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Puerpério - Tem início no momento subsequente à dequitação placentária e dura cerca de 6 a 8 semanas completas - Processo de retorno dos órgãos e sistemas maternos ao estado pré- gravídico - Pode ser dividido em três momentos: > Puerpério imediato: do 1º ao 10º dia > Puerpério tardio: do 11º ao 45º dia > Puerpério remoto: após o 45º dia Puerpério Normal - Vagina, vulva e períneo > No processo do parto, podem ocorrer lacerações e traumas na mucosa vaginal -> A cicatrização dessas lesões ocorre em cerca de 4-5 dias > Vagina e vulva involuem durante o puerpério imediato > Após o parto e durante a lactação, há diminuição dos níveis de estrogênio circulantes e aumento da prolactina - A vulva torna-se mais delgada, lisa e com menos camadas - Redução da lubrificação vaginal > Com o retorno dos níveis estrogênicos normais, a vagina recupera seu estado pré-gravídico -> Proliferação epitelial por volta das 4-6 semanas após o parto > Pode-se observar algum grau de lesão no assoalho pélvico - Ovários: > Retorno da ovulação depende da amamentação - Se há aleitamento materno, os ciclos mantém-se anovulatórios e há amenorreia durante cerca de 6 meses. Eficácia da contracepção de aproximadamente 98% nos primeiros 4 meses - Em pacientes que não amamentam, o retorno da ovulação ocorre em 6 a 8 semanas após o parto > Recomenda-se uso de métodos contraceptivos no período puerperal -> Métodos com estrogênio não podem ser utilizados - Sistema circulatório: > Imediatamente após o parto, o DC e o volume plasmático estão 10% aumentados -> Descompressão aorto-cava > Além disso, ha aumento da RVP pela eliminação da circulação placentária > Em duas semanas, há retorno ao estado pré-gravídico - Mamas: > Após o parto, há secreção do colostro -> Mais minerais e proteínas, menos açúcar e gordura > Leite materno contém IgA > Prolactina é essencial para a lactação > As mamas não retornam ao seu estado pré-gravídico > Observar a técnica de amamentação, presença de contraindicações ao aleitamento, ... Puerpério ALTERAÇÕES NO ORGANISMO MATERNO - Involução uterina: > Imediatamente após o parto, ocorrem contrações uterinas vigorosas > O útero retorna gradativamente ao tamanho normal -> 1000g no pós parto imediato e 500 g ao final da primeira semana > Quanto a sua posição -> 2 dias após o parto, pode ser palpado a nível da cicatriz umbilical e, por volta da 2ª semana já está inteiramente pélvico e com as dimensões não gravídicas (200 g) > Amamentação tem papel significativo na involução uterina -> Ocitocina > Nos primeiros dias após o parto, as contrações uterinas provocam cólicas abdominais - Colo uterino > Após o parto, possui algumas pequenas lacerações, além de se encontrar flácido e com bordas distensíveis e irregulares > A dilatação do colo regride progressivamente -> 2 a 3 cm nos primeiros dias e menos de 1 cm após uma semana do parto > Em 12 horas após o parto, perde o aspecto pregueado - Lóquios >Camada superficial da decídua externa que, após a decídua da placenta, sofre necrose e é eliminada > A decídua interna permanece intacta para promover a regeneração do endométrio > Lóquios vermelhos: lóquios sanguinolentos (grande quantidade de eritrócitos); eliminado nos primeiros dias de puerpério > Lóquios serosos: presentes cerca de 3 a 4 dias após o parto, consistem em eliminação descolorada em função da hemoglobina semidegradada > Lóquios brancos: Eliminação esbranquiçada devido ao aumento do número de leucócitos; presente após o 10º dia de puerpério > Duração de aproximadamente 4 semanas > Maior volume após partos vaginais Cuidados clínicos no Puerpério NA 1ª HORA APÓS O PARTO - Manter-se atento para possíveis complicações com a puérpera - CSV a cada 15 minutos Infecção puerperal - Infecção do trato genital durante o puerpério - A paciente pode apresentar febre puerperal (Tax >= 38°C, 24 horas após parto e com duração mínima de 2 dias) - Mortalidade diretamente relacionada com o tempo para diagnóstico - Pode ser polimicrobiana, sendo os agentes etiológicos anearóbios e aeróbios da microbiota do TGI e geniturinário - Fatores de risco > Anteparto: RPMO, anemia materna, desnutrição, vulvovaginite, APN precária, DMG, comorbidades maternas, ITU, ... > Intraparto: cesariana, trabalho de parto prolongado, rotura de membranas > 18 horas, número de toques vaginais, retenção placentária, ... DIAGNÓSTICO - Clínico - A paciente pode apresentar febre alta, taquicardia, queda do EG, dor abdominal, subinvolução uterina, amolecimento uterino, alterações loquiais, posição antálgica, dor à descompressão brusca, letargia, desidratação, cianose, toxemia, oligúria, paralisação intestinal e hipoestesia - Observar se há sangramento vaginal por meio da palpação uterina -> O útero deve estar com tônus adequado e, se não estiver adequadamente contraído, deve ser massageado - Sempre que for constatado sangramento, deve ser realizada revisão do canal de parto e, se necessário, procedimentos para estancar o sangramento CUIDADOS NO ALOJAMENTO CONJUNTO - CSV no mínimo duas vezes ao dia > A temperatura pode estar elevada nos primeiros 3 dias devido à apojadura > Puérperas podem apresentar elevação da temperatura como início de uma infecção ou de um quadro de ingurgitamento mamário - Palpação uterina deve ser rotineiramente realizada à procura de sinais que possam indicar complicações - Lóquios: devem ser examinados rotineiramente quanto à quantidade, cor e alterações no cheiro - Cólicas decorrentes do processo de involução uterina são mais frequentes e intensas durante a amamentação - Examinar diariamente os MMII em busca de edema ou dores; deambulação precoce deve ser estimulada > Em pacientes com risco para evento tromboembólico, pode-se usar heparina - A infecção pode evoluir para sepse ou pelviperitonite - Presença de febre, inclusive nas primeiras 24 horas de puerpério, não deve ser ignorada -> Pacientes com temperatura superior a 38,5°C devem ser tratadas para endometrite, a menos que seja evidente outra causa de febre FORMAS CLÍNICAS - Infecção localizada: infecção na região perineal, vulva, vagina e colo > Manifesta-se como endometrite ou vulvovaginite > Endometrite é a forma mais prevalente -> Geralmente, se manifesta entre o 4º e 5º dia pós parto - Útero subinvoluído, doloroso, amolecido, colo permeável à polpa digital, com lóquios piossanguinolentos e fétidos - Clamídia é associada à endometrite puerperal tardia - Infecção propagada: por via intracanalicular ascentente (salpingite, pelveperitonite ou abscessos), por contiguidade (miometrite), via línfática (parametrite e peritonite) ou venosa > Parametrite: espessamento de paramétrios, geralmente é unilateral; toque doloroso e febre alta > Salpingite: geralmente associada à endomiometrite; dor abdominal aguda, em fossas ilíacas, defesa abdomnal discreta e febre alta; anexos dolorosos ao toque > Abscesso intrapélvico: febre vespertina persistente, em paciente com antibioticoterapia adequada e massa pélvica identificável à palpação > Peritonite acompanha muitas formas de infecção puerperal localizada; febre alta, palidez, taquicardia, dor pélvica intensa e localizada/difusa, redução do persitaltismo, toque vaginal sensível EXAMES COMPLEMENTARES - Hemograma geralmente mostra leucocitose - Hemocultura só é positiva em 10-20% dos casos - USG auxilia muito no diagnóstico- > Identificação do abscesso, hematomas intracavitários, e de parede abdominal TRATAMENTO - Profilático: qualidade da assistência pré-natal, investigação e correção de fatores de risco, manutenção da integridade das membranas, toque vaginal quando necessário, correção das distócias e discinesias uterinas, sutura de lacerações de trajeto, indicação precisa de cesariana e uso perioperatório de ATB - Clínico: Antibioótico (clindamicina + gentamicina ou ampicilina/penicilina + gentamicina/amiacina + metronidazol) > Febre > 72 h -> Falha terapêutica - 2 acessos venosos calibrosos - Ocitocina -> 20 UI + 500 mL SF 0,9% em 10 minutos e 250 ml/h - Metilergometrina -> 0,2 mg IM > Evitar se HAS ou PE,aferir PA antes - Misoprostol 800 mcg via retal - Ácido tranexâmico 1 g EV lento em 10 minutos - Laboratório: hemograma, plaquetas, fibrinogênio, TP, TTPa, tipagem sanguínea e fator Rh, lactato, gasometria arterial - Reposição volêmica: 2 a 3 L de cristaloides - Transfusão sanguínea (Chad, PFC, plaquetas) - Revisão do canal de parto e cavidade uterina - Estancamento > Tamponamento: 24 horas; ATB profilático > Suturas: B-lynch > Ligaduras vasculares: artéria uterina ou artéria hipogástrica - Histerectomia MANEJO DE ACORDO COM A CAUSA - Tônus > Massagem bimanual > Ocitocina -> Metilergometrina -> Misoprostol -> Ác. tranexâmico > Caso não haja resposta, TAN ou balão de tamponamento -> Laparotomia - Trauma: > Laceração: sutura > Hematoma: avaliar exposição cirúrgica, toque, revisão do canal de parto - Hematomas consomem fatores de coagulação > Rotura: laparotomia > Inversão uterina: maior causa é iatrogenia; realizar manobra de Taxe; não usar uterotônico - Cirúrgico: drenagem, curetagem, histerectomia, debridamento de material necrótico Hemorragia puerperal - Sangramento excessivo que torna a paciente sintomática - > 500 mL em parto vaginal e > 1000 mL em cesariana; queda de 10% no hematócrito ou necessidade de transfusão sanguínea > Hematócrito não é um padrão muito confiável > Critérios confusos, priorizar a apresentação clínica da paciente - Gera instabilidade hemodinâmica para a paciente - Primária quando ocorre nas primeiras 24 horas do parto e secundária quando ocorre após esse período FATORES DE RISCO - Anteparto: história de hemorragia pós-parto, nulíparidade, multiparidade, coagulopatia, placentação anormal, > 30 anos, anemia, distensão uterina - Periparto: parto prolongado, doença hipertensiva da gestação, óbito fetal, indução/condução, corioamnionite, parto instrumentado, cesariana, episiotomia CAUSAS - Tônus: atonia uterina (70% dos casos) - Trauma: laceração de trajeto, hematoma, inversão uterina, rotura uterina (19% dos casos) - Tecido: restos placentários (comum causa de hemorragia secundária), acretismo placentário (10%) - Trombina: coagulopatia (1%) DIAGNÓSTICO - Pesagem de compressas/ avaliação visual TRATAMENTO PRECOCE - Hora de ouro - CSV (PA, FC, FR, SatO2) + cateter nasal O2 - Controle da diurese por meio de sondagem vesical de demora (SVD) - Massagem uterina (Manobra de Hamilton) > Uma mão na vagina e 1 acima da sínfise púbica > A bexiga deve estar vazia - Tecido: > Dequitação prolongada: 30-35 minutos sem sangramento - Curagem (extração manual da placenta no pós parto imediato, o colo ainda deve estar dilatado)-> Curetagem > Restos pós -dequitação: curetagem > Acretismo placentário: não tentar remover a placenta; histerectomia com placenta in situ, conduta conservadora (metotrexato) - Trombina > História prévia: doença de VW, uso de anticoagulantes, sangramento intra-operatório, plaquetopenia > Tratamento específico + transfusão > Tratamento adjuvante: TAN, cirurgia (cuidado), controle de danos (se CIVD) > Coagulopatia: teste de wliner -> Prescrição de crioprecipitado PREVENÇÃO - Manejo ativo do 3º período - Ocitocina 10 UI IM no pós parto imediato para parto vaginal - Regra dos 3 + manutenção por 12 horas para cesariana > 3 UI lendo (30 seg) + aguardar 3 minutos, se o útero continuar hipotônico, administrar por mais duas vezes - Clampeamento oportuno do cordão umbilical - Tração controlada do cordão -> Manobra de Brandt - Massagem uterina após dequitação - Contato pele a pele -> Ocitocina endógena TRATAMENTO - Esvaziamento sistemático das mamas - Compressas frias - Analgésicos e anti-inflamatórios - Cuidar de fissuras - Cefalexina 500 mg VO 6/6 h por 7 dias - Clindamicina 300 mg VO 8/8 h por 7 dias Mastite puerperal - Mais comum nos primeiros 3 meses de aleitamento - Dor, edema e rubor -> Geralmente em um lobo mamário - Obstrução de ductos - Fissuras facilitam a entrada de microorganismos QUADRO CLÍNICO - Inflamação: dor, calor e rubor; unilateral > Precedida por ingurgitamento/fissura mamária - Infecção: área densa, vermelha, dolorosa e edema, febre, mialgia, calafrios, mal-estar
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