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Rito Sumaríssimo

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PROCEDIMENTO COMUM: SUMARÍSSIMO 
 
Quando falamos em procedimento sumaríssimo, falamos em Juizados Especiais 
Criminais, que são os órgãos que julgam infrações penais de menor potencial ofensivo, ou 
seja, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 
(dois) anos, cumulada ou não com multa. 
 
Vale destacar que é a Lei 9099/95 quem regulamenta e dispõe sobre o Juizado. 
 
A Lei nº 9.099/95 que regula o Juizado Especial Criminal, versa no art. 62: “O processo 
perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, 
economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos 
sofridos pela vítima e a aplicação da pena não privativa de liberdade.” 
 
PRINCIPIOS: 
 
* Oralidade: Os atos processuais devem, preferencialmente, ter a forma oral. 
 
* Informalidade: Não há necessidade de rigorismo processual, exige a instrumentalidade 
das formas, bastando que o ato processual atinja sua finalidade. 
 
* Economia Processual: Evita-se a repetição de atos iguais ou semelhantes. 
 
* Celeridade: O processo deve ser o mais rápido possível, exigindo portanto, a oralidade, a 
informalidade e a economia processual. 
 
 Competência dos juizados: A competência dos Juizados Especiais Criminais será 
determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal, conforme o artigo 63 da Lei 
9.099/95, assim, falamos que no JECRIM, vale a teoria da atividade: ação/omissão. 
 
 Atos processuais: conforme o artigo 64 da Lei 9.099/95, os atos processuais serão 
públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme 
dispuserem as normas de organização judiciária. 
 
 Citação: conforme o artigo 66 da Lei 9.099/95 a citação será pessoal e far-se-á no 
próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado. Não encontrado o acusado para 
ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do 
procedimento previsto em lei. 
 
 Intimação: o artigo 67 da Lei 9.099/95 dispõe que a intimação ocorrerá por 
correspondência, com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou 
firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será 
obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de justiça, 
independentemente de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo 
de comunicação. 
 
 ADVOGADO: Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação do 
acusado, constará a necessidade de seu comparecimento acompanhado de advogado, 
com a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado defensor público, conforme 
artigo 68 da Lei 9.099/95. 
 
 Fase policial: a Lei 9.099/95 dispensa a confecção de inquérito policial e se conforma 
com mera lavratura de termo circunstanciado, o qual possui natureza jurídica de 
procedimento investigativo, tal qual o inquérito policial. 
 
 Atribuição lavratura TCO: a atribuição para lavratura do TCO ainda é fruto de discussão 
pela doutrina, já que o artigo 69 da Lei 9.099/95 não traz uma previsão de quem seria a 
autoridade policial competente para tanto. Em tese, a competência seria da polícia 
judiciária, ou seja, Policia Civil e Policia Federal. Contudo, hoje, a Policia Militar também 
tem realizado a lavratura de tal termo. De acordo com o Enunciado nº 34 do FONAJE 
(Fórum Nacional de Juizados Especiais), “atendidas as peculiaridades locais, o termo 
circunstanciado poderá ser lavrado pela Polícia Civil ou Militar”. 
 
 Flagrante: Dispensou-se igualmente, como regra, a prisão em flagrante delito, desde 
que o autor do fato: a) seja encaminhado imediatamente ao Juizado Especial Criminal; ou 
b) assuma o compromisso de comparecer, quando intimado a tal, conforme artigo 69, da 
Lei 9.099/95. 
 
 
O procedimento no Juizado Especial Criminal é dividido nas seguintes fases: 
 
I – Fase Preliminar 
 
1. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência, lavrará termo 
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a 
vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. 
 
 
2. Designada audiência preliminar, presentes estarão o representante do MP, o autor do 
fato e a vítima, acompanhados por seus advogados. Nesta oportunidade, o Juiz esclarecerá 
sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação 
imediata de pena não privativa de liberdade. Ressalvando que a conciliação, será 
conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação. 
 
3. Se houver composição dos danos civis (transação civil) será reduzida a escrito e, 
homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível e terá eficácia de título a ser 
executado no juízo civil competente. 
Ressalte-se que tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal 
pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito 
de queixa ou representação. 
 
4. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a 
oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo. O 
não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do 
direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei. 
 
5. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, 
não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata 
de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta, o que recebe o 
nome de transação penal. 
 
Obs: Não se admitirá a proposta de transação penal se ficar comprovado: 
 
a) ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de 
liberdade, por sentença definitiva; 
 
b) ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de 
pena restritiva ou multa (transação penal anterior); 
 
c) não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como 
os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente à adoção da medida. 
 
6. Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do 
Juiz e homologada (se presentes os requisitos legais). 
 
OBS: STF súmula vinculante 35: “A homologação da transação penal prevista no artigo 76 
da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-
se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da 
persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.”. 
Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz 
aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo 
registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. 
A imposição da sanção não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para 
os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados 
propor ação cabível no juízo cível. 
 
7. Contra a decisão que homologou a transação penal cabe recurso de apelação. 
 
 § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, 
o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em 
reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo 
benefício no prazo de cinco anos. 
 § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação 
referida no art. 82 desta Lei. 
 § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará 
de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo 
dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação 
cabível no juízo cível. 
 
II – Procedimento Sumaríssimo 
 
1. No caso de ação penal de iniciativa pública, o Ministério Público ofereceráao Juiz 
denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis. No caso de ação 
penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral. 
Obs: Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da 
denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças 
existentes, para o juízo comum onde o processo correrá pelo rito sumário. Este 
procedimento também é adotado se a ação penal for privada e houver complexidade. 
 
 
2. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, 
que com ela ficará citado e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a 
audiência de instrução e julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério 
Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados. 
 Se o acusado não estiver presente, será citado na forma dos arts. 66 e 68 da Lei 9.099/95 
e cientificado da data da audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas 
testemunhas ou apresentar requerimento para intimação, no mínimo cinco dias antes de 
sua realização. 
3. No dia e hora designados para a audiência de instrução e julgamento, haverá a tentativa 
de transação civil e proposta de transação penal (se já não tiver ocorrido anteriormente). 
4. Não sendo a hipótese de transação, será dada a palavra ao defensor para responder à 
acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, 
serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o 
acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da 
sentença. 
 
5. Contra a sentença (que não terá relatório) caberá o recurso de apelação no prazo de 10 
dias. O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no mesmo prazo. 
 
Obs: A apelação é julgada pelo chamado colégio recursal, composto por turma de três 
Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. 
Suspensão Condicional do Processo 
 
 
A lei 9.099/95 trouxe ao ordenamento jurídico importantes institutos que visam a 
despenalização: transação penal, composição civil e a suspensão condicional do 
processo. 
 
* COMPOSIÇÃO CIVIL: pagamento do dano, reparando-o em dinheiro. 
 
* TRANSAÇÃO PENAL: acordo entre MP e réu, o qual permite a aplicação de pena restritiva 
de direitos ou pena de multa como condição de não oferecer a denúncia. 
 
* SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO: previsto no artigo 89 da Lei 9.099/95. 
Nos delitos cuja pena mínima cominada seja igual ou inferior a um ano, podendo até 
mesmo não ser da esfera da competência do Juizado Especial, o membro do Parquet, ao 
oferecer a denúncia, poderá apresentar proposta de suspensão do processo por dois a 
quatro anos, interregno este denominado de período de prova, que é cumprido sob uma 
série de condições. 
Quanto à natureza jurídica da suspensão condicional do processo é uma forma de 
defesa em que o autor do fato não discute a imputação, mas não admite a sua culpa nem 
declara a sua inocência.. 
Vale mencionar que ao magistrado não é dado participar, senão para homologar a 
suspensão. Contudo, caso o promotor de justiça se recuse a fazer a proposta, o juiz, 
verificando a existência dos requisitos para a suspensão, deve aplicar por analogia, o art. 
28 do CPP, remetendo os autos ao Procurador-geral de Justiça, a fim de que este se 
pronuncie sobre o oferecimento ou não da proposta. 
O período de prova é regido sob as seguintes condições: 
a)reparação do dano, salvo a impossibilidade de fazê-lo; 
 
b)proibição de frequentar determinados lugares; 
 
c)proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; 
 
d)comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar 
suas atividades; 
 
e)não instauração de outro processo em virtude da prática de crime ou de contravenção 
penal; 
 
f) outras condições, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. 
A suspensão revogar-se-á obrigatoriamente em caso de novo processo por crime ou 
não reparação injustificada do dano, e facultativamente em caso de processo por 
contravenção ou descumprimento das condições (art. 89, §§ 3º e 4º, Lei 9.099/95). 
Com a revogação retoma-se o curso do processo. Vencido o período de prova sem 
revogação do benefício extingue-se a punibilidade. Todavia, o STJ fixou a tese de que se 
descumpridas as condições impostas durante o período de prova, o benefício poderá ser 
revogado, ainda que já ultrapassado o prazo legal, desde que referente a fato ocorrido 
durante sua vigência. 
 
Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo. 
 
Abaixo esquema do sumaríssimo:

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