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Patrícia Miranda- MEDICINA 
Problema 4 
 
1- ELUCIDAR SOBRE AS CAUSAS, CONSEQUÊNCIAS, TIPOS DE DESNUTRIÇÃO E RELACIONAR COM 
AS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS. 
DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO 
A DESNUTRIÇÃO COMO INTERSECÇÃO ENTRE SEGURANÇA ALIMENTAR E SEGURANÇA EM 
SAÚDE 
A subnutrição geralmente decorre de três fatores: segurança alimentar em nível, acesso aos 
serviços de saúde e saneamentos, e a maneira de cuidar da criança. Uma mãe com poucos 
recursos econômicos que sabe como cuidar dos filhos e está apta a fazê-lo geralmente consegue 
usar alimentos e os serviços de saúde disponíveis para produzir crianças bem nutridas. De as 
fontes alimentares e os serviços de saúde estiverem disponíveis na comunidade, mas a mãe não 
tiver acesso aos programas de imunização ou não tiver conhecimento apropriado de como e 
quanto adicionar alimentos complementares na dieta da criança, a criança pode ficar 
desnutrida. 
A subnutrição não é simplesmente o resultado da insegurança alimentar, embora a segurança 
alimentar geralmente seja uma condição necessária (mas insuficiente) para a segurança 
nutricional. Muitas crianças em ambientes alimentares seguros e de famílias mais abastadas 
estão abaixo do peso ou com ganho insuficiente em virtude de alimentação e cuidados infantis 
inadequados para a idade, acesso precario aos servicos de saude ou más condições de 
saneamento. Em muitos paises onde a desnutricao é generalizada, a produção alimentar e o 
acesso aos alimentos podem não ser os fatores mais limitantes. As causas mais importantes da 
subnutrição são a falta de conhecimento adequado sobre os beneficios da amamentação 
exclusiva, da introdução de alimentos complementares e do papel dos micronutrientes, e a falta 
de disponibilidade do tempo das mulheres para a pratica adequada de cuidados a criança e seu 
próprio cuidado durante a gestação. A situação e diferente em cenarios de fome e emergencia, 
onde a insegurança alimentar esta quase sempre entre os fatores mais importantes. 
O crescimento economico e a producao alimentar, bem como o espacamento entre os 
nascimentos e a educacao das mulheres, também sao caminhos importantes, ainda que menos 
diretos, para melhorara nutricao em paises em desenvolvimento. Os caminhos mais curtos para 
melhorar a nutricao geralmente passam pela provisao de serviços de saude, saneamento, e de 
aconselhamento e educacao nutricionais, incluindo a promocao da amamentacao exclusiva e de 
uma alimentação complementar adequada e oportuna, juntamente com cuidados pre-natais e 
servicos basicos de saude infantil e materna. Em muitos contextos, a suplementacao de 
micronutrientes e a fortificacao de alimentos tambem sao elementos-chave das estrategias de 
saude publica voltadas para a subnutricao. 
INSEGURANÇA ALIMENTAR 
Os governos procuram promover a seguranca alimentar da população tanto por seu valor 
intrinseco quanto instrumental. O primeiro refere-se ao fato de os individuos valorizarem a 
seguranca alimentar como direito proprio, enquanto o ultimo reconhece a contribuição da 
seguranca alimentar para a melhoria nutricional. Mas o que e seguranca alimentar? Uma 
definicao prevalente a visualiza como o acesso, de todas as pessoas e a todo momento, a uma 
alimentação suficiente em termos de qualidade, quantidade e diversidade para se ter uma vida 
saudável e ativa sem o risco de perder esse acesso. Para atingir a seguranca alimentar, e 
necessario analisar tres de suas dimensoes: disponibilidade, acesso e utilização. Disponibilidade 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
refere- se ao suprimento de alimentos (geralmente os graos no mercado refletindo as condicoes 
economicas de producao e comercio), enquanto acesso refere-se ao nivel domestico, refletindo 
o poder de compra, bem como os programas de transferencia. O acesso tambem tem uma 
dimensao intradomestica, pois os alimentos nao sao necessariamente repartidos igualmente 
dentro do lar. O pilar utilização reflete o fato de que mesmo as familias que tem acesso aos 
alimentos nao adquirem necessariamente a seguranca nutricional.. 
SUBNUTRIÇÃO 
O maior risco da subnutrição ocorre durante a gestação e nos primeiros 2 anos de vida. Os 
defeitos desse dano inicial sobre a saúde, desenvolvimento, inteligência, aprendizado e 
produtividade são potencialmente irreversíveis. Portanto, os governos com recursos limitados 
são aconselhados a focalizar as ações com financiamento nessa janela crítica de oportunidade e 
focalizar as ações com financiamento público nessa janela crítica de oportunidades entre a 
preconcepção e os 24 meses de idade. A deficiencia de folato também aumenta o risco de 
defeitos congenitos; essa janela particular de oportunidades ocorre antes da concepcao, como 
com o iodo. A anemia por deficiencia de ferro e outra dimensao da subnutricao que possui riscos 
mensuraveis que se estendem para alem dos primeiros anos de vida, com riscos particulares 
para a saude da mae e o peso do filho ao nascimento. A anemia tambem pode reduzir as funcoes 
cognitiva e fisica e a produtividade economica de adultos de ambos os sexos. 
 
MENSURAÇÃO DA SUBUNIDADE 
O termo desnutrição engloba ambas as extremidades do espectro nutricional, da subnutricao 
(peso baixo, estatura baixa, definhamento e deficiencias de micronutrientes) ate o sobrepeso. 
Muitos resultados nutricionais insatisfatorios começam no útero e manifestam-se como baixo 
peso ao nascer (BPN). A prematuridade e a restricao de crescimento intrauterino (RCIU) sao as 
duas principais causas de BPN, sendo que a prematuridade e relativamente mais importante nos 
paises desenvolvidos e a RCIU e mais significativa nos paises em desenvolvimento. 
Nas crianças em idade escolar e pré-escolar, a situação nutricional geralmente é determinada 
em termos de antropometria. Foram estabelecidas referências internacionais que permitem a 
normalizações das medidas antropométricas através do escore z, definido como altura (peso) 
da criança menos a mediana da altura (peso) para a idade e sexo da criança divididos pelo 
desvio-padrão relevante. A organização Mundial de Saúde (OMS) revisou recentemente as 
referências de crescimento da criança com base em dados de crianças saudáveis de cinco países. 
A comparações dos indícios de desnutrição pelos países. As comparações dos índices de 
desnutrição pelos países são significativas e essas referências de crescimento aplicam-se a todas 
as crianças ao redor do mundo. 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
 
A altura para idade é útil para avaliar a situação nutricional das populações, pois o crescimento 
esquelético reflete o impacto cumulativo de eventos que afetam o estado nutricional e resultam 
em parada no crescimento (também relacionada à desnutrição crônica). Essa medida 
contrasta com o peso para a altura, ou o definhamento, que mede a desnutrição aguda. O peso 
para a idade e outra medida comumente utilizada para verificar a situacao nutricional. Embora 
tenha menor importancia clinica, pois combina o tamanho com as condicoes de saúde atuais, 
tem a vantagem de ser mais facil de ser medido: as balancas atuais permitem que a crianca seja 
pesada nos bracos dos pais, mas o peso para a altura necessita de dois instrumentos diferentes 
de medicao. A altura (estatura) e particularmente dificil de ser medida nas crianças mais 
vulneraveis, as com menos de 2 anos de idade, nas quais o comprimento medido com a crianca 
deitada e o indicador preferido para a altura. Em casos de emergencias e em algumas situacoes 
praticas, a circunferência braquial (CB) e usada para triagem no lugar do peso para a altura. 
A obesidade, assim como o déficit energético em adultos, costuma ser referida em termos de 
índice de massa corporal (IMC). Os individuos sao considerados deficientes cronicos de energia 
quando apresentam IMC abaixo de 18,5, com sobrepeso quando apresentam IMC maior que 25 
e obesos quando apresentam IMC maior que 30. 
Outro aspecto da desnutricao e a deficiencia de micronutrientes. Os micronutrientes de suma 
importanciaem saude publica sao: iodo, vitamina A, ferro, acido folico e zinco. A deficiencia de 
iodo e suas sequelas (bocio, hipotireoidismo e deficiencias de desenvolvimento, incluindo 
retardo mental grave) sao avaliadas na inspecao clinica através do aumento da tireoide (bocio) 
ou pela dosagem de iodo na urina (_g/L). Mesmo as formas mais leves de deficiencia de iodo 
durante a gestacao implicam desenvolvimentos fisico e mental insatisfatorios entre as criancas, 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
bem como perdas fetais. O marco de referencia em saúde publica para eliminar a deficiencia de 
iodo na populacao e ter menos de 20% da populacao com niveis de iodo urinario < 50 _g/L (Cap. 
51). A deficiencia de vitamina A e causada pela baixa ingestao de retinol ou de seu precursor, o 
betacaroteno. A absorcao pode ser inibida pela falta de gorduras na dieta ou por infestacoes por 
parasitas. A deficiencia clinica e estimada pela combinacao de cegueira noturna e alteracoes 
visuais (principalmente pelas manchas de Bitot e prevalência de xeroftalmia total). A deficiencia 
subclinica e determinada pela prevalencia de retinol serico < 0,70 _mol/L (Cap. 45). A maior 
importancia da deficiencia de vitamina A em saude publica e sua associação a um maior indice 
de mortalidade entre criancas mais jovens. A suplementacao profilatica de vitamina A entre as 
criancas < 5 anos de idade de populacoes com esta deficiencia pode reduzir a mortalidade 
infantil em ate 23%. 
As criancas em geral sofrem de anemia tanto como resultado da ingestao baixa ou ma absorcao 
de ferro como em funcao de doença ou infestacao parasitaria, embora a desnutricao proteico-
calorica grave e a deficiencia de vitamina B12 ou folato tambem possam levar a anemia. As 
mulheres tambem apresentam indices elevados de anemia decorrentes de baixa ingestao de 
ferro, ma absorcao, doenca ou perda excessiva de sangue. A desnutricao proteico-calorica grave 
e a deficiencia de folato e vitamina B12 tambem podem provocar anemia. A anemia e mais 
comumente medida em gramas de hemoglobina por litro de sangue. Os valores de corte que 
definem a anemia sao 11 g/ dL para criancas de 6-59 meses, 11,5 g/dL para criancas de 5-11 
anos e 12 g/dL para criancas de 12-14 anos. Os valores de corte sao de 12 g/dL para mulheres 
nao gravidas, 11 g/dL para mulheres gravidas e 13 g/dL para homens. 
A suplementacao de zinco pode reduzir a mortalidade infantil, principalmente quando associada 
a terapia de reidratacao oral para diarreia. As concentracoes plasmaticas respondem as 
alteracoes alimentares proporcionalmente a quantidade ingerida, e a excrecao urinaria 
correlaciona-se com a quantidade total de zinco, mas ainda nao ha um biomarcador 
padronizado amplamente utilizado como triagem para definir questoes de saude publica. 
publica para eliminar a deficiencia de iodo na populacao e ter menos de 20% da populacao com 
niveis de iodo urinario < 50 _g/L (Cap. 51). A deficiencia de vitamina A e causada pela baixa 
ingestao de retinol ou de seu precursor, o betacaroteno. A absorcao pode ser inibida pela falta 
de gorduras na dieta ou por infestacoes por parasitas. A deficiencia clinica e estimada pela 
combinacao de cegueira noturna e alteracoes visuais (principalmente pelas manchas de Bitot e 
prevalência de xeroftalmia total). A deficiencia subclinica e determinada pela prevalencia de 
retinol serico < 0,70 _mol/L (Cap. 45). A maior importancia da deficiencia de vitamina A em 
saude publica e sua associação a um maior indice de mortalidade entre criancas mais jovens. A 
suplementacao profilatica de vitamina A entre as criancas < 5 anos de idade de populacoes com 
esta deficiencia pode reduzir a mortalidade infantil em ate 23%. 
 
 
PREVALÊNCIA DA SUBNUTRIÇÃO 
A subnutrição materna e infantil é prevalente em muitos países em desenvolvimento e em 
alguns países de renda média. Estima-se que cerca em 16% das crianças dos países em 
desenvolvimento apresetam baixo peso aos nascer. 
 
 
CONSEQUÊNCIA DA SUBNUTRIÇÃO 
A consequência mais imediata da subnutrição é a morte prematura . Uma estimativa global 
concluiu que o nanismo nutricional, a caquexia e a RCIU juntos são responsáveis por 2,2 milhôes 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
de mortes em crianças com menos de 5 anos de idade. Isso representa 35% de toda a 
mortalidade infantil do mundo, embora essa estimativa seja menor do que as relatadas 
anteriormente. A estimativa mais antiga e amplamente mencionada enteriormente sugeria que 
a subnutrição estava associada a quase 53% das mortes infantis. O risco de doenca aumenta 
mesmo com a desnutricao leve e, a medida que a gravidade da subnutrição aumenta, o risco 
aumenta de forma exponencial. A probabilidade de morte para uma crianca < 5 anos de idade e 
escore z de peso para idade abaixo de −3 e de quase quatro vezes o risco ja elevado de uma 
crianca com escore z entre −3 e −2. Como existem mais criancas com desnutricao menos grave, 
essa e a categoria que mais contribui com o peso global da desnutricao. 
A fome e a subnutricao tem consequencias substanciais para os sobreviventes e suas familias, 
exigindo que gastem recursos extras com a saude e afetando a produtividade das pessoas 
desnutridas. Ha evidencias substanciais de que a desnutricao infantil prejudica a produtividade 
na vida adulta. As consequencias da desnutricao podem ser identificadas e quantificadas em 
cinco categorias: custos excessivos da assistencia medica, tanto com o cuidado neonatal de 
bebes com BPN quanto com os custos excessivos com doencas infantis relacionadas a 
desnutricao; perda de produtividade associada ao nanismo; perda de produtividade decorrente 
de habilidades cognitivas reduzidas; aumento dos custos de doencas cronicas associadas a 
desnutricao fetal e infantil precoce; e consequencias da nutricao materna deficiente para as 
geracoes futuras. Ha uma causalidade de duas vias da desnutricao para as infeccoes e vice-versa. 
As deficiencias, tanto de macro quanto de micronutrientes, dificultam o sistema imunologico, 
com consequencias bem documentadas. Por sua vez, as infestacoes por helmintos e outras 
infecções causam reducao na absorcao de nutrientes e as febres podem provocar catabolismo 
e anorexia, contribuindo assim com a desnutricao. Alem disso, os cuidadores costumam 
responder aos episodios de diarreia suspendendo a alimentacao. 
Em muitos setores de baixa renda, as consequencias da desnutrição provocam reducao nos 
ganhos durante toda a vida. Esses efeitos podem ocorrer em virtude do desenvolvimento 
cognitivo deficiente, do ingresso tardio na escola, que leva ao ingresso tardio na forca de 
trabalho, menos anos de estudo, menor aprendizagem por ano de estudo ou uma combinacao 
desses fatores. 
A base de evidencias sobre o impacto da nutricao nos ganhos e substancial 
e crescente. Embora possa ser problematico separar os fatores 
que levam a subnutricao daqueles que determinam a pobreza, afetando 
a capacidade cognitiva e limitando a escolaridade independentemente da situacao nutricional, 
estudos confirmam que o impacto da melhoria nutricional e distinto da contribuicao da reducao 
da pobreza. Um estudo avaliou os ganhos de adultos ate os 42 anos de idade na Guatemala que 
tinham recebido suplementos nutricionais quando criancas ou cujas maes os tivessem recebido 
durante a gestacao. Os homens que haviam recebido suplementos nutricionais antes dos 3 anos 
de idade tinham salarios ate 46% maiores do que os homens que nao haviam recebido essa 
suplementacao. Evidencias da Africa confirmam que as criancas que tem menos de 2 anos de 
idade, quando uma seca atinge sua comunidade, apresentam menor estatura e concluem menos 
anos de estudo em relacao aos seus irmaos ou criancas da comunidade com idades diferentes. 
Em outros locais, o aumento dos precos dos alimentos durante esses anos criticos leva tanto a 
crescimento e desenvolvimento deficientes quanto a diminuicao da escolaridade. Alem da 
associacao entre crescimento deficiente e deficiencia cognitiva, 
algumas deficienciasmicronutricionais levam a perda do potencial cognitivo. Pessoas com 
deficiencia de iodo apresentam QI com 13,5 pontos, em media, menos que os grupos controle. 
As intervencoes tem demonstrado que o fornecimento de iodo para mulheres gravidas pode 
reduzir essa diferenca. No caso da deficiencia de ferro, a anemia esta habitualmente relacionada 
com desenvolvimento cognitivo deficiente. Alem disso, estudos sobre suplementacao realizados 
com criancas em idade escolar confirmam essa conclusao, pois indicam, com frequencia, 
melhoramento da cognicao, embora isto seja menos frequentemente observado quando as 
intervencoes sao voltadas para criancas mais novas com esta deficiencia. 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
Acompanhar as consequencias da privacao fetal ou infantil sobre doencas cronicas nos adultos 
impoe novos desafios por conta do longo periodo de latencia. A hipotese de que desafios 
nutricionais precoces fazem parte da etiologia do diabetes e da doenca cardiovascular foi 
primeiro proposta com base em evidencias epidemiologicas, incluindo o acompanhamento de 
populacoes de vitimas da fome na Holanda e na China. Essa hipotese foi reforcada por muitos 
experimentos com modelos animais, que ajudaram a definir o mecanismo de desenvolvimento 
embrionario que fornece uma base conceitual para as evidencias epidemiologicas. O risco maior 
de doencas cronicas em adultos em decorrencia de desnutricao no inicio da vida e visto como 
um desafio importante para os paises de baixa renda em rapido crescimento, como China e 
India, visto que determinam morte prematura, bem como custos economicos substanciais 
decorrentes de gastos médicos e perda de produtividade. 
Quantificar a magnitude dessas perdas potenciais para as crianças desnutridas que sobrevivem 
e, obviamente, algo especifico ao contexto, mas varios estudos tem demonstrado que 
investimentos em nutricao, ou seja, na prevencao dessas perdas podem ter retorno econômico 
consideravel. Esses investimentos preventivos abrangem uma ampla faixa, incluindo tanto a 
nutricao como um conjunto de diferentes intervencoes na educacao, agua e saneamento, 
reforma do comercio e diminuicao das restricoes do setor privado. Lidar com as deficiências de 
micronutrientes e o item que apresenta maior retorno economico. Por exemplo, para cada $1 
gasto em suplementacao de vitamina A, gera-se $100 de beneficios. Para serem justas, essas 
estimativas levam em conta varias possibilidades, como o valor dos beneficios futuros em 
comparacao aos atuais. Os economistas geralmente veem o dólar de hoje mais valioso que o 
dolar no futuro.. 
 
NUTRIÇÃO, SEGURANÇA ALIMENTAR E POBREZA 
A seguranca alimentar domestica esta intimamente relacionada com a renda. Esse nao e o caso 
da desnutricao, que normalmente e observada ate em domicílios mais abastados na Asia e na 
Africa. Os dados coletados em pesquisas domiciliares, bem como as comparacoes entre paises, 
confirmam que o crescimento da renda, mesmo quando distribuída uniformemente na 
populacao, tem impacto modesto nos índices de desnutricao, mesmo quando esse impacto e 
estatisticamente significativo e positivo. Em uma media global, o aumento de 10% na renda 
nacional per capita reduz em 10% o indice de pobreza do pais, mas em apenas 5% o indice de 
desnutricao, medido atraves do peso baixo para a idade. Ha evidencias globais de que esse 
índice de crescimento da renda leva a uma diminuicao de apenas 2,5% nos casos de anemia. 
A comunidade de desenvolvimento internacional apoia, de forma coletiva, os Oito Objetivos de 
Desenvolvimento do Milenio (ODMs). O primeiro desses oito objetivos refere-se a pobreza e 
fome. O reconhecimento da intima relacao entre inseguranca alimentar e pobreza esta evidente 
na definicao desse primeiro ODM, que visa erradicar a pobreza e a fome extremas. As duas 
metas propostas originalmente (uma terceira, sobre emprego, foi acrescentada posteriormente) 
visam diminuir pela metade entre 1990 e 2015: 
A proporcao de pessoas com renda inferior a 1 dolar por dia A proporcao de pessoas que passam 
fome Dois indicadores mensuraveis de progresso sao utilizados para a segunda meta: a 
porcentagem de pessoas que nao conseguem suprir suas necessidades caloricas conforme a 
estimativa de subnutricao e a porcentagem de criancas com menos de 5 anos de idade que estão 
abaixo do peso, de acordo com pesquisas domiciliares nacionalmente representativas. Embora 
seja anterior a crise financeira global, o prognostico geral era de que a maioria dos paises estava 
caminhando para atingir a meta relativa a pobreza. Mas, dos 143 paises, apenas 34 (24%) 
estavam a caminho da realizacao da meta de nutricao dos ODMs. Nenhum pais do sul da Asia, 
onde os indices de subnutricao sao mais elevados, deve satisfazer esse ODM — embora 
Bangladesh estivesse mais aparentemente proximo a conseguir isso e a Asia como um todo 
estivesse atingindo essa meta em funcao das melhorias na China. A situacao da nutricao estava 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
piorando nessa epoca em 26 paises, em sua maioria africanos, onde a relacao entre HIV e 
subnutricao e muito forte e reforcada mutuamente. E em 57 paises, nao ha dados disponiveis 
sobre tendencias para reportar se algum progresso esta ocorrendo. Um foco renovado na meta 
de pobreza “sem rendimentos” esta em posicao claramente central de todos os esforcos para 
redução da pobreza. 
 
PRINCIPAIS INTERVENÇÕES 
Ha um consenso substancial com relação as intervencoes que funcionam no manejo da 
subnutrição infantil baseadas em evidencias praticas acumuladas. Muitas dessas intervencoes 
encontram-se sob a responsabilidade do setor da saude, embora investimentos em outros 
setores possam ser necessarios para manter os beneficios dos investimentos no setor da saude. 
As principais intervencoes que se mostraram economicamente eficazes na reducao da 
mortalidade infantil, melhorando os indices de baixo peso e revertendo as deficiencias de 
micronutrientes, sao: 
- Promoção de aleitamento materno exclusico 
-Promover alimentação complementar adequada e oportuna (por volta dos 6 meses de idade) 
-Promover comportamentos-chave de higiene (p ex: lavas as mãos com sabão) 
- Prover intervenções com micronutrientes, como vitamina A e ferro, para mulheres grávidas 
lactantes e crianças pequenas 
-Tratamento para casos presumíveis de malária em gestantes que vivem em regiões endêmicas 
e promoção de mosquiteiros tratados com inseticidas de longa duração. 
- Desaparisitação em áreas parasítarias endêmicas e reidratação oral em regiões com elevada 
prevalÊncia de diarreia. 
- Fortificar os alimentos mais frequentemente ingeridos com micronutrientes (como sal 
fortificado com iodo); e os alimentos principais da região, como trigo, óleo e açucar, com ferro, 
vitamina A e zinco. 
Intervencoes de planejamento familiar e espacamento entre os filhos, bem como estrategias 
dirigidas as mulheres e sua capacidade de lideranca, tambem produzem fortes impactos na 
nutricao e no progresso da saude das criancas. Alem disso, os programas comunitários de 
promocao do crescimento podem fornecer oportunidades de transmissao do conhecimento no 
boca a boca, motivo da insistência na mobilizacao da comunidade de muitos programas. Muitos 
dos programas de promocao do crescimento tambem facilitam o fornecimento de vacinas, 
suplementos vitaminicos e medicamentos antiparasitarios, bem como uma plataforma para 
promover mudanças comportamentais. O surgimento do HIV/AIDS como problema de saude 
publica introduziu novas questoes de saude publica quanto a nutricao. Uma delas e o aumento 
das necessidades de micro e macronutrientes das pessoas com HIV/AIDS, principalmente 
daquelas que conseguem realizar o tratamento antirretroviral (TAR). Alem disso, ha uma 
preocupacao crescente com a prevencao da transmissao mae-filho em mulheres HIV positivas. 
Em 2007, estimava-se que 1,5 milhao de gestantes em paises de renda baixa e media tinham 
HIV. Setenta e cinco por cento delas estavam concentradas em 12paises, que incluiam Africa do 
Sul, Nigeria, Republica Unida da Tanzania e Mocambique. 
Mesmo que a mae consiga receber nevirapina ou outro TAR durante a gestacao e o parto, ainda 
enfrentara o dilema relativo a amamentação no peito. O risco geral da transmissao mae-filho do 
HIV por uma mae que nao amamenta e de 15%-25% (sem intervencoes para reduzir a 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
transmissao) e de uma mae que amamenta e de 20%-45%. No entanto, o risco e menor quando 
a mae pratica a amamentação exclusiva e aumenta com a duracao; a maioria dos casos de 
transmissão pos-parto ocorre 6 meses apos a amamentacao. Os substitutos do leite materno 
sao caros e arriscados para familias de baixa renda; em Botsuana, onde os substitutos sao dados 
gratuitamente pelo governo, um surto de diarreia associado a formula de alimentacao causou a 
morte de mais de 30 criancas em 2007. Dessa forma, na maioria das familias de baixa renda, as 
maes HIV positivas sao aconselhadas a continuar com a amamentacao exclusiva por 6 meses e 
descontinuar de forma mais repentina que o recomendado. 
 
DESNUTRIÇÃO AGUDA GRAVE (DESNUTRIÇÃO PROTEÍCO-CALÓRICA) 
A deficiencia de um unico nutriente ja e uma forma de subnutrição ou desnutricao, mas a 
deficiencia de um nutriente geralmente vem acompanhada pela deficiencia de varios outros. A 
desnutricao proteico- calorica (DPC) manifesta-se primariamente pela ingestao insuficiente de 
proteinas e calorias, seja porque a ingestao alimentar desses dois nutrientes e menor que a 
necessaria para o crescimento normal ou porque as necessidades para o crescimento sao 
maiores do que o que pode ser oferecido mas que, em outras circunstancias teria sido adequado 
para o crescimento. A DPC quase sempre vem acompanhada pela deficiencia de outros 
nutrientes. 
Historicamente, as formas mais graves de desnutricao, o marasmo (desnutricao nao edematosa 
com definhamento grave) e o kwashiorkor (desnutricao edematosa), eram consideradas 
disturbios distintos. Acreditava-se que a desnutricao nao edematosa resultava, primariamente, 
da ingestao calorica inadequada ou da ingestão inadequada de proteinas e calorias, ao passo 
que a desnutricao edematosa seria resultante principalmente da ingestao inadequada de 
proteinas. Um terceiro disturbio, o kwashiorkor marasmático, teria aspectos de ambos os 
disturbios (consumpcao e edema). As três condicoes apresentam aspectos clinicos e 
metabolicos distintos, mas tambem tem certo numero de caracteristicas em comum. A baixa 
concentracao plasmatica de albumina, frequentemente considerada como manifestacao de 
desnutricao edematosa, e comum tanto em criancas com desnutricao edematosa quanto em 
criancas com desnutrição nao edematosa. Nos Estados Unidos, a desnutricao grave tem sido 
observada em familias que utilizam alimentos incomuns ou inadequados para a alimentacao de 
lactentes e cujos pais acreditavam ter risco de desenvolver alergia ao leite, e tambem em 
familias que acreditavam em dietas da moda. Muitos desses casos estavam associados a dietas 
a base de leite de arroz, um produto com conteudo proteico muito baixo. Alem disso, a 
desnutricao proteico-calorica foi observada em pacientes cronicamente doentes internados em 
unidades pediátricas de cuidados intensivos, assim como entre pacientes com queimaduras, 
HIV, fibrose cistica, falha de desenvolvimento, sindromes diarreicas cronicas, neoplasias 
malignas, transplante de medula ossea e erros inatos do metabolismo. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA DESNUTRIÇÃO PROTEICO-CALORICA GRAVE 
Desnutrição não edematosa (marasmo) caracteriza-se pela incapacidade de ganho ponderal e 
apatia seguidas por perda de peso e desatencao, chegando ate a emaciacao. A pele perde o 
turgor, tornando-se enrugada e frouxa a medida que a gordura subcutanea desaparece. A perda 
das bolas de gordura das bochechas costuma ocorrer tardiamente no curso da doenca; assim, o 
rosto do lactente pode conservar um aspecto relativamente normal em comparacao com o resto 
do corpo, mas o rosto tambem acabara tornando-se enrugado e murcho finalmente. Os 
lactentes frequentemente ficam constipados, mas podem apresentar a diarreia da fome, com 
eliminacao frequente de fezes com muco em pequenas quantidades. O abdome pode estar 
distendido ou plano, com os movimentos intestinais facilmente visiveis. Podera haver atrofia 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
muscular e consequente hipotonia. Conforme o processo progride, a temperatura geralmente 
torna-se subnormal e o pulso, lento. 
Desnutrição edematosa (kwashiorkor) pode ocorrer, inicialmente, com manifestacoes vagas 
que incluem letargia, apatia e/ou irritabilidade. Quando avanca, ocorre insuficiencia de 
crescimento, falta de vitalidade, perda de tecido muscular, aumento da suscetibilidade as 
infeccoes, vomitos, diarreia, anorexia, flacidez do tecido subcutâneo e edema. O edema 
geralmente se desenvolve precocemente e pode mascarar a incapacidade para ganhar peso. 
Frequentemente, o edema acomete os orgaos internos antes de poder ser reconhecido na face 
e nos membros. A hepatomegalia pode ocorrer tanto precoce como tardiamente no curso da 
doenca. A dermatite e comum, com o escurecimento da pele nas areas irritadas; mas, ao 
contrario do que ocorre na pelagra (Cap. 46), nao acomete as areas expostas a luz solar. A 
despigmentacao pode ocorrer apos a descamacao nessas areas, ou pode ser generalizada .O 
cabelo e escasso e fino e, nas criancas de cabelos escuros, podem se formar listras avermelhadas 
ou acinzentadas. Finalmente, ocorrera estupor, coma e morte . 
Noma e uma ulceracao necrotizante cronica da gengiva e da bochecha . Esta associada a 
desnutricao e e frequentemente precedida por uma enfermidade debilitante (sarampo, malaria, 
tuberculose, diarreia, gengivite ulcerativa) em hospedeiro já comprometido nutricionalmente. 
A noma se apresenta com febre, halito fetido, anemia, leucocitose e sinais de desnutricao. Se 
nao for tratada, provocara grave desfiguracao. Infeccoes polimicrobianascom Fusobacterium 
necrophorum e Prevotella intermedia podem ser os agentes causadores. O tratamento da noma 
inclui cuidados com a ferida, penicilina e metronidazol, assim como o tratamento da doenca de 
base. 
FISIOPATOLOGIA DA DESNUTRIÇÃO PROTEICO-CALÓRICA GRAVE. 
Os motivos pelos quais algumas criancas manifestam a forma nao edematosa da desnutricao 
grave e outras desenvolvem a forma edematosa nao sao conhecidos. Um deles pode ser a 
variabilidade das necessidades de nutrientes entre os lactentes e da composicao corporal no 
momento em que o deficit alimentar se instala. Tambem tem sido proposto que a administracao 
excessiva de carboidratos as criancas com desnutrição nao edematosa reverteria as respostas 
adaptativas a baixa ingestão proteica, resultando na mobilizacao das reservas de proteinas do 
organismo. Finalmente, a sintese da albumina se reduziria, resultando em hipoalbuminemia 
com edema. A esteatose hepatica tambem se desenvolve secundariamente, talvez em funcao 
da lipogenese resultante do excesso de ingestao de carboidratos e da reducao da sintese de 
apolipoproteina. Outras causas de desnutricao edematosa sao: intoxicação por aflatoxinas, bem 
como diarreia; comprometimento da funcao renal; e reducao da atividade da Na+/K+-ATPase. A 
hipotese de dano por radicais livres tem sido proposta como um importante fator no 
desenvolvimento clinico de desnutricao edematosa. Essa proposta e sustentada por baixas 
concentracoes plasmaticas de metionina, oprecursor alimentar da cisteina, que e necessaria 
para a sintese do principal fator antioxidante, o glutationa. Essa possibilidade tambem e 
sustentada por taxas mais baixas de sintese de glutationa encontradas em criancas com 
desnutricao edematosa quando comparadas as que apresentam a forma nao edematosa. 
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2- EXPLANAR O CRONOGRAMA DE ERUPÇÃO DENTÁRIA E FATORES QUE INFLUENCIAM NO 
ATRASO 
 
O atendimento odontológico deve ser iniciado entre 6 a 12 meses de vida, seguindo de controles 
periódicosque visem a reduzir o risco da criança a doenças bucais e dentárias. 
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O conhecimento de eventos desde a concepção, assim como os aspects de interesse na interface 
vida intrauterina/ construção de saúde bucal do bebê, são importantes na busca de melhor 
qualidade de vida para as crianças, uma vez que condições adversas durante o período 
gestacional (doenças maternas, uso de medicamentos, alimentação desequilibrada, poluição 
intrauterina, como dioxinas, uso de tabaco e álcool entre outras) podem estar relacionadas aos 
defeitos no desenvolvimento dos dentes e outros problemas bucais. 
 
CARACTERISTICAS MORFOLOGICAS DA CAVIDADE BUCAL 
 A boca do recém-nascido tem alta sensibilidade, o que eu lhe permite levar tudo para a boca e 
reconhecer objetos, entre elas o mamilo materno. É por ela que o individuo consegue exercer 
funções vitais, como respiração, amamentação, alimentação e mecanismos reflexos de proteção 
das vias aéreas, como vômitos ou tosse. 
O exame clínico da cavidade bucal começa observando a face do bebê e o vedamento labial. 
Quando hipotônica, geralmente é por que o bebê está respirando pela boca. Se isso não for 
tratado, poderá influenciar as direções do crescimento facial e alterar o padrão funcional da 
musculatura orofacial. 
 
Ao analisar a cavidade intrabucal do recém-nascido, depara-se com os processos alveolares que 
estão cobertos pelos abaulamentos gengivais que, ao segmentar, indica os locais de 
desenvolvimento dos dentes. Nesse instante, a boca edentada da criança apresenta mucosa 
gengival de cor rosada, firmemente aderida, denominada rodete gengival. A maxila apresenta-
se com pouca profundidade, porém rica em acidentes anatômicos. A região do palato encontra-
se bem marcada, com as rugosidades palatinas bem evidenciadas. 
A mandíbula do recém-nascido apresenta o sulco lateral por distal da papila canina como 
acidente anatômico mais evidente. A característica morfológica mais comumente observada é 
a presença de um cordão fibroso e flácido à palpação, denominado por alguns autores com 
vedamento dos maxilares, o que ajuda durante a sucção e, conforme se aproxima a época de 
erupção dos dentes decíduos, ele vai desaparecendo, sendo indicativo da época de erupção 
dentária. 
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Não é muito frequente, mas alguns tipos de anomalias ainda são encontrados na mucosa bucal 
dos bebês. No entanto, essas alterações congênitas e de desenvolvimento, na grande maioria 
das vezes, resolvem-se sozinhas sem necessidade de tratamento;1,6 em outras, é necessário 
fazer alguma intervenção cirúrgica 
 
 
 
A língua é um fator essencial na coordenação, deglutição, respiração e sabor por meio de sua papilas 
gustativas. 
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ERUPÇÃO DENTÁRIA 
 
O processo embriológico da formação da dentária decídua, também conhecida como “dentes de leite”, 
começa entre a 6º semana de vida intrauterina e terminou por volta dos 4 meses de gestação A dentição 
permanente tem inicio de sua formação aos 4 meses de vida intrauterina e é finalizada aos 10 meses de 
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idade, com o dente que será o segundo pré-molar. Nos primeiros 6 a 8 meses de vida, os primeiros dentes, 
geralmente os incisivos centrais inferiores, começam a irromper na cavidade bucal do bebê. 
A sequência de erupção pode sofrer alguma influência de fatores sistêmicos que podem impedir e alterar 
a sequência de erupção. Os fatores mais comuns estão mencionados na tabela: 
 
 
 
No período de 24 a 30 meses de idade, os segundos molares erupcionam, o que marca completa 
a dentição decídua, composta por 20 dentes, sendo 10 na região da maxila e 10 na mandíbula. 
Essa dentição permanece até volta dos 5,5 e 6 anos de vida da criança, quando então começa a 
erupcionar os primeiros molares permanentes, no espaço posterior aos molares decíduos, 
conseguindo pelo prévio crescimento contínuo da mandíbula em tamanho. A cronologia da 
erupção é variável e dependente de múltiplos fatores, como alimentação, clima, etnia, gênero 
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e fatores endócrinos. A sequência favorável da erupção contribui para o desenvolvimento 
normal da oclusão. 
A dentição permanente é completada aos 13 anos da criança, 
totalizando 32 dentes. Alguns ainda podem ter os terceiros molares – também conhecidos como 
sisos –, que geralmente erupcionam por volta dos 18 anos de vida. A sucção não nutritiva 
começa na vida intrauterina e persiste até a vida pós-natal. Quando o hábito de chupar chupeta 
ou dedo persiste por muito tempo, podem-se afetar a mordida, a postura da língua, a respiração 
e o desenvolvimento dos músculos da face, ocasionado problemas oclusais. Vale ressaltar que 
o desenvolvimento da dentição está intimamente associado à morfologia e ao crescimento da 
face, à maneira pela qual as funções da região bucofacial são exercidas. Outro tipo de 
anormalidade que também pode ser observado durante o exame médico é a condição da 
higiene bucal dos pacientes. Quando não há uma adequada higienização da boca, associada a 
uma dieta rica em sacarose e aos microrganismos encontrados na cavidade bucal, ocorre a 
doença cárie. De acordo com sua evolução, ela inicia-se com a desmineralização do esmalte e 
clinicamente aparece como uma mancha branca no dente; pode evoluir até que ocorra 
destruição dos tecidos dentários (esmalte e dentina) 
 
Além disso, o acúmulo de placa bacteriana é principal fator para que haja inflamação nas 
gengivas (gengivite), cujo sinal clínico é o sangramento espontâneo ao escovar os dentes. 
Crianças que apresentam com frequência refluxo gastroesofágico, regurgitação, tomam sucos 
ácidos e refrigerantes em excesso podem apresentar, nas superfícies oclusais dos dentes 
posteriores e na superfície palatina dos dentes anteriores, desgaste do esmalte e dentina 
denominado erosão dentária 
 
Também é muito comum o relato de traumatismo nos dentes anteriores, decorrente de quedas por 
estarem aprendendo a andar ou por brincadeiras. Os traumatismos dentários podem ser desde os mais 
simples como pequenas fraturas de esmalte/ dentina e trincas até fraturas mais complexas ou mesmo 
avulsão do dente. Independentemente do trauma, é de suma importância orientar os pais a levarem seus 
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filhos imediatamente ao odontopediatra; quanto mais cedo a procura, melhor prognóstico para o 
tratamento. A cor do dente escurecida indica que a criança já teve algum tipo de trauma. 
Durante a adolescência, é interessante avaliar algumas peculiaridades, como presença de manchas 
extrínsecas causadas por algum tipo de pigmentação
 
ou manchas intrínsecas, como é visto nos casos de fluorose, tetraciclinas ou alterações genéticas 
 
e também na presença de cárie, alteração na oclusão ou mesmo uso de piercing. 
 
DOENÇAS E SUA MANIFESTAÇÃO NA CAVIDADE BUCAL 
 
A saúde geral da criança está diretamente relacionada à sua saúde bucal e vice-versa. Recém-
nascidos de risco são aqueles que apresentaram, em sua formação, intercorrências patológicas 
ou que foram submetidos a situações de estresse gestacional e/ou que tiveram mães portadoras 
de patologias, que potencialmente puderam desviar o curso normal de desenvolvimento, 
possibilitando ocorrências de doenças e maior predisposição à desnutrição, afetando, portanto, 
seu crescimento e desenvolvimento, que assim diferem da normalidade fisiológica esperada 
para a faixa etária em estudo. Esses bebês foram ou estão expostos a situações de risco que 
podem ser comprometedoras de sua saúde geral.1 Algumas patologias podem refletir na saúde 
bucal. Por exemplo, crianças com escarlatina têm lesões inflamatórias no palato e na tonsila, e 
sua língua é caracterizada com aspecto de morango. Já a sífilis é facilmente detectada porque 
os dentes molares têm sua morfologia semelhante a uma amora, e os dentes anteriores têm 
forma de barril. Manifestação de lesões em pápulas ou nódulos, indolores,intra ou extraorais 
na borda do vermelhão do lábios, palato e língua, pode demonstrar verruga vulgar, o que indica 
a presença do vírus HPV. Quando a criança nasce com problemas na bile e este ocorre durante 
a formação do dente, é possível os dentes serem afetados e erupcionarem com coloração 
esverdeada. Outros tipos de alteração nos tecidos dentários podem ocorrer por motivos 
genéticos, como dentinogênese imperfeita e amelogênese. Nesses casos, há defeito nas 
estruturas dos tecidos duros que pode causar sensibilidade dentinária, dor e perdas das 
estruturas. Já a perda precoce dos dentes pode indicar alguma síndrome, como é observado em 
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crianças portadoras da Chediak-Higashi e hipofosfatemia. Essas alterações afetam a qualidade 
de vida da criança e, consequentemente, é refletida na saúde geral e sistêmica. Por fim, o 
pediatra deve agir com embasamento científico e bom senso clínico para que suas ações 
permitam que a criança fale, mastigue, respire e sorria com saúde, tornando-se um adulto com 
boa autoestima e, acima de tudo, qualidade de vida 
 
 
ERUPÇÃO DENTÁRIA ALTERAÇÕES, EVENTOS IMPORTANTES CRONOLOGIA, FATORES INTERFERENTES 
O órgão dentário é composto pelo dente e pelo periodonto. O periodonto é formado pela 
gengiva, ligamento periodontal (fibras que unem o dente ao osso), cemento (tecido em que se 
inserem as fibras do periodonto) e osso alveolar. A implantação da raiz dentária no osso alveolar 
se dá na forma de uma articulação do tipo gonfose. 
A estrutura dentária é composta de quatro tecidos diferentes: esmalte, dentina, cemento e 
polpa. O esmalte, que envolve completamente a dentina coronária, é o tecido mais duro do 
organismo e desempenha importante papel na mastigação. A dentina representa o verdadeiro 
esqueleto do dente, encontrando- se contornada na coroa e na raiz de maneira contínua. No 
interior da dentina, há uma cavidade mais ampla nos dentes jovens, que reproduz de forma 
muito aproximada a anatomia externa do dente, que é a cavidade pulpar. A polpa é uma massa 
mole de tecido embrionário fundamental onde se encontram vasos e nervos, dando ao órgão 
dental sua condição de elemento vivo e de capacidade de renovação da dentina. Ao longo do 
processo de crescimento e desenvolvimento humano, estabelecem-se duas dentições: a 
dentição decídua e a dentição permanente. A decídua ocorre durante a primeira infância (0 a 6 
anos de idade), seguida por uma fase de transição dos 6 aos 12 anos de idade – a fase da 
dentição mista – quando os dentes decíduos são substituídos pelos dentes permanentes, 
estabelecendo-se, assim, a dentição permanente. A dentição decídua é composta por 20 dentes, 
sendo 10 no arco superior (maxila) e 10 no arco inferior (mandíbula). Em cada hemiarco, são 
dois incisivos (central e lateral), um canino, o primeiro molar e o segundo molar, cuja anatomia 
é diferente entre o primeiro e o segundo, bem como entre os superiores e inferiores 
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A dentição decídua, também conhecida como dentição primária ou temporária, inicia-se no 
1º ano de vida da criança. 
Popularmente, esses dentes são chamados de “dentes de leite”, por causa de sua coloração 
branco-leitosa decorrente de um menor teor de cálcio na composição do esmalte em relação 
aos dentes permanentes. A partir da formação do germe dentário, ocorre um movimento 
contínuo do dente em direção à sua exposição na cavidade bucal. A erupção dos dentes decíduos 
é frequentemente responsabilizada pela ocorrência de sinais e sintomas, como febre, diarreia, 
irritabilidade, entre outros. Entretanto, um estudo longitudinal1 não confirmou a associação 
entre erupção de dentes decíduos e a ocorrência de sinais e sintomas graves em bebês. Assim, 
é importante que o pediatra investigue a possibilidade de enfermidades que podem acometer 
a criança nessa fase, sendo, portanto, a verdadeira causa da sintomatologia. Durante o 
desenvolvimento da dentição decídua, é importante observar a presença de respiração oral, o 
uso inadequado de mamadeira e a utilização prolongada de chupeta, já que estes são fatores 
predisponentes para o estabelecimento de má oclusão 
 
- Dentes natais e neonatais: 
Geralmente, os primeiros dentes decíduos erupcionam entre o 6º e o 8º mês de vida da criança 
.Entretanto, é possível a presença de dentes ao nascimento, denominados dentes natais. Esses 
dentes são observados em aproximadamente 1/2.000 recém-nascidos.2 Frequentemente, há 
dois dentes na posição de incisivos centrais inferiores. Já os dentes neonatais aparecem durante 
o 1º mês de vida. A fixação, tanto de dentes natais quanto neonatais, é, muitas vezes, limitada 
à gengiva, com pouco suporte ósseo e pouca formação radicular. Esses dentes podem pertencer 
à série normal, quando ocorre uma erupção precoce do dente decíduo, ou ser um dente 
supranumerário. O diagnóstico é facilmente realizado com auxílio do exame radiográfico. Os 
dentes natais ou neonatais podem ocorrer por uma posição superficial do germe dentário, por 
hereditariedade ou estar associados à fenda palatina, síndrome de Ellis-van Creveld, síndrome 
de Hallermann-Streiff, síndrome de Pierre Robin e outras anomalias. Entretanto, estudos 
robustos não confirmaram essas associações. Geralmente, dentes natais e neonatais 
apresentam forma normal ou conoide e tamanho normal ou menor. Podem, ocasionalmente, 
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causar dor e recusa do recém- nascido em alimentar-se, bem como desconforto materno 
durante a amamentação. Além disso, a língua do recém-nascido pode apresentar uma ulceração 
traumática em sua superfície ventral, denominada doença de Riga-Fede. Contudo, se o dente 
natal ou neonatal da série normal apresentar boa implantação, deve ser mantido na cavidade 
bucal, realizando-se polimento da borda incisal para evitar que tanto a criança quanto a mãe se 
machuquem durante a amamentação. Entretanto, se o dente apresentar mobilidade e suporte 
apenas de tecidos moles, deve ser removido por causa da possibilidade de aspiração. Assim, a 
decisão de extrair um dente natal ou neonatal da série normal deve ser feita individualmente. 
 
-Cronologia de erupção 
 
A cronologia de erupção dos dentes é um indicador para uma série de ocorrências biológicas e 
pode ser influenciada por diversos fatores genéticos e ambientais. Enquanto a cronologia de 
erupção dos dentes serve de parâmetro para o crescimento e o desenvolvimento, o estudo da 
sequência de erupção é relevante para o acompanhamento do desenvolvimento da oclusão. 
Alterações na sequência esperada de erupção dos dentes, decíduos ou permanentes, podem 
predispor, em geral associadas a outros fatores, a determinados tipos de má oclusão. A dentição 
decídua apresenta um número menor de dentes e, portanto, também menor comprimento do 
arco dentário. O exame radiográfico ao nascimento já mostra a presença dos elementos 
dentários em formação no interior da maxila e da mandíbula. 
A tabela clássica e mais utilizada sobre a cronologia e a sequência de erupção dentária foi por 
muito tempo a de Logan e Kronfeld.4 Considerando-se a influência de fatores raciais, genéticos, 
geográficos, entre outros, bem como a necessidade de se rever o assunto sob a prisma de 
metodologias de amostragem e análise estatísticas mais atualizadas, outros trabalhos foram 
realizados. Um estudo5 realizado no município de Guarulhos, durante a Campanha Nacional de 
Multivacinação, com crianças de 0 a 36 meses, observou a cronologia e a sequência de erupção 
dos dentes decíduos. Foram examinadas 908 crianças, e não houve diferença estatisticamente 
significativa para a média de idade de erupção dos dentes decíduos entre o sexo masculino e o 
feminino. Os dentes que mostraram maior variação na época de erupção entre meninos e 
meninas foram o incisivo central e lateral inferiores e o canino superior. A erupção ocorreu 
significativamente mais tarde nas crianças nascidas de baixo peso do que nas crianças nascidas 
de peso normal. Com base nametodologia utilizada, estimou-se que 85% das crianças que 
compuseram a amostra apresentaram a sequência esperada de erupção dos dentes decíduos. A 
quebra na sequência esperada de erupção foi observada em 14,4% das crianças nascidas de 
peso normal e em 18,4% das nascidas de baixo peso. Essa diferença não foi estatisticamente 
significante. demonstra a sequência principal ou esperada de erupção encontrada em alguns 
estudos brasileiros. Estudos investigaram a possível correlação entre a cronologia de erupção 
dos dentes decíduos e os seguintes fatores: sexo, peso ao nascimento e peso para a idade, 
comprimento ao nascimento e altura para a idade, tipo de aleitamento (materno ou artificial) e 
renda familiar. A correlação entre o número de dentes erupcionados e os fatores estudados foi 
testada por meio da técnica estatística de regressão múltipla. O modelo que mostrou a maior 
correlação foi o do número de dentes com a altura para a idade da criança. Com base nos 
resultados, as autoras desenvolveram uma tabela que fornece dados médios estatísticos com o 
número esperado de dentes erupcionados em função da idade e da altura da criança, 
correlacionadas às curvas de referência de crescimento proposta por Marcondes. 
Em crianças com fenda labiopalatina, observa-se atraso na erupção dos dentes relacionados 
com a área da fenda.7 Todos os dentes decíduos são substituídos por dentes permanentes. 
Os incisivos centrais e laterais, bem como os caninos decíduos, são substituídos por dentes 
permanentes de mesmo nome. Já os primeiros e segundos molares decíduos são substituídos 
por pré-molares na dentição permanente. Uma vez que a dentição permanente é composta por 
32 dentes, enquanto a decídua é composta por 20, ocorre a erupção, sem substituição, de três 
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molares permanentes em cada hemiarco, os primeiros, segundos e terceiros molares 
(popularmente denominados sisos). A fase de dentição mista inicia-se por volta dos 6 anos de 
idade com a erupção dos primeiros molares permanentes inferiores. Em algumas crianças, os 
primeiros dentes permanentes a irromper são os incisivos centrais inferiores. Para a maioria 
das crianças, a dentição permanente está completa aos 12 anos de idade. 
 
-Anormalidades no desenvolvimento da dentição 
 
 O pediatra é, na maioria das vezes, o primeiro profissional de saúde a acompanhar a criança em seus 
primeiros anos de vida. Assim, o reconhecimento precoce de alterações de normalidade em relação à 
dentição, associadas a alterações patológicas sistêmicas ou não, é importante para indicar o tratamento 
adequado e a melhoria do prognóstico. 
Numerosas alterações de desenvolvimento dos dentes podem ocorrer em qualquer fase da 
formação dentária (odontogênese). A amelogênese imperfeita decorre de alterações durante a 
formação da matriz do esmalte dentário, e sua mineralização decorre de influências sistêmicas 
ou ambientais, podendo representar também um distúrbio hereditário. Deficiências nutricionais 
durante a gestação (vitaminas A, C e D, fósforo e cálcio), distúrbios renais, infecções virais e 
hipóxia são as causas mais comuns. A amelogênese imperfeita manifesta- se por meio de 
defeitos de esmalte por meio do qual a dentina subjacente amarela é observada. Afeta tanto 
dentes decíduos quanto permanentes. O esmalte defeituoso está sujeito a destruição por causa 
da abrasão e também tem se mostrado suscetível à cárie dentária. A cobertura da coroa com 
material restaurador pode ser realizada para proteção da dentina, para reduzir a sensibilidade 
e melhorar a estética dentária. 
Os defeitos de esmalte podem ser hipocalcificados ou hipoplásicos. A hipocalcificação é uma 
alteração qualitativa do esmalte e é caracterizada por áreas brancas opacas, difusas ou 
demarcadas. Já a hipoplasia é um defeito quantitativo do esmalte e manifesta-se como 
depressões ou áreas desprovidas de esmalte. Um importante fator etiológico de defeitos de 
esmalte em dentes permanentes é o traumatismo em dentes decíduos. Similarmente à 
amelogênese imperfeita, a dentinogênse imperfeita é um distúrbio decorrente de alteração na 
mineralização da dentina, resultando em uma calcificação precária. Há um tipo de 
dentinogênese imperfeita que ocorre em famílias com osteogênese imperfeita. É transmitida 
como caráter autossômico dominante, mas pode ser recessiva se a osteogênese imperfeita 
também for. Clinicamente, os dentes apresentam alteração de cor variando de cinza ao violeta-
acastanhado ou castanho. Como a junção entre o esmalte e a dentina é alterada, pode haver 
fratura do esmalte. Consequentemente, a dentina exposta é mais suscetível á abrasão e pode, 
assim desgastar-se até o nível gengival. Os dentes ficam opacos eperolados e a imagem 
radiográfica mostra raízes mais curtas, câmaras pulpares e canais radiculares reduzidos ou 
ausentes. Acomete tanto a dentição decídua quanto a permanente e exige um tratamento 
complexo, com a confecção de restaurações indiretas para a reconstrução total do dente. 
 
-Anormalidade de numero de dentes. 
Tanto a falta quanto o excesso de dentes podem ocorrer. Essas anomalias numéricas podem ser 
classificadas em hiperdontia, hipodontia, oligodontia e anodontia. Quando a lâmina dental 
produz uma quantidade de germes dentários maior que o normal, ocorrem dentes 
supranumerários (hiperdontia). A região mais frequentemente acometida é entre os incisivos 
centrais superiores (Figura 5). O supranumerário nessa região é denominado mesiodens ou 
mesiodente. O diagnóstico de dentes 
supranumerários, quando não há erupção, é confirmado por meio de exames radiográficos. 
Frequentemente, supranumerários atrapalham a posição e a erupção dos dentes normais 
adjacentes. Assim, a assimetria na erupção dentária e a retenção prolongada de dentes decíduos 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
são achados clínicos que podem estar associados à presença de dentes a mais. Uma 
característica clínica muito comum na ocorrência de mesiodens é a presença de amplos espaços 
(diastemas) entre os incisivos centrais superiores. Contudo, nesse caso, as possibilidades de o 
diastema ser resultante da inserção do freio labial superior ou de uma característica da criança 
devem ser descartadas. Os dentes supranumerários também ocorrem com displasia 
cleidocraniana e na área de fendas palatinas. O tratamento é cirúrgico com remoção do dente 
supranumerário e, frequentemente, é necessário tratamento ortodôntico para correção da 
posição dentária. 
A hipodontia (ausência de um ou mais dentes) é mais frequente na dentição permanente, mas 
quando há ausência de dente decíduo, normalmente ocorre ausência do sucessor permanente. 
Os terceiros molares são os dentes mais afetados e, posteriormente, os segundos pré-molares 
e os incisivos laterais. A oligodontia é uma subdivisão da hipodontia e indica ausência de 6 ou 
mais dentes e costuma afetar mais molares permanentes. Alterações genéticas, traumatismo 
dentoalveolar, agentes químicos e radioterapia são os fatores associados à ocorrência de 
hipodontia. O tratamento dessas ausências dentárias depende do número de dentes ausentes, 
da localização da região acometida, do espaço existente e da idade da criança. A correção 
ortodôntica, a confecção de próteses e a colocação de implantes são os tratamentos mais 
realizados. Já a anodontia refere-se à ausência de desenvolvimento dentário. Quando o número 
de ausências dentárias é alto, o paciente deve ser avaliado para diagnóstico quanto à displasia 
ectodérmica. 
 
- Anormalidades de forma 
A geminação é definida como um único dente aumentado. A quantidade de dentes é normal 
quando o dente com a alteração é considerado como um, ou seja, sem alteração de número. É 
causada pela tentativa do germe dentário em dividir-se, originando um dente com coroa grande, 
dupla ou bífida, mas que compartilha a raiz e o canal radicular (Figura 6). Já a fusão dentária é a 
união de dois germes distintos. Assim, a contagem dentária revela ausência de dente quando odente com a alteração é contado como um. Os dentes acometidos apresentam raízes e canais 
radiculares distintos. A geminação e a fusão ocorrem tanto na dentição decídua quanto na 
permanente, com maior prevalência na primeira. Incisivos e caninos são os dentes mais 
frequentemente acometidos. Muitas vezes, a forma irregular dos dentes acometidos predispõe 
à cárie dentária, à doença periodontal e ao comprometimento estético. Suspeita-se que a 
etiologia dessas alterações está relacionada a traumatismos, doenças sistêmicas ou 
predisposição genética. A maior parte dos casos não requer tratamento, principalmente na 
dentição decídua. Já em casos de fusão na dentição permanente, o tratamento depende do grau 
de fusão, podendo ser realizada a separação, a restauração, o ajuste oclusal, a exodontia ou 
simplesmente o acompanhamento. 
O tamanho dos dentes varia entre as pessoas. Entretanto, a presença de dentes excessivamente 
pequenos (microdontia) ou maiores (macrodontia) é uma alteração de normalidade. Incisivos 
laterais superiores permanentes são os dentes mais frequentemente acometidos pela 
microdontia, que se apresentam em forma cônica, com ponta afiada, chamados de dentes 
conoides. Seu tratamento, muitas vezes, exige a correção ortodôntica associada à restauração 
protética do dente. A macrodontia difusa tem sido vista em associação com o gigantismo 
hipofisário, homens XYY e hiperplasia pineal com hiperinsulinismo. Já a macrodontia isolada 
ocorre mais em incisivos e caninos, mas é também observada em segundos pré-molares e 
terceiros molares, ocorrendo de modo bilateral. O tratamento não é necessário, mas, se 
desejado por razões estéticas, pode ser realizada plastia dentária. Tanto a microdontia quanto 
a macrodontia isolada têm a hereditariedade como principal fator etiológico. 
 
 
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3- EXPLICAR A FISIOPATOLOGIA, TRATAMENTO, PREENÇÃO E PERFIL EPIDEMIOLOGICO DA 
ANEMIA FERROPRIVA. 
 
4- ACALRAR SOBRE O AFASTAMENTO DA MÃE NO TRABALHO EM CASA DE INTERCORRÊNCIA 
COM OS FILHOS 
ATESTADO MÉDICO DE ACOMPANHAMENTO: QUEM TEM DIREITO? 
O atestado médico é um direito de todo trabalhador. Este documento, que justifica faltas ou 
afastamentos de funcionários de atividades na empresa, é regulado pelo Decreto 27.048/49, 
que estabelece alguns limites para o abono. Mas o que acontece quando o colaborador não está 
doente, mas precisa acompanhar um terceiro, filhos ou parentes idoses? Neste caso, o atestado 
médico de acompanhamento ainda gera dúvidas entre a população e é alvo de discursões 
jurídicas. 
O QUE A LEGISLAÇÃO FALA SOBRE ISSO? 
Em termos legais, a legislação trabalhista brasileira não obriga o empregador a aceitar o 
atestado médico de acompanhante. Portanto, faltar um dia ou um período de expediente para 
levar filhos ou parentes próximos ao médico pode ocasionar, sim, descontos na folha de 
pagamento. 
As usências que são consideradas justificadas pela consolidação das Leis trabalhistas (CTL) estão 
listadas no art 473 e originalmente não contemplam a falta mediante apresentação de atestado 
médico para acompanhamento de terceiro . Porém, a lei, 13.257 que entrou em vigo em março 
de 2016, incluiu dois incisos o referido artigo da CLT que justificam a falta de funcionários (sem 
desconto no salário) em dois casos. O primeiroautoriza a ausência de até 2 dias para 
acompanhamento em exames e consultas médicas durante o período de gravidez da 
companheira ou esposa, e o segundo regulamenta a ausência de um dia a cada ano para 
acompanhamento de filho (a) que tenha até 6 anos de idade em consulta médica. 
LEI 13.257/16- NOVAS HIPÓTESES DE FALTA JUSTIFICATIVAS O SERVIÇO, LICENÇA-
PATERNIDADE, PROGRAMA EMPRESA CIDADÃ. 
O objetivo da nova lei foi de garantir à infância, mais precisamente, estabelecer “princípios e 
diretrizes para implementação de politicas públicas para a primeira infância.” 
Foi publicada no DOU de 9 de março de 2016 a lei 13.257 de 8 de março de 2016, denominada 
"Marco Regulatório da Primeira Infância". O objetivo da nova lei foi o de garantir proteção à 
infância, mais precisamente, estabelecer "princípios e diretrizes para a formulação e a 
implementação de políticas públicas para a primeira infância em atenção à especificidade e 
à relevância dos primeiros anos de vida no desenvolvimento infantil e no desenvolvimento 
do ser humano". 
Vamos tecer alguns comentários práticos no tocante a aspectos que afetam diretamente as 
relações de trabalho, em especial as novas hipóteses de faltas justificadas ao serviço e a 
possibilidade de prorrogação da licença-paternidade por mais quinze dias, para além dos 
cinco previstos em lei: 
1. Novas hipóteses de faltas justificativas ao serviço 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm
Patrícia Miranda- MEDICINA 
Dentre as disposições constantes da nova lei, destacamos, por primeiro, o art. 37, que altera 
a redação do art. 473 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que passa a vigorar 
acrescido dos incisos X e XI. Ditas inserções geram efeitos imediatos e independem de 
qualquer outra regulamentação. 
Com relação à hipótese do inciso X, do art. 473 da CLT, o empregado poderá deixar de 
comparecer ao serviço por até dois dias, sem prejuízo do seu salário, para o 
acompanhamento de sua mulher ou companheira durante a gravidez desta, situação 
considerada agora como faltas justificadas ao serviço. Já pelo inciso XI do mesmo artigo, o 
empregado poderá ausentar-se do serviço por um dia ao ano, para acompanhar filho de até 
6 anos em consulta médica. 
Essas duas situações não estavam contempladas em legislação como faltas justificadas ao 
serviço, embora pudesse existir disposição da mesma natureza em convenções e acordos 
coletivos de trabalho, ou até mesmo decisões judiciais que outorgassem à empregada o 
direito de acompanhar filhos menores em consultas médicas, sem prejuízo ao seus salários, 
antecipando a evolução legislativa sobre o tema. 
Embora a lei não faça referência expressa, interpretamos que, na primeira hipótese – 
acompanhamento do empregado à mulher ou companheira em consultas e exames 
complementares - as ausências justificadas serão consideradas tanto por episódio, como por 
duração. Nessa linha, a ausência do empregado poderá perdurar por até dois dias 
consecutivos, caso se trate, por exemplo, de consulta médica em um dia, seguida de exame 
médico complementar no dia subsequente, perfazendo, assim, dois dias seguidos de ausência 
justificada. Poderão ocorrer, também, consultas médicas em dois dias consecutivos, quando 
ambas deverão ser consideradas justificadas. 
Em outra situação, poderá haver, por exemplo, ausência do empregado em dois dias 
diferentes para acompanhamento em consulta médica de sua mulher grávida, perfazendo o 
limite de ausência justificada durante a gravidez; nada impede, também, que os dois dias 
autorizados correspondam somente a dias de acompanhamento da mulher ou companheira 
do empregado quando dos exames complementares, esgotando-se, dessa forma, os dois dias 
de faltas justificadas. 
De qualquer forma, em todas essas hipóteses, o direito às ausências justificadas ao serviço 
do marido ou companheiro por acompanhamento de sua mulher ou companheira grávida em 
consulta médica ou exames médicos, estará limitado a apenas dois dias, em todo o período 
que vai do conhecimento da gravidez até o nascimento da criança. Regras a respeito, mais 
benéficas, poderão ser estabelecidas em instrumentos normativos (acordos e convenções 
coletivas de trabalho), ou em regulamentos internos das empresas, cabendo aos sindicatos 
profissionais a busca dessa evolução. 
É claro que, tratando-se de falta ao serviço a ser justificada, o empregado deverá, para tanto, 
apresentar ao empregador o competente atestado relativo ao acompanhamento à mulher 
ou ao filho na consulta ou ao exame, revestido das formalidades de praxe, com especificação 
e registro do dia e mês do atendimento, bem como assinatura, identificaçãoe número no 
CRM do médico responsável. 
É de destacar, também, que a expressão "empregado" referido no "caput" do art. 473 da CLT, 
alcança não só o empregado do sexo masculino, como do sexo feminino. Assim, as demais 
disposições lá contidas dizem respeito tanto ao empregado como à empregada. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm
Patrícia Miranda- MEDICINA 
Mas, em relação ao inciso X, do art. 473 da CLT, o dispositivo é claro ao dispor que o benefício 
alcança tão somente o empregado do sexo masculino, casado com pessoa do sexo feminino, 
já que a lei refere, expressamente, "gravidez de sua esposa ou companheira". Entendemos 
que a lei, nesse particular, não deixou espaço textual interpretativo, de forma a estender o 
benefício à mulher empregada que conviva ou esteja civilmente casada com outra mulher e 
que venha a engravidar por qualquer método. Mas, não se descarta a hipótese de, na 
aplicação da lei, esses temas evoluírem para outras interpretações que resultem em 
jurisprudência mais flexível. 
Já em relação ao acompanhamento de filho menor de seis anos em consulta médica, sem 
sombra de dúvidas, o benefício da ausência justificada prevista no inciso XI alcança tanto 
empregados como empregadas, até com mais ênfase as empregadas, posto que, 
tradicionalmente, sempre coube, preferencialmente, à mãe dar esse atendimento à criança 
nessas situações, muito embora, atualmente, dita tarefa possa e deva ser compartilhada 
entre pais e mães. 
Aliás, mesmo antes da nova lei, a jurisprudência já apontava como falta justificada o 
acompanhamento do filho em atendimento médico, pela empregada, considerando a 
incidência do art. 227 da Constituição Federal, conforme ementa que ora se transcreve: 
"DESCONTO NO SALÁRIO – FALTA JUSTIFICADA – ATESTADO DE ACOMPANHAMENTO DE 
FILHO MENOR – DEVOLUÇÃO DOS VALORES – OBRIGATORIEDADE – "Ausência ao trabalho 
para acompanhamento de filho menor à consulta médica. Devolução de descontos. O art. 
473 da CLT, não inclui dentre as ausências justificadas ali previstas as decorrentes de 
acompanhamento do filho menor à consulta médica. Não obstante, deve ser assegurado à 
trabalhadora o salário dos dias de ausência por motivo de acompanhamento do filho menor 
em atendimento médico, com vistas à efetivação do direito fundamental do menor à saúde, 
previsto no art. 227 da Constituição Federal (Art. 227. É dever da família, da sociedade e do 
Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à 
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, 
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de 
toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão) e 
também no art. 4º, da Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Trata-se de 
direito fundamental a ser garantido, obrigatoriamente e em caráter prioritário, por toda a 
sociedade. Tendo em conta essa garantia alcançada ao menor, imprescindível que se propicie 
à mãe (no caso) o direito de ausentar-se do trabalho para acompanhar o atendimento médico 
do filho menor, que se encontra com saúde debilitada, sem que seja essa penalizada com a 
perda do salário. Recurso do autor ao qual se dá provimento". (TRT 09ª R. – Proc. 11738-
2011-664-09-00-2 – (Ac. 55650-2012) – 3ª T. – Rel. Des. Archimedes Castro Campos Júnior – 
DJe 30.11.2012). 
Finalmente, observe-se que algumas convenções coletivas de trabalho ou acordos coletivos 
de trabalho poderão conter cláusulas em vigor, dessa mesma natureza, como já se referiu. 
Na ocorrência deste fato, entendemos que prevalecerão as situações mais benéficas aos 
empregados, sejam as do instrumento normativo, sejam as da nova lei, mas não caberá a 
cumulação de vantagens, se forem efetivamente benefícios da mesma natureza e desde que 
alcancem, no mínimo, o que a lei dispõe. 
 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
5. DISCORRER SOBRE OS ACIDENTES DOMÉSTICOS CORRELACIONANDO COM A IDADE E SUAS 
PREVENÇÕES. 
 
 SEGURANÇA NO AMBIENTE DOMÉSTICO 
O maior numero de eventos traumáticos com crianças pequenas, até o fim da idade escolar, 
acontece no seu próprio domicilio; Embora o trânsito seja o grande responsável pela 
mortalidade, dados da literatura internacional estimam que cerca de 50% das mortes 
consideradas acidentais em menores de 15 anos de idade ocorrem em casa, metade dessas por 
asfixia e 1/3 por afogamento. Determinados tipos de eventos traumáticos são característicos de 
certas idades. Asfixias e quedas predominam no 1º ano de vida, seguidas por queimaduras e 
aspiração de corpo estranho. A partir dos 2 anos de idade, as quedas passam a liderar o ranking, 
seguidas por asfixias, queimaduras e afogamentos em menores de 5 anos e por atropelamento, 
queimaduras e intoxicações nos pré-escolares maiores. 
Em ordem decrescente de frequência, os acidentes domiciliares, levando-se em consideração 
moradias como apartamentos e casas, ocorrem na cozinha, no banheiro, nas escadas e 
corredores, no quarto, na sala, no elevador, na lavanderia, na piscina, no quintal e na garagem-
depósito. 
A prevenção de lesões que ocorrem no lar, segundo os especialistas, apoia-se na orientação e 
na conscientização dos pais para que promovam mudanças no seu comportamento, no sentido 
de uma supervisão mais efetiva e da eliminação dos riscos dentro de casa. Isso frequentemente 
exige uma série de incentivos externos à casa , como o apoio da comunidade, vantagens 
econômicas no acesso a produtos seguros e melhoria socioeconômica-cultural como um todo. 
Há evidências crescentes de que a supervisão mais constante e de melhor qualidade diminui o 
risco e a frequência de lesões no lar, mas também de que certos atributos do comportamento 
de crianças diferentes em ambientes variados, assim como a capacidade dos pais de assimilares 
o conhecimento e reconhecerem a vulnerabilidade de seus filhos, interferem com o nível de 
supervisão – logo, com a efetividade da proteção-, de modo que é grande desafio desenvolver 
orientações preventivas genéricas. Por isso, a recomendação dos seus especialistas é de que o 
pediatra ou os agentes de saúde se concentrem em distinguir as noções diferentes que cada 
família pode ter sobre os riscos de acidentes no seu contexto, de modo que as orientações de 
segurança sejam realistas.8 Além disso, há evidências de que os fatores facilitadores das atitudes 
preventivas dos pais incluem uma combinação de conhecimento dos riscos, supervisão ativa, 
ensino de regras de segurança às crianças, adaptações na casa e aprendizado a partir de histórias 
reais de outras famílias. Nesse sentido, o engajamento do pediatra em redes sociais, com vistas 
à promoção das atitudes de proteção, é encorajado pelos especialistas. 
Por outro lado, a eliminação dos riscos dentro de casa- a chamada proteção passiva- tem se 
mostrado factível, com eficácia documentada em vários estudos. Kendrick et al.10 publicaram 
uma revisão sistemática avaliando a efetividade de intervenções junto aos pais na prevenção de 
lesões domésticas e aumento de práticas de segurança. Demonstraram que intervenções 
multifacetadas, especialmente com o fornecimento de equipamentos de segurança, são efetivas 
em aumentar as diversas práticas de comportamento seguro ‒ como instalação de protetores 
de tomadas elétricas e portões em escadas, armazenamento seguro de medicamentos, 
produtos de limpeza e objetos cortantes, acesso fácil ao número de telefone do centro de 
controle de intoxicações, redução da temperatura da água nas torneiras e instalação de alarmes 
de incêndio ‒ e em diminuir a incidência de eventos traumáticos. Num estudo randomizado, o 
HOME Injury Study, de Phelan et al, conseguiu uma redução de 70% na incidência de injúrias 
domésticas, mediante a instalação de medidas passivas múltiplas, como portões em escadas, 
trancas de armários e detectores de fumaça. 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
Para replicação deprogramas como esses em todos os países de alta renda, exige um grande 
trabalho de mobilização política de toda a comunidade envolvida. Além disso e da necessária 
obtenção de recursos, deve-se considerar que casas alugadas limitam a possibilidade de 
instalação de equipamentos, como redes em janelas, e que famílias pobres podem não dispor 
de ambientes separados para cozinhar, brincar e dormir. 
Enquanto tais programas organizados não se tornam realidade Kendrick et al.10 publicaram uma 
revisão sistemática avaliando a efetividade de intervenções junto aos pais na prevenção de 
lesões domésticas e aumento de práticas de segurança. Demonstraram que intervenções 
multifacetadas, especialmente com o fornecimento de equipamentos de segurança, são efetivas 
em aumentar as diversas práticas de comportamento seguro ‒ como instalação de protetores 
de tomadas elétricas e portões em escadas, armazenamento seguro de medicamentos, 
produtos de limpeza e objetos cortantes, acesso fácil ao número de telefone do centro de 
controle de intoxicações, redução da temperatura da água nas torneiras e instalação de alarmes 
de incêndio ‒ e em diminuir a incidência de eventos traumáticos. Num estudo randomizado, o 
HOME Injury Study, de Phelan. 
Além das orientações para tornar a casa mais segura, ainda é recomendável educar as famílias 
sobre medidas especifícas de prevenção dos diferentes tipos de injúrias, mesmo que se trate de 
proteção ativa, menos efetiva. 
Além das orientações para tornar a casa mais segura, ainda é recomendável educar as famílias 
sobre medidas especificas de prevenção dos diferentes tipos de injúrias, mesmo que se trate de 
proteção ativa, menos efetiva. 
1. Para prevenir asfixia: alimentar a criança sentada à mesa ou em cadeira alta; não permitir 
brincar ou correr durante a refeições, cortar alimentosem pedaços pequenos; ter cuidado com 
objetos muito pequenos, como grãos de cereais, caroços de frutas, gomas de mascar, balas 
duras, botões, moedas, baterias em disco e outros; brinquedos devem ser apropriados para cada 
idade e não devem destacar partes pequenas; não usar talco perto de crianças; não usar cordão 
ou presilha de chupeta ao redor do pescoço; não deixar sacos plásticos ao alcance das crianças; 
usar lençóis, mantas e cobertores bem presos ao colchão. 
2. Para prevenir afogamentos: jamais deixar a criança sozinha durante o banho, principalmente 
quando estiver utilizando banheira; nunca deixar baldes, bacias ou tanques com água ao alcance 
das crianças; frequentar piscinas somente com vigilância contínua. 
3. Para prevenir quedas: banir o uso de andadores; instalar grades ou redes de proteção nas 
janelas de andares altos; instalar portões com tranca em escadas. 
4. Para prevenir queimaduras: testar a temperatura da água do banho com o cotovelo; sempre 
verificar a temperatura de mamadeiras e outros alimentos quentes; não manusear líquidos ou 
alimentos quentes com a criança no colo; esconder fósforos, velas e isqueiros; evitar o uso de 
roupas de tecidos sintéticos que sejam facilmente inflamáveis; não fumar dentro da casa. 
5. Para prevenir choques elétricos: não ligar vários aparelhos em uma mesma tomada; não 
deixar soquete sem lâmpada. 
6. Para evitar intoxicações: não utilizar medicamentos sem orientação médica; nunca utilizar 
produtos clandestinos; seguir as orientações do fabricante para o uso adequado dos produtos; 
preferir produtos químicos que tenham embalagens com tampa de segurança para crianças; 
manter os produtos em sua embalagem original e nunca reutilizar frascos; evitar o uso 
indiscriminado de inseticidas; conhecer bem as plantas ornamentais da casa e dos jardins, e não 
manter dentro de casa plantas que são consideradas tóxicas, como comigo- ninguém-pode, 
costela-de-adão, saia branca, espada-de- -são-jorge, chapéu de Napoleão e outras. 
7. Para evitar ferimento por arma de fogo: não ter armas de fogo em casa; caso tenha, armazená-
las em armário trancado, longe da munição, que deverá estar em outro armário trancado. 
 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
SEGURANÇA NO TRÂNSITO 
 
A criança, pelas suas características próprias de falta de noção de perigo, por sua curiosidade, 
autonomia, controle e motor ainda em desenvolvimento, inexperiência, falta de preocupação 
com o seu corpo e vontade de imitar o mais velhos, está sujeita, frequentemente, ao risco de 
sofrer acidentes, daí os traumatismos serem extremamente comuns nessa fase. 
Nesses tipos de trauma, a energia envolvida é a mecânica, com transmissão de energia cinética 
maior do que a capacidade da criança de absorve-la, além do impacto do corpo contra 
superfícies rígidas (do automóvel ou do solo). Por isso, as lesões acontecem em diferentes graus 
de intensidade. 
É importante que o pediatra conheça os recursos de segurança desenvolvidos para minimizar os 
efeitos da transmissão de energia cinética nos diferentes tipos de trauma, como assentos de 
segurança e capacetes, e que oriente os pais a usálos correta e constantemente. 
 
-Prioridades para a segurança de crianças e jovens pedestres. 
A promoção da segurança do pedestre é uma prioridade de todo pediatra, pois a criança e o 
adolescente têm alto risco de atropelamento, em vista do grande número de automóveis 
circulantes, das más condições das ruas e calçadas, da sinalização ineficiente, da deficiência na 
educação para o trânsito e da impunidade ao motorista infrator. 
Os fatores que sabiamente estão relacionados com o risco de atropelamentos são: meninos, 
faixa etária de 3 a 12 anos, número de ruas que a criança atravessa, atravessar a rua fora da 
faixa de pedestre, horários escolares e moradias sem quintal ou área de recreação. 
Crianças na situação de pedestres que correm riscos maiores de sofrerem traumas graves e até 
a morte geralmente vivem em áreas urbanas densamente povoadas ou em regiões 
economicamente desfavorecidas. Por outro lado, crianças que vivem em áreas pouco povoadas 
e vizinhança com status socioeconômico mais alto tendem a ser consideradas de baixo risco. O 
crescimento infantil ocorre em etapas progressivas, que não podem ser vencidas antes do 
tempo: na fase pré-escolar, a baixa estatura prejudica a visão do trânsito pela criança e dela pelo 
motorista, há incapacidade total de autoproteção, dificuldade para localizar de forma precisa os 
sons que ouve no tráfego e ausência de capacidade de lidar com mais de um fato ou uma ação 
de cada vez. Os pré-escolares são impulsivos e, portanto, não podem jamais ser deixados sem 
supervisão no ambiente doméstico. 
O escolar já é capaz de compreender os riscos do trânsito, mas sua visão periférica ainda é 
diminuída; é distraído e tem comportamento imprevisível; necessita de tempo maior para 
processar informações; tem dificuldade em julgar a distância de um objeto nas vias de tráfego e 
de avaliar a velocidade dos carros antes dos 11 anos de idade. Portanto, os horários de entrada 
e saída da escola são momentos de grande perigo. 
Crianças menores de 5 anos são atropeladas em geral por veículos a motor dando marcha à ré 
em vias de circulação; aos 2 anos, os atropelamentos são mais frequentes em entradas de 
garagens; aos 4 anos, nos estacionamentos; aos 6 anos, passam a ocorrer em outros locais, como 
meio da quadra; aos 10 anos, são mais comuns em cruzamentos. Portanto, ao se analisar o risco 
de atropelamentos na perspectiva do desenvolvimento neuropsicomotor, menores de 10 anos 
jamais devem enfrentar qualquer tipo de trânsito sem a supervisão direta de um adulto, uma 
vez que os perigos do trânsito excedem suas habilidades físicas, cognitivas, sensoriais e de 
comportamento. Até essa idade, devem sempre ser supervisionados em vias públicas 
movimentadas e cruzamentos sinalizados. 
Isso fica exacerbado pelo fato de que os pais frequentemente superestimam as atitudes de seus 
filhos como pedestres. Crianças são impulsivas e ainda não desenvolveram as habilidades para 
julgar e analisar a que distância um carro está e qual sua velocidade de aproximação; geralmente

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