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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ANÁLISE COMPARATIVA DE RESULTADOS DE EXTRAÇÃO DE LIGANTE ASFÁLTICO E GRANULOMETRIA EM AMOSTRAS BROQUEADAS E EM PLACAS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Ismael Regauer Santa Maria, RS, Brasil 2014 [ D ig it e u m a ci t a ç ã o d o d o c u m e n t o o u o r e s u m o d e u m 2 ANÁLISE COMPARATIVA DE RESULTADOS DE EXTRAÇÃO DE LIGANTE ASFÁLTICO E GRANULOMETRIA EM AMOSTRAS BROQUEADAS E EM PLACAS Ismael Regauer Trabalho de conclusão de curso apresentado a Comissão Examinadora do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito geral para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. Orientador: Prof. Dr. Deividi da Silva Pereira Santa Maria, RS, Brasil 2014 [ Di gi te u m a ci ta ç ã o d o d o c u m e nt o o u o re s u m o d e u m p o nt o in 3 Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia Curso de Engenharia Civil A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o trabalho de conclusão de curso elaborado por Ismael Regauer como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil. COMISSÃO EXAMINADORA: Prof. Dr. Deividi da Silva Pereira (Presidente/Orientador) Prof. Substituto Fabio Rossato Prof. Substituto Mateus Tanski Santa Maria, 11 dezembro de 2014. [ Di git e u m a cit aç ã o d o d oc u m e nt o o u o re su m o d e u m p o nt o int er es sa 4 AGRADECIMENTOS Quero agradecer a toda a minha família, em especial aos meus pais, Elmar e Miriam, que me apoiaram em todas as minhas escolhas, sendo pacientes e me aconselhando sempre que precisei, com carinho e amor, nunca deixando que nada faltasse para a realização de meus estudos. Também por terem acreditado em meu potencial dando-me todo o suporte necessário para a realização e concretização deste trabalho. A minha noiva Carine, obrigado por em momento algum deixar que eu desistisse de meus objetivos, estando sempre ao meu lado, incentivando e ajudando nos momentos mais difíceis e decisivos. A minha irmã Thaiana, que me incentivou desde o início da faculdade, me apoiando, aconselhando e sendo um exemplo para mim. Ao orientador Professor Dr. Deividi da Silva Pereira, que possibilitou a realização deste trabalho, dando todo o suporte e ajuda necessária para a realização deste trabalho, por todo o conhecimento repassado e conselhos dados, pelo incentivo e a paciência demostrada. Ao mestrando Fábio Pereira Rossato, que ajudou e deu todo o suporte que necessitei durante a realização dos ensaios e do presente trabalho, tirando dúvidas e conselhos para a elaboração do mesmo. Agradecer ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Pavimentação e Segurança Viária (GEPPASV) e ao Laboratório de Materiais de Construção Civil (LMCC), pertencentes a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) a qual forneceu toda a infraestrutura necessária e ajuda possibilitando a realização deste trabalho. [ D i g it e u m a ci t a ç ã o d o d o c u m e n t o o u o r e s u m o d e u 5 RESUMO Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Engenharia Civil Universidade Federal de Santa Maria ANÁLISE COMPARATIVA DE RESULTADOS DE EXTRAÇÃO DE LIGANTE ASFÁLTICO E GRANULOMETRIA EM AMOSTRAS BROQUEADAS E EM PLACAS AUTOR: ISMAEL REGAUER ORIENTADOR: PROF. DR. DEIVIDI DA SILVA PEREIRA Local e Data da Defesa: Santa Maria, 11 dezembro de 2014. No Brasil as rodovias são o principal meio de transporte rural e urbano, possuindo um papel economicamente importante, porém para que o transporte seja de qualidade, o pavimento deve oferecer segurança, conforto e economia para o usuário, sendo o revestimento dentro da estrutura do pavimento uma das camadas de suma importância para a obtenção destes requisitos. Para que o revestimento possa apresentar qualidade atendendo ao projeto, deve passar por um controle tecnológico eficiente, visando padronizar e certificar a produção e execução do mesmo. O controle tecnológico dos revestimentos, deve ser realizado desde a concepção dos materiais a serem utilizados, durante a produção em usina, no transporte e execução no local especificado, devendo ser controlado os matérias como granulometria e teor de ligante, bem como as propriedade necessárias de temperatura. Dentro deste contexto, a extração de amostras para realização do controle tecnológico é fundamental, assim este trabalho vem analisar o método extrativo das amostras em campo, sendo utilizadas as extrações por placas serradas e broqueadas. A análise comparativa entre as amostras realizou-se por ensaios de extração de ligante asfáltico no aparelho Rotarex e de granulometria por peneiramento. Na preparação das amostras de placa serrada foi eliminado o material que sofreu influencia pela lamina de corte, enquanto que para as amostras broqueadas manteve-se este material. Ao analisar a granulometria obtidas durante os ensaios de peneiramento e comparando os ganhos e perdas obtidos, em cada tipo de extração, obteve-se maior perda de material na peneira 1/2” para as amostras broqueadas, perda de 5,9% com 2,3% a mais que as placas serradas, enquanto que as placas serradas tiveram maiores perdas nas peneiras número 10, cerca de 2% e na peneira número 40, cerca de 4,65% em relação as broqueadas. Quando ao ganho de material ambas apresentaram ganho de material graúdo retido nas peneiras número 4, sendo o ganho maior para placas serradas de 6,38% e de 4,28% para broqueadas, sendo que às amostras broqueadas obtiveram maior ganho de material retido entre as peneiras número 80 de 0,5%, número 200 de 1,24% e material passante de 2,65%. Quando comparada a média total de todos os trechos por tipo de extração e analisando as suas curvas granulométricas, ambas mantiveram-se dentro da faixa de trabalho aceitável, porém quando comparadas as placas serradas frente as broqueadas, estas apresentaram ganho de material retido entre as peneiras 3/8” e a número 200. Quanto ao teor de ligante este obteve variação pequena, situada dentro dos limites aceitáveis, com um teor de ligante inferior para amostras broqueadas de 0,07%, porem ambos acima do projeto de mistura, não caracterizando uma diferença significante entre as amostras. Palavras-Chave: Extração. Análise Granulométrica. Teor de Ligante. [ Di git e u m a cit aç ão do do cu m en to ou o re su m o de u m po nt o int er es sa nt e. Vo cê po de 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Ilustração sistema de camadas de um pavimento e tenções solicitantes . 19 Figura 2 - Classificação dos agregados .................................................................... 22 Figura 3 - Representação convencional das curvas granulométricas ....................... 24 Figura 4 - Curva resultado do ensaio da prensa Marshall ......................................... 30 Figura 5 - Curvas típicas do ensaio Marshall ............................................................ 31 Figura 6 - Curva de densificação ............................................................................... 34 Figura 7 - Representação esquemática de uma usina gravimétrica .......................... 37 Figura 8 - Representação esquemática de uma usina continua ................................ 37 Figura 9 - Exemplo de silos cobertos para agregados e tanques horizontais para armazenar ligante asfáltico em uma usina gravimétrica ............................................38 Figura 10 - Exemplo de solos frios e controle dos agregados no fundo dos silos ..... 39 Figura 11 - Sistema de aquecimento do secador ...................................................... 40 Figura 12 - Exemplo sistema de coletores de pó ...................................................... 40 Figura 13 - Exemplo de um elevador de agregados aquecidos e silos quente ......... 41 Figura 14 - Exemplo de um tipo de vibroacabadora .................................................. 42 Figura 15 - Exemplo de rolo de pneu, rolo tandem liso e rolo vibratório ................... 43 Figura 16 - Estabilidade e durabilidade de misturas asfálticas em função do teor de asfalto ........................................................................................................................ 44 Figura 17 - Equipamento Saybolt-Furol ..................................................................... 47 Figura 18 - Equipamento Brookfield e esquemas associados ao extensor ............... 48 Figura 19 - Aparelho extrator de betume Rotarex ..................................................... 53 Figura 20 - Aparelho extrator Soxhlet ........................................................................ 55 Figura 21 - Aparelho para ensaio de refluxo duplo .................................................... 56 Figura 22 – Amostras de placas serradas ................................................................. 59 Figura 23 - Amostras broqueadas ............................................................................. 59 Figura 24 - Composição granulométrica de projeto ................................................... 61 Figura 25 - Amostra inteira de placa serraca ............................................................. 63 Figura 26 - Amostra destorroada de placa serrada ................................................... 63 Figura 27 - Amostra quarteada de placa serrada ...................................................... 64 Figura 28 - Amostra broqueada ................................................................................. 65 Figura 29 - Amostra broqueada destorroada ............................................................. 65 [ Di git e u m a cit aç ão do do cu m en to ou o re su m o de u m po nt o int er es sa nt e. Vo cê po de 7 Figura 30 - "prato" ensaio Rotarex sendo tarado na balança .................................... 67 Figura 31 - Amostra pronta para ensaio Rotarex sendo pesada ............................... 67 Figura 32 - Aparelho Rotarex com solvente e filtro adicionados ............................... 68 Figura 33 - Peneiras para análise granulométrica ..................................................... 70 Figura 34 - Curva granulométrica amostras broqueadas "Trecho 1" ......................... 72 Figura 35 - Curva granulométrica de placa serrada "Trecho 1" ................................. 73 Figura 36 - Curva granulométrica amostras broqueadas "Trecho 2" ......................... 74 Figura 37 - Curva granulométrica amostras placas serradas "Trecho 2" .................. 75 Figura 38 - Curva granulométrica amostras broqueadas "Trecho 3" ......................... 77 Figura 39 - Curva granulométrica amostras placas serradas "Trecho 3" ................. 78 Figura 40 - Curva granulométrica amostras broqueadas "Trecho 4" ........................ 79 Figura 41 - Curva granulométrica amostras placas serradas "Trecho 4" .................. 80 Figura 42 - Curva granulométrica amostras broqueadas "Trecho 5" ......................... 81 Figura 43 - Curva granulométrica amostras placas serradas "Trecho 5" .................. 82 Figura 44 - Curva granulométrica amostras broqueadas "Trecho 6" ........................ 84 Figura 45 - Curva granulométrica amostras placas serradas "Trecho 6" ................. 85 Figura 46 - Curva granulométrica média das amostras broqueadas e serradas "Trecho 1" .................................................................................................................. 87 Figura 47 -Curva granulométrica média das amostras broqueadas e serradas "Trecho 2" .................................................................................................................. 88 Figura 48 - Curva granulométrica média das amostras broqueadas e serradas "Trecho 3" .................................................................................................................. 89 Figura 49 - Curva granulométrica média das amostras broqueadas e serradas "Trecho 4" .................................................................................................................. 90 Figura 50 - Curva granulométrica média das amostras broqueadas e serradas "Trecho 5" .................................................................................................................. 92 Figura 51 - Curva granulométrica média das amostras broqueadas e serradas "Trecho 6" .................................................................................................................. 93 Figura 52 - Composição granulométrica das amostras extraídas por broqueamento e granulometria de projeto............................................................................................ 94 Figura 53 - Composição granulométrica das amostras dos trechos por placas serradas e de projeto................................................................................................. 95 Figura 54 - Composição granulométrica média das amostras de todos os trechos por placas serradas e broqueadas .................................................................................. 96 [ Di git e u m a cit aç ão do do cu m en to ou o re su m o de u m po nt o int er es sa nt e. Vo cê po de po 8 Figura 55 - Porcentagem média de perda ou ganho de material retido nas peneiras por tipo de extração de amostra ................................................................................ 97 Figura 56 - Desvio granulométrico de material passante .......................................... 97 Figura 57 - Erro de teor de ligante comparado ao teor de projeto ............................. 99 Figura 58 - Teor de ligante médio dos trechos ........................................................ 100 [ Di gi te u m a ci ta ç ã o d o d o c u m e nt o o u o re s u m o d e u m p o nt o in 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Dimensões nominais das peneiras segundo a ME 035 (DNER, 1995) .... 22 Tabela 2 - Composição Faixa de mistura DNIT 031 - 2006 ....................................... 25 Tabela 3 - Nova especificação Brasileira de Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) ... 27 Tabela 4 - Organização Hierárquica do Método Superpave...................................... 33 Tabela 5 - Número de giros especificados na norma de dosagem Superpave ......... 34 Tabela 6 - Critérios volumétricos para teor de projeto ............................................... 35 Tabela 7 - Descrição dos trechos utilizados na pesquisa .......................................... 58 Tabela 8 - Granulometria de projeto dos agregados ................................................. 60 Tabela 9 - Características do CAP 50/70 .................................................................. 61 Tabela 10 - Porcentagem passante de amostras broqueadas “Trecho 1”................. 72 Tabela 11 - Teor de ligante asfáltico amostras broqueadas "Trecho 1" .................... 72 Tabela 12 - Porcentagem passante amostras de placa serrada "Trecho 1" .............. 73 Tabela 13 - Teor de ligante asfáltico amostras de placa serrada "Trecho 1" ............ 73 Tabela 14 - Porcentagem passante de amostras broqueadas "Trecho 2" ................ 74 Tabela 15 - Teor de ligante asfáltico amostras broqueadas"Trecho 2" .................... 75 Tabela 16 - Porcentagem passante amostras placas serradas "Trecho 2" ............... 75 Tabela 17 - Teor de ligante asfáltico amostras de placa serrada "Trecho 2" ............ 76 Tabela 18 - Porcentagem passante de amostras broqueadas "Trecho 3" ................ 76 Tabela 19 - Teor de ligante asfáltico amostras broqueadas "Trecho 3" .................... 77 Tabela 20 - Porcentagem passante amostras placas serradas "Trecho 3" ............... 77 Tabela 21 - Teor de ligante asfáltico amostras de placa serrada "Trecho 3" ............ 78 Tabela 22 - Porcentagem passante de amostras broqueadas "Trecho 4" ............... 79 Tabela 23 - Teor de ligante asfáltico amostras broqueadas "Trecho 4" .................... 79 Tabela 24 - Porcentagem passante amostras placas serradas "Trecho 4" ............... 80 Tabela 25 - Teor de ligante asfáltico amostras de placa serrada "Trecho 4" ............ 80 Tabela 26 - Porcentagem passante de amostras broqueadas "Trecho 5" ................ 81 Tabela 27 - Teor de ligante asfáltico amostras broqueadas "Trecho 5" .................... 82 Tabela 28 - Porcentagem passante amostras placas serradas "Trecho 5" ............... 82 Tabela 29 - Teor de ligante asfáltico amostras de placa serrada "Trecho 5" ............ 83 Tabela 30 - Porcentagem passante de amostras broqueadas "Trecho 6" ................ 83 Tabela 31 - Teor de ligante asfáltico amostras broqueadas "Trecho 6" .................. 84 10 Tabela 32 - Porcentagem passante amostras placas serradas "Trecho 6" ............... 84 Tabela 33 - Teor de ligante asfáltico amostras de placa serrada "Trecho 6" ............ 85 Tabela 34 - Porcentagem passante média de material por peneira "Trecho 1" ....... 86 Tabela 35 - Porcentagem passante média de material por peneira "Trecho 2" ........ 88 Tabela 36 - Porcentagem passante média de material por peneira "Trecho 3" ........ 89 Tabela 37 - Porcentagem passante média de material por peneira "Trecho 4" ........ 90 Tabela 38 - Porcentagem passante média de material por peneira "Trecho 5" ........ 91 Tabela 39 - Porcentagem passante de média material "CP6" e "P6" por peneira ..... 93 Tabela 40 - Porcentagem média de material retido das amostras broqueadas ........ 98 Tabela 41 - Porcentagem média de material retido das amostras de placas serrradas .................................................................................................................................. 98 Tabela 42 - Teor de ligante médio dos trechos ......................................................... 99 [ Di git e u m a cit aç ão do do cu m en to ou o re su m o de u m po nt o int er es sa nt e. V oc ê po de 11 LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1 – Teor de Ligante ....................................................................................54 Equação 2 – Porcentagem de betume ......................................................................56 [ Di gi te u m a cit a ç ã o d o d o c u m e nt o o u o re s u m o d e u m p o nt o in 12 LISTA DE APÊNDICES Apêndice A - Amostras broqueadas........................................................................107 Apêndice B - Amostras placas serradas..................................................................110 [ Di git e u m a cit aç ão do do cu m en to ou o re su m o de u m po nt o int er es sa nt e. Vo cê po de po 13 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas ANP: Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis ASTM: American Society for Testing Materials CA: Concreto Asfáltico CAP: Cimentos Asfálticos de Petróleo CBUQ: Cimento Betuminoso Usinado à Quente CNT: Confederação Nacional do Transporte CP: Amostras extraídas por broqueamento DNER: Departamento Nacional de Estradas e Rodagem DNIT: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes Gmb: Massa específica estimada da mistura Gmm: Massa específica máxima kgf: Quilogramas Força mm: Milímetros NCHRP: National Cooperative Highway Research Program Ninical: Número de giros do ponto inicial da curva de densificação no compactador giratório do Superpave Nmáximo: Número de giros do ponto máximo da curva de densificação no compactador giratório do Superpave Nprojeto: Número de giros de projeto no compactador giratório do Superpave P: Amostras extraídas por placas serradas ºC: Graus Celsius RBV: Relação Betume/Vazios REFAP: Refinaria de Petróleo Aberto Pascualini RPM: Rotações por minuto SHRP: Strategic Highway Research Program SSF: Segundo Faybolt-Furol UFSM: Universidade Federal de Santa Maria Vv: Volume de Vazios [ Di git e u m a cit aç ão do do cu m en to ou o re su m o de u m po nt o int er es sa nt e. V oc ê po de 14 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16 1.1. Objetivo Geral ................................................................................................... 17 1.2. Objetivos Específicos ...................................................................................... 17 1.3. Sistematização.................................................................................................. 18 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 19 2.1 Revestimento Asfáltico ..................................................................................... 19 2.2 Insumos .............................................................................................................. 21 2.2.1 Agregado .......................................................................................................... 21 2.2.2. Ligante Asfáltico ............................................................................................. 25 2.3 Métodos de Dosagem ....................................................................................... 29 2.3.1 Metodologia Marshall ...................................................................................... 29 2.3.2. Método Superpave.......................................................................................... 32 2.3.3. Comparativo entre métodos de dosagem de misturas asfálticas .................... 35 2.4 Processo Construtivo de Revestimento Asfáltico Usinado .......................... 36 2.4.1 Usina Asfáltica .................................................................................................. 36 2.4.2 Produção de Misturas Asfálticas ..................................................................... 38 2.4.3 Transporte e Lançamento de Misturas Asfálticas ........................................... 42 2.4.4 Compactação de Revestimento Asfáltico ......................................................... 42 2.5 Controle Tecnológico ........................................................................................ 44 2.5.1 Controle do Concreto Asfáltico ........................................................................ 45 2.5.1.1 Controle dos Agregados ................................................................................ 45 2.5.1.2 Caracterização e controle dos Ligantes Asfálticos ........................................ 46 2.5.2 Execução do Revestimento Asfáltico ............................................................... 50 2.5.2.1 Temperatura .................................................................................................. 50 2.5.2.2 Teor de Ligante Asfáltico ............................................................................... 51 2.5.2.3 Ensaio Rotarex ..............................................................................................52 2.5.2.4 Ensaio Soxhlet............................................................................................... 54 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 57 3.1 Planejamento da Pesquisa ............................................................................... 57 3.2 Classificação das Amostras ............................................................................ 58 3.3 Projeto de Dosagem .......................................................................................... 60 3.4 Preparação das Amostras ................................................................................... 62 3.4.1 Preparação das amostras de placas serradas ................................................. 62 3.4.2 Preparação de amostras broqueadas .............................................................. 64 3.5 Ensaios ............................................................................................................... 66 3.5.1 Extração de Betume pelo Aparelho Rotarex .................................................... 66 3.5.2 Ensaio de Granulometria .................................................................................. 69 4 RESULTADOS E ANÁLISES ................................................................................ 71 4.1 Resultados ......................................................................................................... 71 4.1.1 Trecho 1 ........................................................................................................... 71 4.1.2 Trecho 2 ........................................................................................................... 74 4.1.3 Trecho 3 ........................................................................................................... 76 4.1.4 Trecho 4 ........................................................................................................... 78 4.1.5 Trecho 5 ........................................................................................................... 81 4.1.6 Trecho 6 ........................................................................................................... 83 4.2 Análise Granulométrica por trecho.................................................................. 86 [ Di gi te u m a cit a ç ã o d o d o c u m e nt o o u o re s u m o d e u m p o nt o in 15 4.3 Análise granulométrica conjunta dos trechos ................................................ 94 4.3 Teor de Ligante .................................................................................................. 99 4.4 Observações durante a Realização da Pesquisa ......................................... 101 5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 102 5.1. Considerações finais ..................................................................................... 102 5.2. Sugestões para trabalhos futuros ................................................................ 103 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 104 APÊNDICES ........................................................................................................... 107 [ Di git e u m a cit aç ão do do cu m en to ou o re su m o de u m po nt o int er es sa nt e. V oc ê po de 16 1 INTRODUÇÃO Ao longo da história da humanidade, a partir do momento em que o homem decidiu fixar residência, a grande necessidade de locomoção entre dois ou mais locais resultou na construção de caminhos e estradas. Com o passar do tempo, estes caminhos tornaram-se importantes e fundamentais para o deslocamento, e a sua utilização fez-se necessária em qualquer época do ano sob diversas condições climáticas. Além disso, surge a necessidade de proteção e construção de revestimentos sobre o leito a fim de proporcionar este deslocamento, que evoluiu até ao que conhecer hoje como pavimento. As rodovias, hoje, são o principal meio de transporte rural e urbano no país. É notável a sua grande importância econômica, transportando a produção e os bens de consumo; social, com melhora na qualidade de vida; e de responsável influência no desenvolvimento das localidades. Porém, para que o transporte seja eficiente, estas rodovias devem apresentar boa trafegabilidade, assegurando aos usuários conforto, segurança e qualidade. No Brasil apenas 15% da malha rodoviária é pavimentada (SNV, 2012). A demanda crescente por novas rodovias, a realização de pavimentação e a conservação das existentes, exigem grandes investimentos. No entanto, para que esses investimentos não sejam em vão, é necessário um Controle Tecnológico tanto da parte contratante como da executiva, cada vez mais preciso, a cerca dos custos com materiais, da qualidade, da produção e execução, e da durabilidade. O mais recente estudo sobre condições das rodovias pavimentadas do país (CNT, 2014), analisou 98.475 quilômetros de rodovias federais e estaduais, apontou que em 49,9% da extensão total dos pavimentos rodoviários foi apresentado algum tipo de deficiência. Onde para o pavimento ser classificado como bom, este deve oferecer ao usuário conforto, economia e segurança. O revestimento é de fundamental importância para a manutenção destes quesitos, porém grande parte deste defeitos podem ser evitados com manutenção preventiva durante a produção, execução e pós execução, ou seja, com controle tecnológico do revestimento. A importância em obter-se um revestimento com qualidade, exige um controle tecnológico preciso e confiável, tanto na analise dos matérias constituintes do 17 revestimento, onde sua inexistência pode resultar em consume e gastos excessivos, como na execução do revestimento, resultando um pavimento condenável. Para realizar um controle preciso, é necessário realizar analises em laboratório, onde é analisado amostras extraídas nos locais de estudo. Porém a forma de extração pode influenciar os resultados obtidos em laboratório. Nesse contexto, essa pesquisa propôs-se analisar a influência do broqueamento de amostras extraídas na granulometria e teor de ligante de misturas asfálticas, tendo em vista a fidelidade no qual estas extrações apresentam visando melhorias no controle tecnológico dos revestimentos asfálticos. 1.1. Objetivo Geral O objetivo geral deste trabalho é analisar a influência nos resultados de teor de ligante e granulometria em amostras extraídas em campo por broqueamento e placas serradas. 1.2. Objetivos Específicos O presente trabalho tem os seguintes objetivos específicos: - Avaliar a influência dos métodos de obtenção das amostras com os resultados obtidos na extração de ligante asfáltico; - Avaliar a influência dos métodos de obtenção das amostras com relação aos resultados obtidos nos ensaios de granulometria; - Avaliar e comparar os resultados de extração de ligante asfáltico e de granulometria de acordo com o método de obtenção das amostras; - Comparar os resultados obtidos em laboratório com os dados de projeto; 18 1.3. Sistematização Este trabalho está organizado em cinco partes. A primeira parte introduzirá o tema que será discutido, de forma a situar o leitor quanto ao assunto, na área de pavimentação e, por conseguinte, salientar a importância do controle tecnológico na granulometria e no teor de ligante asfáltico, como forma de manter e obter pavimentos com melhor qualidade. Na segunda parte, será mostrada a revisão bibliográfica, apresentando a literatura pertinente ao assunto, de forma a embasar o presente trabalho. Serão abordadosos conceitos e normas sobre agregados, misturas asfálticas, ligantes asfálticos, dosagem, patologias em pavimento asfáltico, processo produtivo e construtivo de revestimentos asfálticos, controle tecnológico e ensaios de granulometria e determinação de betume. A terceira parte tratará sobre a metodologia aplicada ao longo da pesquisa, explicando as fases do trabalho, como preparação das amostras e a realização de ensaios e análises geradas. A quarta parte presentara os resultados e análises geradas ao longo da pesquisa. Os resultados serão organizados na forma de tabelas e gráficos comparativos a fim de produzir discussões e conclusões. Por fim, a quinta parte apresentará as conclusões e considerações finais acerca da pesquisa, juntamente com sugestões para que essa possa ser continuada futuramente. Para concluir o trabalho, serão informadas as referências bibliográficas utilizadas para consulta durante o desenvolvimento da pesquisa. 19 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Revestimento Asfáltico Os pavimentos podem ser descritos e apresentados de diversas maneiras, conforme exemplificado por alguns autores. Balbo (2007) descreve o pavimento como uma estrutura não duradoura, composta por diversas camadas sobrepostas, de diferentes materiais, compactadas a partir do subleito da estrada, moldada estrutural e operacionalmente para atender ao tráfego, de modo a ser durável e com o menor custo possível. Segundo Bernucci et al. (2006) pavimento asfáltico é formado por quatros camadas principais: revestimento asfáltico, base, sub-base e reforço do subleito, conforme a figura 1, no qual base, sub-base e subleito tem grande importância estrutural, que por meio da combinação de materiais e espessuras das camadas constituintes, tem por objetivo limitar as tensões e deformações na estrutura do pavimento. Figura 1 - Ilustração sistema de camadas de um pavimento e tenções solicitantes Fonte: Albernaz (1997 apud BERNUCCI et al., 2006, p. 10) 20 O revestimento é descrito por Bernucci et al. (2006) como uma a camada destinada a receber a carga dos veículos e a ação climática, tendo como função o dever de resistir aos esforços gerados pelo contato pneu-pavimento, que são diversos de acordo com a carga e velocidade do veiculo, e transmitir de forma atenuada esses esforços as camadas inferiores, e tendo também a função de realizar a impermeabilização das camadas inferiores ao revestimento asfáltico. Sendo esses requisitos realizados de forma ao revestimento permitir boas condições de rolamento ao usuário (conforto e segurança). Dentre outras funções do revestimento, Balbo (2007) cita que o mesmo deve, receber as cargas, estáticas ou dinâmicas, sem que haja grandes deformações elásticas ou plásticas, desagregação de componentes ou perda de compactação. No Brasil, Bernucci et al. (2006) relatam que para a maioria dos revestimento asfálticos brasileiros é composto por uma mistura de agregados minerais, de diversas fontes e tamanhos, com ligantes asfálticos, que produzidos e executados de forma correta proporcionem impermeabilidade, flexibilidade, estabilidade, durabilidade, resistência a derrapagem, resistência à fadiga e ao trincamento térmico, de acordo com as características climáticas e de tráfego previstas. De acordo com Bernucci el al. (2006) o tipo mais empregado de mistura é o Concreto Asfáltico (CA) também denominado Concreto Betuminoso Usinado a quente (CBUQ), produto da mistura de agregados de tamanhos variados e cimento asfáltico, ambos aquecidos em temperaturas controladas em função características de viscosidade-temperatura do ligante. Além do CBUQ, outros tipos de misturas asfáticas são encontradas no Brasil, as misturas usinadas podem ser separadas em grupos específicos em função da granulometria dos agregados, como as misturas a quente: CA, camada porosa de atrito (CPA), Stone Matrix Asphalt (SMA), Gap- graded, areia asfalto usinada a quente (AAUQ); e as misturas usinadas a frio: pré- misturado a frio (PMF). Pode-se encontrar também as misturas utilizadas em usinas móveis como: lama asfáltica e microrrevestimento asfáltico e as misturas asfálticas recicladas. 21 2.2 Insumos Para os autores Bernucci et al. (2006) a realização de um bom pavimento asfáltico, atendendo a requisitos técnicos e de qualidade será realizado com um projeto adequado da estrutura e com o projeto de dosagem da mistura compatíveis com as demais camadas. Onde para obtenção de uma dosagem de mistura asfáltica de boa qualidade, esta deve passar pela escolha de matériais adequados como os agregados e ligante asfáltico, dentre os requisitos exigidos, sendo de suma importância para o bom desempenho do pavimento. 2.2.1 Agregado A norma NBR 9935 (ABNT, 2005) define o termo agregado como material sem forma ou volume definido, geralmente inerte, de dimensões e propriedades adequadas para a produção de argamassas e de concreto. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT, 2006), define como agregado uma denominação genérica de matérias pétreos usados na pavimentação, podendo ser artificial ou natural. Os artificiais são materiais que necessitam uma transformação física e química para a sua utilização, como escorias e argilas expandidas, enquanto os naturais são utilizados da forma como são encontrados na natureza, como pedregulhos, seixos rolados e etc. Segundo os autores Bernucci et al. (2006) é relatado os agregados reciclados provenientes de reuso de diversos materiais, que tem uso crescente em diversos países. Os agregados utilizados na pavimentação podem ser classificados em três grupos: natureza, tamanho e distribuição granulométrica. Classificação demonstrada na figura 2 segundo DNIT (2006). 22 Figura 2 - Classificação dos agregados Fonte: DNIT (2006, p. 78) Segundo Balbo (2007) a definição das porcentagens de diâmetros dos agregados pode ser obtido pelo ensaio de peneiramento, onde o agregado é fracionado em uma serie de peneiras com aberturas de malhas progressivamente menores, onde é obtido o material retido e comparado ao restante, os tamanhos das peneiras são determinados pela norma ME 035 (DNER, 1995) mostrados na Tabela 1. Tabela 1 - Dimensões nominais das peneiras segundo a ME 035 (DNER, 1995) Vão da Peneira Abertura da Peneira Padrão Número Milímetros Polegadas 75,0mm 75,0 3,0 50,0mm 50,0 2,0 37,5mm 37,5 1,5 25,0mm 25,0 1,0 19,0mm 19,0 0,75 9,5mm 9,5 0,375 4,75mm 4 4,75 0,187 2,36mm 8 2,36 0,0937 2,00mm 10 2,00 0,0789 1,18mm 16 1,18 0,0469 23 600μm 30 0,600 0,0234 425μm 40 0,425 0,0168 300μm 50 0,300 0,0117 150μm 100 0,150 0,0059 75μm 200 0,075 0,0029 Fonte: Bernucci et al. (2006, p. 122) Quanto ao tamanho, o DNIT (2006) realiza a classificação de acordo com as peneiras, sendo que: a) Agregado graúdo: é o material retido na peneira número 10 (2,0mm); brita, cascalho, seixo, etc. b) Agregado miúdo: é o material que passa na peneira número 10 (2,0mm) e é retido na peneira número 200 (0,075mm); pó-de-pedra, areia, etc. c) Agregado de enchimento (filler): é o material que passa ao menos 65% na peneira número 200 (0,075mm); cal extinta, cimento Portland, etc. Bernucci et al. (2006) cita que o tamanho máximo do agregado pode afetar a mistura de diversas formas, tornando instável com agregados de tamanho máximo excessivamente pequenos e prejudicar a trabalhabilidade, como também, provocar a segregação por tamanho máximo de agregado excessivamente grande. Os agregados ainda podem ser classificados pela graduação dos grãos, a qual consiste na distribuição dos grãos ao longo das peneiras. Realizam-se, assim, as quatros classificações abaixo: a) Agregado de graduação densa: apresenta material bem graduado e contínuo, próximo a densidademáxima, com quantidade de material fino capaz de complementar os espaços vazios deixados pelos materiais maiores. b) Agregado de graduação aberta: apresenta material bem graduado e contínuo, mas com escassez de material fino para preencher os espaços vazios dos materiais maiores, resultando em maior volume de vazios. c) Agregado de graduação uniforme: apresenta material com graduação limitada ao tamanhos das partículas em uma faixa bastante estreita. d) Agregado de graduação descontínua: apresenta material com pequena graduação intermediaria. 24 O arranjo granulométrico também interfere na estabilidade do pavimento, atendendo as solicitações geradas pelo tráfego sem sofrer grandes deformações. O procedimento para análise por peneiramento e obtenção da curva granulométrica é realizado através do ensaio ME 083 (DNER, 1998) que determina a análise granulométrica dos agregados, sendo os resultados expressos na forma de tabelas ou gráficos (Figura 3). Figura 3 - Representação convencional das curvas granulométricas Fonte: Bernucci et al. (2006, p. 123) Para Bernucci et al. (2006) a distribuição granulométrica dos agregados é uma de suas principais características, influenciando no comportamento e nas propriedades do revestimento como a rigidez, estabilidade, durabilidade, permeabilidade, trabalhabilidade, resistência à fadiga e à deformação permanente, resistência ao dano por umidade induzida. A norma DNIT 031 (2006) relata a composição da mistura no qual o concreto asfáltico deve satisfazer e os respectivas tolerâncias quanto à granulometria. Estas composições são dividas em faixas, sendo a determinação do uso deve ser aquela, cujo diâmetro máximo é inferior a 2/3 da espessura da camada (Tabela 2). 25 Tabela 2 - Composição Faixa de mistura DNIT 031 – 2006 Peneira de malha quadrada % em massa, passando Série ASTM Abertura (mm) A B C Tolerâncias 2” 50,8 100 - - - 1 ½” 38,1 95 – 100 100 - ±7% 1” 25,4 75 – 100 95 – 100 - ±7% ¾” 19,1 60 – 90 80 – 100 100 ±7% ½” 12,7 - - 80 – 100 ±7% 3/8” 9,5 35 – 65 45 – 80 70 – 90 ±7% Nº 4 4,8 25 – 50 28 – 60 44 – 72 ±5% Nº 10 2,0 20 – 40 20 – 45 22 – 50 ±5% Nº 40 0,42 10 – 30 10 – 32 8 – 26 ±5% Nº 80 0,18 5 – 20 8 – 20 4 – 16 ±3% Nº 200 0,075 1 – 8 3 – 8 2 – 10 ±2% Fonte: DNIT 031 (2006, p. 5) 2.2.2.Ligante Asfáltico Bernucci et al. (2006) relatam o asfalto como um dos mais antigos matériais usados pelo homem. Nos tempos atuais, grande parte dos países, o revestimento de pavimentos por asfalto é a principal forma utilizada. Seu uso intensivo é devido às diversas razões como: propiciar uma forte união entre agregados com o ligante, ser impermeabilizante, durável e resistente à ação de grande parte dos ácidos, álcalis, pode ser usado por aquecimento ou emulsão, ampla combinação de esqueleto mineral, podendo ainda ser aplicado com aditivos. Sendo empregadas as seguintes definições e conceituações sobre o material de acordo com os autores: O Betume é definido como mistura de hidrocarbonetos solúvel no bissulfeto de carbono. Asfalto é a mistura de hidrocarbonetos derivados do petróleo de forma natural ou por destilação, sendo o betume o principal componente, podendo conter ainda matériais como oxigênio, nitrogênio e enxofre. O Alcatrão é a designação genérica de um produto que contém hidrocarbonetos, que são obtidos da queima ou destilação destrutiva do carvão, etc. 26 Bernucci et al. (2006) relatam que o alcatrão não é mais utilizado por ser um material considerado cancerígena, além de ser um ligante de baixa qualidade e de pouco homogeneidade para a pavimentação. Quanto a terminologia, os europeus costumam designar como betume o ligante de petróleo, enquanto americanos e brasileiro utilizam o termo asfalto, para o mesmo material. O asfalto passa a ser denominado por cimento asfáltico de petróleo (CAP) quando se enquadra em uma classificação particular no qual as suas propriedades físicas pretende garantir um bom desempenho do material na obra. Os CAPs segundo Balbo (2007) são um material com comportamento viscoso por natureza. São termossuscetíveis, onde em temperaturas mais elevadas, seu fluxo viscoso aumenta permitindo a mistura com outros materiais, já em temperaturas baixas torna-se um sistema solido, com ruptura vítrea ou frágil. As características de termoviscoelasticidade, segundo Bernucci et al. (2006) mostram-se no comportamento mecânico, sendo suscetível à intensidade, velocidade e tempo de carregamento. Os CAPs são completamente solúveis em benzeno, tricloroetileno ou em bissulfeto de carbono, propriedade também utilizado em sua classificação. Segundo Bernucci et al. (2006) todas as propriedades físicas do asfalto estão associadas a sua temperatura. As moléculas de ligante asfáltico em baixas temperaturas são imóveis uma em ralação as outras, com viscosidade elevada, comportando-se como um sólido. Quando a temperatura começa a ser aumentada, a movimento entre algumas moléculas, podendo existir ate um fluxo entre elas, este movimento faz baixar a viscosidade, e em altas temperaturas o ligante comporta-se com um liquido. Assim sendo, todos ensaios efetuados para medir as propriedade físicas dos ligantes esfálticos têm temperatura especificada, alguns tempos e a velocidade de carregamento, por ser um material termoviscoelástico. A respeito dos CAPs, Bernucci et al. (2006), dissertam quanto às diversas formas de classificação. Durante o período de 1992 até julho de 2005 a especificação brasileira separa em duas familiais de ligantes, os especificados por penetração e os especificados pela viscosidade absoluta. Por viscosidade eram divididos em três grupos: CAP 7, CAP 20 e CAP 40, sendo estes números associados ao início da faixa de viscosidade de cada classe, na unidade poise (P). Por penetração, eram divididos em quatro classes de asfalto; CAP 30-45, CAP 50- 60, CAP 85-100, e CAP 150-200, sendo esses números relacionados à faixa de 27 penetração obtida no ensaio de penetração no qual é medida quando a agulha do ensaio penetra no CP, com as unidades medidas em 10-1 milímetros. Considerando as classificações anteriores defasadas, em julho de 2005 a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Energia (ANP) aprovou a nova especificação de CAP para todo o BRASIL, propiciando a nova classificação uma padronização e uniformização dos padrões de qualidade. A nova norma, substitui a antiga classificação baseada no ensaio de penetração, pela Tabela 3, mediante o emprego de Normas Brasileiras (NBR), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ou da American Society for Testinf Materials (ASTM). Tabela 3 - Nova especificação Brasileira de Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) Caracterís t icas Unidade Limites Métodos CAP 30- 45 CAP 50- 70 CAP 85- 100 CAP 150- 200 ABNT ASTM Penetração (100g, 5s , 25°C) 0.1mm 30 a 45 50 a 70 85 a 100 150 a 200 NBR 6576 D 5 Ponto de amolec imento, mín. °C 52 46 43 37 NBR 6560 D 36 Viscosidade Sayb olt -Furol a 135°C, mín. S 192 141 110 80 NBR 14950 E 102 a 150°C, mín. 90 50 43 36 a 177°C 40 a 150 30 a 150 15 a 60 15 a 60 Viscosidade Brookf ield a 135°C, mín. SP 21, 20rpm, mín cP 374 274 214 155 NBR 15184 D 4402 a 150°C, mín. 203 112 97 81 a 177°C, SP 21 76 a 285 57 a 285 28 a 114 28 a 114 Índice de Suscetibi l idade Térmica (-1,5) a (+0,7) (-1,5) a (+0,7) (-1,5) a (+0,7) (-1,5) a (+0,7) - - Ponto de fulgor, mín. °C 235 235 235 235 NBR 11341 D 92 Solubi l idade em tr ic loroet i leno, mín. % massa 99,5 99,5 99,5 99,5 NBR 14855 D 2042 Dut il idade a 25°C, mín Cm 60 60 100 100 NBR 6293 D 113 Efeito do calor e do ar a 163°C por 85 minutos Var iação em massa, máx. % massa 0,5 0,5 0,5 0,5 D 2872 Dut il idade a 25°C, mín. Cm10 20 50 50 NBR 6293 D 113 Aumneto do ponto de amolec imento, máx °C 8 8 8 8 NBR 6560 D 36 Penetração ret ida, mín % 60 55 55 50 NBR 6576 D 5 Fonte: ANP (2005) 28 Segundo Bernucci et al. (2006), a grande maioria das rodovias, os asfaltos convencionais são satisfatórios para um bom desempenho. Porém, o aumento no volume de veículos e peso por eixos com o passar do tempo, em rodovias especiais, tem sido necessário o uso de modificadores das propriedades dos asfaltos. Sendo a sua utilização em especial de polímeros variados para melhorarem o desempenho do CAP. De acordo com Balbo (2007) os polímeros são substâncias compostas orgânicas de pesos moleculares múltiplos variando de 103 a 106, com unidades químicas repetidas em cadeias. São adquiridos da natureza, a partir de madeiras, óleos lubrificantes e cortiças, ou produzidos artificialmente. São classificados de acordo com a forma de ocorrência (naturais ou sintéticos), pela preparação quando sintéticos (adição ou copolimerização), forma da cadeia molecular, forma de sua estrutura e quanto os processos industriais. Quanto aos processos de polimerização, são nomeados por adição quando um tipo de monômero é utilizado ou por copolimerização quando dois ou mais tipos de monômeros são utilizados. Os polímeros podem ser classificados de acordo com seu comportamento frente as variações térmicas. Balbo (2007) relata os tipos de polímeros e suas respectivas características como os termorrígidos que endurecem de maneira irreversível quando expostos ao calor (poliuretano e resina epóxica); termoplásticos que endurecem quando resfriados e amolecem quando expostos ao calor (polietileno, polopropileno e etileno acetado de vinila (EVA)); elastômeros tem propriedade elásticas parecidas às borrachas, se decompondo na presença de calor antes mesmo de amolecerem (estireno-butadieno-rubber (SBR)); elastômeros termoplásticos possuem comportamento de termoplásticos quando exposto ao calor e apresentam-se muito elásticos quando resfriados (estireno-butadieno-estireno (SBS) e borracha vulcanizada). De acordo com Bernucci et al. (2006) nem todo polímero é passível quando adicionado ao CAP e nem todo CAP quando modificado apresenta estabilidade à estocagem, sendo os asfaltos que obtém melhor desempenho adição de polímeros são os que possuem certa aromaticidade. 29 2.3 Métodos de Dosagem 2.3.1 Metodologia Marshall Segundo Balbo (2007) com o começo da Segunda Guerra Mundial, o Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA (USACE), deparou-se com o problema de projetos e construções de aeroportos militares em suas frentes de batalha. Como não tinham um ensaio simples, ou esquemas de trabalho, para o projeto e controle de pavimentos, misturas a serem submetidas a grandes cargas dos aviões e veículos militares, a USACE iniciou em primeira fase uma pesquisa para selecionar aparelhos de fácil transporte e simples ensaio. Na segunda fase foi estudado um método para compactar corpos de prova, com valores de densidade compatíveis entre os obtidos em laboratório e encontrados em campo. Já na terceira fase a obtenção racional de critérios de projeto, de ensaios prévios e de controle. Assim o Usace adotou o aparelho e método de dosagem criado por Bruce Marshall do Mississipi State Highway Department. De acordo com Bernucci et al. (2006) antes da realização do ensaio é realizada a determinação dos parâmetros de dosagem. É determinadas as massas específicas reais do CAP e dos agregados, sendo selecionada a faixa granulométrica a ser utilizado de acordo com a mistura. A composição dos agregados deve ser escolhida de forma a enquadrar a sua mistura nos limites da faixa granulométrica escolhida, ou seja, o percentual de massa de cada agregado. Também é escolhido a temperatura de mistura e de compactação, obtidas a partir da curva viscosidade-temperatura do ligante escolhido. Esse método, segundo Balbo (2007), consiste na medição de algumas propriedades de misturas elaboradas em laboratório, fixando-se a distribuição granulométrica e variando-se o teor de ligante nos corpos de prova (geralmente de 3% a 7% de peso em relação aos agregados), sendo limitado ao emprego com misturas asfálticas quentes, utilizando agregado de diâmetro máximo de 25,4mm. Os agregados e o ligante são aquecidos separadamente (até uma temperatura próxima de 175°C) e misturados com auxílio de um misturador mecânico aquecido. 30 Após define-se a distribuição granulométrica, a mistura é preparada para apresentar vazios internos preenchidos por ar entre 3% a 5%, critério adotado, considerando a inexistência de vazios para o caso de exsudação imediatamente após o tráfego. Balbo (2007) relata que após realizada a mistura, o material é colocado em um molde cilíndrico, de modo a permitir um corpo de prova com diâmetro de 101,6mm e altura de 63,5mm, sendo a altura variável em função da densidade do matérias da mistura. Assim, a amostra é compactada por um soquete de 4,54 Kg, que cai livremente de uma altura de 457,2mm e aplicando 50 golpes por face do material no cilindro. A mistura asfáltica adicionada ao molde deve ser previamente mantida na temperatura de compactação. Após o resfriamento e a desmoldagem dos corpos-de-prova, obtêm-se suas dimensões (diâmetro e altura). Determinam-se para cada corpo-de-prova sua massas secas e submersa, obtendo-se a partir destes valores a massa especifica aparente que comparada a massa especifica teórica, permitira obter as relações típicas de dosagem. Depois de realizado as medidas volumétricas, a amostra é levada em banho aquecido em repouso entre 20 a 30 minutos a uma temperatura de 60°C. Após o termino, o corpo-de-porva é retirado e colocado no molde de compressão, que por meio da prensa Marshall determina-se então os parâmetros mecânicos resultantes na curva obtida na Figura 4. Figura 4 - Curva resultado do ensaio da prensa Marshall Fonte – Bernucci et al. (2006, p. 223) 31 Sendo extraídas duas propriedades mecânicas, a estabilidade e a fluência. Por estabilidade o valor máximo da força vertical aplicada que leva a amostra a ruptura; por fluência o valor da deformação vertical sofrida imediatamente antes da ruptura pela amostra, medida em milímetros. Empregando ainda outros três índices físicos das amostras compactadas, que são: a densidade aparente do corpo de prova, a porcentagem de vazios e a relação betumes-vazios, assim utilizando esses dados foi possível traçar os gráficos de acordo com a Figura 5. Figura 5 - Curvas típicas do ensaio Marshall Fonte: Bernucci et al. (2006, p. 224) 32 A partir dos gráficos obtidos (Figura 5) é possível obter o teor de ligante asfáltico de projeto. Bernucci et al. (2006) relatam que o método de dosagem Marshall pode apresentar diversas alternativas para a escolha do teor de projeto. A escolha pode ser somente baseada no volume de vazios (Vv), ou a partir da massa específica aparente e do Vv. Ainda pode-se obter o teor de projeto usando somente os parâmetros volumétricos, Vv e a relação betume/vazios (RBV). Porém os critérios convencionais volumétricos não garantem que o teor de projeto escolhido seja o melhor teor frente ao comportamento da mistura. Sendo numa dosagem racional recomendado que seja projetado para um determinado nível de resistência a tração e de módulo de resiliência, para que as tensões nas camadas não venham a diminuir a vida útil do pavimento. 2.3.2.Método Superpave Segundo Bernucci et al. (2006), nos Estados Unidos, no período entre 1940 e 1990, grande parte das misturas asfálticas eram dosados utilizando dois métodos, Marshall e Hveem. Porém, a partir de 1993 as universidades e departamentos de transporte começaram a usar a metodologia Superpave, onde várias mudanças foram realizadas, propondo umametodologia diferente, onde basicamente estima-se um teor provável de projeto através do volume de vazios junto ao conhecimento da granulometria disponível dos agregados. Bernucci et al. (2006) comenta que a maior diferença entre o método Superpave e Marshall é a forma de compactação, onde no primeiro a compactação é realizada por amassamento (giros) e a segunda é realizado por impacto (golpes). Outra diferença é a forma como a granulometria é escolhida, a metodologia Superpave, inclui o conceito de zona de restrição no qual utiliza para especificar a granulometria do agregado um gráfico onde o eixo das abscissas é dado pela abertura das peneiras, assim para atender aos critérios Superpave a curva deve passar entre os ponto de controle definidos, onde no passado era considerada uma região do gráfico, onde a curva granulométrica não deveria passar, chamada zona de restrição. 33 No método existem três níveis de projeto; que são exigidos conforme o tráfego da rodovia. Estes níveis e seus critérios estão indicados conforme a Tabela 4. Tabela 4 - Organização Hierárquica do Método Superpave Nível 1 2 3 Critério Volumétrico Volumétrico Ensaios de previsão de desempenho a uma temperatura Volumétrico Ensaios de previsão de desempenho a três temperaturas N (AASHTO) a ≥ Fonte: Bernucciet al. (2006, p. 231) Sobre os níveis citados na tabela 4, Nogueira (2008), disserta sobre o nível 1 do método Superpave é a etapa na qual se realiza um projeto volumétrico obtendo- se uma proporção adequada de vazios, vazios do agregado mineral e relação betume/vazios. Sendo realizadas as seguintes etapas: seleção do ligante asfáltico, seleção do agregado, medição compatibilidade entre ligante e agregado, determinação da graduação granulométrica, determinação do teor de ligante e verificação quanto a umidade. Já os níveis 2 e 3 tem a função de otimizar os ensaios a fim de melhorar o revestimento frente às falhas como deformação permanente, trincamento por fadiga e à baixa temperatura. A determinação do processo para a obtenção do teor de ligante pelo Superpave é descrita por Nogueira (2008) da seguinte forma: o processo começa com a compactação dos corpos-de-prova no Compactador Giratório Superpave (CGS), sendo obtidos dados que resultaram na criação de uma curva de densificação, demonstrada na Figura 6. A curva obtida relaciona o percentual da massa específica máxima esperada que se atingiu e o número de giros executados pelo aparelho. Na curva são inseridos três pontos de esforços de compactação. Os esforços de compactação Ninical e Nmáx, são utilizados para avaliar a compactabilidade da mistura, e o Nprojeto. O Nprojeto é tabelado, conforme a tabela 5, o qual é função do número de repetições do eixo padrão. O Ninical e Nmáx, são obtidos através de fórmulas em função do Nprojeto. 34 Figura 6 - Curva de densificação Fonte: Motta et al. (1996 apud BERNUCCI et al., 2006, p. 237) Tabela 5 - Número de giros especificados na norma de dosagem Superpave Parâmetros de compactação Tráfego 50 75 Muito leve (local) 7 75 115 Médio (rodovias coletoras) 8 100 160 Médio a alto (vias principais, rodovias rurais) 9 125 205 Alto volume de tráfego (interestaduais, muito pesado) Fonte: Bernucci et al. (2006, p. 237) Bernucci et al (2006), comentam que após a determinação dos esforços de compactação são obtidas as massas específicas estimadas da mistura (Gmb), expressas em percentuais de massa específica máxima (Gmm). Assim a dosagem deve atender aos critérios apresentados na tabela da Tabela 6, para que o teor de ligante utilizado seja validado. 35 Tabela 6 - Critérios volumétricos para teor de projeto Esforços de compactação (número de giros) Relação entre massa específ ica aparente e a Gmm (%) Vv (%) < 89% > 11% 96% 4% < 98% > 2% Fonte: Bernucci et al. (2006, p. 238) 2.3.3.Comparativo entre métodos de dosagem de misturas asfálticas Segundo Vasconcelos (2004), em meados dos anos 80, muitos engenheiros americanos passaram a duvidar do teor de ligante obtido durante a dosagem Marshall. Eles atribuíram ao excesso de ligante a responsabilidade pelas deformações permanentes nas rodovias americanas, de forma que se passou a acreditar que misturas asfálticas dosadas pelo método Superpave apresentavam teores de projetos inferiores aos encontrados pelo método Marshall. Motta (1998) relata divergências quanto ao método Marshall, sendo uma delas, a representatividade do método em relação às dosagens obtidas em campo. Outra divergência está relacionada a fatores ligados à preparação dos corpos-de- prova e a influência da determinação do teor de projeto. A partir destas analises torna-se evidente a importância da realização do controle tecnológico do revestimento e de seus materiais, sendo o aperfeiçoamento e a busca por exatidão das análises e dos seus métodos, fundamentais para a realização de pavimentos que atendam aos requisitos de projeto apresentando resistência e segurança aos usuários. 36 2.4 Processo Construtivo de Revestimento Asfáltico Usinado 2.4.1 Usina Asfáltica Segundo Bernucci et al. (2006) a preparação de uma mistura asfáltica é feita a partir da união entre agregado e ligante asfáltico, em proporções predeterminadas em projeto de acordo com especificações e critérios adotados, produzindo assim uma massa homogênea. Este procedimento é realizado em instalações apropriadas, denominadas usinas de asfalto, designação dada a usinas produtoras de mistura asfáltica quente, onde o agregado deve ser composto na graduação especificada por meio de mistura de diferentes frações granulométricas, sendo aquecido para eliminar a umidade e sua alta temperatura permita o seu envolvimento pelo ligante asfáltico. Ainda, de acordo com Bernucci et al. (2006) o objetivo básico das usinas de asfalto é produzir de forma adequada, seguindo características específicas determinadas, mistura de porções de agregado, aquece-las e misturar ao ligante asfáltico. Existem dois tipos de usinas asfálticas: a usina gravimétrica (Figura 7) que produz quantidades unitárias de mistura e usina de produção continua ou drum- mixer (Figura 8) que como o próprio nome diz a produção é continua. 37 Figura 7 - Representação esquemática de uma usina gravimétrica Fonte: Asphalt Institute (1998 apud BERNUCCI et al., 2006, p. 374) Figura 8 - Representação esquemática de uma usina continua Fonte: Asphalt Institute (1998 apud BERNUCCI et al., 2006, p. 375) Segundo Bernucci et al. (2006), as usinas diferenciam-se de acordo com processo de mistura do ligante asfáltico com os agregados. Nas usinas gravimétricas (Figura 6) o agregado seco, aquecido por um secador é transportado por um elevador passando por uma série de peneiras com a função de separar em várias frações granulométricas e posteriormente depositadas em silos aquecidos, 38 estás frações são pesadas e estocadass junto ao depósito de pesagem, sendo transferidas para um misturador situado abaixo, onde é realizada a mistura com o ligante asfáltico. Na usina continua (Figura 7) a mistura entre agregados e ligante asfáltico ocorre no próprio tambor secador, após secagem e aquecimento do agregado de forma contínua. Inicialmente o agregado entra na zona primaria do tambor onde é seco e aquecido pelo calor do queimador, movimentando-se para a zona secundária onde é adicionado o ligante asfáltico realizando a mistura. Durante esse processo é fundamental para o desempenho futuro o controle efetivo da temperatura dos componentes da mistura asfáltica. 2.4.2 Produção de Misturas Asfálticas A produção de mistura asfáltica a quente é envolvida das seguintes operações relatadas por Bernucci et al. (2006). O armazenamento emanejo dos materiais das misturas asfálticas dentro da área da usina: Deve cuidar para não ocorrer a contaminação dos agregados e reduzir a degradação e segregação, armazenando em lugar protegido para evitar o acumulo de umidade; e aos ligantes asfálticos deve ser mantidos fluidos e aquecidos para que possam fluir pelos dutos do sistema, nunca usando aquecimento através de chama, podendo influenciar em suas propriedades (Figura 9). Figura 9 - Exemplo de silos cobertos para agregados e tanques horizontais para armazenar ligante asfáltico em uma usina gravimétrica Fonte: Bernucci et al. (2006, p. 376) 39 Alimentação adequada dos agregados frios no secador: Os silos são os componentes principais no sistema da usina, divididos em vários silos recebem o agregado frio, proporcionando diferentes frações granulométricas (Figura 10). Na alimentação deve-se cuidar para que seja evitado a mistura destas frações, sendo dimensionadas adequadamente. Sendo responsáveis os silos pelo controle dos agregados a serem transportados para o secador. Figura 10 - Exemplo de solos frios e controle dos agregados no fundo dos silos Fonte: Berucci et al. (2006, p. 377 e 378) Controle da temperatura ideal para secagem e aquecimento dos agregados: Os agregados originários dos silos são secos e aquecidos em tambores secadores de acordo com as temperaturas necessárias (Figura 11). Sendo os secadores divididos em dois tipos, com relação ao fluxo dos agregados e do ar no seu interior. Nos secadores de fluxo paralelo o agregado e o ar fluem no mesmo sentido, sendo o agregado adicionado na mesma extremidade do queimador, enquanto nos secadores de contra fluxo, ar e agregados movimentam-se em sentidos opostos, sendo este ultimo de maior utilização. 40 Figura 11 - Sistema de aquecimento do secador Fonte: Bernucci et al. (2006, p. 378) Manutenção de pó no secador: O ar oriundo do secador é composto por gases da exaustão e pequenas partículas de pó do agregado que devem ser recolhidos para não serem dispensados na atmosfera, sendo coletados por um sistema de coletores de pó (Figura 12), primários e secundários, instalados no final do secador, sendo o primário coletor de partículas maiores que possam ser reincorporadas enquanto o secundário as retém as partículas menores que não podem voltar a mistura. Figura 12 - Exemplo sistema de coletores de pó Fonte: Bernucci et al. (2006, p. 380) 41 Distribuição, abastecimento e mistura do CAP com agregado aquecido: O processo de mistura muda conforme o tipo de usina usado. Na produção gravimétrica, agregado seco e aquecido é transportado por elevadores separado por peneiras em diversas frações granulométricas (Figura 13), que são pesadas e estocadas juntos em um deposito e transferidas a misturador para ser feita a mistura com o ligante asfáltico. Na produção contínua, agregado e ligante asfáltico são misturados no próprio tambor de secagem, de forma continua, sendo o controle da temperatura dos componentes da mistura fundamental para o desempenho futuro da massa asfáltica em campo (Figura 13). Figura 13 - Exemplo de um elevador de agregados aquecidos e silos quentes Fonte: Bernucci et al. (2006, p. 382) Estocagem, distribuição, pesagem e manuseio das misturas asfálticas produzidas: Em sua maioria, as usinas contínuas possuem silos para estocagem ou depósitos para controle de produção onde deve ser realizada a continua prevenção contra a segregação. Deve ter um sistema de controle para pesagem da quantidade de mistura a ser transportada. 42 2.4.3 Transporte e Lançamento de Misturas Asfálticas Segundo Bernucciet al. (2006) as misturas asfálticas são levadas ao local de execução por caminhões transportadores, onde o número de caminhões a ser utilizado é estimado de acordo com a velocidade da produção da usina, tempo e distância de viagem, tráfego e tempo de descarregamento. O lançamento deve ser em camada uniforme de espessura e seção transversal definidas, realizado por vibroacabadoras (Figura 14), compostas de duas unidades: a tratora com função de deslocamento, recebimento, condução e lançamento da carga de mostra asfáltica, e a unidade de nivelamento com a função de nivelar e pré-compactar a mistura na superfície em que foi lançada. Figura 14 - Exemplo de um tipo de vibroacabadora Fonte: Bernucci et al. (2006, p. 388) 2.4.4 Compactação de Revestimento Asfáltico A compactação de uma camada asfáltica de revestimento segundo Bernucci et al. (2006) aumenta a estabilidade da mistura, reduz o índice de vazios e proporciona uma superfície suave com aumento e sua vida útil. Uma compactação 43 eficiente apresenta duas condições fundamentais: confinamento durante compactação torna-se adequado quando a mistura é contida em ambas as direções, sendo comprimida, estruturando os agregados e reduzindo o volume de vazios e a temperatura adequada da mistura asfáltica, determinada de acordo com a classificação do CAP utilizado. Ainda, de acordo com Bernucci et al. (2006) o processo executivo é divido em duas fases: a de rolagem de compactação e a de acampamento. Durante a fase de compactação obtém-se a densidade desejada, impermeabilidade e grande parte da suavidade superficial, enquanto na rolagem de acabamento são corrigidas as imperfeições deixadas pelo processo anterior. Os rolos compactadores usados são de dois tipos: os rolos compactadores estáticos onde a compactação é obtida pelo peso próprio do equipamento que são os rolos de pneus, em tandem liso e de três rodsa lisas, e rolos compactadores vibratórios que possui tambor de aço com pesos giratórios responsáveis pela vibração, todos estes demonstrados na figura 15. Figura 15 - Exemplo de rolo de pneu, rolo tandem liso e rolo vibratório Fonte: Bernucci et al. (2006, p. 390 e 391) Segundo Balbo (2007) ao lançar e compactar uma mistura asfáltica, deve-se ter o cuidado para não haver segregação do material, e a mistura durante a compactação não deve afundar e exsudar. A compactação pode ser afetada de varias formas, como pelo tipo de rolo utilizado e a quantidade, o número de passadas, velocidade de rolagem, espessura solta e deformabilidade das camadas inferiores. Monismith et al. (1989 apud BALBO, 2007, p.187) apresenta uma ilustração que faz referência a dosagem de mistura asfáltica quanto ao teor de asfáltico e os 44 conceitos de estabilidade da mistura sob ação de cargas, assim como a durabilidade dos revestimentos asfálticos (Figura 16). Figura 16 - Estabilidade e durabilidade de misturas asfálticas em função do teor de asfalto Fonte: Balbo (2007, p. 187) 2.5 Controle Tecnológico Segundo o DNIT (2006) o controle de qualidade é a segurança de êxito de toda obra, as especificações e exigências do controle tecnológico e os métodos de ensaio, servem para assegurar que a obra responda as normas de qualidade mínima para obter um bom desempenho. O controle tecnológico conforme relata Fortes e Merighi (2004) deve ser executado de forma correta e de acordo com um plano traçado durante o planejamento da obra, para que, caso ocorra um erro, este possa ser corrigido em tempo hábil, garantindo assim a conformidade do projeto. O controle deve ser realizado por uma pessoa capacitada com conhecimento das especificações e normas e realizado em aparelhos calibrados para não haver erros e distorções nos testes. 45 2.5.1 Controle do Concreto Asfáltico 2.5.1.1 Controle dos Agregados O agregado escolhido para uma objetiva utilização segundo Bernucci et al. (2006) deve ter propriedades de modo a aguentar as tenções externas e internas impostas ao mesmo, sendo o seu desempenho subordinado ao meio que é produzido, mantidos unidos e das condições que irãoatuar. As propriedades que devem ser levadas em conta quando se trabalha com o agregado de acordo com o DNIT (2006), são: granulometria, forma, absorção de água, resistência ao choque e ao desgaste, durabilidade, limpeza, adesividade, massa específica aparente, densidade aparente e real do grão. Cada item citado influência em alguma forma no desempenho do revestimento asfáltico, sendo, portanto, necessários ensaios para a sua validação. Bernucci et al. (2006) relatam a utilização de agregados contendo materiais deletérios como vegetação, conchas e grumos de argila, que tornam o agregado impróprio para o uso em revestimentos asfálticos. A limpeza dos agregados pode ser realizada visualmente, mas uma análise com lavagem é mais eficiente, sendo o ensaio de equivalência de areia descrito na norma ME 054 (DNER, 1997) o qual determina a proporção relativa de materiais do tipo argila ou pó em amostras de agregados miúdos. Segundo Balbo (2007) a granulometria interfere na estabilidade dos pavimentos. O atrito interno obtido pelo entrosamento desde os agregados miúdos aos graúdos esta relacionado a estabilidade. Porém é preciso verificar a abrasão do agregado, o qual interfere no atrito interno entre os agregados. Esta verificação é possível através do ensaio ME 035 (DNER, 1995) da determinação da abrasão “Los Angeles” do agregados. De acordo com Balbo (2007) com relação a forma dos agregados, estes estando em boa forma melhora a trabalhabilidade do revestimento e a resistência ao cisalhamento, pois apresenta um intertravamento melhor entre os grãos. O ensaio designado para determinação do índice de forma é descrito no método ME 086 (DNER, 1994), ou podendo ser caracterizados através de um paquímetro onde são 46 obtidas três dimensões das partículas: comprimento, largura e espessura, segundo a norma NBR 6954 (ABNT, 1989). Bernucci et al. (2006) comentam a relação entre porosidade do agregado e absorção que ele apresenta. Esta relação é analisada pela quantidade que este absorve quando imerso em água. Um agregado poroso irá absorver ligante asfáltico, sendo necessário adicionar mais ligante na mistura para compensar este fato. A absorção é a relação da massa agua absorvida pelo agregado e a massa de material seco, segundo a normal ME 081 (DNER, 1998). Bernucci et al. (2006) ainda comentam um controle referente a adesividade ao ligante asfáltico que pode tornar o agregado inaceitável para uso em misturas asfálticas podendo ser verificado com o método ME 0787 (DNER, 1994) e quanto ao desgaste químico que os agregados podem apresentar quando expostos a condições ambientais severas durante a vida de serviço, neste caso o método usado é o ME 089 (DNER, 1994). 2.5.1.2 Caracterização e controle dos Ligantes Asfálticos Com e relação aos ensaios de caracterização tecnológica do CAP, Balbo (2007) comenta sobre o ensaio de penetração, usado para determinar a dureza ou consistência do ligante asfáltico, no método como o nome já diz é medida a penetração de uma agulha com 100 g, a uma temperatura de 25°C, durante o tempo de 5 segundos, com o valor obtido em milímetros, sendo este ensaio determinado segundo a norma NBR 6576 (ANBT, 1998). Bernucci et al. (2006) comenta que a viscosidade é uma medida da consistência do CAP por resistência ao escoamento, o ensaio mais utilizado no Brasil para determinação da viscosidade é o Saybolt-Furol, que é utilizado para determinar a fluidez do ligante asfáltico em diversas temperaturas de aplicação e uso de material, o ensaio trata-se de medida de consistência, definida pelo tempo que uma amostra de CAP contendo 60 mililitros em segundos demora para fluir por um orifício Furol, em uma certa temperatura, realizado no viscosímetro de Saybolt, (Figura 17) sendo o tempo registrado o padrão de medida de viscosidade, expresso 47 em Segundos Saybolt-Furol (SSF) e determinado pela norma NBR 14950 (ABNT, 2003). Figura 17 - Equipamento Saybolt-Furol Fonte: Bernucci et al. (2006, p. 46) Dando continuidade aos ensaios, a viscosidade cinemática, como relata Balbo (2007), é um processo no qual é determinada as propriedades do material através da utilização de um viscosímetro de tubo capilar de vidro, onde a base do ensaio é a medida do tempo passado para que um determinado volume de CAP possa fluir, controlando a altura do liquido a uma dada temperatura. As vantagens com relação ao Saynt-Furol do ensaio é a sua maior comodidade e a viabilidade de resultados mais precisos, determinando pela norma NBR 14756 (ABNT, 2001). Outro ensaio é o ensaio rotacional, ou mais conhecido nos EUA como Brookfield, que é um viscosímetro cilíndrico coaxial acoplado a uma unidade de controle de temperatura, para testes de CAPs novos, onde é realizada uma rotação com velocidade angular especifica, e com o torque aplicado é determinada a viscosidade do asfalto na temperatura desejada (Figura 18), determinados pela norma NBR 15184 (ABNT, 2001) e NBR 14541 (ABNT, 2004). 48 Figura 18 - Equipamento Brookfield e esquemas associados ao extensor Fonte: Bernucci et al. (2006, p. 47) Segundo Bernucci et al. (2006) quanto ao ensaio de ponto de amolecimento, regido pela norma NBR 6560 (ABNT, 2008) determinação do ponto de amolecimento pelo método do anel e bola, com o objetivo de estimar a suscetibilidade térmica do asfalto. O ensaio consiste em uma esfera de aço, com dimensões e peso especificados, colocada sobre uma amostra de asfalto confinado em um anel metálico padronizado. Onde o conjunto, então, é colocado dentro de um béquer em um banho de água, aquecido a uma taxa de 5º C/min. O asfalto passa a amolecer e não aguenta o peso da bola, vindo, assim, a tocar o fundo do recipiente. 49 Sendo anotado o valor da temperatura neste momento e este resultado denominando o ponto de amolecimento. De acordo com Balbo (2007) o ensaio de ductilidade, é realizado através da extensão ou alongamento de pequenas amostras de ligante asfáltico, que são moldados de acordo com a norma, sob condições de velocidade de alongamento e temperatura especificados. A ductilidade é dada pela distância em centímetros (cm), no qual CAP é esticado até seu rompimento. Sendo que os asfaltos quando muito dúcteis tem melhor características aglutinantes, mas sofrem mais com as condições climáticas. O ensaio é regulamentado pela norma NBR 6293 (ABNT, 2001) que determina a ductilidade de materiais betuminosos. O ensaio de durabilidade é relacionado ao envelhecimento precoce sofrido pelos asfaltos quando misturados com agregados minerais em usinas devido a seu aquecimento, enquanto o envelhecimento em longo prazo esta relacionado a diversos fatores ambientais no qual afetam ao longo da vida útil do pavimento, os ensaios são designados de “efeito do calor e do ar” (ECA) descrito pela normal NBR 14736 (ABNT, 2001). Segundo Bernucci et al. (2006), o ensaio de suscetibilidade térmica visa determinar a sensibilidade da consistência dos ligantes asfálticos em relação às variações de temperatura, sendo de grande importância, pois deseja-se que as propriedades mecânicas apresentadas sejam pequenas, sendo assim quando estiver na temperatura de serviço do revestimento, afim de que seja evitado grandes alterações de comportamento de acordo com as variações de temperatura ambiente. O ensaio de determinação do ponto de fulgor é associado à segurança de manuseio do CAP durante o transporte, estocagem e usinagem. É obtido através do aquecimento do CAP ate valores no qual os vapores provenientes do asfalto se inflamam com o contato de uma chama padrão, obtendo-se assim a menor temperatura para ocorrência da queima. Frequentemente, corresponde a temperatura acima de 230ºC. Determinado pela norma NBR 11341 (ABNT, 2004) de determinação dos pontos de fulgor e de combustão em vaso aberto Cleveland.
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