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PAPÉIS AVULSOS - Machado de Assis ● Ironia, humor, crítica, análise psicológica, niilismo, pessimismo, conversa com o leitor, intertextualidade, aparência x essência - 1822 - Fase realista - 12 contos Estrutura: - Advertência ● Apesar de serem contos separados, há pontos comuns - 1. O alienista ● Loucura ● Casa Verde ● Inconstância das teorias ● Cientificismo - 2. Teoria do medalhão - Diálogo ● Diálogo entre pai e filho ● Aparência x Essência - 3. A chinela turca ● Realidade e sonho ● Antirromantismo ● O fantástico - 4. Na arca - 3 capítulos inéditos da Gênesis ● Comportamento humano ● Recriação da linguagem bíblica ● Versículos - 5. D. Benedita - Um retrato ● Veleidade ● Volubilidade ● Inconstância da protagonista - 6. O segredo do Bonzo - Capítulo Inédito de Fernão Mendes Pinto ● Charlatanismo - 7. O anel de Polícrates ● Linguagem entre os personagens A e Z ● Intertextualidade - 8. O empréstimo ● Anedota - 9. A Sereníssima República (Conferência do Cônego Vargas) ● Alternativas Eleitorais ● Forma Alegórica ● Conferência - 10. O espelho - Esboço de uma nova teoria da alma humana ● Aparência x Essência ● O fantástico - 11. Uma visita de Alcibíades ● Estratégia epistolar ● O fantástico - 12. Verba testamentária ● Comportamento patológico ● Inveja ADVERTÊNCIA Machado diz que “Papéis Avulsos” significa um amontoado de obras para que elas não se percam no tempo, avisa que se olhar para os títulos parecem ser contos separados (avulsos). Em parte está certo e, em parte, não, pois existem pontos comuns entre as obras, ou seja, existe unidade temática Machadiana Escrever faz bem para alma e é possível retirarmos sabedoria dos contos (ironia, pois ele diz que talvez se possa tirar sabedoria, mas é óbvio que tiramos). 1. O ALIENISTA - 1881 - Machado de Assis - Papéis Avulsos - 1882 - Sátira da loucura - Inspirado no conto de Edgar Allan Poe “O sistema do doutor Alcatrão e do professor Pena” , 1845 - 3ª pessoa: As crônicas da Vila de Itaguaí já diziam ... - Maior crítica ao cientificismo: tudo que Simão Bacamarte quer, ele consegue - Ironia crítica ● A ciência do século XIX ● Aos limites - loucura x lucidez ● Percebemos a ironia quando Machado conta que Simão Bacamarte escolheu sua mulher pelas qualidades biológicas e era grato por ela ser feia para não distraí-lo. Tentaram de tudo, mas ela acabou por não ter filhos. A descendência Bacamarte não existiu (é atribuída a culpa na mulher) - Itaguaí - RJ - As crônicas … falam que ali viveu um grande alienista - Simão Bacamarte S2 D. Evarista ● SB: a ciência é sua vida ● SB: constrói manicômio (Casa verde) ● Não conseguem ter filho - Personagens ● DR. SIMÃO BACAMARTE - Protagonista - Vive para a ciência, não é ganancioso, ambicioso, político, todas suas ações são genuinamente feitas pela ciência. - Fez a classificação dos loucos (loucos de amor, loucos de grandiosidade). - Seu tempo é sempre direcionado para os seus estudos - Prende Crispim (pela irracionalidade de mudar de lado), Porfírio (prende por se rebelar e por não se rebelar, posteriormente), D.Evarista (indecisão do colar), Mulher de Crispim, Padre Lopes. ● D. EVARISTA - Esposa do Simão Bacamarte - Não era bonita, nem simpática, foi escolhida por Simão Bacamarte por parecer-lhe fértil - Extremamente vaidosa (tinha orgulho de ser mulher do médico da cidade) - Era viúva antes de casar com Bacamarte. - Sempre respeita o marido - MESMO SENDO PRESA ELA NÃO GUARDA RANCOR DO MARIDO E O AMA AINDA MAIS ● CRISPIM SOARES - Boticário - Amigo Simão Bacamarte - Puxa saco - Muito apegado à mulher: “não passara um dia fora do lado dela” - Crispim Soares, com medo de ser preso, vai para o lado de Porfírio. Mesmo sendo amigo íntimo de Bacamarte. - MESMO PRESO A AMIZADE ENTRE OS DOIS SE FORTIFICA NA SOLTURA - MULHER DE SOARES É PRESA NA SEGUNDA TEORIA, QUE NEM O PADRE LOPES. - Crispim fica puto com Bacamarte, mas aceita a decisão de Bacamarte. Bacamarte deixa Crispim ficar com a mulher até ela melhorar, mas ele, com medo de ser preso de novo, recusa (egoísmo). O intermédio das notícias ocorre por D.Evarista ● PADRE LOPES - Vigário local - É PRESO NA SEGUNDA TEORIA (POR SER PERFEITAMENTE NORMAL) SUA PRISÃO SÓ FOI FEITA DEPOIS DE MUITA PESQUISA ● JOÃO PINA - Outro barbeiro - Faz um novo golpe quando Porfírio não fecha a casa verde. Ele tira Porfírio do governo e assume a presidência da Câmara ● PORFÍRIO, o barbeiro - Revolta-se contra o Alienista - Com o tempo, representa a ambição de poder - Após a prisão de Coelho ele inicia a rebelião. - Ganhou muito dinheiro com a casa verde, pois Bacamarte o requisitava para fazer sessões de sanguessuga nos pacientes. “o interesse particular deve ceder ao público” - Rebelião é associada à queda da bastilha - Sempre quis ser vereador, mas por sua origem humilde, não conseguia. Viu, na rebelião, a possibilidade de conquistar a presidência da câmara. - Quando toma posse é o “Protetor da Vila Porfírio Caetano das Neves”. ● COSTA - Recebe uma herança do seu tio Dom João IV. Essa herança era suficiente para durar a vida inteira, mas ele foi distribuindo ela, dando empréstimos e acabou o dinheiro. Quem devia para ele, não pagava. Ele era explorado, mas ficava sempre risonho. Foi capturado por Bacamarte e a sociedade fica surpresa. ● PRIMA - Prima de Costa vai tentar ajudá-lo e conta para Bacamarte que não era culpa dele emprestar e perder o dinheiro assim. O tio deles era uma pessoa ruim e jogaram uma praga nele, que a herança seria perdida. Bacamarte prende a prima por acreditar nessa história. ● MATEUS - Tinha uma casa maravilhosa, um jardim maravilhoso e ele se orgulhava muito da sua aquisição. Pela manhã ele se senta no jardim e fica contemplando a casa. Ele deixava as janelas abertas e ficava na varanda posando para que todos pudessem vê-lo. Esse homem enriqueceu na fabricação de albardas (celas de cavalo) ● MARTIM BRITO - É preso por realizar um discurso muito meloso feito à D.Evarista no jantar de volta do RJ. Todo mundo acha que é por ciúmes a prisão, MAS LEMBRE QUE BACAMARTE SÓ AGE PELA CIÊNCIA. ● COELHO - Amigo do barbeiro Porfírio. Era um homem que adorava fazer discursos longos, não parava de falar. Quando ele é preso é que Porfírio começa a rebelião. Padre Lopes não gosta do Coelho por causa dos discursos demorados. ● SEBASTIÃO FREITAS - muda de opinião quando escuta “queda da bastilha” ● GALVÃO - Vereador que é contra a não prisão dos vereadores. - Método de SB ● 1º momento: loucos = monomaníacos - não encontra a cura ● 2º momento (1ª TEORIA): loucos = desvios de valor, caráter, comportamento, ética - ocorre a revolta dos canjicas - liderada pelo barbeiro Porfírio - prende 80% da cidade ● 3º momento (2ª TEORIA): loucos = sem desvios de moral, caráter, comportamento, ética - menos de 20 pessoas ● 4º momento: o único louco: ele mesmo - 3 teorias sobre a loucura ● 1ª - qualquer desvio é loucura ● 2ª - perfeição é loucura ● 3ª - não existem loucos em Itaguaí - Crítica ao cientificismo do final do século XIX CAPÍTULO 1 - DE COMO ITAGUAÍ GANHOU UMA CASA DE ORATES - “As crônicas da vila de Itaguaí dizem que em tempos remotos vivera ali um certo médico, o Dr. Simão Bacamarte” - Simão Bacamarte ● Formou-se em Portugal, mora em Itaguaí ● Aos 40 anos casou-se com D. Evarista (viúva): achava que ela tinha condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem e por isso, daria a ele filhos, mas não deu ● Dedicou-se a estudar o psíquico ● Convenceu a câmara dos vereadores a construir um hospício, a casa verde, na Rua Nova, a mais bela rua da cidade ● “Corão que Maomé declara vulneráveis os dois, pela consideração que Alá lhes tira os juízo para que não pequem”. Bacamarte coloca a inscrição na frente da casa verde (Orates), mas atribui ao Benedito VIII, por “medo” do vigário. ● Casa Verde foi por causa das janelas verdes ● Sete de festa para comemorar a abertura da casa de Orates. CAPÍTULO 2 - TORRENTES DE LOUCOS - No primeiro momento ele tá prendendo os loucos consagrados, ou seja, aqueles que ninguém contestaque são loucos - Casa Verde fica cheia e é necessário aumentá-la - Inicialmente classificou os loucos em dois grupos: os agressivos e os mansos. Mas, depois, ele vai aumentando as classificações. - Tem uma conversa sobre o estudos dele com o puxa saco do Crispim - O Bacamarte deixa a mulher esquecida CAPÍTULO 3 - DEUS SABE O QUE FAZ ! - D. Evarista se sente sozinha, pois Bacamarte não dá atenção para ela: “quem diria que meia dúzia de lunáticos”. - Bacamarte propõe que ela vá para o RJ com uma grande comitiva (a tia, a mulher de Crispim, a mulher do boticário, um padre amigo e mais umas mucamas). Na despedida, D. Evarista chora pela despedida. Bacamarte continua frio como sempre. - Enquanto Crispim fica triste (nunca tinha passado um dia sequer longe de sua amada) pela ida de sua mulher, Simão Bacamarte continua focado na ciência CAPÍTULO 4 - UMA TEORIA NOVA - Simão Bacamarte diz a Crispim que ele acha que existem muito mais loucos do que ele imaginava, amplia o território da loucura - Expansão da teoria da loucura: “achava que a loucura era uma ilha, mas percebo que é um continente”. - Para embasar essa sua nova tese, de que a loucura abrangia muitas pessoas, ele usou como base a história, principalmente de Itaguaí, mas cita, também, os casos mais célebres de loucura na história humana: Sócrates, Calígula, Nero, Maomé... - Bacamarte tem dois jeitos de espalhar sua descoberta: pregar cartazes ou utilizar a MATRARCA. MATRARCA vai ser muito utilizada no conto para fazer a transmissão das notícias importantes. Um dos vereadores (um que foi contra a construção da casa verde) até acabou recebendo o título de encantador de cobras pela população de tanto que ele utilizava a MATRARCA para espalhar a notícia - 1ª teoria: a razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia (loucura) - Padre Lopes contesta a teoria de Bacamarte. O vigário dizia que a divisão entre loucura e sanidade era bem delimitada. Para quê tentar entrar em minúcias? - A partir da teoria, qualquer pessoa que não tivesse as plenas faculdades mentais seria presa. CAPÍTULO 5 - O TERROR - Passa a ocorrer internações de pessoas conhecidas aparentemente sadias - 1º foi o Costa porque desperdiçou a herança que recebera e não cobrava os que lhe deviam; sua prima foi conversar com o Simão Bacamarte e explicar que o primo não era louco, mas que haviam rogado uma praga, por isso o dinheiro não durou, mas acabou internada também, já que o Simão Bacamarte não acreditava em superstição - Depois é internado o Mateus, que era o dono da casa mais bela de Itaguaí, a tarde ele ficava na frente da janela se mostrando aos que passassem para admirar a casa , Simão Bacamarte considera-o louco e o leva para a casa verde - Prisão de Costa (perdeu herança), da Prima de Costa (justificou a perda da herança do irmão), Mateus (casa), Martim Brito (elogiou demais D.Evarista), Coelho (discurso longo, amigo de Porfírio – vigário não gosta dele) e mais pessoas importantes. - Povo começa a dizer que Bacamarte era um ditador, que prendia as pessoas por interesse. Mas lembrar que Bacamarte sempre age pela ciência. - D.Evarista volta do RJ como uma salvadora da cidade, já que ela é requisitada, pela população, para que ela convença Bacamarte a acabar com aquelas prisões. D.Evarista sempre respeita o marido e não duvida dele. - Jantar de boas vindas para D.Evarista. Martim Brito faz um discurso tão melado para D.Evarista que Bacamarte prende ele. Todo mundo acha que ele prende Martim Brito por ciúmes. MAS LEMBRE QUE BACAMARTE SÓ AGE POR MOTIVOS RACIONAIS E CIENTÍFICOS. - Coelho é preso e a raiva da população (condição de terror), nesse último ato, faz que Porfírio inicia-se a rebelião. CAPÍTULO 6 - A REBELIÃO - Porfírio, conhecido como canjica, chama um levante, uma marcha contra o alienista, o movimento fica conhecido como A revolta dos Canjicas - Obs: a prefeitura e as famílias não pagavam para os seus familiares estarem lá - Revolta dos Canjicas. Vão para a Câmara pedir o fechamento da casa. Vereadores recusam. Canjicas vão para a casa verde. Inicialmente são 30 e passam a ser 300. Analogia com a queda da bastilha. CAPÍTULO 7 - O INESPERADO - Começa um confronto entre os revoltosos e os dragões (soldados) que acabam aderindo ao movimento - Rebeldes ganham (Porfírio toma o poder) e se encaminham para a câmara de vereadores (onde ele vai fazer um discurso). Vereadores foram presos - Dia vira feriado e o povo acha que a casa verde será fechada. CAPÍTULO 8 - AS ANGÚSTIAS DO BOTICÁRIO - Crispim Soares, o boticário, não sabe se fica do lado de Bacamarte (acha que será preso de ficar do lado dele) ou de Porfírio. Com medo de ser preso, vai para a Câmara, o lado do Porfírio. CAPÍTULO 9 - DOIS LINDOS CASOS - Porfírio vai para a casa verde para fazer um acordo - Bacamarte acha que vai ser preso e que a casa vai ser fechada - Surpreende-se quando Porfírio diz que ele não tinha intenção de fazer isso. Ele só queria que ele liberasse os loucos quase curados para acalmar os ânimos do povo. - Simão Bacamarte libera as pessoas que estão mais ou menos bem - E ele ainda acha que Porfírio é um belo caso para uma internação CAPÍTULO 10 - A RESTAURAÇÃO - Bacamarte prende várias pessoas do novo governo de Porfírio (+ de 50 pessoas), isso começa a desmobilizar o levante. - João Pina, outro barbeiro, diz que Porfírio se vendeu ao ouro de Bacamarte e começa uma nova rebelião. João Pina tira Porfírio e assume a presidência da câmara. - Bacamarte pede que entreguem o Porfírio e mais algumas outras pessoas da primeira rebelião. - Crispim, D.Evarista, Porfírio, Presidente da Câmara (João Pina) foram presos. CAPÍTULO 11 - O ASSOMBRO DE ITAGUAÍ - Manda uma carta, segmentada em parágrafos falando suas conclusões. - 1º 4/5 da população está presa - 2º Questiona sua teoria - 3º Afirma que ele estava errado e que a definição da loucura é a contrária. - Segunda concepção de loucura: as pessoas perfeitamente equilibradas é que são loucas - 4º Vai soltar todo mundo CAPÍTULO 12 - O FINAL DO PARÁGRAFO 4º - Pela soltura da população, todo mundo enxerga Bacamarte com bons olhos e são feitos muitos jantares em sua homenagem. - Câmara permite a prisão dos perfeitamente sãos, mas com algumas restrições: só pode fazer isso por um ano. Dizem que os Vereadores não poderiam ser presos (Galvão é o único vereador que é contra essa medida – é preso) - Padre Lopes e Mulher de Crispim são presos por serem perfeitamente sãos. - Porfírio é preso novamente por não tentar se rebelar novamente. - Acabou o prazo de 1 ano, mas a câmara estende por mais 6 meses para testar a terapêutica. CAPÍTULO 13 - PLUS ULTRA! - Fala sobre o tratamento. Tratamento era corromper a pessoa perfeitamente equilibrada. Se a pessoa era modesta, ele a transformava numa gananciosa. - Todas as pessoas boas foram curadas ao se corromperem - Terceira teoria da loucura: não existiam loucos em Itaguaí - Simão Bacamarte percebe que não tinha nenhum desvio então ele era louco, internou-se e morreu só, 17 meses depois. 2. TEORIA DO MEDALHÃO - DIÁLOGO - Estrutura: diálogo - Trama: aparência x essência - Ironia: aceitação e reconhecimento social - É aniversário de Janjão 21 anos (ano da maioridade no século XIX) - Ocorre uma conversa entre o pai (domina a conversa) e Janjão (escuta e questiona) Diálogo inicia quando sai o último convidado do jantar do aniversário do Janjão e o pai diz que vai lhe dar conselhos sobre o futuro Diz que pode escolher sua profissão, mas que seu desejo é que seja notável Comenta que o sonho da mocidade dele fora o de ter o ofício de medalhão (aquele de ascensão social) que se tivesse recebido os conselhos que estava dando seria outra pessoa. Orienta, então, o filho sobre como ser um medalhão e sobre o momento do “fenômeno” medalhão despertar, atingir o reconhecimento, que era entre 45 e 50 anos Pai aconselha o filho e ensina a teoria do medalhão - Não pode: pensar, ter ideias, questionar, discutir, opinar, andar sozinho - Pode fazer:ser visto com pessoas em público (se não tiver com quem se misturar, uma opção são as livrarias, lá fala-se trivialidades), estar sempre cortejando os outros, anedotas e falar trivialidades O pai diz que acredita que o filho pode se tornar um medalhão e que quando isso acontecer todo mundo vai querer ter ele por perto, ou seja todos vão querer ele e ele não vai precisar gastar mais nada, porque vão querer pagar tudo para ele Orienta sobre a importância da - Publicidade: nunca desperdiçar uma nota, sem que seja necessário ele mesmo fazê-la - Política: não importa o partido, desde que não fira a ideia principal de não expressar-se com nenhuma ideia especial - Tribuna: ele pode discursar na tribuna para chamar atenção mas apenas sobre os negócios miúdos e metafísica política - Filosofia: é possível usar a locução “Filosofia da História”, mas o pai o proíbe de chegar em outras conclusões e originalidades Janjão questiona sobre o riso e o pai responde que “Medalhão não quer dizer melancólico, mas somente não deves empregar a ironia”, dando a opção “ use antes a chalaça (graça direta), a nossa boa chalaça amiga, gorducha, redonda, franca, sem blocos, nem véus”. Janjão não entende e pergunta “ Que isso?; Meia noite; Meia noite?” O pai despede-se, entra os 22 anos de Janjão e o pai diz para que ele rumine as ideias e guarde a conversa que valera ao Príncipe de Maquiavel (ou seja, referência a como conquistar e manter o poder) OBSERVAÇÕES: - Não há um narrador, apenas o diálogo - A pergunta de Janjão ao fim, sobre o que é ironia é justamente respondida pela quebra de expectativa, já que a narrativa toda se estrutura nesse efeito de sentido (irônico) nas falas do pai - A simbologia do conto é, assim como em O Espelho e O segredo do Bonzo, o aniquilamento do indivíduo 3. A CHINELA TURCA - 3ª pessoa, onisciente - Tema: real x sonho - Crítica ao romantismo: fugir da realidade através da imaginação - Técnica de composição - Bacharel Duarte ● Vai sair: baile de Cecília ● Recebe uma visita: Major Lopo (amigo da família, parente de Cecília) que “lerá um drama” - Real: ● Lopo lê o drama ● Duarte dorme ● Duarte acorda (logo termina a leitura) - Sonho ● Lopo vai embora ● Acusado de roubar chinela turca ● Levado a uma casa ● Obrigado a casar, testamento, suicídio ● Foge, perseguido, entra numa sala - Personagens ● Bacharel Duarte: protagonista ● Major Lopo Alves: amigo da família ● Cecília: moça a quem Duarte gostaria de encontrar no baile ● Velho, “padre”, João Rufino: homens da história de dentro da história Enquanto o bacharel terminava de se vestir para ir a um baile, chega em sua casa o Major Lopes Alves, era 1950. O motivo do baile era Cecília, bela moça de olhos azuis e cabelos louros. Precisava ser educado com o Major para caso alguém precisa-se aprovar o casamento com Cecília poderia dar um voto seguro Durante a conversa o Major diz que ,desde criança, tem “ataques literários”, então bacharel tenta enrolar dizendo que indica um amigo do correio mercantil para ele mas não funcionou, ele queria a opinião dele sobre o drama escrito (180 folhas de manuscrito, dividido em 7 quadros) e já eram 21:30 Especulou possíveis histórias para o drama e percebe que já não dará mais para comparecer ao baile em Rio Comprido. Bacharel começa a adormecer pensando em Cecília e ele acha que o Major está enrolando o manuscrito e indo embora (ENTRADA DO SONHO) Chega na sua casa a polícia, por causa do furto de uma chinela turca (que traz um precioso diamante e fora trazida do Egito por um nobre patrícia) e o acusam de ter roubado. Prendem- o, levando-o a uma casa, dizem que não se pode roubar uma chinela, namorar moças louras, casar com elas talvez e rir do gênero humano, daí o bacharel passa a crer que a chinela fosse uma metáfora para o amor de Cecília Os homens não eram da polícia, tudo era um grande golpe. Na casa tinha um padre e um homem velho que daria as instruções, mandando um tal de João Rufino buscar a chinela que nunca fora roubada. A chinela era de uma mulher loira e de olhos azuis, como os de Cecília. A moça adentra a sala e Duarte a corteja, o velho presente diz que ela era a noiva e que iriam se casar, Duarte diz que não quer se casar. O velho ordena que ele faça 3 coisas, casar, escrever o testamento e engolir certa droga do levante. As opções dele eram ou a morte pela droga ou assassinato. Então entra o padre que avisa ele que não é padre, e sim tenente do exército, diz que é para Duarte correr e se jogar pela janela porque embaixo tinha um jardim. O bacharel pula e é perseguido por um homem, corre até não perceber mais o perseguidor, entra em uma casa onde estava um homem lendo o Jornal do Comércio, Duarte cai na poltrona e percebe que o homem é o Major Então, o Major olha para o bacharel e pergunta o que ele achou B: Ah excelente M: Paixões fortes, não? B: Fortíssimas São 2h e o bacharel leva o Major até a porta. Depois, ao fim, o bacharel diz pra si “Ninfa, doce amiga, fantasia inquieta e fértil, tu me salvaste de uma ruim peça com um sonho original, substituíste o tédio por um pesadelo: foi um bom negócio. Um bom negócio e uma grave lição: provaste-me ainda uma vez que o melhor drama está no espectador e não no palco” OBSERVAÇÃO: - O bacharel enquanto lê, passa a sonhar, e o seu sonho/ pesadelo assume a narrativa sem ser anunciado enquanto sonho ao leitor. Ao fim, ele reflete o fazer da literatura, numa tomada irônica que as aventuras sonhadas em muito superam o drama romântico do major que ele lera só a 1ª quadra - Narrativa dentro da narrativa: narrativa breve do drama do Major e a narrativa do sonho (imaginário) do bacharel - 3 esferas de análise: realidade ficcional x imaginário do protagonista x imaginário do leitor - A simbologia da Ninfa evoca o fazer literário, elas simbolizam seres fantásticos com poderes divinos que podem atuar ou interferir na produção ou fruição literário 4. NA ARCA - 3 CAPÍTULOS INÉDITOS DA GÊNESIS - Narrado como se fosse uma escritura na forma de versículos - 3ª pessoa, na forma de uma escritura: capítulos (A,B,C) e versículos (28) - Imitação do gênesis - Ganância humana, egoísmo - Critica a sociedade a partir da metáfora bíblica - Confronto ficcional e histórico, a arca e noé tem a simbologia da garantia do desenvolvimento da espécie humana, da aliança entre Deus com os homens - Releitura irônica do texto bíblico - Representações nas guerras dos Impérios Turco e Otomano - Briga de 2 dos 3 filhos de noé por partilha de bens - Filhos: Jafé, Sem, Cam - Briga: Sem, Jafé CAPÍTULO A - Noé diz que eles vão sair da arca no topo de uma montanha. - Sem diz que cada um tem sua família e que seria bom cada um viver em tendas separadas. - Sem e Jafé começam a fazer a divisão do território entre eles antes mesmo de descerem. - Jafé diz que podem dividir a terra sendo que um lado do rio seria de um e o outro lado do rio o de outro - Sem já retruca falando sobre quem teria posse do rio e diz que vai ficar com tudo então e o Jafé que construa um muro 10 ou 12 côvados para lá da margem antiga dele, Jafé já fica puto dizendo que ele não pode tirar a margem dele, diz que ele é que vai ficar com as duas margens e com o rio agora e que se ele se meter a entrar no território vai matá-lo assim como Caim matou o irmão. - Ironia Machadiana: eles são os escolhidos para perpetuar a paz e a concórdia e já estão brigando por individualismo e ego, vaidade, disputa de poder inerente ao ser humano. - Termina com a frase: A arca, porém, boiava sobre as águas do abismo CAPÍTULO B - Cam quer conciliar chamando as mulheres dos irmãos, eles negam falando que é uma questão de direito. - Continuam brigando, Sam propõe que Jafé fique nos fundos da terra dele para compensar a terra perdida, Jafé não aceita e diz que vai lutar pelo que é dele “E que, se é preciso correr sangue, o sangue há de correr já e já” - Sam vai para cima do Jafé para brigar e o Cam tenta separar os dois - Aparece a figura do lobo e do cordeiro já começando a retornar aos seus instintos animaiscomeçando a se bicar, assim como os irmãos com sua ação animalesca de briga - Cam tem uma ideia, diz que vai partilhar com seus irmãos parte da terra dada pelo seu pai para ele - Sem e Jafé não aceitam e são sarcásticos com ele - Cam vai chamar o Noé e a mulher dos dois irmãos - Jafé ameaça Sem para eles decidirem agora que estão sozinhos sobre a decisão ser te língua ou de punho (na conversa ou no soco), “ou tu me cedes as duas margens, ou eu te quebro uma costela” - Começaram a brigar, Jafé tinha braço rijo e adestrado e Sem era forte na resistência. Na luta caíram e rolaram - As vozes da briga chegaram a Noé junto quando Caim chega para chamar o pai por causa da briga: “Meu pai, meu pai, se de Caim se tomará vingança 7 vezes, e de Lamech 70 x 7, o que será de Jafé e de Sem?” - Expõe os vícios e o egoísmo de figuras conhecidas da bíblia - Termina com a frase: A arca, porém, boiava sobre as águas do abismo CAPÍTULO C - Noé chega aos filhos enquanto ainda brigavam - As mulheres também chegam a briga: “ O que será de nós? A maldição caiu sobre nós e nossos maridos.” - Noé manda elas se calarem e diz que ele vai resolver “Cessai a briga. Eu, Noé, vosso pai, o ordeno e mando”. Os filhos obedeceram e o pai queria saber o motivo da briga - Jafé fala primeiro: diz que Sem invadiu a terra que ele escolheu para quando descessem à terra, diz que Sem queria as duas margens do rio - Sem fala que o irmão mente porque ele só tomou 10 côvados de terra depois que Jafé recusou dividir o rio em 2 partes - Depois de muito custo Noé, Cam e as mulheres de Sem e Jafé conseguem conter a briga - Noé diz que quem não obedecer ele será maldito 700 x 70 - Noé diz: “ Eles ainda não possuem a terra e já estão brigando por causa dos limites (frase que sintetiza o conto). O que será quando vierem A Turquia e a Rússia? (porque na época de Machado eram esses dois países que disputavam por essas fronteiras territoriais e políticas)” - Termina com a frase: A arca, porém, boiava sobre as águas do abismo 5. D. BENEDITA - UM RETRATO - Narrado em 3ª pessoa, onisciente,conversa com o leitor - Dividido em 4 capítulos - Tema: aparência x essência ( Benedita é fútil, superficial, falsa, egoísta) - Personagens ● D. Benedita: 42 anos, casada com o desembargador Proença ● D. Maria dos Anjos: mãe do bacharel Leandrinho ● Eulália: filha de D. benedita ● Mascarenhas: jovem oficial da marinha - O conto vai acabar construindo o significado de uma palavra que aparece no final que é a questão da VELEIDADE: que é a questão da volubilidade da inconstância da protagonista, vista devido a análise psicológica dela CAPÍTULO I - Mais difícil que governar seria saber a idade de D Benedita - Um corretor acha que ela tem 29 - Benedita era um padrão de bons costumes e fez 42 anos no domingo 19/setembro/1869. É feito um jantar de aniversário dela e nesse jantar há o comentário de que sua filha Eulália tem 18 mas parece ter 21 por causa da severidade dos modos e das feições. Fala sobre a janta ser íntima e feliz e fala sobre tem um cônego Roxo resolvendo questões matrimoniais nessa janta - D. Benedita tá botando toda os olhares em uma senhora simpática e gorda que é a D. Maria dos Anjos, ela é a mãe de um advogado, Leandrinho. - Leandrinho começa os brindes e quer agradar a casa e brinda ao desembargador Proença que é o marido da D Benedita que não está ali, muitos não brindaram porque veem a D Benedita com o rosto triste por causa disso. - D Maria dos Anjos acompanha ela e Eulália diz a todos que continuassem que a mãe voltava já, Leandrinho pede desculpa por causar a emoção na mãe de Eulália. - O cônego diz que ele foi ser desembargador a dois anos e meio no Pará pelo ministério Zacarias, porque não conseguiu em SP nem na Bahia, desde então não voltou mais - Falam que o desembargador era um homem muito distinto, ainda moço, alto, barbado, bonito e que não tinha mais de 45 anos, deu a entender que ele poderia ter uma amante por lá, uma viúva - Contam que isso foi dito para a D Benedita e ela disse que iria ver o marido mas depois de 3 dias desfez a viagem, inconstância da personagem - Depois desse papo D Bendita volta com a D Maria dos Anjos e pede desculpas pela interrupção. - O cônego pergunta qual o melhor doce e o Leandrinho dizia que o melhor doce eram as faces de Eulália, mostra que ele tá afim da filha da D Benedita CAPÍTULO II - No outro dia D. Benedita acorda com a intenção de escrever uma carta para o marido, falando da festa e da amiga Maria dos Anjos. Pretende escrever e mandar um escravo enviar nos correios porque o dia estava feio e por causa disso ninguém ia chegar para atrapalhar ela - Narrador em terceira pessoa, mantendo a proximidade com o autor - D Benedita reclama com raiva da chinela que está roída, mas era muito galante e foi dada por uma amiga do ano passado. - Começa uma carta (Meu ingrato marido .. Você lembrou de mim ontem?) quando sua filha chama dizendo que é hora de almoçar - Almoça com a filha e o filho, o narrador diz que o filho não importa, pirralho de 12 anos que parece ter 8, tão mofino é ele - D Benedita manda a filha estudar piano enquanto escreveria a carta para o marido - D Maria dos Anjos vai visitar, Benedita fica babando o ovo dela e convida para jantar, ela diz que não pode naquele dia - D Benedita diz que na carta fala da amiga, caracteriza Maria (tem ternura, confiança, entusiasmo, simplicidade, uma familiaridade cordial e pronta) - Fala para o marido na carta sobre o cônego Roxo ter dito em casar Eulália com Leandrinho e fica elogiando o advogado, fala sobre parecer que Eulália não quer muito e de estar interessada possivelmente por outra pessoa, um rapaz que esteve com elas nas Laranjeiras e pergunta para o marido se é para aconselhar ela ou impor a vontade dela como , pede para que ele venha visitar para ajudar a resolver CAPÍTULO III - D. Benedita acha 3 livros, 3 romances que ela lia ao mesmo tempo, mostra a inconstância de novo, começa várias atividades ao mesmo tempo mas não termina, como a atividade de ler. - Recebem a visita do cônego Roxo, ele viu a Eulália crescer e por isso tem uma afeição paternal por ela, ele diz que quer casá-la com o leandrinho, ela diz que não quer casar com ele mesmo depois do cônego falar todas as boas características dele, Eulália diferente da mãe era extremamente confiante e decidida - D Benedita fica puta quando o cônego conta e então ela fala que não vai esperar a resposta da carta e que filha vai casar sim - D Benedita vai jantar com a Maria dos Anjos, só que ela estava com os modos frios e secos, por causa da inconstância e também porque ela estava com dor de cabeça - Eulália quando vai dormir tira um retrato da gaveta de um oficial da marinha, o qual já havia beijado 3x - D Benedita cogita ver o marido e a filha diz ok, Benedita desiste da viagem de novo - Frase dita por Eulália várias vezes: Isto acaba - D Benedita vista Maria dos Anjos para avisar que vai viajar e se despedir, mas ela já sabia pelo cônego CAPÍTULO IV - A viagem não aconteceu por motivo supersticioso, Benedita não quis pegar o paquete de sexta feira a noite porque achou que o dia era mau, iam pegar o próximo, mas não pegaram, de novo a inconstância dela - Eulália faz amizade com nova família, era a de D Petronilha, esposa do Conselheiro Beltrão, e de uma irmã dela, D. Maricota, que ia casar com um oficial da marinha, irmão de outro oficial que era o da foto de Eulália - Benedita convida Mascarenhas para jantar e ele pede Eulália em casamento, ele era um galhardo rapaz, forte, elegante e simpático, Benedita já esqueceu MAria dos Anjos e Leandrinho - Mascarenhas é um noivo que não incomoda só jantava com elas nos domingo e diz que o casamento será marcado 24h depois da resposta do desembargador - D Benedita mostra seu lado superficial - O Desembargador responde favorável ao casamento e diz que sente não poder ir porque está adoentado, mas que abençoava os filhos de longe, e pedia um retrato do genro - O cônego Roxo faz o casamento, convidam D Mariados Anjos e Leandrinho mas ele não confirmam presença - 15 dias depois do casamento o desembargador morre, D Benedita sofre bastante, após a missa de sétimo dia fala com a filha e o genro que quer ir ao Pará, erigir um túmulo ao marido, e beijar a terra em que ele repousava - Mascarenhas diz que só irá depois de um mês e pede para ela esperar, ela esperou e nunca foi, mas o túmulo foi feito - D Benedita foi construir uma casa e Mascarenhas pediu para terminar ela deixou mas fala sobre como ele era insuportável com sua excessiva disciplina, já que ela era inconstante não gostava disso nele - Governo manda Mascarenhas para o Sul e Eulália fica com a mãe, já que está grávida - Por esse tempo D Benedita passa a ser cortejada por um viúvo, um ano depois da morte do marido - Ela não se casa (inconstante), genro volta do Sul, filha tem o filho, que foi a paixão da avó durante os primeiros meses. Depois a filha com o marido e o neto vão para o norte e ela fica sozinha e triste - Aparece um advogado viúvo para ela se casar mas fica se perguntando se casa ou não (inconstância) - Enquanto ela pensava nisso olhava pela janela da sua casa em Botafogo, para a qual havia se mudado a alguns meses, foi quando viu um espetáculo. Primeiramente uma claridade opaca, espécie de luz coada por um vidro fosco, vestia o espaço da enseada, fronteiro à janela. A figura veio até o peitoril da janela de D Benedita; e de um gesto sonolento, com uma voz de criança, disse-lhe estas palavras sem sentido: “Casa … não casarás … se casas … casarás … não casarás … e casas … casando … “ - Depois respondeu que era a fada que presidira ao nascimento de D Benedita. meu nome é Veleidade, concluiu; e, como um suspiro, dispersou-se na noite e no silência - Presença do fantástico nos contos de Machado 6. O SEGREDO DO BONZO - CAPÍTULO INÉDITO DE FERNÃO MENDES PINTO - Narrado em 1ª pessoa, na forma de um relato de viagem, por Fernão Mendes Pinto (pessoa real, foi um explorador português do séc XVI) - Local: Reino de Bongo (Ásia), 1552 - Tema: ● oratória x ciência ● aparência x essência ● verdade x crença - Personagens ● Fernão Mendes Pinto: desbravador, aventureiro Português do século XVI ● Diogo meirelles: tradutor e companheiro ● Discípulo do bonzo: Patimau e Languru ● Titané: homem local ● Bonzo Pomada: 108 anos, homem sábio, que criou uma nova doutrina, Pomada significa superficialidade “por cima” - Relato de experiências vividas por ele, Fernão, na cidade Fuchéu, capital do reino de Bungo, com o Padre-mestre Francisco ● Vai falar sobre uma doutrina que ele acha que deve ser divulgada a todas as repúblicas da cristandade ● Ele tá andando com Diogo Meireles em 1552 e encontra um ajuntamento de uns 100 homens embasbacados ouvindo um orador. Meireles entendia a língua da terra e traduzia para o Fernão o que o orador falava: contava sobre a origem dos grilos, os quais procediam do ar das folhas de coqueiro, na conjunção da lua nova. Essa conclusão era o resultado de vários anos de estudos, já que esse orador era um matemático, físico e filósofo. As pessoas que ouvem ele começam a gritar Patimau, viva Patimau, que descobriu a origem dos grilos. ● Continuam a andar e encontram outro orador, o Languru, este descobriu o princípio da vida futura, quando a terra houvesse de ser inteiramente destruída, e era nada menos que uma certa gota de sangue de vaca; daí provinha a excelência da vaca para habitação das almas humanas, e o ardor com que esse distinto animal era procurado por muitos homens à hora de morrer. Fala que é o resultado de muitas experiências repetidas ● Então os dois vão até a casa do Titané que é um alparqueiro (vende sandálias) os dois contam para ele o que viram e o Titané diz que que eles estão cumprindo uma nova doutrina inventada por um bonzo de muito saber que morava em uma das casas do Monte Coral ● Titané leva os dois na casa do bonzo, mas como ele só confia nos que querem se filiar a ele, eles simulam que querem praticar também e vão lá ● Chegam na casa do Bonzo Pomada, um ancião de 108 anos, muito lido e sabido nas letras divinas e humanas. Ele começa a iniciar eles na doutrina com várias cerimônias e bugiarias. Diz que a virtude e o saber têm duas existências paralelas, uma no sujeito que as possui, outra no espírito dos que o ouvem ou contemplam. Ou seja, precisa ter espectador, não pode ser solitário. Diz que o que deu a ideia da doutrina foi a pedra da lua, já que é tão luminosa que dá claridade a uma campina inteira, ou seja se uma coisa pode existir na opinião sem existir na realidade, a única existência necessária é a da opinião. Então conta que Languru e Patimau não falam verdades, mas que foram tão astutos, que souberam meter essa ideia na cabeça da multidão e que por causa disso desfrutam a nomeada de grandes físicos e maiores filósofos, e têm consigo pessoas capazes de dar a vida por eles. Mostra a ideia de que pode-se atingir o sucesso sem grande trabalho. Bonzo incentivou eles a praticar a doutrina ● Os dois se organizam para começar a praticar e Titané já diz que quer conseguir vender suas alparcas em cima da ideia. Eles colocam nas folhas (espécie de jornalzinho) que as alparcas do Titané estavam famosas na costa de Malabar e na China, que eram chamadas as primeiras do mundo e que inclusive havia ganhado o título honorífico de alparca do Estado. Quando leem a notícia ele começa a receber muitos pedidos de alparcas. ● Fernão pega uma charamela, instrumento de sopro e pede para as principais pessoas de Fuchéu ouvirem ele tocar e saíram dizendo que nunca antes haviam ouvido algo tão extraordinário, foi considerado um músico brilhante. ● Fernão diz que a ideia mais elaborada foi a de Diogo Meireles, ele diz que havia na cidade uma doença que fazia inchar o nariz e que ela tomava parte da cara do paciente e que fica muito pesado, então ele diz que é necessário extrair os narizes mas ninguém quer tirar. Diogo Meireles, que desde algum tempo praticava medicina, estudou a moléstia e reconheceu que não havia perigo em desnarigar os doentes, antes era vantajoso para lhes levar o mal, sem trazer fealdade, pois tanto valia um nariz disforme e pesado como nenhum. Mesmo assim ele não consegue convencer ninguém, então ele reúne muitas pessoas reconhecidas e diz que vai substituir o nariz cortado por um de natureza metafísica, isto é, inacessível aos sentidos humanos, e contudo tão verdadeiro ou ainda mais do que o cortado. Alguns filósofos juram ao povo que o efeito é o mesmo. Quando as pessoas cortavam o nariz ele estendia delicadamente os dedos a uma caixa onde fingia ter os narizes metafísicos substitutos e aplicava no lugar vazio. Nenhuma outra prova quero da eficácia da doutrina e do fruto dessa experiência senão o fato de que todos os desnarigados de Diogo Meireles continuaram a prover-se dos mesmo lenços de assoar. O que tudo deixo relatado para glória do bonzo e benefício do mundo Nota de Machado de Assis - Diz que a imitação foi feita com o fim de provar forças - Para dar realidade precisou botar a história muito no passado - Para tornar ela sincera atribuiu ao viajante e escritor de tantas maravilhas Fernão - A frase “Atrás deixei narrado o que se passou nesta cidade Fuchéu” forma escritas com o fim de supor o capítulo intercalado nas Peregrinações (diário de viagens), entre os capítulos CCXIII e CCXIV - O bonzo se chama Pomada (referência ao nome local do charlatão) e os sectários, pomadistas (charlatanismo). 7. O ANEL DE POLÍCRATES - Diálogo entre os personagens A e Z - A conta a trajetória de decadência e falência de xavier, o qual esvaiu a fortuna metendo-se em vários empreendimentos de forma imprudente - Tema: oportunismo e ingratidão - Última ideia de Xavier, já falido é a de repassar a ideia da frase do cavalo esperando que um dia ele tenha os créditos. - Estão falando sobre o Xavier ● A diz que Xavier é rico e Z fica espantado ● A diz que ele perdeu tudo ● Z diz que ele tá enganado, diz que deve ser outro, que esse que passa nunca teve mais de 200 mil réis mensais, époupado, sóbrio, diz que nem namorada ele tem ● A (conhece ele desde que ele estreou na rua do Ouvidor, em pleno Marquês de Paraná) tá falando do Xavier interior enquanto o Z (conhece ele a uns 15 anos) está falando do exterior ● A diz que quem conversa com ele sente vertigem de tanta cachoeira de ideias e imagens que ele tem. B pergunta se ele era doido e o A responde que era apenas originalão ● A diz que Xavier gosta da sociedade mas não dos sócios, usando para isso a metáfora da cuia d’água (sócio) e a banheira (sociedade). Não posso lavar-me em cuias d’água só em banheiras ● Um amigo do Xavier gostou desse apólogo e botou em um texto de teatro que o Xavier foi ver, ele aplaudiu mas esqueceu que quem tinha criado era ele, ou seja explica a miséria dele, de acordo com o A, ele inventava as coisas, cheio de ideias, mas não tinha nunca o merecimento delas, então o Z concorda ● A explica que o Xavier espalhava ideias por aí e vários usufruiam delas, mas ele diz que, agora, ele perdeu a capacidade de criar elas ● A e Z começam a caminhar enquanto o A conta histórias do Xavier que de acordo com ele foi o próprio Xavier que contou pro A. ● Xavier diz que estava com o cérebro gasto, ele estava na janela triste e passou um homem a cavalo quase caindo -porque o cavalo estava fora de controle-, mas aí o cavaleiro conseguiu tomar o cavalo. O Xavier então pensou que ele conseguiu não por ser corajoso, mas porque não quis cair diante de gente. Ele compara a vida a um cavalo xucro ou manhoso: “Quem não for cavaleiro, que o pareça”. Ele começou a repetir muito essa frase e de noite sonhou estar montado em um cavalo que o levou a um brejo e então Xavier disse que se lembrou do ANEL DE POLÍCRATES ● Z não conhece a história do anel de polícrates, então o A conta: Polícrates governava a ilha de Samos. Era o rei mais feliz da terra; tão feliz que começou a recear alguma viravolta da Fortuna, e, por aplacá-la antecipadamente, determinou fazer um grande sacrifício: deitar ao mar o anel precioso que, segundo alguns, lhe servia de sinete. Assim fez; mas a Fortuna andava tão apostada em cumulá-lo de obséquios, que o anel foi engolido por um peixe, o peixe pescado e mandado para a cozinha do rei, que assim voltou à posse do anel. Ou seja, nada tira a sorte dele. O mito de polícrates é contado com detalhes, com referência a Mero, Plínio e a Péricles. ● A diz pro Z o plano de Xavier que é lançar as ideias dele e esperar para ver se ela vai voltar ao poder dele, como o anel de Polícrates, ou será que ele vai ser azarado a ponto de nunca mais voltar a ele. ● Xavier conta pro A que disse uma frase na conversa com um amigo e umas semanas depois em um almoço ouve ela em outra mesa, então diz “meu pobre anel, eis-te enfim no peixe de Polícrates”, ou seja, tá no peixe, ainda não voltou para ele. ● Xavier conta pro A que foi em um baile e alguém compara o barão a frase do cavalo e ele pensa a mesma coisa da janta, o anel já está no peixe mas ainda não voltou a ele ● Depois disso o A diz que vai contar mais 3 histórias do Xavier ● 1ª O Xavier abre o jornal e tem uma referência ao ministério com a frase do cavalo ● 2ª O Xavier foi a um teatro e um dos atores repete a frase do cavalo ● 3ª O último foi o primeiro, depois dele ter contado a ideia pela primeira vez para o amigo esse amigo caiu doente uma semana depois e morreu dizendo sua última frase com referência ao cavalo ● Então termina mostrando que enquanto o Polícrates tem a sorte do anel voltar a ele o Xavier não tem, ele tem caiporismo, azar, nunca a máxima volta para ele, volta para as outras pessoas, mas não para ele. Nota do Machado - Diz que se baseia no amigo Artur de Oliveira para escrever esse conto - Diz que antes de morrer esse amigo estava lendo um de seus livros, o das memórias póstumas de brás cubas e dizia que agora entendia melhor algumas passagens. - “O público, em geral, nada tem com um homem que passou pela terra sem o convidar para coisa nenhuma” 8. O EMPRÉSTIMO - 1ª pessoa, o narrador afirma contar uma anedota, história verdadeira, mas ampliada pelo vulgo - A anedota é contada em 3ª pessoa - Tema: a mania de riqueza - Personagens: ● Tabelião Vaz Nunes: homem perspicaz, viúvo e sem filhos ● Custódio: homem que gostava da vida boa - Narrador diz que vai narrar um caso de empréstimo que ele conseguiu decifrar ● Mostra o tabelião Vaz Nunes que tá no cartório, tá na rua do Rosário, todo mundo já foi embora e ele está só. “Era muito honesto, está morto, então podemos elogiar à vontade”. Ele era muito esperto e conseguia adivinhar o caráter das pessoas que buscavam fazer os testamentos. Um cara com 50 anos, viúvo, sem filho ● Conta um relato de quando está vivo: chega um homem que ele não conhecia, o homo diz que estiveram juntos na Tijuca, se apresenta como Custódio (roupa mais pobre, ar de pedinte, nasceu com a vocação da riqueza, mas não do trabalho, quando ia se meter em um negócio, sempre escolhia o que não dava certo), ele diz que não se lembra dele. ● Custódio leu um anúncio de alguém que queria um sócio e precisava de 5 contos de réis para entrar, era uma fábrica de agulhas com imenso futuro. Então ele pede o dinheiro para os amigos que dizem não ter ou não apoiam a ideia. Vai pedir dinheiro para o Vaz Nunes que diz não ter, se fosse um valor menor poderia ajudar. Custódio então percebe que pode pedir uma quantia menor que Vaz daria, ele pede então 500 mil réis, Vaz diz que não tem mas que pode conseguir um emprego para ele, mas Custódio não quer trabalhar. ● Ele pede se não pode lhe dar nem 10 mil réis, o tabelião desabotoou o paletó, tirou a carteira, abriu-a, e mostrou duas notas de cinco mil réis, então repartem cada um fica com uma nota de cinco, Custódio aceita e diz “Era o jantar certo”, agradece e sai ● Ele sai feliz por ter conseguido ganhar algo com o seu pedido, sem trabalhar 9. A SERENÍSSIMA REPÚBLICA - CONFERÊNCIA DO CÔNEGO VARGAS - Machado vai falar sobre as alternativas eleitorais, vai fazer isso de forma alegórica, já que vai fazer representar elas de maneira corrupta - No título ele recupera a ideia da Sereníssima República de Veneza, como era chamado nos séculos passados a Veneza - Alegoria da república, o problema não é a forma de governo, é o ser-humano - Gênero: Conferência - Enredo: o narrador em 1876, descobriu em sua casa de campo algumas aranhas, notando que elas utilizavam um idioma para se comunicarem. Devido ao crescimento do número de aranhas, resolveu organizá-las em uma república (“Sereníssima República”). Fraude nas eleições - 1ª pessoa narrado por Cônego Vargas que está em um cenário acadêmico ● Cônego diz que fez uma descoberta e que não é recente, data do fim do ano de 1876, conta que o Globo noticiou um inglês que descobriu a linguagem fônica dos insetos, e cita o estudo feito com as moscas, escreveu para a Europa e espera respostas, ele quer dizer que a descoberta dele veio antes ● Ele não quer ficar para trás e deixar o inglês ficar com a glória da descoberta se ele fez isso antes ● Ele planejou uma organização social para as aranhas (cita que Aristóteles disse que não poderia se realizar um regime social para animais). Elogia as aranhas enquanto os outros animais são uns vadios, fala como o Plínio e o Darwin mostraram os talentos delas. ● Ele diz que apareceu uma espécie de aranha em dezembro e conta sobre serem, vastas, coloridas, de dorso rubro, listras azuis, transversais, rápidas e às vezes alegres, no dia seguinte vieram mais algumas e tomaram o canto da chácara dele, então começou a estudá-las ● Ele descobre uma língua (araneida) dessas aranhas, ela é rica e variada, com estrutura sintática, verbos, conjugações, declinações e bla bla bla e que ele tá gramaticando a língua para uso das academias. ● Fala que ele quer que o mundo reconheça que a descoberta veio do Brasil, a obra dele ● Ele começa a usar a língua delas e elas passam a acreditar que ele era o deus das aranhas, e desde então adoraram-o. Ele começa a fazer anotações das aranhas e elas acham que ele estáanotando os pecados delas, então começam a fortalecer a prática da virtude ● Ele decide implementar um sistema de governo idôneo para elas, ele explica os tipos de governo para elas, ele decidiu restaurar uma forma de governo abandonada porque achou que nenhum usado no momento era bom. Quando esse conto foi publicado o Brasil ainda era Império ● Decide pela República e o modo eleitoral do saco e bolas, o filho da nobreza sorteado naquele ano estaria apto a exercer as carreiras públicas. As aranhas aceitaram a proposta. ● Fala da perseverança e da paciência de Penélope (referência a mitologia) dessas aranhas. ● As aranhas que teceram o saco são chamadas de as 10 damas, mães da república e já ganharam privilégios por isso ● Mas logo aparece a corrupção encontram duas bolas com o nome do mesmo candidato, tem gente manipulando. Diminuem o saco para diminuir a chance de fraude, mas aí na segunda vez deixam de por o nome de um candidato, esse oficial acaba não punido, consideram que foi um descuido. Aumentaram o saco de novo ● Um magistrado morre e aparecem 3 candidatos para o cargo, 2 importantes Hazeroth (chefe do partido retilíneo- aranhas devem ser feitas retas) e Magog (chefe do partido curvilíneo- teias devem ser feitas curvas). Há ainda um terceiro partido, misto e central, as teias poderiam ser retas e curvas, e um partido anti-reto-curvilíneo quer teias urdidas de ar, obra transparente e leve ● Linha reta acha que o reto é que exprime bons sentimento e que os curvos são ruins e inferiores, enquanto os curvos pensam o contrário. o Terceiro combina os contrastes, diz que é a cópia do mundo físico e moral, já o quarto limita-se a negar tudo ● Nem Hazeroth (faltava a primeira letra do nome na bola) nem Magog (falta a última letra do nome na bola) foram eleitos. Não concordam com a aranha que vence, rica e ambiciosa, queriam uma devassa, o que mostrou que o oficial havia intencionalmente viciado a ortografia dos nomes, confessa o delito e a intenção, mas diz que se tratava de uma simples elipse, que se isso fosse um delito, seria apenas literário. ● Decretaram que o saco seria feito de malha e que as bolas poderiam ser lidas pelo público, de novo a ideia de que o problema não está no fraudador, mas no saco. Na outra retirada de bolas então o oficial ficou olhando pro cúmplice que só parou de abanar negativamente quando a bola pega era a sua, ou seja, de novo a culpa era do saco. Restauraram o tecido espesso ● Nova eleição era entre Nebraska e Caneca, Nebraska venceu mas tinha um erro ortográfico no nome, então caneca chama um grande filólogo para provar que o nome ali era o dele, se tá escrito Nebrask, olha pra última sílaba K e volta pra primeira Ne, fica Kne de Caneca. Por causa disso Caneca vence ● Mudam o saco de novo para a forma triangular e depois para ampulheta e ficam trocando o tempo todo ● Erasmus, uma das pessoas mais bem quistas da república, conta às 10 damas a fábula de Penélope, à espera do esposo Ulisses. Diz que elas são as Penélopes porque tem paciência e talento para refazer o saco, até que Ulisses, cansado de dar às pernas, venha tomar entre nós o lugar que lhe cabe, ele é a sapiência Nota de Machado de Assis - Este escrito, publicado primeiro na Gazeta de Notícias, como outras do livro, é o único em que há um sentido restrito: - as nossas alternativas eleitorais. Creio que terão entendido isso mesmo, através da forma alegórica 10. O ESPELHO - ESBOÇO DE UMA NOVA TEORIA DA ALMA HUMANA - Narrado em 3ª pessoa no início e em 1ª pessoa a parte de Jacobina - Tema: aparência x Essência ● 4 ou 5 cavalheiros debatendo questões de alta transcendência (produtos metafísicos) em uma casinha no morro santa tereza onde estavam a luz de velas ● 4 discutindo e um meio de lado calado (Jacobina- nunca discute pois acha que a discussão é a forma polida do instinto batalhador, que jaz no homem, como uma herança bestial) ● Chega uma hora da noite que o Jacobina pega a palavra para ele, onde vai falar sem interrupções por uns 30 ou 40 minutos sobre a natureza da alma, conta um fato da família dele ● Diz que cada humano traz 2 almas, uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro. A exterior (pode ser um espírito, um fluido, um homem, muitos homens, um objeto, uma operação) seu ofício é de transmitir a vida, como a primeira. Juntas completam o homem (metafisicamente falando uma laranja, cada uma é uma metade dela) ● Cita como exemplo o Chiloque (mercador de Veneza, agiota, do Shakespeare): às vezes as pessoas são mais conhecidas por algum objeto ou coisa exterior e não pelo que realmente são, a sua essência. ● Conta que a alma exterior pode mudar de acordo com a vida da pessoa ● Começa a contar um episódio da vida dele: Quando tinha 25 anos foi nomeado alferes da Guarda Nacional, os amigos se reúnem e dão o uniforme de alferes para o amigo. ● Uma tia dele, D Marcolina, viúva do Capitão Peçanha, morava num sítio longe da vila e chama ele para ir visitá-la e é para levar a farda, a tia só babava o ovo chamando de alferes ● A tia comprou um espelho para botar no quarto dele que antes estava na sala, ele veio em 1808 com a corte de D João VI, ele já tava meio velho mas dava para ver que era luxuoso ● Então ele diz que o alferes eliminou o homem, no início as duas naturezas estavam equilibradas, mas logo a alma exterior mudou de natureza, antes era sol, ar, campo, olhos das moças, agora era cortesia, tudo que falavam do posto. Com isso ele só virou alferes, era a única coisa que valia ● A tia precisou ir embora ver uma família que estava mal e deixou ele lá sozinho com os escravos, então as pessoas param de ficar babando ele e a alma exterior foi diminuindo. ● Os escravos fogem e ele fica lá sozinho, até os cachorros foram levados pelos escravos. Diz que ficou triste pelos danos causados a tia, não sabia se tinha que ficar lá, tomando conta da casa ou ir atrás dela para contar. Conta que começou a sentir a solidão, com o sono, eliminando a necessidade da alma exterior, ficava só a interior e, ele se sentia melhor do que quando estava acordado. ● Desde que tinha ficado só não tinha se olhado no espelho, no fim dos 8 dias quis se olhar no espelho sem a roupa de alferes, ele não vê a imagem nítida, era como se fosse um borrão, então decide por a farda e depois disso a figura aparece nítida no espelho, porque só a alma exterior continuava existindo. ● Após isso, todos os dias passou a vestir a farda por um tempo do dia para se sentir melhor e isso fez com que ele aguentasse mais 6 dias de solidão. ● Quando ele termina de contar a história ele sai, quando os outros voltaram a si, o narrador tinha descido as escadas 11. UMA VISITA DE ALCEBÍADES - Narrado em 1ª pessoa - Carta: do desembargador X ao chefe de polícia da corte - Conta o assombro que ele teve ao ter presenciado a visita de Alcebíades - Tema: a dificuldade de alguns indivíduos se ajustarem as convenções da sociedade - Corte RJ, 20 setembro de 1875 ● Após jantar foi ler um livro de Plutarco, conta que quando ele lê alguma coisa ele se imagina na cena, estava em uma via romana, ele para então na vida de Alcebíades ● Então chega um moleque e ele perde linha da imaginação, se pergunta o que os antigos achariam das roupas atuais. Conta que é espírita a alguns meses ( PRIMEIRO PERSONAGEM ESPÍRITA DA LITERATURA) ● Ele diz que o espiritismo vai resolver vários problemas da história porque vai se poder chamar o espírito que fez e tirar a dúvida ● Decide chamar Alcebíades e ele surge, em carne e osso, trajado a antiga, até esfregou os olhos para ver se era real ● Alcebíades (fala grego) pergunta porque ele chamou e o que deseja, antes disso conta que os espíritos se agrupam de acordo com costume e profissão e não por nacionalidade, por causa disso pede notícias atuais de Atenas, o desembargador conta do parlamento helênico e mais umas coisas ● Alcebíades era esperto, malandro, gamenho, conta que olhava de soslaio para o espelho se vendo e se exibindo ● Desembargador quer fugir dali então dizque vai ir a um baile, Alcebíades pergunta o que é isso e ele explica, mostra como o paganismo ficou para trás com a chegada da ciência ● Alcebíades diz que vai ao baile junto, desembargador fala que não acha boa ideia por causa da roupa dele, Alcebíades troca de roupa para ir junto ● Alcebíades ficou espantado com as calças brancas do comendador, perguntou o que era e ele explicou, então para ir ao baile trocou por uma preta o que o deixou ainda mais espantado por ter escolhido uma cor tão feia, o desembargador explica que é uma cor séria ● Quando foi botar a gravata o Alcebíades achou que ele iria se enforcar então interceptou, mas aí o desembargador explicou para o que servia e seguiram ● Perguntou o que faltava e ele disse que ainda tinha que botar o chapéu, foi até o cabide pegar e quando o Alcebíades olhou para ele cambaleou e caiu (morreu pela segunda vez). Não conseguiu suportar a perda dos costumes, decadência da cultura grega e a ascensão do contemporâneo ● Termina com: Rogo a V. Exa. se digne de expedir suas respeitáveis ordens para que o cadáver seja transportado ao necrotério, e se proceda ao corpo de delito, relevando de não ir pessoalmente à casa de V. Exa. agora mesmo (22h) em atenção ao profundo abalo por que acabo de passar, o que aliás farei amanhã de manhã, antes das oito - Apresenta reflexão crítica dos costumes e seu modo estético - Elemento fantástico do defunto que é morto pela segunda vez Nota de Machado - Este escrito teve um primeiro texto, que reformei totalmente mais tarde, não aproveitando mais do que a ideia. O primeiro foi dado com um pseudônimo e passou despercebido 12. VERBA TESTAMENTÁRIA - Narrado em 3ª pessoa - Personagens: Nicolau B. C. - Tema: a inveja ● Começa com a transcrição de uma cláusula do testamento de Nicolau B. de C. (morre ao 68 anos), contando que a última vontade do narrador é o de ser enterrado em um caixão feito pelo Joaquim Soares, à Rua da Alfândega (faz vários elogios ao Joaquim, inclusive não cobrou para fazer só queria uma cópia do testamento por ele ter elogiado muito o Joaquim) ● O personagem tinha uma patologia (1855), machado se aproxima do leitor ao escrever o conto ● Desde criança Nicolau tinha uma falha orgânica, quando vê outros meninos brincando destrói os brinquedos mas só de meninos maiores que ele, sofre de complexo de inferioridade. ● Não é culpa do pai porque o pai repreende a maldade do filho, conseguiu o título de capitão por ter realizado uma doação, o adversário do pai também consegue o título e ainda consegue um para o próprio filho para se sentir na frente ● O Nicolau vai ver essa cena e rasga a farda de alferes do filho do adversário, o pai repreende. Os meninos da vizinhança só saem com roupas simples porque sair com roupa mais bonita Nicolau destrói tudo ● Pai do Nicolau resolve prender ele em casa una 4 meses, quando soltou voltou tudo. Na escola começou a agredir quem era mais inteligente e mais avançado que ele e o professor repreende com a palmatória. A família não entende pelo que ele passa ● O pai e a mãe morrem e a irmã se casa e Nicolau fica sozinho. Quando enxerga alguém superior a ele morde os beiços até sangrar de raiva, se torna muito ríspido, bate nos escravos e nos cachorros. Quando dormia aliviava e tratava bem os escravos ● Machado mostra a crítica da elite que descontava seus problemas nos mais fracos como os escravos e os animais ● O cunhado é o único que vê o sofrimento do Nicolau como se fosse uma verdadeira doença, acha que se ele conseguir um emprego e mudar de conduta, vai se restabelecer. Ele tinha aceitado a ideia da diplomacia mas quando vivencia que estará rodeado de pessoas as quais precisa reverenciar, muda de ideia ● Nicolau diz que vai ficar com a irmã e seu amigos (mas só amigos feios e vulgares). Passa a ter uma vida mais tranquila ● Quando o Brasil se torna independente ele entra para a política (1823), mas ele não suporta debate, sabia conter-se e pôr a ideia da pátria acima do alívio próprio. ● A irmã diz para ele casar, ideia do cunhado, acha que isso pode curar ele, se ele sempre se sentir superior a todos. Casa ele com uma mulher bonita, afasta do povoado e leva com ele só os amigos mais da ralé e os melhores objetos. O cunhado manda fazer um jornal mentiroso que vai apresentar notícias sempre boas do Nicolau para manter o ego dele no alto. Nos primeiro 3 meses deu muito certo. Depois começa a ficar irritado quando elogiam demais a mulher dele (ela morre em algum momento) ● O tempo passou, a cura foi interrompida porque Nicolau foi ao RJ, viver entre os revolucionários de 1831. Com a maioridade a vida pública dele terminou. ● “Era tão melindroso o estado dos seus órgãos auditivos, que o ruído dos aplausos causava-lhe dores atrozes” ● Começou a viver todo desajeitado. O cunhado deu a ideia de ele começar a fazer jantares toda semana para aliviar a cabeça. Começou a fazer mas elogiavam muito o cozinheiro dele e ele acaba despedindo o cozinheiro. ● No final o narrador mostra o diagnóstico do cunhado de forma irônica (baço, representa a tristeza e a depressão) ● Ele morre, e aparece a frustração do cunhado quando descobre que ele pede o caixão do cara que é um bostinha, a irmã diz que a palavra dele vai se cumprir ● Ele pede o caixão desse cara para evitar elogios ao caixão quando ele morrer porque isso poderia incomodar ele até depois de morto ● É uma crítica ao cientificismo do século XIX que justificava a violência ao escravos.
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