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Artigo (Poesia) sobre o Feminismo em Rupi Kaur

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O feminismo e a poesia de Rupi Kaur
Alessandra Maria da Silva Oliveira
UECE – Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos
alessandra.m.lin@gmail.com
Bruna
Resumo
Um dos maiores marcos da história contemporânea, é a ascensão das buscas pelos direitos das mulheres onde milhares lutaram para conseguir ter seu devido lugar na sociedade. Na poesia, não foi diferente, muitas escritoras manifestaram seu posicionamento expondo sua opinião através dos poemas. Hoje, muitas escritoras ainda seguem esse molde, como é o caso da instapoet Rupi Kaur que é uma das escritoras feministas mais influentes da atualidade. Seu pensamento, em relação a assuntos delicados, envolve o mundo feminino, por meio de desenhos que representam sentimentos profundos e complexos. Em “Outros jeitos de usar a boca”, Kaur transpassa temas como: abuso, trauma, depressão, ansiedade, sexo e amor. 
Palavras-chave: feminismo. rupi kaur. resumo. escritores. poesia. 
Abstract 
 One of the greatest milestones in contemporary history is the rise of the search for women's rights where thousands have struggled to get their place in society. In poetry, it was no different, many writers expressed their position by exposing their opinion through poems. Today, many writers still follow this pattern, as is the case of instapoet Rupi Kaur who is currently one of the most influential feminist-writers. Her thinking, in relation to sensitive subjects, involves the feminine world through drawings that represents deeper and complexive feelings. In "Milk and Honey", Kaur brings themes such as: abuse, trauma, depression, anxiety, sex and love.
Keywords: feminism. rupi kaur. abstract. writers. poetry.
Introdução
 O movimento político-social Feminista iniciou no final do século XIX e tem como objetivo promover a igualdade de direitos das mulheres na sociedade. O movimento teve como influência a Revolução Francesa (1785-1789) que foi onde as mulheres começaram a ter consciência das desigualdades a que eram submetidas, pelo simples fato de serem mulheres. O Feminismo evoluiu e agora além de questões sociais, políticas e econômicas, ele aborda questões como: saúde da mulher, abuso moral e sexual, empoderamento, padrões abusivos de beleza, representatividade, entre outros temas pertinentes.
 No âmbito literário, bem antes da articulação do movimento, muitas escritoras expressavam seus pensamentos feministas através da sua escrita. Mary Wollstonecraft, autora do século XVIII, tinha ideias de liberdade e igualdade para as mulheres, em sua obra “Uma reinvindicação pelos direitos da mulher” ela levanta questões como o lugar da mulher na sociedade e sua (in) dependência em relação aos homens. Em 1929, Virgina Woolf publica o livro “Um teto todo seu” onde ela mostra as dificuldades que as mulheres escritoras de seu tempo tinham para desenvolver suas obras.
 Em 2014, a escritora feminista Rupi Kaur publicou a coletânea de poemas “Outros jeitos de usar a boca” (Originalmente, Milk and Honey) que vendeu mais de um milhão de cópias e ficou em primeiro lugar no The New York Times. O presente trabalho irá analisar alguns poemas dessa coletânea que abordam temas como abuso, inferiorização da mulher e representatividade.
 A pesquisa está dividida em três tópicos de conteúdo, o primeiro intitulado “O movimento feminista” falaremos sobre o período em si. No segundo “A poesia feminista” daremos voz à escrita do mundo feminino, seus conceitos e visões; por fim, “Rupi Kaur e o Feminismo em ‘Outros jeitos de usar a boca’”, irá analisar os poemas de maneira expressiva e interpessoal.
 Em seguida, concluiremos a pesquisa fazendo apontamentos sobre o que foi observado nos poemas de Kaur e seu reflexo nos temas referentes à mulher, sua posição na sociedade atual e o pensamento crítico que pode ser desenvolvido a partir da leitura da coletânea.
Desenvolvimento
O MOVIMENTO FEMINISTA
 O movimento feminista tem como objetivo lutar contra toda e qualquer forma de opressão sofrida pela mulher, através dos ideais machistas e misóginos que permeiam a sociedade em que vivemos. Além disso, prevê a igualdade entre os gêneros, fim da violência doméstica e cultura do estupro, descriminalização do abroto e liberdade sexual como direitos inegáveis das mulheres que são as únicas prejudicadas pela ideologia da supremacia masculina.
	Em 1789, com o início da Revolução Francesa, as mulheres conseguiram se articular e sair às ruas para exigir o direito a ter vida social e política ativa. A partir de então, elas passaram a ter maior consciência das desigualdades a que eram submetidas sem nenhum embasamento científico[footnoteRef:1] senão seu órgão genital. [1: Vale ressaltar que os médicos, principalmente do século XIX, faziam estudos e experiências a fim de comprovar a inferioridade feminina sendo que os resultados eram forjados para que pudessem atestar a superioridade masculina.] 
O enraizamento e emancipação do movimento se deram na Inglaterra do século XIX onde as mulheres lutavam por igualdade jurídica e educacional. Entretanto o movimento feminista contemporâneo teve seu início nos Estados Unidos já por volta de 1960 que expandiu seus horizontes e buscava pela libertação dos paradigmas sociais aos quais eram impostas e igualdade jurídica, econômica e política.
Apesar de todo o caminho que faltava percorrer o movimento caiu em declínio cerca de 20 anos após sua ascensão, pois temas como o narcotráfico e terrorismo ocuparam todo o espaço das discussões, e só voltou à ativa no fim dos nos 1990 tendo como alicerce as novas exigências sociais.
	No Brasil, as mulheres já começaram seus protestos ainda na época do Brasil- Colônia (1500-1822), porém suas reivindicações referiam-se apenas a vida política e social. Somente a partir de 1822 que o direito das mulheres a educação passou a ser reconhecido e, nesse mesmo século, surgiram núcleos feministas tanto no país quanto na América Latina.
	No início do século XX, com a expansão do Feminismo e aumento no número de adeptas, houve uma ramificação nas especificidades do movimento. Enquanto umas lutavam apenas pelo exercício da sua cidadania, outras questionavam todos os papéis a que eram submetidas e lutavam por vida pública irrestritamente ativa.
 Como ponto importante para a plena compreensão desse trabalho, iremos abordar da maneira mais clara e profunda possível (há uma imensa dificuldade para se conseguir dados concretos sobre esse tema) os movimentos na Índia, tanto as suas origens como movimentos atuais. 
	A situação da mulher indiana é preocupante, em um país extremamente misógino, até mesmo no convívio doméstico, a vida da mulher é um verdadeiro martírio. Vistas como um fardo e como um investimento que não trará lucro, estão destinadas a basicamente casar com um homem rico para que o “fardo” possa ser retirado da família e passado para o futuro esposo.
 Logo após o casamento iniciam-se as agressões físicas, estupros (inclusive por parentes do seu esposo), mutilação, e ao engravidar, se o bebê for do sexo feminino, a mulher é obrigada a abortar, essa prática é proibida pelo governo, ou segue a gravidez com agressões ainda mais intensas e privações de todos os tipos. Por esses e outros motivos, a Índia foi considerada em 2018 pela Thompson Reuters Foundation[footnoteRef:2] como o país mais perigoso do mundo para mulheres. [2: Fundação filantrópica criada em 1983 e registrada no Reino Unido e nos Estados Unidos da América, tem como objetivo promover jornalismo de qualidade em todo o mundo em temas pertinentes, principalmente, aos direitos humanos.] 
 Observando pesquisas como esta é quase impossível acreditar que os movimentos feministas do país vêm promovendo mudanças desde 1947! Esses movimentos têm como foco os temas relevantes para as mulheres desse país, mas como elas não são um grupo homogêneo faz-se necessário uma classificação das adversidades enfrentadas por cada grupo. 
	Ainda assim vale ressaltar que a partir de 1950 o governoindiano passou a compreender e atender as necessidades das mulheres tomando medidas que visam melhorar a qualidade de vida desse grupo, ainda que pequenas é possível ver algumas mudanças como um aumento de 65% da taxa de alfabetização feminina desde o período de pós-independência; a queda da taxa de fertilidade feminina caiu de 6 filhos por mulher em 1960 para 2,5 em 2011; a possibilidade de cargos públicos, inclusive os de alto escalão, serem ocupados por mulheres; e incentivos para o microempreendedorismo.
	É importante compreender que essas mudanças não teriam acontecido sem a pressão dos movimentos feministas, pois antes de ser uma questão política é uma questão cultural, onde a maioria das mulheres sequer compreende a sua situação ou acredita que possa ter direitos. 
 
 
 A POESIA FEMINSTA 
 Uma das primeiras manifestações da mulher por direito igualitário ao dos homens, na proclamada “primeira onda feminista”, era busca por liberdade de expressão e escrita, onde muitas começaram a se conscientizar e refletir sobre seu papel na sociedade. Já na chamada segunda onda, durante o a primeira metade do século XX, nasce a “Crítica Feminista” com o objetivo de analisar as obras masculinas com enfoques femininos e logo depois, a escrita de autoria feminina, onde mais precisamente, a poesia entrou como ferramenta marcante nesse período. 
 Constituinte do gênero lírico que preserva a subjetividade, o sentimentalismo e a musicalidade como principais fatores de constituição, a poesia, além de apropriar-se da metrificação e a rima, aproxima o autor e o leitor de maneira interligada na qual ambos se completam e apropriam-se da obra pra fazer valer os sentidos transpassados.
 
 Tal gênero tem ganhado espaço na sociedade, mas ainda está longe de obter o seu merecido reconhecimento; ele faz parte de um processo curativo, onde o poeta expressa seus sentimentos através dos vários olhares que ele propicia a cada palavra. Esse é um processo constante, pois a cada momento o homem precisa se reconhecer como homem e isso só é possível através da poesia, sendo esta, a essência um dos processos criativo humano. Entretanto, o ato de ver poesia no mundo e criar poemas a partir disso demanda um trabalho um pouco mais árduo, a inspiração é primordial, mas há outros elementos e regras que farão o poema ser considerado poema. 
 Bem no meio desse sistema está o poeta, que, segundo Alfredo Bosi, vai desempenhar a função de “doador de sentidos” (1936, p-141). Esses sentidos têm o papel de criticar, para fins estéticos ou não, aquilo que o autor deseja dependendo tanto de sua imaginação quanto a do leitor da obra.
 Ainda no que tange a escrita feminina em contraposição aos seus referidos papeis socais da época, vale ressaltar as obras dos grandes nomes do feminismo: A room of one’s own da inglesa Virginia Woolf e o Segundo Sexo da francesa Simone de Beauvoir na qual muitos estudiosos do movimento feminista ressaltam essas obras como bases das suas, pois é onde há mais levantamentos críticos sobre a posição, dever e papel da mulher na época. 
  Retomando a poesia, que sempre esteve muito presente nos escritos de muitas escritoras feministas, como Josefina Alvares de Azevedo, Nísia Floresta, Emily Dickinson, Florbela Espanca, Cora Coralina, Cecília Meireles e atualmente: Adélia Prado, Ryane Leão e Rupi Kaur. Autoras essas que tiveram muitos de seus poemas dirigidos às questões das mulheres, por exemplo: algumas trouxeram questões que envolvem temas delicados sobre o mundo feminino, umas proclamaram críticas a sociedade e outras visaram mais os assuntos sociais e psicológicos. 
 
 Essa poesia tem um grau diferente, porque ela denúncia, crítica, busca melhorias, traz, o que antes era uma minoria, para centro. Busca fazer esse público se sentir da forma como devem se sentir, levando-a a um patamar diferente do que já viu, além de trazer outras maneiras de se pensar sobre determinado assunto que as envolve como meio de prevenção para não serem alvo de quaisquer situações ruim. 
         
  Logo, é notório o papel da poesia na busca, luta e na manifestação feminina pelos seus direitos. Por esse gênero ser um local onde podemos abordar críticas, sentimentos, fatos e opiniões, muitas vezes consideradas complexos, faz com que seja mais adequado a opinião em forma de poemas. 
RUPI KAUR E O FEMINISMO EM “OUTROS JEITOS DE USAR A BOCA”
 Já no começo do livro “Outros jeitos de usar a boca”, a escritora, Rupi Kaur, aborda temas que já vem antes mesmo da mulher se tornar mulher no capítulo 1 dos 4, o intitulado “A dor”. Nesse tema, traz figuras masculinas em relação as femininas de diversos moldes, como a figura paterna, a do marido, ou do namorado. A escritora trata o trauma, a repressão, o abuso, a dor causada na mulher de um jeito simples e ao mesmo tempo complexo, repleto de significados em cada linha da sua linguagem clara para justamente passar a ideia de compreensão e igualdade entre seus leitores. Nesta sessão, a mulher é criança, adolescente, jovem e adulta.
 No segundo capítulo da obra, “O amor”, a poeta busca enfatizar feminilidade da mulher trazendo sua natureza para o meio de seus poemas. Lá, há questões principalmente consideradas tabus em muitas sociedades contemporâneas. Entre tais quesitos está o sexo, a paixão entre um casal, a amor por si mesma transfigurado pela masturbação como enfoque especialmente do amor próprio. A plenitude que a mulher deve sentir por ser mulher, se preencher sozinha, se sentir boa o bastante consigo mesma.
 Depois chega “A ruptura” que já é prevista pelas páginas finais do capítulo anterior. Nele, a autora volta a dor, o sentimento da quebra do amor sentido anteriormente, da melancolia vivida por uma mulher ao ser abandonada ou pelo fato de se sentir sozinha. Em seguida, vem a resiliência, a reestruturação que deve ser capturada em prol da recuperação. O enfoque a força feminina é visível nesses versos, onde a mulher é capaz sim de sentir completa novamente, buscando sempre evoluir e não cair no mar do sofrimento, especialmente suportando-se.
 Por fim, “A cura”, repleta de
Conclusão
Referências

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