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Câncer de Colo de Útero

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FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS
SAÚDE DA MULHER II
GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A
Câncer de Colo de Útero
Epidemiologia: É a quarta neoplasia mais frequente em mulheres, totalizando 570.000 casos novos por ano e mortalidade de
mais de 300.000 mulheres/ano. 85% dos casos de câncer de colo uterino são diagnosticados em países menos desenvolvidos e
87% das mulheres que morrem, são nesses locais. No Brasil a maior prevalência em número de casos está concentrada na
região norte.
Um fato importante desta patologia é que ela é prevenível e curável, porém tem alta morbidade e mortalidade nos países sem
programas de prevenção organizados como no Brasil.
Fatores de risco:
O principal fator de risco é a infecção pelo HPV de alto risco oncogênico (16,18…). As maiorias das infecções causadas pelo
HPV (tipo 6,11…) não causará nenhum sintoma e regredirá espontaneamente em 18 a 24 meses (70-90%). Sabe-se entretanto
que infecções persistentes de alto risco oncogênico poderão causar lesões precursoras e câncer, não só do colo do útero, mas
também de vulva, vagina pênis e ânus assim como alguns cânceres de cabeça e pescoço.
- São fatores que sabidamente que aumentam risco de contaminação e permanência de infecção do vírus o início
precoce da atividade sexual fato de ter múltiplos parceiros sexuais sem proteção, multiparidade, baixa imunidade,
tabagismo e o uso de pílulas anticoncepcionais (aumento da exposição da JEC) por mais de 5 anos.
Prevenção: tem duas frentes →
- Vacina contra HPV: meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos podem tomar a vacina gratuitamente no SUS.
Para os que vivem com HIV, a faixa etária é mais ampla (9 a 26 anos) e o esquema vacinal é de três doses (intervalo
de 0, 2 e 6 meses). A vacina é quadrivalente e previne contra infecção pelos HPVs 16 e 16 (responsáveis por cerca de
70% dos casos de câncer de colo uterino) e 6 e 16 (responsáveis por 90% das verrugas genitais).
Sabe-se que essa prevenção primária reduz em até 62% as lesões NIC2 ou mais graves e até 93% as lesões de NIC3
ou mais graves, causados por qualquer tipo de HPV. A imunogenicidade conferida pela vacina parece persistente e
não há evidências de que a revacinação deverá ser orientada. A vacinação não substitui rastreamento e prevenção do
câncer de colo uterino, e depende da cobertura dos programas de controle.
OBS: menos de 40% das mulheres na idade ao vivo no mundo são vacinadas, essa taxa é ainda menor nos países menos
desenvolvidos, que apresentam a maior incidência do câncer de colo uterino!!
- Exame preventivo: deve-se submeter ao exame as mulheres especialmente que têm entre 25 e 59 anos. Inicialmente, o
exame deve ser feito anualmente. Após dois exames seguidos (com um intervalo de um ano) apresentando resultado
normal, o preventivo pode passar a ser feito a cada três anos. As mulheres com menos de 25 anos geralmente possuem
lesões que regridem espontaneamente, sem necessidade de tratamento.
Para realizar o exame é preferível não estar menstruada, não ter tido relação sexual, usado ducha ou lubrificantes
vaginais no dia anterior do exame
As lesões precursoras são geralmente assintomáticas detectadas por
rastreamento por colpocitologia isolada ou em protocolos que associam
detecção de HPV e colpocitologia.
- NIC 2 e 3 → mais frequente em torno de 35-40 anos
- É coletado material da endo e ectocérvice
A quase totalidade dos cânceres do colo do útero é de carcinomas que têm sua origem
na junção escamocolunar e pode mover férias epitélio escamoso glandular ou anos.se
nome invasiva é precedido por neoplasia intraepitelial cervical escamosa (NIC) ou
adenocarcinoma in situ (AIS), que podem evoluir para invasão, no processo
geralmente lento.
Sabe-se que na idade fértil é mais comum o ectrópio, ou seja, o aumento da exposição da JEC, principalmente se em uso de
anticoncepcionais hormonais. Logo, o ca é mais predominante nessa fase devido a essa supracitada exposição do principal
sítio/origem dos carcinomas e maior atividade sexual. Com a exposição da endocérvice (epitélio glandular mais frágil e pouco
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resistente ao pH vaginal, flora bacteriana e traumas), o organismo se adapta e realiza metaplasia escamosa como forma de
proteção.
- O que pode ocorrer? Pequenos orifícios ou glândulas que não conseguem drenar suas secreções de forma adequada,
uma vez que o epitélio foi metaplasiado. Essa secreção se acumula na glândula, que dilata, dando origem a uma
estrutura cística, denominada cisto de Naboth.
Lesões Pré Cancerosas
Pré Cancerosas
NIC's: Lesões precursoras do carcinoma de células escamosas do colo
uterino
NIC 1 Indica uma infecção ativa por HPV e é considerada uma
lesão de baixo grau com índice muito alto de regressão
espontânea em geral, mulheres com este tipo de lesão não
precisam ser tratadas
NIC 2 É considerada uma lesão de alto grau, porém apresenta a
remissão espontânea em cerca de 40% dos casos
NIC 3 Tem as maiores possibilidades de evolução para câncer e são
universalmente tratadas. Cerca de 30 a 70% das mulheres
com NIC3 ou não tratadas podem progredir para carcinoma
invasor no período de 20 anos ou mais e menos de 10% dos
casos evoluem rápido.
Ao invadir o estroma o carcinoma se manifesta como úlcera, lesão
exofítica ou infiltração profunda em tecidos adjacentes
Conduta NIC 2 e NIC 3: citologia - colposcopia - biópsia → se for
positiva, retira-se a lesão com margens livres
Como conduzir após os resultados da citologia? →
Alterações possíveis na colposcopia + biópsia:
- Epitélio acetobranco: pontilhado (capilares dilatados em área bem demarcada), mosaico (Capilares circundando
blocos aglomerados de epitélio anormal) ou com padrão vascular atípico (ca invasor!!)
Lesões Cancerosas:
História clínica: quando invasivo, o carcinoma do colo do útero pode levar a sangramento vaginal anormal, sinusorragia,
corrimento vaginal, dor pélvica, dispareunia e, em estados avançados, quando há invasão do paramétrio com compressão dos
ureteres, insuf. renal pós renal.
Se apresentar tal história, o exame físico da paciente deve ser conduzido com o exame especular com colposcopia para
visualização da lesão e biópsia; toque vaginal para avaliar o volume do colo, fundo de saco e paredes vaginais e toque retal
para avaliar as mucosas, o esfíncter anal e os parametros. Na maioria, os carcinomas são epidermóides do tipo usual,
relacionados a infecção pelo HPV.
OBS: Quando o carcinoma do colo é identificado apenas microscopicamente, o diagnóstico somente pode ser confirmado na
peça da excisão da zona de transformação ou conização
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Cancerosas
Carcinoma de
Células Escamosas
(75% dos casos)
Sinais e sintomas: pode ser assintomático por determinado tempo, porém geralmente apresenta corrimento,
sangramento genital, dispareunia
Podem ser bem, moderadamente e pouco diferenciadas e queratinizantes ou não queratinizantes,
apresentando ninhos ou lençóis de células escamosas poligonais
Evolução: pode ocorrer a invasão do corpo uterino, da vagina e dos paramétrios, inflamação do ureter. As
metástases geralmente ocorrem em linfonodos pélvicos e inguinais.
Casos mais grades: invasão da bexiga ou do reto, metástase hematogênicas → medula óssea, fígado e
pulmões
Adenocarcinoma
(20-25% dos casos)
Geralmente têm pior prognóstico e é associado ao HPV, principalmente o 18. Pode ser mucinoso,
endometrióide, seroso...
Os cânceres invasivos do colo do útero são geralmente tratados
com cirurgia ou radioterapia combinada com quimioterapia.
A escolha da melhor opção terapêutica depende do
estadiamento clínico do tumor, da idade, da história
reprodutiva, do estado geral da paciente e das condições
disponíveis no serviço de saúde. Cerca de 70% das pacientes
são diagnosticadas com a doença sem condições de cirurgia, ou
seja, na fase avançada e se faz necessária a radioterapia e
quimioterapia concomitantes.
Taxa de sobrevidaem cinco anos:
- IA: 100%
- IB: 88%
- IIA: 68%
- IIB: 44%
- III: 18-39%
- IVA: 18-34%
Tratamento:
- Cirúrgico: conização (retirada parte), traquelectomia (retirada do colo), histerectomia simples (estadio inicial),
histerectomia total ampliada (hist+ oof + linfadenec e avaliar outros órgãos abd.) ou operação de Wertheim-Meigs
- Linfadenectomia pélvica pode estar indicada
- Muitas vezes pode ser realizada robótica ou por laparoscopia
- Na exenteração pélvica, além da retirada do colo do útero, útero e gânglios, órgãos como bexiga e reto
podem ser removidos
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OBS: Situações especiais:
- Gestantes: Não há restrições para coleta de exame citopatológico durante a gestação, inclusive com a moça indo
cervical. O rastreamento em gestante deve seguir as recomendações de periodicidade e faixa etária para as demais
mulheres, devendo sempre ser considerada uma oportunidade à procura ao serviço de saúde para realização do
pré-natal.
- Mulheres na pós menopausa: devem ser rastreadas de acordo com as orientações para demais mulheres. Se necessário,
proceder a estrogenização previamente a realização da coleta.
- Mulheres sem atividade de história sexual: não devem ser submetidas ao rastreamento

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