Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
– Consulta Puerperal Na primeira consulta de pré-natal, deve ser realizada anamnese, abordando aspectos epidemiológicos, além dos antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos e obstétricos e a situação da gravidez atual. O exame físico deverá ser completo, constando avaliação de cabeça e pescoço, tórax, abdômen, membros e inspeção de pele e mucosas, seguido por exame ginecológico e obstétrico. Nas consultas seguintes, a anamnese deverá ser sucinta, abordando aspectos do bem-estar materno e fetal. Inicialmente, deverão ser ouvidas dúvidas e ansiedades da mulher, além de perguntas sobre alimentação, hábito intestinal e urinário, movimentação fetal e interrogatório sobre a presença de corrimentos ou outras perdas vaginais. As anotações deverão ser realizadas tanto no prontuário da unidade quanto no cartão da gestante. Em cada consulta, deve-se reavaliar o risco obstétrico e perinatal. Para auxiliar nesse objetivo, deve-se observar a discriminação dos fatores de risco no cartão de pré-natal, identificados pela cor amarela. A presença dessas anotações deverá ser interpretada pelo profissional de saúde como sinal de alerta. Puerpério: dequitação da placenta até reestabelecimento de condições pré gravídicas. É o período de tempo de seis a oito semanas que se inicia após o parto (vaginal ou cesariana), com a expulsão da placenta. É uma fase ativa na qual acontecem fenômenos de natureza hormonal, psíquica e metabólica, marcada pelo retorno dos órgãos reprodutivos e pela readaptação do organismo feminino (alterado pela gestação e pelo parto) à situação pré-gravídica. ➢ FASES DO PUERPÉRIO: • Puerpério imediato: 1/2h após o parto; • Puerpério mediato: 2h até o 10º dia; • Puerpério tardio: até 42 dias; • Puerpério remoto: além de 42 dias; ➢ PUERPÉRIO IMEDIATO: • Sinais vitais • Profilaxia para HPP • Perdas vaginais (lóquios) e palpação uterina • Deambulação precoce: prevenção de trombose • Higiene • Cuidados com as feridas • Cuidados com as mamas • Avalias a pega • Evitar fissuras • Uso de medicamentos (ferro, ácido fólico, vitamina A, outros) – três meses • Profilaxia anti-D • Condições psicoemocionais: humor, desânimo, preocupações: BABY BLUES/DEPRESSÃO PÓS PARTO/PSICOSE PUERPERAL - LÓQUIOS: Exsudatos e transudatos misturados com elementos celulares descamados e sangue. Ocorre pelo processo de involução e regeneração da ferida placentária e dos danos na genitália. Avaliar cor, quantidade e odor. • 1º ao 3º/4º dia: sanguinolentos • 4º ao 10º dia: vai se tornando sanguinolentos-acastanhados • Até meados do pós parto tardio: seroso Alta Hospitalar: 24hrs quando normal e 48hrs quando cesárea. Condutas na Assistência Pós Natal: Consultas no 7º e no 30º dia pós parto; dieta; exercício físico e – abstinência sexual por 40 dias (independente do parto). Anticoncepção: Progestágeno, SIU, método de barreira, implantes subdérmicos de etonogestrel, DIU pós parto → primeiras 48hrs ou após a 4 ou 6 semana pós parto. - Em linhas gerais, o puerpério patológico define as complicações que se estendem do terceiro período após o parto até algumas semanas após (seis a oito semanas). Aproximadamente 200 a 300.000 mulheres morrem por ano em todo o mundo, em consequência das complicações do período pós- parto. As principais complicações desse período são: • Hemorragia pós-parto; • Infecções puerperais; • Alterações nas mamas lactantes; • Doenças tromboembólicas; • Transtornos psiquiátricos do pós-parto (blues e depressão pós-parto). A hemorragia puerperal permanece como uma das principais causas de mortalidade materna em todo o mundo. Os assuntos de maior relevância neste tópico são as principais causas, os fatores predisponentes e as condutas terapêuticas recomendadas para a hemorragia puerperal. Durante o quarto período do parto, quando a placenta já foi expulsa e o bebê nasceu, o organismo usa de mecanismos hemostáticos para evitar o sangramento excessivo (miotamponamento, trombotamponamento, indiferença miouterina e contração uterina fixa). Definição: De acordo com a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), a hemorragia puerperal é definida e diagnosticada clinicamente como um sangramento excessivo que torna a paciente sintomática (vertigem, síncope) e/ou que resulta em sinais de hipovolemia (hipotensão, taquicardia ou oligúria). Classificação: A hemorragia pode ser dividida em: • Primária ou precoce ou imediata: quando acontece nas primeiras 24 horas após o parto; • Secundária ou tardia: quando ocorre após as primeiras 24 horas até 6 a 12 semanas após o parto. Classificação quanto a quantidade: • Hemorragia exanguinante: é aquele cujo sangramento se mantém sustentado com perda abrupta de mais de 1500ml. • Sangramento Intenso: é a perda brusca maior ou igual 150ml ou mais de 20 minutos (dois absorventes noturnos). • Sangramento moderado: perda entre 60 a 150ml em 20minutos (um absorvente noturno). • Sangramento leve: perda maior ou igual a 60ml em 6 horas (um absorvente normal). – Hora de ouro obstétrica: Esse termo se refere à recomendação de controlar o sangramento em até uma hora após a sua identificação. O seu objetivo é estimular a abordagem precoce, sequenciada, consciente, correta e sem perda de tempo, podendo ser capaz de evitar o surgimento da tríade letal do choque hipovolêmico (hipotermia, acidose, coagulopatia). Conduta inicial: 1. Compressão uterina bimanual (manobra de Hamilton): deve ser a primeira manobra diante de um quadro de atonia, com o objetivo de manter controle transitório do sangramento, enquanto se aguarda a realização e início de ação de drogas uterotonicas. A bexiga deve estar esvaziada, por meio de cateterismo intermitente ou contínuo. A repleção vesical pode interferir na contratilidade do segmento inferior do útero. 2. Acesso venoso calibroso: para administração de líquidos, sangue e medicações. 3. Administração de drogas uterotônicas: • Ocitocina (1ª escolha): 5UI de ocitocina IV, lento (3 minutos), associado a 20-40mL em 500 mL de soro fisiológico (SF) 0,9%, a infusão de 250 mL/h. Manutenção de 125mL/d por 4 horas. Em casos de atonia mais intensa, avaliar manter por até 24h (a 67,5mL/h ou 3UI/h), monitorando rigorosamente para retenção hídrica. • Derivado de ergot – Maleato de metilergometrina (2ª escolha): injetar 0,2 mg, IM, repetir em 20 minutos se necessário. Em casos de sangramentos graves, realizar mais 3 doses de 0,2mg IM, a cada 4/4h (dose máxima: 1mg/24h). Se a primeira dose falhar, é improvável que a segunda dê certo. Contraindicado em hipertensas; • Prostaglandina – misoprostol: 800 mcg, via oral ou retal. Tempo de início de ação é de 15-20 min por via retal e de 7-11 min por via oral. A infecção puerperal é considerada um tipo de infecção hospitalar, que tem origem no útero e acomete o aparelho genital após parto ou aborto recente. Pode ser: infecções no útero e anexos (endometrite), infecções da ferida operatória, infecções na mama e infecções em outros sítios (ITU/pneumonia). Fatores de risco: Cesariana Desnutrição Bacteriúria intraparto TV (toque vaginais) repetidos Obesidade Anemia DM Imunossupressão Pré natal deficiente ➢ Temperatura maior que 38º durante dois dias consecutivos entre os primeiros 10 dias pós parto (excluídas as 24horas iniciais). Atenção! Nem toda febre é infecção e nem toda infecção tem febre. Avaliar qual o sítio infeccioso. Caso ocorra uma febre alta (39ºC ou mais), esta sugere uma infecção grave, geralmente causada por agentes estreptocócicos do grupo B (Streptococcus agalactiae), devendo ser prontamente tratada. ➢ A endometrite é uma condição clínica caracterizada pela inflamação do endométrio. Endometrite puerperal é a infecção uterina tipicamente causadapor bactérias que – ascendem do trato genital inferior ou do trato gastrintestinal Mais prevalente. 4 a 5 dias pós parto. Febre alta. Útero: • Hipoinvoluido, sensível (doloroso) e amolecido = TRÍADE DE BUMM • Colo entre aberto • Loquiação fétida (piossanguinolento) Evolução: Parametrite: inflamação do tecido que circunda o útero e se estende lateralmente até a parede pélvica. Salpingite: inflamação das tubas uterinas Peritonite: inflamação no peritônio Abscesso pélvico Fasceíte necrotizante: infecção bacteriana destrutiva e rapidamente progressiva do tecido subcutâneo e fáscia superficial Choque séptico Antibioticoterapia: Imediata Afebril por 48horas Assintomática Esquema: • Clindamicina 900mg EV 8h/8h • Gentamicina 1,5mg/kg EV 8h/8h • Ampicilina 2g EV a cada 6h (se suspeita de enterococo) Evolução desfavorável: Curetagem puerperal Drenagem laparatômica Histerectomia total ➢ Procedimento cirúrgico que consiste na sutura dos grandes lábios vaginais, impedindo o prolapso (saída de um órgão de sua localização normal) do útero. Dor intensa Hiperemia local Sinais de abscesso Condutas gerais: Lavagem diária ATB de 7 a 10 dias Gentamicina 240mg/dia ou 320mg/dia dose única Clindamicina 600mg 6/6h ou 900mg 8/8h Infecções da Parede abdominal Hiperemia Calor Celulite Secreção purulenta ➢ A tromboflebite pélvica séptica é uma síndrome tromboflebítica envolvendo a vascularizarão pélvica associada a infecções no estado pós- operatório ou abortivo/ pós-parto. Diagnostico de exclusão Febre após 48-72horas após ATP Coágulos em vasos pélvicos (ovarianos) Conduta: heparina + antibiótico → manter heparina por mais 7 a 10 dias ➢ Forma mais grave de infecção de ferida operatória Fatores de risco: diabetes, obesidade, hipertensão; É rara e potencialmente fatal – Ocorre necrose tecidual 3º a 5º dia pós parto Tratamento: ATB, UTI e desbridamento Pontos chave da pega adequada: 1. Mais aréola visível acima da boca do bebê do que abaixo 2. Boca bem aberta 3. Lábio virado para fora 4. Queixo tocando a mama Pega incorreta: 1. Desmame precoce 2. Ingurgitamento 3. Fissuras mastites 4. Abscessos ➢ O ingurgitamento mamário consiste no enchimento patológico excessivo das mamas com leite, deixando-as doloridas e tensas, o que dificulta o aleitamento. Deve ser diferenciado da plenitude mamária normal, às vezes referida como ingurgitamento mamário fisiológico, que ocorre entre os dias 2 a 3 pós-parto. Causas: • Pega inadequada • Sucção ineficiente • Dificuldade de ejeção • Produção excessiva • Obstrução do ducto Tratamento: • Aleitamento em livre demanda • Massagem • Ordenha • Apoio materno • Orientação na pega • Compressas mornas e frias (cautela) ➢ É a lesão do tecido do mamilo pela pressão realizada pelo bebê quando a pega ao mamar é inadequada. Causas: Pega inadequada Apreensão incorreta do mamilo e aréola Ingurgitamento mamário Predispõe a mastites Tratamento: Exposição das mamas ao ar Manter seca Limpeza local com o próprio leite Orientação da pega Amamentar/ordenhar Extração de leite prévia a mamada Iniciar com a mama não traumatizada ➢ A mastite puerperal ou da lactação é um processo infeccioso agudo das glândulas mamárias que acomete mulheres em fase de lactação, com achados clínicos que vão desde a inflamação focal, com sintomas sistêmicos como febre, mal-estar geral, astenia, calafrios e prostração, até abscessos e septicemia. – Fatores de risco: • Primiparidade • Idade menor que 25 anos • Fissura • Ingurgitamento mamário • História de mastite Sinais e sintomas: • Estase láctea • Dor • Calor • Rubor • Febre alta Tratamento: • Sintomáticos • Sutiãs adequados • Esvaziamento completo • ATB de 7 a 14 dias: cefalosporina de 1ª geração ou clindamicina • Amamentação mantida ➢ O abscesso mamário é uma infecção com saída de pus da mama. Drenagem: cirúrgica ou guiada por USG Amamentação mantida exceto quando há drenagem de pus pela papila ou incisão cirúrgica próxima.
Compartilhar