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Farmacologia do Sistema Nervoso Central (SNC) Farmacologia da depressão A depressão é o mais comum dos distúrbios afetivos; pode variar de alteração muito leve, beirando a normalidade, até a depressão grave (psicótica), acompanhada de alucinações e delírios. Há dois tipos distintos de síndrome depressiva: depressão unipolar, na qual as alterações de humor são sempre na mesma direção; e distúrbio bipolar, no qual a depressão se alterna com a mania. A mania é, na maioria dos aspectos, exatamente o oposto, com exuberância, entusiasmo e autoconfiança excessivos, acompanhados de ações impulsivas, combinando-se esses sinais frequentemente com irritabilidade, impaciência e agressividade e, algumas vezes, delírios de grandeza do tipo napoleônico. Como com a depressão, o humor e as ações são impróprios para as circunstâncias. Neurotransmissores: Noradrenalina Serotonina Dopamina (menos) A serotonina (5-hidroxitriptamina ou 5HT) e a norepinefrina (NE) desempenham papéis críticos na modulação do humor, no ciclo de sono–vigília, na motivação, na percepção da dor e na função neuroendócrina. A liberação de 5HT e de NE ocorre primariamente através de varicosidades. Ao contrário das sinapses, que formam contatos firmes com neurônios-alvo específicos, as varicosidades liberam grandes quantidades de neurotransmissor a partir de vesículas presentes no espaço extracelular, estabelecendo gradientes de concentração de neurotransmissor nas áreas de projeção das varicosidades. Etiologia da depressão Hipótese das monoaminas: Falta ou diminuição de transmissores de monoaminas em certos locais do cérebro, enquanto a mania seria o excesso funcional. Tal proposição é reforçada pelo conhecimento do mecanismo de ação dos antidepressivos, que se baseia, principalmente, no aumento da disponibilidade desses neurotransmissores na fenda sináptica, seja pela inibição de suas recaptações, seja pela inibição da enzima responsável por suas degradações. Essa hipótese, entretanto, falha ao explicar porque os efeitos terapêuticos dos antidepressivos somente são sentidos após um período de 14 a 21 dias de tratamento, mesmo sabendo-se que a dosagem de serotonina evidência ação farmacológica no período de 1 a 3h após a administração. Hipótese dos Receptores monoaminérgicos: De acordo com essa teoria, as monoaminas também estão em falta ou reduzidas. Porém, há um mecanismo compensatório: há aumento no número de receptores, o que foi chamado de mecanismo Up Regulation. A diminuição do número de neurotransmissores e o aumento da sensibilidade dos receptores geram o quadro de depressão. Desse modo, a resposta terapêutica surge quando há Down Regulation, ou seja, quando há redução no número de receptores somada ao aumento dos neurotransmissores, já iniciado logo após a administração do fármaco. Independente do mecanismo, os antidepressivos aumentam a disponibilidade de monoaminas na Fenda sináptica. Há duas formas de controlas os níveis de neurotransmissor: 1. Destruição dos neurotransmissores: dentro do neurônio pré-sináptico pela monoamina oxidase (MAO). 2. Recaptação dos neurotransmissores da fenda sináptica de volta para o neurônio pré-sináptico. Redução dos neurotransmissores na fenda, reduz ligação com receptores. Dessa forma, os fármacos podem atuar pela inibição da receptação de monoaminas ou inibição da enzina MAO. Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) Os ISRS inibem a recaptação da serotonina na fenda sináptica e com isso há mais neurotransmissores disponíveis para a exercer a atividade serotonérgica. Essa classe é composta de medicamentos tão eficazes quanto os antidepressivos tricíclicos, mas com uma menor quantidade de efeitos adversos (maior segurança), como também em relação à tolerância. Esses medicamentos inibem de forma potente e seletiva a recaptação de serotonina e, como consequência, potencializa a transmissão de serotonina. Embora todos os ISRSs apresentem o mesmo mecanismo de ação, as diferenças entre suas estruturas moleculares implicam em perfis farmacodinâmicos e farmacocinéticos também diferentes. 1. CITALOPRAM Indicações: tratamento da depressão e, a longo prazo, para prevenir a recorrência de novos episódios de depressão nos casos de depressão recorrente; tratamento de pacientes com transtorno de pânico com ou sem agorafobia e para o tratamento de pacientes com transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Possui pouco efeito na recaptação de dopamina, noradrenalina e GABA. Potencializa o efeito antinociceptivo de analgésicos opióides quando utilizados de forma concomitante. A meia-vida de eliminação (t1/2) é de, em média, um dia e meio. Não é tão efetivo em baixas doses. Doses aumentadas podem causar cardiotoxicidade. 2. FLUOXETINA Indicada para o tratamento da depressão associada ou não com ansiedade, bulimia nervosa, TOC e transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM). Bem absorvida após administração oral, atingindo sua concentração máxima no intervalo de 6 a 8 horas. Importante para a clínica: administração cuidadosa em pacientes com histórico de convulsões. Interações importantes com a fluoxetina: medicamentos ativos no sistema nervoso central (ex.: fenitoína, carbamazepina, haloperidol, diazepam e desipramina); drogas que se ligam às proteínas plasmáticas (ex.: diclofenaco); Varfarina (por alterar os efeitos anticoagulantes); Ácido acetilsalicílico e AINES (ex.: ibuprofeno, nimesulida, naproxeno); Tioridazina (arritmias cardíacas graves, podendo levar o indivíduo a óbito). Meia-vida longa (2-3 dias), tornando-a inapropriada para idosos. 3. PAROXETINA Utilizada no tratamento de depressão de todos os tipos e transtornos de ansiedade. Possui meia-vida de eliminação de um dia (em média). ATENÇÃO! A eficácia do tamoxifeno pode ser reduzida quando prescrito em associação com a paroxetina por causa da inibição irreversível da paroxetina ao CYP2D6. A paroxetina pode afetar a fertilidade em homens por alterar a qualidade do esperma. Pode causar disfunção sexual. Retirada abrupta pode causar rebote colinérgico (abstinência): sintomas no trato gastrointestinal, formigamento, tontura. 4. SERTRALINA Absorvida lentamente quando tomada por via oral - máxima concentração plasmática 4 a 6 horas após a ingestão. O pico plasmático aumenta 30% quando o medicamento é ingerido com alimentos, pela diminuição do metabolismo de primeira passagem. Possui maior potência e especificidade relacionada à inibição da recaptação de serotonina do que de noradrenalina. Melhora energia, concentração e motivação. Possui meia-vida de 26 horas e início da ação em 7 dias. A sertralina também possui ação inibitória baixa na recaptação de dopamina, ação agonista do receptor sigma-1 (ação antipsicótica e ansiolítica – boa opção para idosos com agressividade) e antagonista do receptor alfa1-adrenérgico. 5. FLUVOXAMINA É um medicamento utilizado no tratamento dos transtornos de ansiedade, como TOC, ansiedade generalizada, fobia social, transtorno de estresse pós- traumático e os estados mistos de ansiedade e depressão. Em crianças maiores de 8 anos e adolescentes menores de 18 anos, apenas em casos de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) a fluvoxamina poderá ser indicada para o tratamento. Possui baixa afinidade pelo receptor de dopamina ou outro neurotransmissor e ótima afinidade com o receptor sigma 1 (ação agonista). Efeitos colaterais: Por causa da ação seletiva, os ISRS apresentam um perfil mais tolerável, existindo também diferenças entre os principais efeitos colaterais dos diferentes medicamentos dessa classe.
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