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DISCORRER O AMADURECIMENTO DO EIXO HHO E POSSÍVEIS DISFUNÇÕES HORMONAIS EIXO HIPOTALÂMICO-HIPOFISÁRIO-OVARIANO Eixo Hipotalâmico-hipofisário-ovariano A interação hormonal entre hipotálamo, glândula hipófise anterior e ovários regula o sistema reprodutivo feminino. Tudo começa no hipotálamo o qual libera o GnRH, hormônio liberador da gonadotropina. Esse hormônio, estimula a hipófise anterior a secretar dois outros hormônios o Hormônios Luteinizante (LH) e o hormônios foliculoestimulante (FSH). Lembrando como ocorre: Tudo começa no hipotálamo, que por sinal é funcionante desde a vida intrauterina e esse eixo já está funcionante e por esse motivo é responsável pela diferenciação do sexo, após a diferenciação é bloqueado o a ação do hipotálamo. Bom, o hipotálamo produz o hormônio GnRH que é liberado de forma pulsátil para estimular a hipófise a produzir LH e FSH. Esses dois hormônios (LH e FSH) vão estimular as gônadas, nesse caso o ovário para produzir estradiol ou progesterona. Ao chegar em níveis necessários, teremos uma resposta de feedback negativo, através da inibina, para o hipotálamo parar de produzir o GnRH, e quando temos níveis baixos teremos feedback positivo para voltar a produção. Então no processo de retroalimentação negativa, os esteroides sexuais e a inibina atuam sobre o hipotálamo e a hipófise, promovendo a redução da secreção de GnRH e LH/FSH. Essa atividade inibitória é inversamente proporcional aos níveis circulantes desses hormônios e é denominada feedback negativo. Todos esses esteroides sexuais serão responsáveis pelas profundas mudanças biológicas e psicológicas a que os adolescentes serão submetidos Voltado ao caso, temos que dentre as grandes transformações que ocorrem durante a adolescência, podemos ressaltar, no sexo feminino, a reativação do eixo hipotálamo- hipófi seovário (HHO), que tem como resultado a menstruação e os ciclos menstruais. Saúde da mulher NOEMI ANDRADE| P1 INTERM. 2 CICLO MENSTRUAL: A menstruação é um sangramento vaginal periódico que começa na menarca ou primeira menstruação espontânea e termina com a menopausa. O ciclo se inicia quando há o primeiro dia de fluxo menstrual. Nesse dia, há liberação hipofisária de pequenas quantidades de LH e FSH, que juntos provocam o crescimento e o amadurecimento dos folículos ovarianos. O crescimento destes folículos induz o aumento da produção de estrógeno. Este é secretado em uma taxa crescente, estimulando a produção endometrial. A concentração alta de estrógeno, inicialmente, reduz o pulso de LH e FSH e, logo em seguida, provoca um aumento súbito (surto pré-ovulatório) destes 2 hormônios, estimulando a ovulação (ruptura do folículo e liberação do óvulo), a qual ocorre após o pico de LH. Os 3 dias antes da ovulação e os 3 dias depois da mesma são considerados o período fértil da mulher. Após a ovulação, os elementos residuais do folículo rompido formam o desenvolvimento do corpo lúteo, o qual secreta estrogênio e quantidades elevadas de progesterona com objetivo de manter a gestação. Não havendo fecundação, os níveis de progesterona e estrogênio caem, provocando a diminuição da produção de LH e FSH, de modo que o corpo lúteo regrida (fase luteínica) reduzindo por sua vez a produção de progesterona e estrogênio e fazendo com que o endométrio descame, ocorrendo a menstruação e dando início a um novo ciclo. A primeira menstruação da menina, a menarca, pode ter suas etapas adiadas ou antecipadas decorrentes de fatores como o peso e a luminosidade. Por exemplo, em meninas acima do peso há grande quantidade de gordura, ou seja, grandes quantidades de tecido adiposo. Este tecido produzirá o hormônio leptina, o qual irá estimular o eixo HHG, que produzirá o FSH e o LH pela hipófise. PUBERDADE: No início da puberdade, há aumento da sensibilidade do LH ao GnRH e podem ser documentados aumentos do LH e do FSH associados ao sono. Em meninos, os aumentos noturnos dos níveis de gonadotrofina são acompanhados por aumentos simultâneos dos níveis circulantes de testosterona; já nas meninas, os aumentos noturnos dos níveis circulantes de gonadotrofina são seguidos por aumento da secreção de estradiol no dia seguinte. Acredita-se que esse atraso na secreção de estradiol seja consequência de outras etapas de síntese necessárias na aromatização de estrogênios a partir de androgênios. Os níveis basais de FSH e LH aumentam durante a puberdade. Os padrões diferem em meninos e meninas, e os níveis de LH (mUI/ml) finalmente tornam-se maiores que os de FSH. Embora atualmente pareça que a secreção de gonadotrofinas é sempre episódica ou pulsátil, mesmo antes da puberdade, a secreção pulsátil de gonadotrofinas é documentada com mais facilidade à medida que a puberdade avança e os níveis aumentam. O aumento da secreção suprarrenal de androgênios é importante na estimulação da adrenarca, que é o surgimento de pelos pubianos e axilares, tanto em meninos quanto em meninas; a pubarca é especificamente o surgimento de pelos pubianos. DISTÚRBIO MENSTRUAL NA ADOLESCÊNCIA: Nos primeiros anos pós-menarca, os ciclos podem ser variáveis e as adolescentes podem apresentar uma irregularidade menstrual classicamente considerada como uma alteração fisiológica decorrente de uma imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise-ovário,sendo explicada pela ausência do feedback positivo do estradiol sobre a secreção do LH, resultando em ciclos anovulatórios. O tempo médio para a regularização dos ciclos menstruais não representa consenso. No entanto, A principal conduta nos casos de irregularidade nessa faixa etária tem sido a observação durante os dois primeiros anos pós-menarca, Saúde da mulher NOEMI ANDRADE| P1 INTERM. 3 porém, ciclos menstruais de duração diferente de 21-45 dias não são comuns na adolescência, mesmo nos primeiros anos pós-menarca, e devem ser valorizados e avaliados. O sangramento menstrual relacionado com a imaturidade hipotalâmica geralmente é hipermenorréico. Na verdade, a anovulação com ação persistente dos estrogênios e sem oposição adequada da progesterona, pode dar origem a qualquer forma clínica de desvio menstrual, assim como pode nem haver perturbação aparente, desde que esta disfunção seja de curta duração. Sangramento uterino anormal ou Sangramento Uterino Disfuncional (SUA ou SUD) Sangramento uterino anormal (SUA) é uma das situações clínicas mais frequentes entre adolescentes. Caracteriza-se por sangramento durando mais de 7 dias, fluxo superior a 80 mL/ciclo (mais de 6 absorventes ou tampões cheios/dia), com intervalo menor que 21 dias ou maior que 45 dias, intervalo entre ciclos superior a 90 dias, sangramento intermenstrual ou póscoito. Ciclos anovulatórios são a causa mais comum de SUA em adolescentes. O tempo necessário para a regularização dos ciclos parece estar relacionado à idade da menarca: quanto mais cedo a menarca ocorre, mais precocemente o ciclo se torna ovulatório. Essa variação importante nos primeiros anos após a primeira menstruação está relacionada à imaturidade do eixo hipotálamohipófise-ovariano. Manejo: O manejo de SUA originado de doença de base identificável deve ser feito de acordo com cada patologia. Porém, o manejo de SUD segue o seguinte modelo: estabilizar a paciente hemodinamicamente, corrigir a possível anemia crônica ou aguda existente, retornar ao modelo normal dos ciclos menstruais, prevenir a recorrência de sangramento anormal e evitar as consequências a longo prazo, como infertilidade e carcinoma de endométrio. Mais de 90% das adolescentes com SUD respondem à terapia hormonal. A administração de estrogênio causa proliferação endometrial nos sítios de descamação, promovendo hemostasia, e a administração de progesterona cessa a proliferação endometrial e estabiliza o endométrio. A escolha da medicação depende da gravidade do sangramento e da necessidade ou não de anticoncepção. Estrogêniopode ser usado em todas as pacientes com sangramento ativo, uma vez que promove hemostasia, na forma oral ou intravenosa. Infelizmente, não está mais disponível no nosso meio estrogênio equino conjugado de uso intravenoso. Progesterona pode ser usada para amadurecer e descamar o endométrio em pacientes que não apresentam sangramento ativo e não desejam contracepção. Dismenorreia A dismenorreia é a queixa ginecológica mais comum em adolescentes e a principal causa de absenteísmo na escola ou no trabalho. A dismenorreia primária é caracterizada como dor em cólica, recorrente, localizada no abdome inferior, que ocorre no período menstrual, na ausência de doenças que a justifiquem. A fisiopatologia da dismenorreia primária envolve a produção exagerada de prostaglandinas (PGF 2 alfa e PGE 2) pelo endométrio. Fosfolipídeos presentes nas membranas celulares são convertidos em ácido aracdônico que, por sua vez, sofre a ação das enzimas lipoxigenase e cicloxigenase, dando início a uma cascata de reações que culminam com a produção de prostaglandinas e leucotrienos no útero. Essas substâncias causam contrações miometriais e vasoconstrição, respectivamente, com resultante isquemia local manifestada pela dor em cólica, característica da dismenorreia. Saúde da mulher NOEMI ANDRADE| P1 INTERM. 4 → A dismenorreia pode ser classificada em primária (sem doença subjacente) ou secundária (com doença subjacente) a mais comum é endometriose em mulheres adultas. Tratamento: O tratamento de primeira linha para dismenorreia é feito com anti-inflamatório não esteroide. A medicação deverá ser iniciada 1 a 2 dias antes do início do fluxo menstrual e mantida por 2 a 3 dias ou até o término do fluxo (máx. 5 dias). Os agentes mais frequentemente empregados são o ibuprofeno e o naproxeno. Amenorreias Amenorreia é a ausência ou cessação anormal da menstruação de forma temporária ou definitiva durante o período reprodutivo. Ela pode ser dividida em: ➔ Primária: Amenorreia primária pode ser definida como ausência de menstruação espontânea aos 14 anos em pacientes sem caracteres sexuais secundários ou aos 16 anos em pacientes com desenvolvimento normal dos caracteres sexuais secundários. ➔ Secundária: Amenorreia secundária é o intervalo entre menstruações igual ou maior que 180 dias, após apresentar períodos pregressos de fluxos menstruais normais ou anormais, ou ausência de três ciclos consecutivos. Em mulheres em que a menarca já ocorreu, a ausência de menstruação, denominada amenorreia secundária, deve ser investigada quando a menstruação não ocorrer por três meses ou quando ocorrerem menos de nove menstruações ao longo de um ano. OBS: Lembrar que existem as amenorreias fisiológicas que são decorrentes de situações naturais como a gravidez e lactação. A amenorreia pode aparecer de maneira abrupta ou ser insidiosa, precedida ou entremeada por períodos de outros distúrbios menstruais menos severos como a oligomenorreia ou polimenorreia. É considerada uma etapa mais avançada do bloqueio da função reprodutiva na mulher. A falta da menstruação pode ter significados importantes do ponto de vista clínico, pois pode ser, como na maioria das vezes, um problema relativamente simples, ou então representar o primeiro sinal de uma doença mais grave. Etiologia: São variadas as causas de amenorreia e diferentes classificações etiológicas têm sido sugeridas. Saúde da mulher NOEMI ANDRADE| P1 INTERM. 5 Como se depara da tabela, nas amenorreias primárias predominam as causas genéticas e de malformações mullerianas e elas correspondem a mais de 2/3 das causas. Já nas amenorreias secundárias as causas hipotalâmicas disfuncionais e a Síndrome dos Ovários Policísticos - SOP correspondem às mais frequentes. Esta última tem grande importância por suas complicações metabólicas de longo prazo e constituir um grande fator de risco para diabetes e doenças cardiovasculares.
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