E E S P I N H O S D E J E S U S MEDITAÇÃO 1. “E os soldados, tecendo de espinhos uma coroa, lhe puseram sobre a cabeça“. É um mistério de humilhação e de dor. Os espinhos fortes e agudos, cravados a força na cabeça, a parte mais sensível do corpo, e causando dores indescritíveis, fazem correr o sangue pela face toda desfigurada. A profecia de Isaías cumpre-se à letra: “Desde a planta do pé ao alto da cabeça não há nele parte sadia” Não serás capaz de nenhum sacrifício por esse teu Deus? Pondera a palavra de São Bernardo: “É uma vergonha sermos nós membros delicados no corpo da Igreja, quando Jesus, sua cabeça, está coroado de espinhos” 2. A coroação de espinhos é um mistério de humilhação. Fazem do grandeDeus um rei de comédia, que entregam à irrisão pública. Ridicularizam a coroa real que lhe era devida; colocam- lhe na mão uma cana por cetro e sobre os ombros, depois de o terem de novo despido cruel e desavergonhadamente, um manto de púrpura gasto e roto. Ajoelham-se e dizem, por zombaria: “Deus te salve, rei dos judeus” E Jesus sofre resignadamente. Quanto amor! Conforma teus sentimentos e atos com tão precioso ensino. 3 º M I S T É R I O J E S U S C A R R E G A N D O A C R U Z A T É O C A L V Á R I O LEITURA 4.Pilatos saiu outra vez e disse-lhes: “Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de acusação”. 5.Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse: “Eis o homem!”. 6.Quando os pontífices e os guardas o viram, gritaram: “Crucifica-o! Crucifica-o. Falou-lhes Pilatos: “Tomai-o vós e crucificai-o, pois eu não acho nele culpa alguma”. 7.Responderam-lhe os judeus: “Nós temos uma Lei, e segundo essa Lei ele deve morrer, porque se declarou Filho de Deus”. 8.Essas palavras impressionaram Pilatos. 9.Entrou novamente no pretório e perguntou a Jesus: “De onde és tu?”. Mas Jesus não lhe respondeu. 10.Pilatos então lhe disse: “Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e para te crucificar?”. 11.Respondeu Jesus: “Não terias poder algum sobre mim, se de cima não te fora dado. Por isso, quem me entregou a ti tem pecado maior”. 12.Desde então Pilatos procurava soltá-lo. Mas os judeus gritavam: “Se o soltares, não és amigo do imperador, porque todo o que se faz rei se declara contra o imperador”. 13.Ouvindo essas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Lajeado, em hebraico Gábata.* 14.(Era a Preparação para a Páscoa, cerca da hora sexta.) Pilatos disse aos judeus: “Eis o vosso rei!”.* 15.Mas eles clamavam: “Fora com ele! Fora com ele! Crucifica-o!”. Pilatos perguntou-lhes: “Hei de crucificar o vosso rei?”. Os sumos sacerdotes responderam: “Não temos outro rei senão César!”. 16.Entregou-o então a eles para que fosse crucificado." (Jo 19, 1-16) "26.Enquanto o conduziam, detiveram um certo Simão de Cirene, que voltava do campo, e impuseram-lhe a cruz para que a carregasse atrás de Jesus. 27.Seguia-o uma grande multidão de povo e de mulheres, que batiam no peito e o lamentavam. 28.Voltando-se para elas, Jesus disse: “Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim, mas chorai sobre vós mesmas e sobre vossos filhos. 29.Porque virão dias em que se dirá: Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram! 30.Então, dirão aos montes: Caí sobre nós! E aos outeiros: Cobri- nos!* 31.Porque, se eles fazem isso ao lenho verde, que acontecerá ao seco?”. 32.Eram conduzidos ao mesmo tempo dois malfeitores para serem mortos com Jesus." (Lc 23, 26-32) 4 º M I S T É R I O J E S U S C A R R E G A N D O A C R U Z A T É O C A L V Á R I O MEDITAÇÃO Imaginemos ver Jesus Cristo que escuta a injusta sentença de morte, aceita-a por nosso amor, e abraçando a cruz, se encaminha para o Calvário. Os judeus temendo que a cada momento expire, e desejosos de O ver morrer crucificado, obrigam a Simão Cirineu a levar a cruz atrás de Jesus. Unamo-nos ao ditoso Simão, e abraçando com resignação a nossa cruz, carreguemo-la atrás de Jesus, que no-la manda para nosso bem. I. Considera como Pilatos, depois de proclamar diversas vezes a inocência de Jesus, finalmente a torna a proclamar, lavando as mãos e protestando que é inocente do sangue daquele justo. Se, pois, havia de morrer, os judeus deveriam responder por Ele. Em seguida lavra a sentença e condena Jesus à morte. Ó injustiça nunca mais vista no mundo! O Juiz condena o acusado ao mesmo tempo que o declara inocente! Lê-se a iníqua sentença de morte na presença do Senhor condenado; este escuta-a, e todo conformado com o decreto de seu Eterno Pai, que o condena à cruz, aceita-a humildemente, não pelos delitos que os judeus lhe imputavam falsamente, mas pelas nossas culpas verdadeiras, pelas quais se tinha oferecido a satisfazer com a sua morte. Na terra, Pilatos diz: Morra Jesus; e o Pai Eterno confirma a sentença no céu dizendo: Morra meu Filho. E o mesmo Filho acrescenta: Eis-me aqui, obedeço e aceito a morte, e a morte de cruz: Humiliavit semetipsum, factus obediens usque ad mortem, mortem autem crucis (1) — “Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até a morte, e morte de cruz. II. Lida a sentença, o povo desgraçado levanta um brado de júbilo e diz: “Felizmente Jesus é condenado à morte! Vamos depressa, não percamos tempo, prepare-se a cruz, e façamo-Lo morrer antes do dia de amanhã, que é a Páscoa.” — E no mesmo instante agarram a Jesus, tiram-Lhe o manto vermelho dos ombros e entregam-Lhe os seus próprios vestidos; a fim de que, segundo diz Santo Ambrósio, fosse reconhecido pelo povo por aquele mesmo impostor (assim o chamavam) que poucos dias antes fora recebido como Messias. Depois tomam duas rudes traves, que compõem em forma de cruz, e mandam-Lhe com insolência que a leve sobre seus ombros até o lugar do suplício. Jesus abraça a cruz com amor e encaminha-se para o Calvário. O seu aspecto naquele caminho é tão lastimoso, que as mulheres de Jerusalém, ao vê-Lo, O acompanham, chorando e lamentando tamanha crueldade. Mas, nem assim os pérfidos judeus são levados à compaixão! Ao contrário, desejando, por um lado, ver Jesus crucificado, e, por outro, temendo que expirasse no caminho, visto que caía quase a cada passo, tiraram- Lhe a cruz dos ombros e obrigaram certo homem, de nome Simão, a carregá-la. 4 º M I S T É R I O C R U C I F I C A X Ã O E M O R T E D E N O S S O S E N H O R J E S U S C R I S T O LEITURA "33.Chegados que foram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, como também os ladrões, um à direita e outro à esquerda. 34.E Jesus dizia: “Pai, perdoa- lhes; porque não sabem o que fazem”. Eles dividiram as suas vestes e as sortearam. 35.A multidão conservava-se lá e observava. Os príncipes dos sacerdotes escarne- ciam de Jesus, dizendo: “Salvou a outros, que se salve a si próprio, se é o Cristo, o escolhido de Deus!”. 36.Do mesmo modo zombavam dele os soldados. Aproximavam- se dele, ofereciam-lhe vinagre e diziam: 37.“Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo”. 38.Por cima de sua cabeça pendia esta inscrição: “Este é o rei dos judeus”. 39.Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele: “Se és o Cristo, salva- te a ti mesmo e salva-nos a nós!”. 40.Mas o outro o repreendeu: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? 41.Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum.” 42.E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!”. 43.Jesus respondeu-lhe: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso”. 44.Era quase à hora sexta e em toda a terra houve trevas até a hora nona.* 45.Escureceu-se o sol e o véu do templo rasgou-se pelo meio. 46.Jesus deu então um grande brado e disse: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. E, dizendo isso, expirou.* 47.Vendo o centurião o que acontecia, deu glória a Deus e disse: “Na verdade, este homem era um justo”. 48.E toda a multidão dos que assistiam a esse espetáculo e viam o que se passava voltou batendo no peito. 49.Os amigos de Jesus, como também as mulheres que o tinham seguido desde a Galileia, conservavam-se a certa distância, e observavam estas coisas. (= Mt 27,57-61 = Mc 15,42-47 = Jo 19,38-42) 50.Havia um homem, por nome José, membro do conselho, homem reto e justo. 51.Ele não havia concordado com a decisão dos outros nem com os atos deles. Originário de Arimateia, cidade da Judeia, esperava ele o Reino de Deus. 52.Foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus. 53.Ele o desceu da cruz, envolveu-o em um pano de linho e colocou-o num sepulcro, escavado na rocha, onde ainda ninguém havia sido depositado. 54.Era o dia da Preparação e já ia principiar o sábado.* 55.As mulheres, que ti nham vindo comJesus da Galileia, acompanharam José. Elas viram o túmulo e o modo como o corpo de Jesus ali fora depositado. 56.Elas voltaram e prepararam aromas e bálsamos. No dia de sábado, obser varam o preceito do repouso." 5 º M I S T É R I O C R U C I F I C A X Ã O E M O R T E D E N O S S O S E N H O R J E S U S C R I S T O MEDITAÇÃO Eis-nos chegados à crucificação, ao último tormento que deu a morte a Jesus Cristo, eis-nos no Calvário, terra santa onde um Deus deixa a vida num mar de dores. “E depois de chegados ao lugar chamado Calvário, aí o crucificaram” (Lc 23,33). Tendo o Senhor chegado com grande dificuldade, mas ainda vivo ao monte, arrancaram-lhe pela terceira vez com violência suas vestes pegadas às chagas de sua carne dilacerada e o estenderam sobre a cruz. O Cordeiro Divino deita-se sobre esse leito de tormentos, apresenta aos carnífices suas mãos e seus pés para serem pregados e, levantando os olhos ao céu, oferece ao seu eterno Pai o grande sacrifício de sua vida pela salvação dos homens. Cravada uma mão, contraem-se os nervos, sendo por isso necessário que à força e com cordas se puxassem a outra mão e os pés ao lugar dos cravos, como foi revelado a S. Brígida, o que ocasionou a contorção e rompimento com dores horríveis dos nervos e das veias de tal maneira que se podiam contar todos os ossos, como já predissera Davi: “Atravessaram minhas mãos e meus pés e contaram todos os meus ossos” (Sl 21,17). Ó meu Amor Crucificado, abençoai-me com essas mãos transpassadas. Diz S. Agostinho não haver morte mais terrivel que a morte da cruz, pois, como nota S. Tomás, os crucificados têm os pés e as mãos transpassados, partes essas que sendo compostas de nervos, músculos e veias, são extremamente sensíveis à dor: e o só peso do corpo pendido faz que a dor seja contínua e se aumente sempre mais até à morte. Além disso, S. Tomás diz que Jesus Cristo suportou uma dor tamanha que só ela seria suficiente para satisfazer a pena que mereciam os pecados de todos os homens. Afirma Tiepoli que na crucifixão deram vinte e oito marteladas sobre suas mãos e trinta e seis sobre seus pés. Minha alma, contempla o teu Senhor, contempla tua vida que pende desse madeiro: “E será tua vida quase pendente diante de ti” (Dt 28,66). Vê como naquele madeiro doloroso, suspenso desses cravos cruéis, não encontra JESUS posição nem repouso. Ora se apóia sobre as mãos, ora sobre os pés, mas onde se firma aumenta a dor. Ora volve a dolorosa cabeça para uma parte, ora para outra, se a deixa cair sobre o peito, as mãos e os pés rasgam-se mais com o peso, se a deita sobre os ombros, estes ficam feridos pelos espinhos; se a apóia sobre a cruz, enterram-se os espinhos ainda mais na sua cabeça. 5 º M I S T É R I O C R U C I F I C A X Ã O E M O R T E D E N O S S O S E N H O R J E S U S C R I S T O MEDITAÇÃO Enquanto Jesus agonizava sobre a cruz, os homens não cessavam de atormentá-lo com impropérios e zombarias. Uns lhe diziam: “Salvou os outros e não pode se salvar a si mesmo”. Outros: “Se é o rei de Israel, desça da cruz”. E que faz Jesus na cruz, enquanto o injuriam? Talvez pede a seu Pai que os castigue? Não, ele pede que lhes dê o perdão: “Pai, perdoai-lhes; não sabem o que fazem” (Lc 23,32). Para demonstrar seu imenso amor pelos homens, diz S. To-más, o Redentor pediu a Deus perdão para seus perseguidores. Pediu-o, pois eles depois de o verem morto se arrependeram de seus pecados: “Voltavam batendo no peito”. 5 º M I S T É R I O
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