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1 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 OBJETIVOS 1- Analisar o câncer de colo uterino (epidemiologia, fatores de risco, etiopatogenia, tipos histológicos mais frequentes, manifestações clinicas, propedêutica, diagnostico e prognóstico. 2- Explicar o mecanismo da infecção pelo HPV. 3- Interpretar o exame citopatológico e saber qual conduta tomar frente ao exame (utilizado atualmente o sistema Bethesda para classificar as lesões citopatologicas). 4- Descrever os princípios do estadiamento e tratamento do câncer do colo uterino. 5- Fundamentar a importância dos fatores socioeconômicos, étnicos e cultural relacionados a doença e os programas existentes do MS no combate à doença. REFERÊNCIAS Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. 2 ed. (INCA), 2016. Caderno de Atenção Básica: Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. 2ª ed. Ministério da Saúde, 2013. Guia prático sobre HPV: guia de perguntas e respostas para profissional de saúde. Ministério da Saúde ,2014. HOFFMAN, BL; SCHORGE, JO; HALVORSON, LM; AL., E. Ginecologia de Williams. 2 ed. Porto Alegre, 2014. Manual de Ginecologia da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Brasília. 2ª Edição, 2017. MENDES, Cibelle Borges; NUNES, Celso Roberto. Aspectos psicológicos dos pacientes com câncer de colo de útero, relacionado à prática radioterápica. Psic. Rev. São Paulo, v. 21, n.1, p. 59- 76, 2012. CONCEITO O câncer de colo de útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente do colo por subtipos oncogênicos do vírus HPV (Papilomavírus Humano), especialmente o HPV-16 e o HPV-18 (70% dos casos). Ele é caracterizado pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir estruturas e órgãos contíguos ou à distância. A infecção genital por esse vírus é muito frequente e na maioria das vezes não causa doença. Em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolau), e são curáveis na quase totalidade dos casos. EPIDEMIOLOGIA A contaminação pelo vírus HPV é muito frequente. Cerca de 80% da população feminina entrará em contato com o vírus pelo menos uma vez na vida. Destas, a grande maioria não terá desenvolvimento de lesões. No entanto, em 10 a 20% dos casos, a infecção é persistente, com maior chance de evolução para lesões precursoras e/ou invasivas. MUNDIAL Aproximadamente 570 mil casos novos por ano no mundo É o 4º tipo de câncer mais comum entre as mulheres mundo. É responsável por 311 mil óbitos por ano, sendo a 4ª causa mais frequente de morte por câncer em mulheres no mundo. Câncer de colo uterino Problema 02: 2 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Cerca de 85% dos casos de câncer do colo do útero ocorrem nos países menos desenvolvidos. O câncer do colo do útero é raro em mulheres até 30 anos e o pico de sua incidência se dá na faixa etária de 45 a 50 anos. A mortalidade aumenta progressivamente a partir da 4ª década de vida. NACIONAL Estimativas de novos casos no ano de 2020 (INCA): 16.590. Número de mortes em 2019: 6.596 (Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM) FATORES DE RISCO • Aspectos relacionados à própria infecção pelo HPV (subtipo, carga viral, infecção única ou múltipla). Obs: O vírus em si não provoca o câncer, mas é um fator necessário para seu desenvolvimento devido a sua capacidade em provocar alterações celulares na região da cérvice que podem evoluir para lesões mais graves resultando então no desenvolvimento de células oncogênicas • Início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros. • Uso prolongado de pílulas anticoncepcionais (pode estar relacionado com a não utilização de métodos de barreira). Estudos sugerem que os hormônios contribuem para a proliferação celular, deixando as células mais vulneráveis a mutações, sendo favorável ao crescimento do câncer de colo uterino. Além disso, o estrogênio atua como agente antiapoptótico, permitindo a proliferação de células infectadas por HPV oncogênico. • A idade também interfere nesse processo, sendo que a maioria das infecções por HPV em mulheres com menos de 30 anos regride espontaneamente, ao passo que acima dessa idade a persistência é mais frequente. • Tabagismo (a doença está diretamente relacionada à quantidade de cigarros fumados). No tabaco existem substâncias como as nitrosaminas que podem dificultar a cicatrização e o tratamento de lesões no colo uterino e além disso, contribui para a depressão do sistema imunológico. • imunossupressão (p. ex., imunodeficiência pelo vírus HIV, transplantadas); • Falta de acesso aos programas de rastreamento do câncer do colo do útero. • Multiparidade: quanto maior o número de filhos, mais propenso a chance de desenvolver câncer de colo uterino ETIOLOGIA Os HPV são vírus capazes de infectar a pele ou as mucosas. Existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, dos quais 40 podem infectar o trato genital. Os sorotipos reconhecidos de HPV podem ser classificados como tipos de alto ou baixo risco com base em sua propensão para induzir carcinogênese. Existem 12 tipos identificados como de alto risco (HPV tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59) que têm probabilidade maior de persistir e estarem associados a lesões pré-cancerígenas. O HPV de tipos 16 e 18 causam a maioria dos casos de câncer do colo de útero em todo mundo (cerca de 70%). Os HPV de tipo 6 e 11, encontrados na maioria das verrugas genitais (ou condilomas genitais) e papilomas laríngeos, parecem não oferecer nenhum risco de progressão para malignidade. O HPV tem tropismo para as células escamosas imaturas da zona de transformação. TRANSMISSÃO O vírus HPV é altamente contagioso, sendo possível contaminar-se com uma única exposição, e a sua transmissão acontece por contato direto com a pele ou mucosa infectada. A principal forma é pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. Também pode haver transmissão durante o parto. 3 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Embora seja raro, o vírus pode propagar-se também através das mãos contaminadas pelo vírus em contato com a pele ou mucosa não íntegra. O risco de transmissão é de 65% para as lesões verrucosas e 25% para as lesões subclínicas (lesões planas, não visíveis a olho nu). FISIOPATOLOGIA O colo do útero apresenta uma parte interna, (canal cervical ou endocérvice) que é revestido por epitélio colunar simples. A parte externa, que mantém contato com a vagina (ectocérvice) é revestida por epitélio escamoso e estratificado. Entre esses dois epitélios, encontra-se a junção escamocolunar (JEC), que é o local onde vai começar o processo de desenvolvimento do câncer de colo do útero. Então, o vírus HPV infecta as células da camada basal da junção escamocolunar (JEC) e dentro de alguns meses começam a surgir os Coilócitos, que é um achado sugestivo de infecção pelo HPV, mas ainda não há lesão evidente. Posteriormente há o surgimento de alteração pré- cancerosa epitelial denominada Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC), que geralmente precede o desenvolvimento de um câncer evidente por muitos anos, por vezes décadas. A NIC normalmente começa com displasia de baixo grau (NIC I) e progride para displasia moderada (NIC II) e, então, displasia grave (NIC III) ao longo do tempo. Após alguns anos ou décadas, a NIC pode evoluir para um carcinoma. Após a infecção, o HPV se inserenas células escamosas imaturas da zona de transformação e depois integra seu DNA ao DNA do hospedeiro. Utilizando os mecanismos de replicação da célula hospedeira, o vírus aumenta a expressão de seus genes envolvidos na oncogênese (E6 e E7) que inativam os supressores de tumor p53 e Rb, respectivamente, resultando em proliferação celular aumentada e supressão da apoptose induzida por dano. A expressão de E6 e E7 aumenta e então provoca a proliferação celular descontrolada com consequente instabilidade cromossômica. As principais rotas de disseminação do câncer de colo do útero incluem: •Acometimento por contiguidade: mucosa vaginal, corpo uterino e órgãos adjacentes (bexiga e reto), paramétrios, fáscia obturadora e parede pélvica •Canais linfáticos: iniciando pelos parametriais, atingindo linfonodos da cadeia pélvica (obturadores, hipogástricos e ilíacos externos), podendo disseminar-se a distância (como para a cadeia para-aórtica) TIPOS HISTOLÓGICOS Os carcinomas do colo do útero mais comuns são: Carcinomas de células escamosas (75%): surgem na ectocérvice Podem ser subdivididos em: Carcinomas queratinizados: apresentam pérolas de queratina e ninhos de epitélio escamoso neoplásico Carcinomas não queratinizados: apresentam ninhos arredondados de células escamosas neoplásicas com queratinização de células individuais, mas sem pérolas de queratina. • Adenocarcinomas (20% a 25%): surgem na endocérvice. Se apresentam com diversos padrões histológicos compostos por vários tipos celulares. Destes, os adenocarcinomas mucinosos são os mais comuns e podem ser subdivididos nos tipos endocervical, intestinal, desvio mínimo ou viloglandular. 4 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 MANIFESTAÇÕES CLINICAS A infeccão pelo HPV apresenta-se na maioria das vezes de forma assintomática, com lesões subclínicas (inaparentes). As lesões clínicas podem ser únicas ou múltiplas, restritas ou difusas, de tamanho variável, planas ou exofíticas, sendo também conhecidas como condiloma acuminado, verruga genital ou crista de galo. As localizações mais frequentes são a vulva, o períneo, a região perianal, a vagina e o colo do útero. Menos comumente podem estar presentes em áreas extragenitais como conjuntiva, mucosa nasal, oral e laríngea. Dependendo do tamanho e localização anatômica, as lesões podem ser dolorosas, friáveis e/ou pruriginosas. Lesões precursoras As lesões precursoras do câncer do colo do útero são assintomáticas, podendo ser detectadas por meio da realização periódica do exame citopatológico e confirmadas pela colposcopia e exame histopatológico. Câncer do colo do útero No estágio invasor da doença os principais sintomas são: sangramento vaginal (espontâneo, após o coito ou esforço) -Leucorreia de odor fétido -Dor pélvica -Queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados. Ao exame especular podem ser evidenciados sangramento, tumoração, ulceração e necrose no colo do útero. O toque vaginal pode mostrar alterações na forma, tamanho, consistência e mobilidade do colo do útero e estruturas subjacentes. RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO EXAME CITOPATOLÓGICO (PAPANICOLAU ) É o método de rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras 2 primeiros exames: intervalo anual Se ambos os resultados forem negativos: realizar a cada 3 anos Início da coleta: 25 anos de idade para as mulheres que já tiveram ou têm atividade sexual. Os exames periódicos devem seguir até os 64 anos de idade e, naquelas mulheres sem história prévia de doença neoplásica pré-invasiva, interrompidos quando essas mulheres tiverem pelo menos 2 exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos. Mulheres com mais 64 anos de idade e que nunca se submeteram ao exame citopatológico: realizar 2 exames com intervalo de 1 a 3 anos. Se ambos os exames forem negativos, essas mulheres podem ser dispensadas de exames adicionais. Mulheres sem história de atividade sexual: não devem ser submetidas ao rastreamento do câncer do colo do útero Imunossuprimidas: O exame citopatológico deve ser realizado após o início da atividade sexual com intervalos semestrais no primeiro ano e, se normais, manter seguimento anual enquanto se mantiver o fator de imunossupressão. Mulheres HIV positivas com contagem de linfócitos CD4+ abaixo de 200 células/mm3 devem ter priorizada a correção dos níveis de CD4+ e, enquanto isso, devem ter o rastreamento citológico a cada seis meses. Se a amostra for insatisfatória (presença de sangue, piócitos, artefatos de dessecamento, contaminantes externos ou intensa superposição celular): repetir exame em 6 a 12 semanas com correção, quando possível, do problema que motivou o resultado insatisfatório 5 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Recomendações prévias de coleta Evitar utilização de lubrificantes, espermicidas ou medicamentos vaginais por 48 horas antes da coleta, pois essas substâncias recobrem os elementos celulares dificultando a avaliação microscópica. Evitar a realização de exames intravaginais, como a ultrassonografia, nas 48 horas anteriores à coleta, pois é utilizado gel para a introdução do transdutor. O exame não deve ser feito no período menstrual, pois a presença de sangue pode prejudicar o diagnóstico citopatológico. Deve-se aguardar o 5º dia após o término da menstruação. COLPOSCOPIA E TESTE DE SCHILLER Se forem obtidos resultados anormais no exame de Papanicolaou, a colposcopia é realizada para avaliar o nível da lesão e a extensão das células neoplásicas quanto às camadas histológicas do colo uterino. Neste teste, aplica-se lugol com iodo em cortes histológicos do colo uterino. Schiller Positivo para lesões neoplásicas: não se observa coloração Schiller Negativo: coloração tipo café-com-leite O iodo apresenta afinidade pelo glicogênio presente nas células do epitélio cervical normal. Os locais que não se coram com iodo refletem, portanto, a ausência de células do tecido normal (que eram repletas de glicogênio). BIOPSIA Deve ser utilizada para comprovação do tipo histológico e do grau histológico. Deve-se realizar biópsia de modo dirigido para aquelas regiões que refletiram em teste de Schiller Positivo, de modo que os quatro quadrantes do colo sejam biopsiados. O local de coleta das células do colo uterino deve ser selecionado pela presença de sangramento, o que indica tecido vivo. As áreas que apresentam necrosem apresentariam um resultado falso negativo. ESTADIAMENTO O estadiamento preconizado pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) é clínico, sendo alguns poucos exames radiológicos aceitos como subsidiários. Exame físico completo •Avaliação clínica das cadeias linfonodais cervicais, supraclaviculares e inguinais; exame especular para inspeção da lesão e acesso para biopsia •Toque vaginal: avaliar tamanho tumoral, extensão para fórnices, avaliar paredes vaginais •Toque retal: avaliação dos paramétrios e da mucosa retal. Exames subsidiários • Enema baritado: exame de raios X contrastado para avaliar o cólon • Urografia excretora: avaliação de vias urinárias • Radiografia de tórax: avaliar metástase de pulmão • Cistoscopia: avaliação de comprometimento da bexiga • Retossigmoidoscopia: avaliar invasão do reto e sigmoide 6 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 • Atualmente, apesar de não ser aceito pela FIGO, é comum na prática clínica utilizar outros exames, como ressonância magnética (RM) e tomografia computadorizada (TC). CRITÉRIOS Estádio I: tumor restrito ao colo de útero A: tumor microscópico -IA1:invasão do estroma ≤ 3 mm de profundidade e ≤ 7 mm de extensão -IA2: invasão do estroma = 3 a 5 mm com extensão menor que 7 mm B: tumor macroscópico -IB: tumor clinicamente visível ou maior que lesões do tipo IA -IB1: lesão clinicamente visível ≤ 4 cm na sua maior dimensão -IB2: lesão clinicamente visível > 4 cm na sua maior dimensão Estádio II: carcinoma invade além do útero, mas não apresenta extensão para parede pélvica ou para terço inferior da vagina. - IIA: sem invasão parametrial -IIA1: lesões clinicamente visíveis ≤ 4 cm em sua maior dimensão -IIA2: lesão clinicamente visível > 4 cm na sua dimensão -IIB: com invasão parametrial evidente Estádio III: tumor estende-se além da pelve, com invasão da parede pélvica e/ou envolvimento do terço inferior da vagina e/ou hidronefrose ou exclusão renal -IIIA: tumor invade terço inferior da vagina sem extensão para parede pélvica. -IIIB: tumor apresenta invasão da parede pélvica e/ou hidronefrose ou exclusão renal (Figura 45.8) Estádio IV: tumor invade além da pelve ou compromete a parede do reto e/ou bexiga. Edema bolhoso da bexiga não caracteriza estádio IV -IVA: crescimento tumoral a órgãos adjacentes -IVB: metástases evidentes a distância (ossos, fígado, pulmões, linfonodos para-aórticos). TRATAMENTO Entre os tratamentos mais comuns para o câncer do colo do útero estão a cirurgia e a radioterapia. O tipo de tratamento dependerá do estadiamento da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais, como idade e desejo de preservação da fertilidade. O tratamento do câncer do colo do útero, conforme prevê a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer, deve ser feito nas Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) e nos Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), que fazem parte de hospitais de nível terciário. Nos estádios iniciais do câncer, os tratamentos cirúrgicos conservadores, como a conização ou traquelectomia radical com linfadenectomia por via laparoscópica, podem ser considerados. Para os estádios IB2 e IIA volumosos (lesões maiores do que 4cm), IIB, IIIA, IIIB e IVA: tratamento combinado de radioterapia com quimioterapia, e posterior braquiterapia. SEGUIMENTO De forma geral, é recomendado seguimento trimestral no primeiro ano e semestral até cinco anos em serviço especializado de oncologia. A partir de então, anual, podendo ser feito em serviço de atenção primária. Nas consultas de seguimento, realizar a avaliação clínica, com consulta e exame físico completos. Os exames complementares, como hematimetria, 7 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 bioquímica e eletrólitos podem ser solicitados conforme as evidências clínicas. A colheita do exame colpocitológico é obrigatória. A colposcopia é aconselhável pelo menos nos 2 primeiros anos. Os raios X de tórax e os exames abdomino- pélvicos de imagem, normalmente são solicitados, somente em casos de alterações clínicas PROGNÓSTICO O estadiamento da FIGO é o fator prognóstico mais significativo. Contudo, para cada estádio, o acometimento de linfonodos passa a ser um fator importante para a determinação do prognóstico. Além disso, o número de metástases em linfonodos tam- bém é um fator preditivo. As recorrências acontecem em 75% dos casos, nos primeiros dois anos PROGRAMAS EXISTENTES DO MS NO COMBATE À DOENÇA. O controle do câncer do colo do útero é uma prioridade da agenda de saúde do país e integra o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022 Em 2014, o MS implantou o Serviço de Referência para Diagnóstico e Tratamento de Lesões Precursoras do Câncer do Colo do Útero (SRC). Em 2014, o Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), iniciou a campanha de vacinação, contribuindo para a prevenção deste câncer. PREVENÇÃO As medidas de prevenção mais importantes são: • Uso do preservativo (camisinha) nas relações sexuais com penetração protege parcialmente do contágio pelo HPV, que também pode ocorrer por intermédio do contato com a pele da vulva, a região perineal, a perianal e a bolsa escrotal. • Evitar ter muitos parceiros ou parceiras sexuais. • Realizar a higiene pessoal. • Vacinar-se contra o HPV • Realizar exame preventivo periodicamente. VACINAÇÃO Existem duas vacinas profiláticas contra HPV aprovadas e registradas pela Anvisa: a vacina quadrivalente (proteção contra HPV 6, 11, 16 e 18) e a vacina bivalente (proteção contra HPV 16 e 18). O Ministério da Saúde, em 2014, iniciou a vacinação gratuita com a vacina quadrivalente contra o HPV em meninas de 9 a 13 anos de idade, sendo 2 doses com intervalo de 6 meses. (faixa etária menos exposta ao vírus por meio de relações sexuais) Em 2017, as meninas de 14 anos também foram incluídas. Além disso, o esquema vacinal do SUS foi ampliado para meninos de 11 a 14 anos. Em 19 de março de 2021, o Ministério da Saúde ampliou a vacinação para mulheres imunossuprimidas até os 45 anos (antes era até os 26 anos para imunossuprimidas). Homens imunossuprimidos continuam tendo acesso ao imunizante pelo SUS só até os 26 anos. 8 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021
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