Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA POLITÉCNICA – 1º PERÍODO COESÃO E PRODUÇÃO DE SENTIDO ATIVIDADE 1: Complete os espaços em branco com expressões referenciais apresentadas no quadro a seguir e garanta a coesão e a coerência nos textos. as situações em decorrência disso nesse processo diante dessas considerações a discussão em relação ao tema todos esses traços outras estratégias de interação uma discussão fundamental nesse contexto a escrita digital a reflexão nesse percurso histórico esse trabalho o processo a blogueira alguns recursos a padronização dessa escrita nessa perspectiva os estudiosos a atividade do leitor a situação os conceitos Trecho 1 Neste capítulo, faremos uma breve retrospectiva da história da escrita, evidenciando que o texto eletrônico dos dias atuais demanda estratégias de escrita/leitura diferentes daquelas exigidas para o texto em rolo, códice ou impresso. , objetivamos revisitar o passado, para melhor compreendermos o novo processo de escrita/leitura, que se constitui no presente, graças aos avanços da tecnologia computacional. Trecho 2 Em se tratando da interface da escrita impressa, a numeração de folhas, colunas e linhas; a visibilidade de divisões de páginas (uso de iniciais enfeitadas, rubricas e letras marginais); a instituição de uma relação analítica e não só espacial entre texto e glosas; a marcação pela diferença dos caracteres ou da cor das tintas da distinção entre o texto comentado e seus comentários, _______________ propiciaram uma melhor interação entre textos, imagens e gráficos constitutivos do texto e, principalmente, entre texto e leitor, conforme assinalação de Cavallo & Chartier (1998). Trecho 3 Na concepção de leitura que leva em consideração o modelo da escrita hipertextual, o leitor não segue as instruções de leitura, mas constrói seu próprio percurso na mobilidade do hipertexto, multiplicando as ocasiões de produção de sentido, enriquecendo, consideravelmente, a leitura. , o leitor precisa considerar, para a compreensão do texto constituído a partir das conexões realizadas, pressupostos textuais, contextuais e cognitivos (van Dijk, 1992), enfatizando, assim, a leitura enquanto atividade não de reconhecimento e de reprodução, mas, sim, de conhecimento e produção, enfim, de trabalho. realizado é revelador da subjetividade (entendida como a inscrição do sujeito naquilo que diz, naquilo que faz) do escritor/leitor (ou do leitor/escritor), já que o texto é resultado do trabalho de escolha de um percurso atualizado, dentre tantos possíveis, a partir de uma série de conexões feitas em detrimento de inúmeras outras (Elias, 1999). Trecho 4 No texto, há centro, começo e fim determinados pelo autor, e sua dinamicidade é constituída na perspectiva do leitor. O texto se torna um hipertexto para o leitor em termos das associações que este compuser, inclusive, de modo multissemiótico. Já no hipertexto, sem começo e fim previamente determinados pelo autor, é o leitor que constrói alternativas de leitura a partir das sugestões dadas pelo autor nos links. , podemos, então, nos perguntar: em que consiste a diferença entre texto e hipertexto, fugindo a uma visão dicotômica, já que o texto impresso contém um hipertexto reprimido na perspectiva do autor e ilimitado da perspectiva do leitor, e o hipertexto é constituído por inúmeros textos que contêm uns aos outros formando uma imensa rede? Trecho 5 Refletir sobre o hipertexto, como uma nova forma de escrita/leitura, implica levar em consideração o texto e a construção de seu sentido por seus sujeitos leitores/escritores em um novo espaço, que exige novas habilidades desses sujeitos transformados, no universo hipertextual, em viajantes, navegantes, construtores de caminhos e de sentidos, usando, para isso, ferramentas próprias ao meio. , a atividade do leitor se destaca, porque o texto, ao não se mostrar como um todo bem definido em termos de suas partes, exige daquele que se transforme, também, em escritor. Trecho 6 Em uma perspectiva interacional, tanto aquele que escreve como aquele para quem se escreve são vistos como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que – dialogicamente – se constroem e são construídos no texto, conforme nos afirma Koch (2002). O texto, por sua vez, é entendido como um evento comunicativo constituído por aspectos linguísticos, cognitivos, sociais e interacionais (Beaugrande, 1997) que, indissociadamente, contribuem para a construção do sentido do que é dito/escrito. , a escrita é uma atividade que demanda da parte de quem escreve (e também da parte de quem lê) a utilização de muitas estratégias, o que significa dizer que, nesse processo, muitos e variados conhecimentos são ativados para uma eficiente e eficaz interação entre escritor e leitor. Trecho 7 Partimos para uma abordagem mais demorada sobre a nova escrita: o hipertexto. O que é? Como e quando surgiu? Quais são suas características? Como se constitui? O que é ser escritor/leitor do hipertexto? , ancorada por estudiosos como Bolter (1991); Leão (1999) e Lévy (1999; 1996; 1993), centra-se na atualização dessa escrita por parte do leitor e, consequentemente, na constituição desse leitor em escritor. (...) Trecho 8 A WWW, vista como a última revolução tecnológica, despontou como um suporte para o ensino e a aprendizagem à distância, provocando novas discussões sobre o que é e como fazer EAD, uma vez que a escrita hipertextual constitutiva dessa rede pressupõe a leitura, bem como a construção do sentido e do conhecimento por associação de informações disponibilizadas em rede. , surgiu : o hipertexto pode suportar a aprendizagem adequadamente por meio de seu sistema de estruturas de acesso? Em outras palavras, propiciar o acesso a informação é suficiente para que ocorra a aprendizagem? para que se dê a construção do conhecimento? Trecho 9 Baseados em Belloni (1999), entendemos o processo de mediatização como o da concepção de metodologias de ensino e estratégias de utilização de materiais de ensino/aprendizagem que potencializem ao máximo as possibilidades de uma aprendizagem autônoma. Nesse sentido, inclui desde a criação de metodologias de ensino e estudo à distância centradas no aprendiz autônomo e a seleção e elaboração dos conteúdos, até a seleção dos meios mais adequados e a produção de materiais, passando pela criação e implementação de estratégias de utilização desses materiais e de acompanhamento do estudante, de modo a assegurar a interação do(s) aluno(s) com o professor e dos alunos entre si, bem como de professores e alunos com os demais integrantes do sistema de ensino. Trecho 10 Em face desse objetivo, , tais como o uso de cores na identificação de uma área ou de um caminho principal, o uso de indícios contextuais como, por exemplo, o formato padrão e o estilo de palavras base na indicação de links, bem como o uso de simplificados recursos mnemônicos ou de ícones, dentre outros, podem auxiliar a atividade de navegação e de leitura do(s) aluno(s) nesse mundo de informação. Trecho 11 Mas, se “o hipertexto é um texto”, o que é um texto? Anteriormente, reconhecemos a complexidade existente em torno da concepção de hipertexto. , porém, não muda em se tratando do texto, pois são muitas as maneiras de concebê-lo (Cf. Koch, 2004).Uma vez que entendemos o hipertexto como um texto, a questão — o que é texto? — se nos apresenta, pois, como inevitável. Trecho 12 KOCH (2002) e MARCUSCHI (1999; 2000) afirmam que o hipertexto tem propiciado a (re)discussão em torno da questão: o que é texto? Embasados em princípios da Lingüística Textual, postulam que texto é multinível, multilinear, e não contém toda a proposta de sentido por insuficiência de explicitude. Trecho 13 O texto impresso, “enclausurado” entre capa, contracapa, margens e linhas, tem a sua ramificação contida, exceto pelas notas de rodapé que, pelo espaço ocupado e modo de constituição, são periféricas em relação ao texto central. Entretanto, , encerrada entre capa e contracapa, na tentativa de um texto com começo e fim, não é impedimento para o leitor constituir a expansão do texto a partir de uma palavra, uma expressão, um parágrafo, uma nota, se considerarmos que um segmento textual, ao chamar a atenção do leitor, poderá levá-lo à procura de outro(s) texto(s), para a expansão do que havia destacado de acordo com seus interesses e objetivos de leitura/pesquisa. Trecho 14 O hipertexto, como uma escrita aberta, possibilita a cada leitor construir um percurso próprio de leitura. , entretanto, não se encerra nesse ponto. Esse é o ponto de partida para a sua constituição como leitor-escritor. Trecho 15 Essa escrita eletronicamente constituída também se aproxima da escrita em códice e em volume impresso, por fazer uso de dispositivos que situam o leitor em relação à organização do texto. Entretanto, , em particular o hipertexto, tem sua peculiaridade constituída pelos traços da não-linearidade, interatividade e virtualidade, que possibilitam, ao leitor, começar a ler de qualquer ponto e deste partir para outros pontos, porque o modo mesmo como a escrita é constituída lhe permite escolher o caminho que quiser percorrer em seu processo de leitura. Trecho 16 Para nos explicar a estrutura da atividade hipertextual, do ponto de vista do leitor, Jim ROSENBERG (2002) elaborou : actema, episódio e sessão. Trecho 17 O dizer do professor e o dizer do aluno constituem-se coerentemente, uma vez que o objetivo em vista é a discussão do conteúdo topicalizado (o texto dissertativo). progride por meio das perguntas e respostas do aluno e do professor, o que se verifica ao longo do texto 7. Trecho 18 A verificação da interação evidenciou estratégias de solicitação e de recomendação, no dizer do professor, e estratégias de atendimento à solicitação, avaliação e justificativa, no fazer do aluno, em prosseguimento à interação iniciada pelo professor. surgiram na realização de atividades em que foi proposta a interação entre os alunos e outros pessoas via rede: pergunta, resposta, pedido, recusa de um pedido, sugestão. Trecho 19 Se, por um lado, no texto 1, quem produziu o blog fez uso de marcas de primeira pessoa e se revelou explicitamente na escrita e, se, por outro lado, no texto 2, a produtora do blog usou a terceira pessoa e assim se escondeu por trás dessa estratégia, uma coisa é certa: o uso da primeira ou da terceira pessoa provoca efeitos de sentido distintos, mas em ambas a escrita se constitui sob a égide da interação, se pensarmos que sempre é possível escolhas quanto ao modo de dizer e que as escolhas se dão em função dos sujeitos envolvidos nesse processo e dos objetivos pretendidos. Trecho 20 Também não podemos nos esquecer de que, na produção do texto 2, a autora do blog se valeu de conhecimentos metacomunicativos, ou seja, de conhecimentos que permitem ao locutor assegurar a compreensão do texto e conseguir a aceitação pelo parceiro dos objetivos com que é produzido. , para chamar a atenção do leitor, realça o próprio discurso, ao promover a grafia de certas palavras em caixa alta como, por exemplo: (...) ATIVIDADE 2: Complete as lacunas com os conectivos estabelecendo entre os enunciados relações de sentido de modo coerente. primeiro/segundo por conseguinte entretanto assim dessa forma Ainda bem como já além disso também Trecho 1 O computador é visto como um novo espaço da escrita. Nele, a escrita/leitura em camadas é muito natural. Todas as unidades constitutivas de um texto podem ser de igual importância no texto inteiro, que se transforma em uma rede de escritas interconectadas, e cada uma dessas redes é chamada de hipertexto. , é o fato de possibilitar a criação e a apresentação de estruturas hipertextuais que faz do computador uma revolução na escrita. Trecho 2 Essa reflexão faz-nos pensar que o leitor do hipertexto deve contemplar, em sua atividade, uma perspectiva holística e não serialista. Segundo Horn (1989), o leitor serialista começa a leitura de um livro da primeira página e vai até a última, parágrafo por parágrafo, frase por frase, na ordem previamente determinada pelo autor. o leitor holístico procura estabelecer uma idéia geral do todo, antes de partir para os detalhes. estabelece seus interesses e objetivos de leitura, faz suas descobertas, constrói hipóteses, estabelece conexões entre as idéias do autor e seu conhecimento, se permite "saltos" na leitura. Trecho 3 Também a escrita eletrônica se aproxima da escrita em códice e em volume impresso por fazer uso de dispositivos que situam o leitor em relação à organização do texto. , a escrita eletrônica como o hipertexto afasta-se e muito dos caracteres marcantes de outras escritas por, principalmente, ser caracterizada pelos princípios da não-linearidade e interatividade, que possibilitam, ao leitor, começar a ler de qualquer ponto e ir para qualquer outro ponto, porque a sua organização permite àquele escolher o caminho que quiser percorrer e, , construir o seu texto. Trecho 4 Segundo Bolter (1991), podemos entender espaço de escrita como todo o campo físico e visual definido por uma particular tecnologia de escrita. , para o autor, todas as formas de escrita são espaciais, por causa disso, nós podemos ver e entender signos escritos como estendidos em um espaço de no mínimo duas dimensões. Trecho 5 Para Cavallo & Chartier (1998 ), o leitor da era eletrônica pode construir, a seu modo, conjuntos textuais originais cuja existência, organização e aparência somente dependem dele. Mas, , ele pode, a qualquer momento, intervir nos textos, modificá- los, reescrevê-los, torná-los sua propriedade, subvertendo, , profundamente, toda a relação com o escrito. Trecho 6 Nesse sentido, é o professor quem cria alternativas de navegação para o(s) aluno(s), contudo, não todas ou quaisquer alternativas, , porque o seu hipertexto é um dentre tantos no universo da WWW; , porque o seu hipertexto é construído com objetivos bem definidos de ensino e aprendizagem. Fontes: ELIAS, Vanda Maria da Silva. Do hipertexto ao texto: uma metodologia para o ensino de língua portuguesa a distância. São Paulo, 2000. Tese (Doutorado em Língua Portuguesa) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. ELIAS, Vanda Maria da Silva. Hipertexto, leitura e sentido. Calidoscópio, Revista de Lingüística Aplicada, São Leopoldo, RS, Brasil,v. 03, n.1, p.13-19, 2005. ELIAS, Vanda Maria. Escrita e práticas comunicativas na internet. In: ELIAS, Vanda Maria (Org.) Ensino de língua portuguesa: oralidade, escrita e leitura. São Paulo: Contexto, 2011, p.159-166.
Compartilhar