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A comunicação elétrica no coração inicia com um potencial de ação em uma célula autoexcitável. Dessa maneira a despolarização se propaga rapidamente para as células vizinhas através das junções comunicantes nos discos intercalares. A onda de despolarização é seguida por uma onda de contração, que passa pelo átrio e depois vai para os ventrículos. A despolarização inicia no nó sinoatrial (nó SA), as células autoexcitáveis no átrio direito que servem como o principal marcapasso do coração. A onda de despolarização, então, propaga-se rapidamente por um sistema especializado de condução, constituído de fibras autoexcitáveis não contráteis. Uma via internodal ramificada conecta o nó SA com o nó atrioventricular (nó AV), um grupo de células autoexcitáveis perto do assoalho do átrio direito. Do nó AV, a despolarização move-se para os ventrículos. As fibras de Purkinje, células de condução especializada dos ventrículos, transmitem os sinais elétricos muito rapidamente para baixo pelo fascículo atrioventricular, ou feixe AV, também chamado de feixe de His (“hiss”), no septo ventricular. Os sinais elétricos coordenam a contração Sistema de Condução e Eletrocardiograma (ECG) mas * ' Bad "Essa pq nossa Urna . - a à O sinal elétrico para a contração começa quando o nó SA dispara um potencial de ação e a despolarização se propaga para as células vizinhas através das junções comunicantes (1) A condução elétrica é rápida através das vias de condução internodais (2) , porém mais lenta através das células contráteis do átrio (3). Quando os potenciais de ação se espalham pelos átrios, eles encontram o esqueleto fibroso do coração na junção entre os átrios e os ventrículos. Esta barreira impede que os sinais elétricos sejam transferidos dos átrios para os ventrículos. Consequentemente, o nó AV é o único caminho através do qual os potenciais de ação podem alcançar as fibras contráteis dos ventrículos. O sinal elétrico passa do nó AV para o fascículo AV e seus ramos até o ápice do coração (4). Os ramos subendocárdicos (fibras de Purkinje) transmitem os impulsos muito rapidamente, com velocidades de até 4 ms, de modo que todas as células contráteis do ápice se contraem quase ao mesmo tempo (5). ELETROCARDIOGRAMA — ECG É possível utilizar eletrodos na superfície para registrar a atividade elétrica interna porque as soluções salinas, como o nosso líquido extracelular à base de NaCl, são bons condutores de eletricidade. Esses registros, chamados de eletrocardiogramas mostram a soma da atividade elétrica gerada pelas células do coração. O pai do ECG moderno foi o fisiologista holandês Walter Einthoven. Ele nomeou as partes do ECG como as conhecemos hoje e criou o “triângulo de Einthoven”, um triângulo hipotético criado ao redor do coração quando os eletrodos são colocados nos braços e na perna esquerda. Os lados do triângulo são numerados para corresponder às TRÊS DERIVAÇÕES, ou pares de eletrodos, usados para obter o registro. atuam Um ECG registra uma derivação de cada vez. Um eletrodo atua como eletrodo positivo da derivação, e um segundo eletrodo atua como o eletrodo negativo da derivação. (O terceiro eletrodo é inativo.) Por exemplo, na derivação I, o eletrodo do braço esquerdo é definido como positivo, e o eletrodo do braço direito é definido como negativo. Quando uma onda elétrica se move através do coração diretamente para o eletrodo positivo, a onda do ECG ascende da linha de base. Se o movimento resultante de cargas pelo coração dirigir-se para o eletrodo negativo, o traçado move-se para baixo. O ECG possui dói componentes principais: as ondas e os segmentos. As ondas fazem parte do traçado que sobe e desce a partir da linha de base. Os segmentos são partes da linha de base entre duas ondas. As três principais ondas podem ser vistas na derivação I de um registro eletrocardiográfico normal. A primeira onda é a onda P, a qual corresponde à despolarização atrial. O próximo trio de ondas, o complexo QRS, representa a onda progressiva da despolarização ventricular. Por vezes, a onda Q está ausente em um ECGs normal. A onda final, a onda T, representa a repolarização dos ventrículos. A repolarização atrial não é representada por uma onda especial, mas está incorporada no complexo QRS. Um ECG não é a mesma coisa que um único potencial de ação, pois um potencial de ação é um evento elétrico em uma única célula, registrado por um eletrodo intracelular. O ECG é um registro extracelular que representa a soma de múltiplos potenciais de ação ocorrendo em muitas células musculares cardíacas. (a) O eletrocardiograma (ECG) representa a soma da atividade elétrica de todas as células do coração registradas na superfície corporal. (c) A atividade elétrica de todas as células do coração em um determinado momento pode ser representada por um vetor elétrico resultante, como mostrado aqui pela despolarização atrial. (d) A direção da deflexão no traçado do ECG indica a relação entre a direção do vetor do fluxo de corrente elétrica e o eixo da derivação. (B) Triângulo de Einthoven. Os eletrodos do ECG são fixados nos braços e na perna, formando um triângulo. Uma derivação consiste em um par e eletrodos, um positivo e um negativo. Um ECG registra uma derivação de cada vez. a- -- (e) Compare o ECG em (a) com um único potencial de ação do miocárdio contrátil. (f) Um eletrocardiograma é dividido em ondas (P, Q, R, S, T), segmentos entre as ondas (p. ex., os segmentos P-R e S-T) e intervalos, que consistem da combinação de ondas e segmentos (assim como os intervalos PR e QT). Este traçado de ECG foi registrado na derivação I. • Onda P: despolarização atrial • Segmento P-R: condução através do nó AV e do fascículo AV • Complexo QRS: despolarização ventricular • Onda T: repolarização ventricular (g) Análise do ECG Questões para fazer quando se analisa um traçado de ECG: 1. Qual é a frequência? Está dentro da faixa normal de 60 a 100 batimentos por minutos? 2. O ritmo é regular ? 3. Todas as ondas normais estão presentes em uma forma reconhecível? 4. Existe um complexo QRS para calcular cada onda P? Se sim, o comprimento do segmento P-R é constante? Se não existe um complexo QRS para cada onda P, mensure a frequência cardíaca usando as ondas P, depois mensure usando as ondas R. As frequências são iguais? Qual onda está de acordo com o pulso palpado no punho? HAL (h) ECGs normal e anormal. Todos os traçados representam registros de 10 segundos. O ECG convencional é composto por 12 derivações: Seis do plano frontal (D1, D2 e D3 — ou I, II, III — , aVR, aVL e aVF) e sés do plano horizontal (V1 a V6). As derivações do plano frontal, no geral, da uma visão do coração de forma mais global, até por conta do posicionamentos dos eletrodos de captação desse sinal. As derivações do plano horizontal nos dá informações elétricas mais regionais, de porções mais especificas do coração. Além disso, as derivações do plano frontal são chamados de bipolares, pois se usa dois eletrodos para obter a derivação usando um lado e um triangulo, sendo a I com um eletrodo no braço direito e braço esquerdo; II um no braço direito e perna esquerda; III perna esquerda e braço esquerdo. As outras três derivações do plano frontal são vetores elétricos que se formam pela junção entre duas derivações bipolares, chamadas de derivações unipolar, necessitando de um eletrodo em cada ângulo, registrando, assim, as derivações aVR (right=direito), aVL (left=esquerdo) e aVF (foot=pé). Nas derivações do plano horizontal ou precordiais também são unipolares, isto é, necessita um eletrodo em um ponto especifico para captar a atividade elétrica. Assim, registram o potencial no ponto em que o eletrodo é posicionado. DERIVAÇÕES V1: átrios, parte do septo interventricular e parede anterior do VD; V2: Ventrículo direito; V3: Septo interventricular; V4: Ápice do VE; V5 e V6: miocárdioventricular esquerdo. POSICIONAMENTO V1: 4º Espaço intercostal D na linha paraesternal; V2: 4º Espaço intercostal E na linha paraesternal; V3: Entre as derivações V2 e V4; V4: 5º Espaço intercostal E na linha hemiclavicular; V5: 5º Espaço intercostal E na linha axial anterior; V6: 5º Espaço intercostal E na linha axilar média. Mt LA, A A sequência da despolarização ventricular normal A. Septo interventricular. A despolarização ventricular inicia-se no terço medio da superfície sertão esquerda e progride da esquerda para direita. B. Parede anterior. É a segunda poção dos ventrículos a se despolarizar. Esta região está junto ao septo interventricular e corresponde às massas parasseptais. C. Paredes livres dos ventrículos. A seguir, despolarizam simultaneamente as paredes livres dos ventrículos esquerdo e direito, do endocardio ao epicárdio, gerando forças elétricas mais importantes da ativação ventricular, devido à grande massa miocárdica. D. Porções basais dos ventrículos e septo interventricular. Essas regiões, pobres em terminações de Purkinje, são as últimas partes dos ventrículos a serem despolarizadas. Exemplo de Complexo QRS Normal no Plano Horizontal Homem de 37 anos, assintomático. O complexo QRS apresenta as seguintes características: • Morfologia rS em V1 e RS em V3 e V4 (transição) e QRS em V5 e V6; • A onda R aumenta de amplitude e a onda S diminui, à medida que se passa das derivações precordiais direitas às esquerdas (˜progressões normais da onda R”) •Duração 0,10s em V6. O intervalo QRS representa quanto tempo esta levando para que o ventriculo se despolarize. Logo, uma qualquer alteração indica anormalidade elétrica nessas porções. A amplitude de onda significa alteração de voltagem. Dependendo da localização o eletrodo terá voltagem diferente, como, por exemplo, as precordiais V5 e V6 tem maior voltagem. Correlações entre as Seis Derivações do Plano Frontal e os Ventrículos Considerando uma vista frontal do tórax, observem o plano hexaxial: • D2, D3 e aVF exploram diretamente a parede inferior do coração; • D1 e aVL orientam para a parede alta do VE; • aVR está voltada para a base dos ventrículos. O Eixo Elétrico Médio do Complexo QRS A atividade elétrica esta chegando no ventrículos pela região de septo por conta do sistema de condução e conforme essa condução segue em direção ao ápice do coração, ocorre dissipações de energia para as paredes do ventrículo. O que marca essa dissipação é as formações de vários vetores de elétricos em diferentes direções. Dessa forma, o QRS médio calcula o vetor resultante da soma de todos 10 vetores. Em adultos, o eixo normal do QRS situa-se geralmente entre 0º e +90º (área A). Eixo de 0º a -90º é descrito como desvio a esquerda. Entre 0º e -30º é descrito como desvio leve e entre -30º e -90º (área C) é descrito como desvio moderado a marcado. As causas mais frequentes de desvio para esquerda incluem adultos normais brevilíneos, crescimento ventricular esquerdo, infarto de parede inferior e bloqueio fascicular anterior esquerdo. Eixo entre +90º e +180º (área D) representa desvio para direita e pode ser encontrado em crianças, adultos normais longilíneos e crescimento ventricular direito, dentre outras. Eixo entre -90º e -180º (área E) corresponde a desvio extremo para direita ou para esquerda. Exemplo de Cálculo do Eixo do QRS No ECG a seguir, de uma mulher de 36 anos, assintomática, D2 ostra a maior deflexão e é positiva (onda R com 10mm), significando que o eixo do QRS está paralelo a esta derivação e projeta-se em seu polo positivo; ou seja, em +60º. A presença de um complexo QRS isodifásico em aVL, que é perpendicular à D2, é uma comprovação deste fato. Para calcular o Eixo médio, primeiramente, identifica-se, entre as derivações do plano frontal (D1, D2, D3, aVR, aVL e aVF), onde a amplitude do QRS está maior (D2) e se a deflexão é positiva ou negativa. No plano hexaxial, traçar uma seta correspondente. Dessa forma, +60º corresponde ao eixo elétrico médio. Outra forma de calcular o eixo medio é por meio do QRS isodifásico, isto é, um QRS onde a onda R e S são praticamente do mesmo tamanho (aVL). Após encontrar o isodifásico, ir no plano hexaxial e procurar qual dos vetores que forma um angulo de 90º com a derivação do isodifásico (-30ºaVL) ou -150º aVR). Exemplo de Desvio do Eixo do QRS para a Esquerda No ECG a seguir, de um homem de 44 anos, com infarto do miocárdio recente na parede inferior, D3 é a derivação do plano frontal que mostra a maior deflexão e é negativa (onda QS), indicando que o eixo do QRS está paralelo a essa derivação e projeta-se em sua metade negativa; ou seja, em -60º. A presença de um QRS isodifásico em aVR, que é perpendicular à D3, confirma o desvio patológico do eixo à esquerda. Identificando os planos frontais do ECG, encontra- se a maior amplitude em (D3) e negativa. No plano hexaxial está a -60º, indicado pela seta roxa, referenciando um desvio a esquerda. Para confirmação, identificando o QRS isodifásico, está em (aVR), que no plano hexaxial faz um alguma de 90º com o vetor em roxo, confirmando o achado. Como analisar um ECG Um ECG deve ser interpretado à luz dos achados clínicos de forma sistêmica, abordando sequencialmente cada parâmetro do traçado eletrocardiográfico: 1. Ritmo — Ritmo sinusal regular 2. Frequência cardíaca — FC 50 a 90bpm 3. Onda P — Intervalo PR fixo entre 0,12s a 0,20s 4. Intervalo PR — Complexo QRS com duração ≤0,10s 5. Complexo QRS — Eixo do QRS entre 0º e +90º 6. Segmento ST — Progressão da onda R de V1 a V5 ou V6 7. Onda T — Segmento ST isoelétrico ou levemente supradesnivelado 8. Intervalo QT — OndasT geralmente assimétricas positivas em D1, D2, V2 a V6, e negativas e VR 9. Onda U — Intervalo QT <50º intervalo RR
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