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PARECER JURIDICO NPJ 2020 2

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PARECER JURÍDICO – PENAL – EP1 2020.2 – NPJ
CAMPUS - ILHA
PROFESSORA: Gabriela Cassab
ALUNA: Silvia Elizabeth Rouvier Burian Giestas
MATRÍCULA: 201703310021
PARECER JURÍDICO Nº XXX
REQUERENTE: FRANCISCO MELO DA SILVA 
EMENTA: DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL. FURTO. DESCLASSIFICAÇÃO DE FURTO PARA RECEPTAÇÃO. DIREITO AO CONTRADITÓRIO. AUTORIA E MATERIALIDADE INSUFICIENTES. ÔNUS DA PROVA. RÉU PRIMÁRIO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA. 
RELATÓRIO: O requerente Francisco Melo da Silva é suspeito de furtar frascos de shampoo, condicionador e sabonete líquido de uma farmácia na região, ao todo, a polícia diz ter encontrado quatro frascos de shampoo, quatro de condicionador e um de sabonete líquido com Francisco Melo da Silva. O suspeito, entretanto, nega que tenha furtado os itens, admite que adquiriu os objetos no valor de R$70,00 sabendo que eles haviam sido furtados por uma terceira pessoa, mas não conhece o autor do furto. 
A prisão em flagrante foi lavrada pelo delegado (Art. 155 – fiança no valor de R$400,00) baseado nas informações do funcionário do estabelecimento, este alega que antes de pedir apoio policial, saiu em perseguição a Francisco após o furto dos objetos, cumulado ao fato de que o suspeito teria sido encontrado na posse dos objetos do furto. 
Após a prisão de Silva, ele teria ainda sido reconhecido como autor de ao menos outros dois furtos. De acordo com a proprietária de outra drogaria, o homem havia entrado em seu estabelecimento no mesmo dia pela manhã e furtado 16 itens entre medicamentos e produtos de higiene pessoal. Um empresário também acusou o suspeito de dias atrás ter entrado em seu comércio e furtado cinco quilos de chumbo. Tais acusações são negadas por Francisco, é importante destacar que apesar das acusações feitas por outros dois empresários, não foram localizados nenhum dos objetos citados. 
Por essa razão, questiona-se se assiste razão a acusação com os fatos apurados
FUNDAMENTAÇÃO: Preliminarmente se faz necessário a correta tipificação da conduta praticada, isto é, a desclassificação de furto para receptação, visto que o delegado lavrou o flagrante sob o Art. 155 do CP, sendo este o crime de furto, quando a conduta ilícita se evidencia para o Art. 180 do CP (crime de receptação). É imprescindível correta capitulação do crime, possibilitando a ampla defesa e o contraditório permitindo que o Réu se defenda dos fatos verdadeiramente ocorridos
Vale ressaltar que a prisão, antes da condenação definitiva, pode ser decretada segundo o prudente arbítrio do magistrado, quando evidenciada a materialidade delitiva e desde que presentes indícios suficientes de autoria. Mas ela deve guardar relação direta com fatos concretos que a justifiquem, sob pena de se mostrar ilegal. 
Quanto ao ônus de provar os fatos ali narrados, deve-se atentar que das provas carreadas aos autos, principalmente diante dos depoimentos das testemunhas que acusam, extraem-se poucos elementos que venha a sustentar a tese da acusação e o decreto condenatório do crime de furto. 
Não há, com certeza, nenhuma prova cabal que possa reafirmar a assertiva de que o suspeito efetivamente participado da subtração dos itens já relatados, ocorre que Francisco diante do contexto fático, a conduta revela outro tipo penal praticado, também contra o patrimônio, trata-se, pois, da figura típica de receptação, prevista no Art. 180, caput, do Código Penal. 
Mister salientar que o réu é primário, portanto ilumina-se o que dispõe o artigo 180 § 5, 2ª parte, faz menção ao texto previsto no artigo 155 § 2, que diz: “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.” 
Além disso, conforme prevê o Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente: d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.”
Em relação ao princípio da insignificância, como bem sintetiza BITENCOURT, “o caráter fragmentário do Direito Penal significa que o Direito Penal não deve sancionar todas as condutas lesivas a bens jurídicos, mas tão somente aquelas condutas mais graves e mais perigosas praticadas contra bens mais relevantes”. É, ainda, um corolário do princípio da intervenção mínima e da reserva legal, como aponta o autor. A filtragem ou controle processual do caráter fragmentário encontra sua justificativa e necessidade na inegável banalização do Direito Penal. Quando se fala em justa causa, está se tratando de exigir uma causa de natureza penal que possa justificar o imenso custo do processo e as diversas penas processuais que ele contém. Inclusive, se devidamente considerado, o princípio da proporcionalidade visto como proibição de excesso de intervenção pode ser visto como a base constitucional da justa causa. Deve existir, no momento em que o juiz decide se recebe ou rejeita a denúncia ou queixa, uma clara proporcionalidade entre os elementos que justificam a intervenção penal e processual, de um lado, e o custo do processo penal, de outro.
HC 123108 
Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO 
Julgamento: 03/08/2015 
Publicação: 01/02/2016
1. A aplicação do princípio da insignificância envolve um juízo amplo (“conglobante”), que vai além da simples aferição do resultado material da conduta, abrangendo também a reincidência ou contumácia do agente, elementos que, embora não determinantes, devem ser considerados. 2. Por maioria, foram também acolhidas as seguintes teses: (i) a reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto; e (ii) na hipótese de o juiz da causa considerar penal ou socialmente indesejável a aplicação do princípio da insignificância por furto, em situações em que tal enquadramento seja cogitável, eventual sanção privativa de liberdade deverá ser fixada, como regra geral, em regime inicial aberto, paralisando-se a incidência do art. 33, § 2º, c, do CP no caso concreto, com base no princípio da proporcionalidade. 3. No caso concreto, a maioria entendeu por não aplicar o princípio da insignificância, reconhecendo, porém, a necessidade de abrandar o regime inicial de cumprimento da pena.
Tese 
I - A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto; II - Na hipótese de o juiz da causa considerar penal ou socialmente indesejável a aplicação do princípio da insignificância por furto, em situações em que tal enquadramento seja cogitável, eventual sanção privativa de liberdade deverá ser fixada, como regra geral, em regime inicial aberto, paralisando-se a incidência do art. 33, § 2º, c, do CP no caso concreto, com base no princípio da proporcionalidade. 
CONCLUSÃO: 
Diante do exposto, entende-se que a acusação violaria o direito ao contraditório e a ampla defesa do réu, cabendo ao denunciante o ônus da prova. Uma vez que o agente nega a acusação de furto, alegando a ocorrência de receptação. Devendo ser levado em consideração o princípio da presunção da inocência e da correlação, ao não observar a insuficiência de indícios para a tipificação do crime de furto, e ainda a incidência do princípio da insignificância e a atenuante de confissão espontânea. 
Restando como prova concreta apenas o fato de o material furtado ter sido encontrado em posse do agente, o que configura a imputação no delito da receptação simples, crime acessório. Não havendo que se falar em concurso material, uma vez que o agente nem ao menos conhecia o autor do furto. Devendo ocorrer a modificação do tipo penal apontado na denúncia, da acusação no delito de furto para receptação simples, uma vez que, os fatos contidos na denúncia, configuram definição jurídica diversa da atribuída inicialmente.
Levando em consideraçãoque o agente não apresenta antecedentes no tipo penal, ainda que ocorra a existência de outras denúncias em desfavor do denunciado, a reincidência pressupõe condenação anterior transitada em julgado no delito em questão. Atestando-se os bons antecedentes, a mínima ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e o valor irrisório do bem jurídico tutelado em questão. Configura-se a excludente de atipicidade, representada pela aplicação do princípio da insignificância, de acordo com o pensamento jurisprudencial mais atualizado. 
Considerando tais fundamentos, indo de acordo ao regramento Penal vigente, a doutrina e jurisprudência pacífica, motivo pelo qual este parecer mostra-se favorável ao solicitado pelo requerente.
Local e data
________________________________
ADVOGADO (OAB/UF)

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