Buscar

Sapos_Tati_Thaila_Anatcomp

Prévia do material em texto

Abordagem das características dos Sapos com ênfase no Sapo cururu
Tatiane Bueno (tatynhabueno@hotmail.com)1
Thaila Lemos (thailalemos22.tl@gmail.com)2
Instituto Federal do Rio Grande do Sul
Campus Vacaria
1 Introdução
O sapo cururu é conhecido cientificamente como Rhinella marina Linnaeus 1758, anfíbio pertencente à família Bufonidae, com cerca de 454 espécies, o seu tamanho e toxicidade são traços marcantes, sendo muito comum em ambientes urbanos, tem a pele fria, pois não geram calor próprio no corpo, tendo sua temperatura regulada conforme o ambiente. Pertencem à ordem anura, sendo que esta abrange mais de 5000 espécies, entre, sapos, rãs e pererecas, possuem a vida relacionada com a água, sendo esta fundamental para sua reprodução e a umidade garante a respiração cutânea. O sapo cururu tem como principal objetivo a sua importância ecológica por seus serviços no equilíbrio do meio ambiente, no controle de insetos que transmitem doenças e destroem plantações agrícolas, além da manutenção de ecossistemas aquáticos.
2 Discussão
 Os lissanfíbios surgiram durante o Carbonífero e diversificaram-se mais tarde, provavelmente no Triássico Superior, originando os ancestrais dos três grandes grupos de anfíbios atuais, sapos (Anura ou Salientia), salamandras (Caudata ou Urodela) e cecílias (Apoda ou Gymnophiona).
Segundo, Hickman et al. (2016),
As três ordens de anfíbios atuais compreendem mais de 6.770 espécies. A maioria compartilha adaptações à vida na terra, incluindo um esqueleto reforçado. As larvas de anfíbios, bem como algumas salamandras adultas, utilizam o sistema ancestral de linha lateral para fins sensoriais, mas adultos metamorfoseados utilizam um epitélio olfatório remodelado para o olfato e ouvidos para distinguir sons.
Figura 1 – Cladograma dos Tetrapoda com ênfase na origem dos anfíbios. Entre os Ichthyostegalia, estão Acanthostega e Ichthyostega.
FONTE: Princípios integrados de zoologia.
Para, Hickman et al. (2016),
Ancestralmente, na história natural dos anfíbios, os ovos são aquáticos e eclodem dando origem a uma larva aquática que utiliza brânquias para sua respiração. Uma metamorfose se segue, quando as brânquias se perdem. Os anfíbios metamorfoseados utilizam respiração cutânea, em terra, e muitos têm pulmões que existem durante a fase larval, sendo ativados para respiração aérea na metamorfose. Muitos anfíbios retêm esse padrão geral, mas exceções importantes incluem algumas salamandras que não sofrem metamorfose completa e mantêm uma morfologia larval, permanentemente aquática ao longo de toda a vida. Algumas cecílias, algumas rãs e outras salamandras vivem integralmente na terra e não apresentam uma fase larval aquática. Ambas as alternativas são condições evolutivamente derivadas. Algumas rãs, salamandras e cecílias que passam por metamorfose completa podem permanecer aquáticas quando adultas, em vez de se tornarem gradativamente terrestres durante a metamorfose.
O Sapo-cururu tem uma média de vida entre 10 a 15 anos na natureza, chegando a 20 anos em cativeiro.
Sendo representante do primeiro grupo de vertebrados a ocupar o ambiente terrestre possuindo a pele fina permitindo as trocas gasosas (respiração cutânea), não possuindo nenhum tipo de pelos ou escamas. Estas condições impõem aos sapos que habitam ambientes úmidos e sombreados, a exposição aos raios solares leva ao ressecamento da pele, por isso a são ativos durante a noite.
Segundo, Pough e Janis (2008), todos os anfíbios têm pele nua (ou seja, sem escamas, pêlos, ou penas), que é importante na troca de água, íons e gases com o meio ambiente.
A pele do sapo pode ter sua coloração semelhante ao local em que vivem, sendo isso importante para sua defesa, em sua pele também é encontrado substâncias químicas que atuam na defesa contra os predadores, fungos e bactérias.
Os sapos tem sua vida dos sapos intimamente relacionada com a água, sendo esta essencial para a sua reprodução e a umidade adquirida garante a sua respiração cutânea.
Figura 2 – Sapo Cururu 
FONTE: BIOAVENTURA. Sapo-Cururu Disponível em: https://www.bioventura.com.br/wp-content/uploads/Rhinella-schneideri.jpg. Acesso em 04 Fev 2021.
Como podemos observar na Figura 2, sua pele pelo contrário que muitos pensam é seca, além de ser vascularizada e deter glândulas, não possuindo pelos ou escamas. 
Nos sapos os órgãos sensoriais mais desenvolvidos são os olhos e as orelhas. A orelha média tem um tímpano bem visível, que é uma membrana escura e de forma circular, localizada na superfície da pele, logo atrás dos olhos. Esta membrana é acionada por sons que fazem o tímpano vibrar. No sítio de acasalamento os machos coaxam ( canto de chamamento) para atrair as fêmeas. A vocalização dos sapos é típica de cada espécie, e é produzida na glote e os sons amplificados em sacos vocais existentes ao lado da cavidade bucal.
Como habitat, os sapos podem ser encontrados em várias partes do mundo mas com exceção de locais muito frios, em modo geral habitam locais úmidos, sendo esses, próximos a riachos, lagoas, igarapés e brejos, tendo em vista que seu modo de vida é relacionado com a água. Sendo um animal muito versátil quando o assunto é habitat.
Conforme estudos e sob a luz de Schmidt (2002), podemos observar a importância do habitat para os sapos:
A mudança com as estações resulta da alteração de temperatura? Essa questão tem sido estudada em sapos, que foram mantidos em três temperaturas diferentes: 5, 15 e 25ºC. Nas duas temperaturas mais altas, a tomada de oxigênio pelo pulmão excede a da pele, mas na temperatura mais baixa a tomada cutânea é maior. Tal situação é semelhante na rã. Para a troca de dióxido de carbono, a pele é mais importante em todas as temperaturas. Na temperatura mais baixa a pele é, portanto, mais importante que os pulmões, tanto para o dióxido de carbono como para o oxigênio.
Figura 3 – Glândulas Paratóides
Fonte: PONTOBIOLOGIA.SAPO, PERERECA OU RÃ? Disponível em : https://pontobiologia.com.br/sapo-perereca-ou-ra/. Acesso em: 02 Fev 2021.
Endereço de Imagem: Disponível em: https://i2.wp.com/pontobiologia.com.br/wp-content/uploads/2017/10/Imagem7.jpg?resize=600%2C590&ssl=1. Acesso em 02 Fev 2021.
Ao observar a figura 3, vemos as glândulas paratóides, localizadas na região dorsal, em formato de bolsas, estrutura esponjosa contendo um líquido leitoso, onde quando liberado irrita nossos olhos e mucosas, possuindo substâncias que o auxiliam na defesa não só contra predadores, como também de bactérias e fungos. 
Tal veneno é expelido se o animal sofrer uma pressão externa, como por exemplo ser pisado, sendo que o líquido pode ser projetado a até quase meio metro de distância. Os adultos podem chegar a medir no máximo 15 cm.
Quanto à respiração apresentam duas fases de vida, sendo elas, larval em ambiente aquático quando realizam a respiração branquial e na fase adulta, em ambiente terrestre por ser incompleta, encontramos a respiração pulmonar e a cutânea.
A pele é caracterizada pela sua permeabilidade, sendo esta de total necessidade para facilitar as trocas de gases respiratórios, sendo assim a respiração denominada como cutânea. As glândulas presentes na pele se relacionam com a produção de toxinas que afastam os predadores e que permitem a eliminação de ureia e transporte de sódio. 
Para os autores Hill e G.A. (2012), a osmorregulação em ambiente terrestre nos anfíbios é da seguinte forma:
No caso dos anfíbios a pele, geralmente, é úmida e muito permeável e, é através dela que esses animais trocam oxigênio e dióxido de carbono e também é através da qual a água e íons podem mover-se por difusão passiva. A perda de eletrólitos por transporte ativo de sais do meio aquático para o animal, é compensada através da pele do anfíbio. Porém, alguns anfíbios são capazes de interromper a produção de urina, quando enfrentam desidratação da água, e reiniciam a produção quando termina o período de estresse osmótico.
A alimentação dos sapos é composta por insetos, como moscas, baratas, pernilongos, formigas, dentre outros. Não possuem dentesfortes, obtendo apenas um serrilhado frágil, portanto, não mordem ou mastigam os animais que constituem sua alimentação. Possuem uma língua elástica (fixada na parte da frente da boca, na maioria das espécies) para capturar sua presa em potencial.
Segundo Pough e Janis (2008), “Todos os anfíbios adultos atuais são carnívoros e, dentro de cada grupo, relativamente poucas especializações morfológicas estão associadas a hábitos alimentares diferentes. Os anfíbios comem quase tudo que são capazes de capturar e engolir”.
Uma curiosidade sobre isto, é que o sapo fecha os olhos para engolir o alimento, pois seus grande olhos são forçados para cavidade bucal e ajudam a empurrar os alimentos para baixo da garganta.
Na forma aquática temos alguma diferença, como nos explicita Pough e Janis (2008),
Nas formas aquáticas, a língua é larga, achatada e relativamente imóvel, mas alguns anfíbios terrestres poderiam protrai-lá para capturar a presa. O tamanho da cabeça é importante na determinação do tamanho máximo da presa que pode ser capturada, e espécies simpáticas de salamandras freqüentemente apresentam tamanhos de cabeça marcadamente diferentes, sugerindo que se trata de uma característica que reduz a competição por comida.
Em seu período reprodutivo, os machos coaxam para atrair uma parceira para o acasalamento. Geralmente se reproduzem no local onde nasceram, sua fecundação na maioria das espécies é externa e durante o acasalamento o macho se posiciona sobre a fêmea, abraçando-a, numa posição denominada amplexo.
Como os machos têm uma baixa seletividade durante a sua reprodução, ocorre de fecundarem fêmeas de outras espécies gerando híbridos naturais.
Pough e Haiser (2008) no explicam que:
Na maioria dos anuros, a fecundação é externa; o macho usa as patas dianteiras para segurar a fêmea na região peitoral (amplexo axilar) ou na região pelvina (amplexo inguinal). O amplexo pode ser mantido por várias horas, ou mesmo dias, antes que a fêmea desove.
Após esse tempo, os ovos liberam os girinos (fase larval), os mesmos sofrem metamorfoses e transformam-se assim em adultos, logo alcançando ambientes terrestres, essa metamorfose pode variar de dias a meses. 
Quanto a sua circulação, podemos dizer que é incompleta, pois o sangue dos anfíbios circula por dentro dos vasos, sendo considerada como fechada, misturando assim sangue venoso e arterial e o coração desses animais possui apenas um ventrículo e dois átrios.
Figura 4- Sistema Circulatório
Fonte: ESTUDANDO BIOLOGIA. Fisiologia dos anfíbios. Disponível em: https://estudandoabiologia.files.wordpress.com/2012/09/circulacao-dupla-incompleta.png Acesso em 03 Fev 2021.
Observa-se, conforme a figura 4, que o sistema circulatório apresenta a chamada dupla circulação. O coração possui um seio venoso, que recebe o sangue venoso de todo o corpo, passando-o para o átrio direito, o átrio esquerdo recebe o sangue arterial dos pulmões e da pele. O sangue é passado para o único ventrículo, onde há uma pequena mistura de sangue arterial e venoso, que sai do coração por duas aortas, sendo esta mistura considerada como circulação incompleta.
3. CONCLUSÕES
A importância ecológica dos anfíbios são inúmeras, e a principal é o equilíbrio do meio ambiente, sendo ele o controle de insetos e manutenção de ecossistema aquático. Além de ser muito importante para o equilíbrio do meio ambiente, é um bio indicador da qualidade do ambiente em que vive.
O sapo é importante para fauna brasileira, sendo o sapo cururu mais famoso dentre nós, com fatores marcantes como, hábitos noturnos, glândulas de veneno tóxico na região da cabeça, sua reprodução geralmente se dá na primavera e seus ovos enfileirados podem chegar a um comprimento de cinco metros, e os girinos levam em média 10 dias para aparecerem.
Devemos nos conscientizar que a conservação dessas espécies é muito importante para o homem, pois eles são responsáveis pelo controle de outras espécies, além de ajudar no controle de vetores importantes na disseminação de alguns problemas de saúde ocasionados pelos insetos.
REFERÊNCIAS
BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Invertebrados. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2018.
HICKMAN JR, C. P. et al. Princípios integrados de zoologia. 16ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
HILL, R.W.; WYSE, G.A.; ANDERSON, M. Fisiologia animal comparada. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. 
KARDONG, K. V. Vertebrados: Anatomia comparada, Função e Evolução. 7ª ed.
 São Paulo: Roca, 2016. 
MOYES, C.D.; SCHULTE, P.M. Princípios de fisiologia animal. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
POUGH, F.; JANIS, C.; HAISER, J. A vida dos vertebrados. São Paulo, SP: Atheneu, 2008.
SCHMIDT-NIELSEN, K. Fisiologia Animal - Adaptação e Meio Ambiente. 5ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Santos, 2002.
SCHMIDT- NIELSEN, K. Fisiologia Animal: Adaptação e Meio Ambiente. 5ª ed. São Paulo: Santos, 2018.
	
	
	
	
	
	
	
Anatomia e Fisiologia Comparada
Biologia Evolutiva
Professor Rodrigo Corrêa

Mais conteúdos dessa disciplina