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• Patologia é literalmente o estudo (logos) do sofrimento (pathos) • Ela envolve a investigação das causas da doença e as alterações associadas que resultam em sinais e sintomas presentes no paciente • 2 termos importantes: a) Etiologia: origem da doença → por que a doença surge b) Patogenia: etapas de desenvolvimento da doença → como a doença se desenvolve • Normalmente, as células mantêm um estado normal chamado homeostasia → o meio intracelular é mantido dentro de uma faixa razoavelmente estreita dos parâmetros fisiológicos • Quando encontram um estresse fisiológico ou um estímulo patológico, podem sofrer uma adaptação, alcançando um novo estado constante, preservando sua viabilidade e função • As principais respostas adaptativas são hipertrofia, hiperplasia, atrofia e metaplasia • Se a capacidade adaptativa é excedida ou se o estresse externo é inerentemente nocivo, desenvolve-se a lesão celular • Dentro de certos limites, a lesão é reversível e as células retornam a um estado basal estável • um estresse grave, persistente e de início rápido resulta em lesão irreversível e morte das células afetadas • EX.: O miocárdio submetido a uma carga aumentada e persistente, como na hipertensão ou com estenose de uma valva, se adapta sofrendo hipertrofia — um aumento do tamanho das células e de todo o coração — para gerar necessitada força contrátil maior. Se o aumento da demanda não for atenuado ou se o miocárdio for submetido a um fluxo sanguíneo reduzido (isquemia), devido a uma oclusão em artéria coronária, as células musculares sofrerão lesão. O miocárdio pode ser lesado de modo reversível se o estresse for leve ou se a oclusão arterial for incompleta ou suficientemente breve, ou pode sofrer lesão irreversível e morte celular (infarto) após oclusão completa e prolongada. Estresse e lesão afetam não apenas a morfologia, mas o estado funcional das células e tecidos. Portanto, os miócitos lesados de modo reversível não estão mortos e podem se assemelhar aos miócitos morfologicamente normais; entretanto, eles estão transitoriamente não contráteis e, portanto, mesmo a lesão leve pode ter impacto clínico. Lesão Celular, Morte Celular e Adaptações Adaptações, Acúmulos Intracelulares e Lesão Celular Patologia Introdução à patologia Visão geral das respostas celulares ao estresse e aos estímulos nocivos • As adaptações são alterações reversíveis em número, tamanho, fenótipo, atividade metabólica ou das funções celulares em resposta às alterações no seu ambiente • As adaptações fisiológicas normalmente representam respostas celulares à estimulação normal pelos hormônios ou mediadores químicos endógenos • As adaptações patológicas são respostas ao estresse que permitem às células modularem sua estrutura e função escapando, assim, da lesão. Tais adaptações podem ter várias formas distintas: ➔ A hipertrofia é um aumento do tamanho das células que resulta em aumento do tamanho do órgão ➔ Na hipertrofia pura não existem células novas, apenas células maiores, contendo quantidade aumentada de proteínas estruturais e de organelas – acontece quando as células possuem capacidade limitada de se dividir ➔ A hipertrofia pode ser fisiológica ou patológica e é causada pelo aumento da demanda funcional ou por fatores de crescimento ou estimulação hormonal específica ➔ Na hiperplasia ocorre um aumento do número de células devido à proliferação de células diferenciadas e substituição por células-tronco do tecido ➔ A hiperplasia é uma resposta adaptativa em células capazes de sofrer replicação ➔ A hiperplasia pode ser fisiológica ou patológica. Em ambas a proliferação celular é estimulada por fatores de crescimento que são produzidos por vários tipos celulares ➔ Os dois tipos de hiperplasia fisiológica são: 1) hiperplasia hormonal, exemplificada pela proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez e 2) hiperplasia compensatória, na qual cresce tecido residual após a remoção ou perda da porção de um órgão. Por exemplo, quando o fígado é parcialmente removido, a atividade mitótica das células restantes inicia-se 12 horas depois, restaurando o fígado ao seu peso normal. O estímulo para a hiperplasia nesse exemplo são os fatores de crescimento polipeptídicos produzidos pelos hepatócitos restantes, assim como as células não parenquimatosas do fígado. Após a restauração da massa do fígado, a proliferação celular é “desligada” pelos vários inibidores de crescimento ➔ A maioria das formas de hiperplasia patológica é causada por estimulação excessiva hormonal ou por fatores do crescimento. Por exemplo, após um período menstrual normal, há aumento da proliferação do epitélio uterino ➔ É importante notar que, em todas essas situações, o processo hiperplásico permanece controlado; se os sinais que a iniciam cessam, a hiperplasia desaparece – diferencia as hiperplasias patológicas benignas das do câncer, no qual os mecanismos de controle do crescimento tornam-se desregulados ou ineficazes ➔ A diminuição do tamanho da célula, pela perda de substância celular, é conhecida como atrofia ➔ Deve ser enfatizado que, embora as células atróficas tenham sua função diminuída, elas não estão mortas ➔ Os mecanismos da atrofia consistem em uma combinação de síntese proteica diminuída e degradação proteica aumentada nas células ➔ A síntese de proteínas diminui por causa da redução da atividade metabólica ➔ A degradação das proteínas celulares ocorre, principalmente, pela via ubiquitina-proteossoma. A deficiência de nutrientes e o desuso ativam as ligases da ubiquitina, as quais conjugam as múltiplas cópias do pequeno peptídeo ubiquitina às proteínas celulares e direcionam essas proteínas para a degradação nos proteossomas. Acredita-se que essa via seja responsável também pela proteólise acelerada observada em várias condições catabólicas, incluindo a caquexia associada ao câncer ➔ Em muitas situações, a atrofia é acompanhada também pelo aumento da autofagia, que resulta no aumento do número de vacúolos autofágicos – autofagia é o processo no qual a célula privada de nutrientes digere seus próprios componentes no intuito de encontrar nutrição e sobreviver Adaptações celulares ao estresse Hipertrofia Hiperplasia Atrofia ➔ Metaplasia é uma alteração reversível na qual um tipo celular adulto (epitelial ou mesenquimal) é substituído por outro tipo celular adulto/alteração do fenótipo em células diferenciadas, sempre em resposta a irritação crônica que torna as células mais capazes de suportar o estresse ➔ Nesse tipo de adaptação celular, uma célula sensível a determinado estresse é substituída por outro tipo celular mais capaz de suportar o ambiente hostil EX.: Mudança escamosa que ocorre no epitélio respiratório em fumantes habituais de cigarros. As células epiteliais normais, colunares e ciliadas da traqueia e dos brônquios são focal ou difusamente substituídas por células epiteliais escamosas estratificadas. O epitélio pavimentoso estratificado, mais resistente, torna-se mais capaz de sobreviver às substâncias químicas do cigarro do que o epitélio especializado, mais frágil, que não poderia tolerar. Embora o epitélio escamoso metaplásico possua vantagens de sobrevivência, importantes mecanismos de proteção são perdidos, como a secreção de muco e a remoção pelos cílios de materiais particulados. Portanto, a metaplasia epitelial é uma faca de dois gumes. Além disso, as influências que induzem a transformação metaplásica, se persistirem, podem predispor à transformação maligna do epitélio EX.: No refluxo gástricocrônico, o epitélio pavimentoso estratificado normal da porção inferior do esôfago pode sofrer transformação metaplásica para epitélio colunar do tipo gástrico ou intestinal. Metaplasia • Em algumas circunstâncias, as células podem acumular quantidades anormais de várias substâncias que podem ser inofensivas ou associadas com vários graus de lesão • A substância pode estar localizada no citoplasma, no interior de organelas (tipicamente nos lisossomos) ou no núcleo, e pode ser sintetizada pelas células afetadas ou produzida em qualquer outro lugar • Existem quatro vias principais de acumulações intracelulares 1) Remoção inadequada de uma substância normal, secundária a defeitos no mecanismo de empacotamento e transporte, como na degeneração gordurosa do fígado. 2) Acúmulo de uma substância endógena anormal resultante de defeitos adquiridos ou genéticos no seu dobramento, empacotamento, transporte e secreção, como com certas mutações da alpha1-antitripsina 3) Deficiência em degradar um metabólito devido a defeito herdado em uma enzima. Os distúrbios resultantes são chamados de doenças de armazenamento 4) Depósito e acúmulo de uma substância exógena anormal quando a célula não possui maquinaria enzimática para degradar a substância nem a habilidade de transportá-la para outros locais. Os acúmulos de partículas de carbono e sílica são exemplos desse tipo de alteração • A degeneração gordurosa refere-se a qualquer acúmulo anormal de triglicerídeos dentro das células do parênquima • Com frequência é observada no fígado porque ele é o principal órgão envolvido no metabolismo da gordura, mas ocorre também no coração, no músculo esquelético, no rim e em outros órgãos • A esteatose pode ser causada por toxinas, desnutrição proteica, diabetes melito, obesidade e anóxia • Nas nações industrializadas, as causas mais comuns da degeneração gordurosa do fígado (fígado gorduroso) são o abuso de álcool e o diabetes associado à obesidade • O metabolismo celular do colesterol é estreitamente regulado para assegurar a síntese normal de membranas celulares sem acúmulo intracelular significativo • Entretanto, as células fagocíticas podem tornar-se sobrecarregadas com lipídios (triglicerídeos, colesterol e ésteres de colesterol) em vários processos patológicos diferentes → Deles, a aterosclerose é o mais importante Acúmulos intracelulares Degeneração Gordurosa (Esteatose) Colesterol e Ésteres de Colesterol • Os acúmulos de proteína morfologicamente visíveis são muito menos comuns que os acúmulos de lipídios • Podem ocorrer porque os excessos são apresentados às células ou porque as células sintetizam quantidades excessivas. • No rim, por exemplo, quantidades mínimas de albumina filtradas pelo glomérulo são normalmente reabsorvidas por pinocitose nos túbulos contorcidos proximais. Entretanto, em distúrbios com extravasamento maciço de proteína através do filtro glomerular (p. ex., na síndrome nefrótica), ocorre reabsorção muito maior de proteína, e as vesículas contendo essa proteína se acumulam, resultando na aparência histológica de gotículas citoplasmáticas hialinas róseas. O processo é reversível; se a proteinúria diminuir, as gotículas de proteína são metabolizadas e desaparecem. • Outro exemplo é o acentuado acúmulo de imunoglobulinas recentemente sintetizadas, que pode ocorrer no RER de alguns plasmócitos, formando os corpúsculos de Russell, redondos e eosinofílicos. • Depósitos intracelulares excessivos de glicogênio estão associados a anormalidades no metabolismo da glicose ou do glicogênio • No exemplo clássico de metabolismo anormal da glicose, o diabetes melito, o glicogênio se acumula no epitélio dos túbulos renais, nos miócitos cardíacos e nas células Beta das ilhotas de Langerhans • O glicogênio também se acumula dentro de células em um grupo de distúrbios genéticos intimamente relacionados, coletivamente conhecidos como doenças de armazenamento de glicogênio ou glicogenoses. • Os pigmentos são substâncias coloridas exógenas, se originados fora do corpo, como o carbono, ou endógenas, sintetizadas dentro do próprio corpo, como lipofuscina, melanina e certos derivados da hemoglobina ✓ O pigmento exógeno mais comum é o carbono (um exemplo é a poeira de carvão), um poluente do ar ubíquo na vida urbana → Quando inalado, é fagocitado pelos macrófagos alveolares e transportado através de canais linfáticos para os linfonodos regionais na região traqueobrônquica. Os agregados desse pigmento escurecem os linfonodos e o parênquima pulmonar (antracose) ✓ A lipofuscina, ou “pigmento do desgaste”, é um material intracelular granular, castanho-amarelado, que se acumula em vários tecidos (particularmente no coração, fígado e cérebro) como consequência do envelhecimento ou da atrofia. A lipofuscina é constituída por complexos de lipídios e proteínas que derivam da peroxidação catalisada por radicais livres, dos lipídios polinsaturados de membranas subcelulares. Não é nociva à célula, mas é importante como marcador de lesão antiga por radical livre. O pigmento marrom, quando presente em grande quantidade, confere ao tecido uma aparência que é chamada de atrofia parda. À microscopia eletrônica, o pigmento aparece como grânulos eletrodensos perinucleares ✓ A melanina é um pigmento endógeno, preto- acastanhado, produzido pelos melanócitos localizados na epiderme, e atua como protetor contra a radiação ultravioleta prejudicial. Embora os melanócitos sejam a única fonte de melanina, os queratinócitos basais adjacentes da pele podem acumular o pigmento, assim como os macrófagos da derme ✓ A hemossiderina é um pigmento granular derivado da hemoglobina, amarelo a castanho-dourado, que se acumula em tecidos onde há excesso de ferro, local ou sistêmico. Normalmente, o ferro é armazenado no interior das células em associação com a proteína apoferritina, formando as micelas de ferritina. O pigmento hemossiderina representa grandes agregados dessas micelas de ferritina, facilmente visualizados pela microscopia óptica e eletrônica; o ferro pode ser identificado, sem dúvida, pela reação histoquímica do azul da Prússia (Fig. 1-28). Embora o acúmulo de hemossiderina seja geralmente patológico, pequenas quantidades desse pigmento são normais nos fagócitos mononucleares da medula óssea e do fígado, onde eritrócitos velhos são normalmente degradados. O depósito excessivo de hemossiderina, conhecido como hemossiderose, e acúmulos mais extensos de ferro são vistos na hemocromatose hereditária • Na calcificação patológica ocorre um depósito anormal de sais de cálcio, em combinação com pequenas quantidades de ferro, magnésio e outros minerais • Quando o depósito ocorre em tecidos mortos ou que estão morrendo, é chamado de calcificação distrófica, que ocorre Proteínas Glicogênio Pigmentos Calcificação Patológica na ausência de perturbações metabólicas do cálcio (isto é, com níveis séricos normais de cálcio) • Ao contrário, o depósito de sais de cálcio em tecidos normais é conhecido como calcificação metastática e quase sempre reflete algum distúrbio no metabolismo do cálcio (hipercalcemia) → apesar de a hipercalcemia não ser um pré-requisito para a calcificação distrófica, ela pode exacerbá-la • A calcificação distrófica é encontrada em áreas de necrose de qualquer tipo • Virtualmente, é inevitável nos ateromas da aterosclerose avançada, associada a lesão da túnica íntima da aorta e das grandes artérias, e caracterizada pelo acúmulo de lipídios • Embora a calcificação distrófica seja um achado incidental insignificante de lesão celularantiga, ela pode ser a causa da disfunção do órgão. Por exemplo, a calcificação pode se desenvolver nas valvas envelhecidas ou lesadas, resultando em valvas seriamente comprometidas na movimentação. A calcificação distrófica das valvas aórticas é causa importante da estenose aórtica nos idosos • Na patogenia da calcificação distrófica, o produto final é a formação de fosfato de cálcio cristalino. Envolve a iniciação (ou nucleação) e a propagação, ambos podendo ser intra ou extracelulares. A iniciação em sítios extracelulares ocorre em vesículas revestidas por membrana com cerca de 200 nm de diâmetro; na cartilagem e no osso normais são conhecidas como vesículas da matriz, e na calcificação patológica originam-se de células em degeneração. Acredita-se que o cálcio esteja concentrado inicialmente nessas vesículas por sua afinidade com os fosfolipídios da membrana, enquanto os fosfatos se acumulam como consequência da ação das fosfatases ligadas à membrana. A iniciação da calcificação intracelular ocorre nas mitocôndrias de células mortas ou que estão morrendo e que tenham perdido sua habilidade de regular o cálcio intracelular. Após a iniciação em qualquer localização, ocorre a formação dos cristais. Isso é dependente da concentração de Ca2+ e do PO4 − nos espaços extracelulares, da presença de inibidores do mineral e do grau de colagenização, o qual aumenta a taxa de crescimento do cristal • A calcificação metastática pode ocorrer em tecidos normais sempre que há hipercalcemia. As quatro principais causas da hipercalcemia são: 1) aumento da secreção de paratormônio devido a tumores primários das paratireoides ou à produção de proteína relacionada ao paratormônio por outros tumores malignos 2) destruição óssea devida aos efeitos do turnover ósseo acelerado (p. ex., doença de Paget), imobilização ou tumores (aumento do catabolismo ósseo decorrente de mieloma múltiplo, leucemia ou metástases esqueléticas difusas) 3) distúrbios relacionados à vitamina D, incluindo a intoxicação por vitamina D e sarcoidose (na qual os macrófagos ativam um precursor da vitamina D) 4) insuficiência renal, na qual a retenção de fosfato leva ao hiperparatireoidismo secundário. Calcificação Distrófica Calcificação Metastática Quando a taxa de colesterol LDL está muito alta, os macrófagos da túnica íntima (parte mais interna dos vasos sanguíneos) fagocitam essas lipoproteínas de baixa densidade na tentativa de eliminar essa substância, mas a capacidade de captação é maior do que a de excreção, então haverá um acúmulo dessas moléculas, formando núcleos lipídicos com uma cápsulas fibrosas, o que dará gênese às placas de ateroma → o indivíduo desenvolve aterosclerose (doença que apresenta características imunoinflamatórias) → durante as fases de desenvolvimento da aterosclerose, vários fatores inflamatórios são ativados, o que estimula a calcificação vascular → com a calcificação vascular e com as placas de ateroma, há o aumento do risco de ruptura desse vaso, perda de elasticidade, o que favorece o aumento da pressão e o desenvolvimento de trombos → se esses trombos se desprenderem e começarem a circular, passam a ser chamados de êmbolo → OBS.: dependendo de onde for, pode causar embolia pulmonar, infarto agudo do miocárdio, AVC, entre várias outras coisas. • Onde quer que seja o local, os sais de cálcio são vistos macroscopicamente como grânulos ou agregados finos brancos, frequentemente palpáveis como depósitos arenosos. • A calcificação distrófica é comum em áreas de necrose caseosa na tuberculose. Algumas vezes, um linfonodo tuberculoso é praticamente convertido a uma pedra radiopaca. • Histologicamente, a calcificação aparece como depósitos basofílicos intra ou extracelulares. Com o tempo, pode ser formado osso heterotópico no foco da calcificação. • A calcificação metastática pode ocorrer em todo o corpo, mas afeta principalmente os tecidos intersticiais da mucosa gástrica, rins, pulmões e da vascularização. Morfologicamente, os depósitos de cálcio lembram os descritos na calcificação distrófica. • Embora, geralmente, não causem disfunção clínica, calcificações maciças nos pulmões são evidentes nas radiografias e podem gerar déficits respiratórios. Depósitos maciços no rim (nefrocalcinose) podem causar lesão renal. Morfologia Depósitos anormais de materiais nas células e tecidos são o resultado de ingestão excessiva, defeitos de transporte ou de catabolismo. • Depósitos de lipídios: o Degeneração gordurosa: acúmulo de triglicerídeos livres nas células, resultante da ingestão excessiva ou do transporte defeituoso (com frequência devido aos defeitos na síntese e transporte de proteínas); manifestação de lesão celular reversível. o Depósito de colesterol: resultante de ingestão excessiva ou defeito de catabolismo; na aterosclerose, depósitos nos macrófagos e células musculares lisas da parede dos vasos. • Acúmulo de proteínas: proteínas reabsorvidas nos túbulos renais; imunoglobulinas nos plasmócitos • Acúmulo de glicogênio: em macrófagos de pacientes com defeitos em enzimas lisossômicas que degradam glicogênio (doenças de armazenamento do glicogênio) • Acúmulo de pigmentos: pigmentos indigeríveis, como carbono, lipofuscina (produto de degradação da peroxidação lipídica), ferro (geralmente devido a sobrecarga, como na hemossiderose) • Calcificações patológicas: o Calcificação distrófica: deposição de cálcio em áreas de lesão celular e necrose. o Calcificação metastática: deposição de cálcio em tecidos normais, causada por hipercalcemia (geralmente como consequência de excesso de paratormônio). RESUMO • A lesão celular ocorre quando as células são estressadas tão excessivamente que não são mais capazes de se adaptar ou quando são expostas a agentes lesivos ou são prejudicadas por anomalias intrínsecas • Os diferentes estímulos lesivos afetam muitas vias metabólicas e organelas celulares. A lesão pode progredir de um estágio reversível e culminar em morte celular • Lesão celular reversível: nos estágios iniciais ou nas formas leves de lesão, as alterações morfológicas e funcionais são reversíveis se o estímulo nocivo for removido → nesse estágio, embora existam anomalias estruturais e funcionais significativas, a lesão ainda não progrediu para um dano severo à membrana e dissolução nuclear • Morte celular: com a persistência do dano, a lesão torna-se irreversível e, com o tempo, a célula não pode se recuperar e morre. Existem dois tipos de morte celular — necrose e apoptose — que diferem em suas morfologias, mecanismos e papéis na fisiologia e na doença. Quando o dano às membranas é acentuado, as enzimas extravasam dos lisossomos, entram no citoplasma e digerem a célula, resultando em necrose. Os conteúdos celulares também extravasam através da membrana plasmática lesada e iniciam uma reação (inflamatória) no hospedeiro. A necrose é a principal via de morte celular em muitas lesões comumente encontradas, como as que resultam de isquemia, de exposição a toxinas, várias infecções e trauma. Quando a célula é privada de fatores de crescimento ou quando o DNA celular ou as proteínas são danificadas sem reparo, a célula se suicida por outro tipo de morte, chamado apoptose, que é caracterizada pela dissolução nuclear sem a perda da integridade da membrana. Enquanto a necrose constitui sempre um processo patológico, a apoptose auxilia muitas funções normais e não está necessariamente associada à lesão celular patológica. Além disso, a apoptose, em certos papéis fisiológicos, não desencadeia uma resposta inflamatória• As causas da lesão celular variam de trauma físico grosseiro a defeito em um único gene que resulta em uma enzima defeituosa, caracterizando uma doença metabólica específica. A maioria dos estímulos nocivos pode ser agrupada nas seguintes categorias: ➔ A hipóxia, ou deficiência de oxigênio, interfere com a respiração oxidativa aeróbica e constitui uma causa comum e extremamente importante de lesão e morte celulares ➔ A hipóxia pode ser causada pela isquemia, pela oxigenação inadequada do sangue (como na pneumonia), ou por redução da capacidade do sangue em transportar oxigênio, como na anemia ou envenenamento por monóxido de carbono (CO). ➔ Existem muitas substâncias químicas que podem lesar as células ➔ Substâncias inócuas, como glicose, o sal ou mesmo água, se absorvidas ou administradas em excesso podem perturbar o ambiente osmótico, resultando em lesão ou morte celular ➔ Os agentes comumente conhecidos como venenos causam severos danos em nível celular por alterarem a permeabilidade da membrana, a homeostasia osmótica ou a integridade de uma enzima ou cofator. ➔ Outros agentes potencialmente tóxicos são encontrados diariamente no nosso ambiente (poluentes do ar, inseticidas, CO, asbesto e os “estímulos” sociais, como o álcool) Lesão Celular Causas da lesão Celular Privação de oxigênio Agentes Químicos ➔ Mesmo as drogas terapêuticas podem causar lesão à célula ou ao tecido em paciente suscetível ou se usadas de modo excessivo ou inapropriado Até mesmo o oxigênio em altas pressões parciais é tóxico ➔ Esses agentes variam desde vírus submicroscópicos a tênias grandes; entre eles estão as riquétsias, as bactérias, os fungos e os protozoários ➔ Embora o sistema imune defenda o corpo contra patógenos, as reações imunes podem também resultar em lesão à célula ou ao tecido. Ex.: reações autoimunes contra os próprios tecidos e as reações alérgicas contra substâncias ambientais, em indivíduos geneticamente suscetíveis ➔ As anomalias genéticas resultam em alterações patológicas grosseiras (malformações congênitas) ou sutis como a substituição de um único aminoácido na hemoglobina S originando a anemia falciforme ➔ Os defeitos genéticos causam lesão celular por causa da deficiência de proteínas funcionais, como os defeitos enzimáticos nos erros inatos do metabolismo ou a acumulação de DNA danificado ou proteínas mal dobradas, ambos disparando a morte celular quando são irreparáveis ➔ As variações genéticas (polimorfismos) podem influenciar também a suscetibilidade das células a lesão por substâncias químicas e outras lesões ambientais ➔ As deficiências nutricionais permanecem como a principal causa de lesão celular ➔ Ex.: as deficiências proteico-calóricas e os excessos nutricionais ➔ O trauma, os extremos de temperatura, a radiação, o choque elétrico e as alterações bruscas na pressão atmosférica exercem profundos efeitos nas células ➔ A senescência celular leva a alterações nas habilidades replicativas e de reparo das células e tecidos. Essas alterações levam à diminuição da capacidade de responder ao dano e, finalmente, à morte das células e do organismo O tipo da lesão, a duração e a gravidade influenciam se a lesão será reversível ou não, bem como o tipo célula, o seu estado e a sua capacidade de adaptação. Agentes Infecciosos Reações Imunológicas Fatores Genéticos Desequilíbrios Nutricionais Agentes Físicos Envelhecimento Isquemia parcial (diminuição do fluxo sanguíneo) → hipóxia (pouca oxigenação) Isquemia total (interrompimento ) → Anóxia (ausência de oxigenação) ➔ Quando a célula está funcionando normalmente, a molécula de glicose captada vai entrar no processo de glicólise, em seguida seus substratos vão para dentro da mitocôndria, onde vão ser metabolizados para a produção de ATP. Para que esse processo ocorra normalmente, é necessário a disponibilidade de oxigênio, portanto, na ausência deste, a metabolização da glicose apara a produção de ATP é prejudicada. HIPÓXIA: No quadro de hipóxia, há um fornecimento de oxigênio reduzido, o que faz com que a célula não consiga fazer uma oxidação completa da glicose (ela deixa de priorizar a respiração aeróbica que aconteceria na mitocôndria e passa a priorizar a respiração anaeróbica) e que ela adapte a maneira de utilizar a energia → para compensar isso (antes ela captava glicose e produzia 32 ATPs e agora ela produz apenas 2 ATPs), ela passa a captar uma quantidade muito maior de glicose → além disso, ela aumenta, também, a taxa de respiração anaeróbica, fazendo muito mais glicólise → em contrapartida, a célula diminui muito a gliconeogênese e a síntese de ácidos graxos, triglicerídeos e de esteroides → ou seja, a célula, agora, passa a manter apenas as funções vitais → dentre essas funções vitais estão as bombas iônicas que utilizam ATP, pois estas ajudam a produzir mais ATP Além disso, essas células induzem o fator HIF–1 (fator induzível de hipóxia). Esse fator de transcrição regula a transcrição de muitos genes, aumentando, por exemplo, a transcrição de enzimas envolvidas no metabolismo anaeróbio. Ele também regula genes para aumentar a produção de eritropoetina (citocinas envolvidas na produção de células vermelhas). Aumentando a quantidade dessa citocina, ela vai atuar na medula óssea causando uma produção muito maior de hemácias → isso tem o objetivo de aumentar a captação de oxigênio. Outra coisa que esse HIF-1 também faz é aumentar a transcrição de GLUT-4 (transportador de glicose). Ele aumenta, ainda, a produção do fator de crescimento vascular (VEGF), o que estimula a formação de novos vasos, aumentando as chances de chegar mais sangue para as células e de acabar com esse quadro de hipóxia. Ele também provoca a produção de NOS (óxido nítrico-sintetase) → essa enzima é responsável pela produção de NO a partir de L-arginina → induz a vasodilatação (NO é um importante vasodilatador) → vasodilatação faz chegar mais sangue, ou seja, ao chegar mais hemácias também chega mais oxigênio, o que pode ajudar a melhorar o quadro. ** A indução de hipóxia temporária tem disso utilizada antes de algumas cirurgias longas para estar induzindo esse HIF-1, uma vez que a célula se torna mais resistente a esse quadro de hipóxia que ela vai sofrer de uma forma mais intensa durante a cirurgia. • Todos os estresses e influências nocivas exercem seus efeitos, primeiro, em nível molecular ou bioquímico. A função celular pode ser perdida antes que ocorra a morte celular, e as alterações morfológicas na lesão (ou morte) celular surgem mais tarde • EX.: as células miocárdicas tornam-se não contráteis após 1-2 minutos de isquemia, embora não morram até que 20- 30 minutos de isquemia tenham decorrido. Esses miócitos não parecem mortos na microscopia eletrônica por 2-3 horas e por 6-12 horas na microscopia óptica • Os desarranjos celulares da lesão reversível podem ser reparados e, se o estímulo nocivo cessa, a célula retorna à sua normalidade. Entretanto, a lesão persistente ou excessiva faz com que as células passem do nebuloso “ponto de não retorno” para lesão irreversível e morte celular • A relevância clínica dessa questão é óbvia; se as alterações bioquímicas e moleculares que antecipam a morte celular puderem ser identificadas com precisão, é possível traçar estratégias para prevenir a transição de lesão celular reversível para irreversível. • Embora não existam correlações morfológicas ou bioquímicas definitivas da irreversibilidade, dois fenômenos caracterizam consistentementea irreversibilidade: a incapacidade de reverter a disfunção mitocondrial (perda da fosforilação oxidativa e geração de ATP) mesmo depois da resolução da lesão original e os profundos distúrbios na função da membrana (a lesão nas membranas lisossômicas leva à dissolução enzimática da célula lesada, que é a característica da necrose) → Os diferentes estímulos nocivos induzem a morte por necrose ou por apoptose. A perda de função celular não que dizer que a célula está morta, se a lesão cessar, ela tende a voltar ao estado de homeostasia → é reversível. Entretanto, se começarem a ocorrer alterações bioquímicas, ultraestruturais, microscópicas ou morfológicas macroscópicas, a célula está entrando num quadro de lesão celular irreversível. RECAPTULANDO: Morfologia da lesão celular e tecidual ➔ 2 principais características morfológicas da lesão celular reversível: 1) Tumefação celular: resultado da falência das bombas de íons dependentes de energia na membrana plasmática, levando a uma incapacidade de manter a homeostasia iônica e líquida o A tumefação celular é a primeira manifestação de quase todas as formas de lesão celular. É uma alteração morfológica reversível, de difícil observação na microscopia óptica, podendo ser mais visível ao nível do órgão inteiro. Quando afeta muitas células em um órgão, causa alguma palidez (resultante da compressão dos capilares), aumento do turgor e aumento do peso do órgão. O exame microscópico pode revelar pequenos vacúolos claros dentro do citoplasma que representam segmentos distendidos e separados do retículo endoplasmático. Esse padrão de lesão não letal às vezes é chamado de alteração hidrópica ou degeneração vacuolar 2) Degeneração gordurosa(esteatose): ocorre na lesão hipóxica e em várias lesões metabólicas ou tóxicas e manifesta-se pelo surgimento de vacúolos lipídicos, grandes ou pequenos, no citoplasma → é o acúmulo de lipídeos, mono- di- ou triacilgliceróis, no citoplasma de células que, usualmente, não os armazenam. Ocorre comumente no fígado, podendo ser observada no epitélio dos túbulos renais, nas fibras musculares estriadas cardíacas e esqueléticas e no pâncreas. Deve-se a interferências no metabolismo dos ácidos graxos, envolvendo maior captação, síntese ou dificuldades em utilizá-los, transportá-los ou excretá-los. Pode ser causada por medicamentos, intoxicações, infecções, hipoxemia, diabetes mellitus, distúrbios metabólicos, obesidade, hiperlipidemia, desnutrição, alcoolismo etc o A degeneração gordurosa é manifestada pela presença de vacúolos lipídicos no citoplasma. Ela é encontrada principalmente em células que participam do metabolismo da gordura (p. ex., hepatócitos e células miocárdicas) e também é reversível. As células lesadas podem exibir também coloração eosinofílica que se torna muito mais pronunciada com a progressão para a necrose. o Na glicólise há a quebra da glicose em 2 piruvatos, que são convertidos em Acetil-CoA para ser utilizado no ciclo de Krebs. Como não há oxigênio suficiente por conta da lesão hipóxica para acontecer toda a maquinaria de respiração aeróbica na mitocôndria, o Acetil- CoA acaba sendo desviado para a rota de síntese de ácido graxo, molécula que pode ser esterificada em triglicerídeos → ele é armazenado/acumulado no citoplasma → leva à esteatose → fígado passa de marrom acastanhado para amarelado ➔ As alterações intracelulares associadas a lesão reversível incluem: 1) alterações na membrana plasmática como bolhas, apagamento ou distorção das microvilosidades e perda das adesões intercelulares; 2) alterações mitocondriais, como tumefação e presença de densidades amorfas ricas em fosfolipídios; 3) dilatação do RE com destacamento dos ribossomos e dissociação dos polissomos; 4) alterações nucleares, com condensação da cromatina. O citoplasma pode conter massas fosfolipídicas, conhecidas como figuras de mielina, derivadas das membranas celulares lesadas. Todas as vezes que há um quadro de isquemia, automaticamente há uma redução da oxigenação do tecido ou do órgão, o que faz a célula mudar todo seu metabolismo, começando a fazer respiração anaeróbica → a quantidade de ATP produzido vai ser reduzido → o pouco ATP produzido vai ser utilizado para manter algumas funções vitais ➔ Bomba de sódio e potássio (joga sódio para fora da célula e potássio para dentro): sua atividade é diminuída, pois há menos ATP disponível, o que prejudica seu funcionamento. Desse modo, o sódio não é jogado para fora como deveria ser, o que acaba causando retenção de sódio no interior da célula → ocorre, então, o aumento da osmolaridade dessa célula → entra mais água dentro da célula → ocorre expansão citoplasmática (célula vai ficando mais inchada), que é um quadro chamado de degeneração hidrópica (célula fica mais túrgida). O potássio, por sua vez, acaba ficando mais na parte exterior da célula (efluxo de potássio) ➔ A diminuição da quantidade de ATP também causa alteração na funcionalidade de outras bombas → o cálcio, por exemplo, acaba sendo liberado de dentro das organelas para o citoplasma, que ativa enzimas que causam o desarranjo do citoesqueleto → a célula começa a perder sua morfologia, o que faz com que apareçam “bolhas” na membrana plasmática de acordo com que a célula vai ficando mais túrgida, pois são os locais onde a membrana vai ficando mais enfraquecida ➔ Essas alterações das concentrações de íons e de água provocam tumefação celular, tumefação do RE, perda de microvilosidades, bolhas... → com o tempo pode haver a Lesão Reversível Lesões potencialmente nocivas podem induzir alterações específicas nas organelas celulares, como o retículo endoplasmático. O retículo endoplasmático agranular está envolvido no metabolismo de vários agentes químicos, e as células expostas a esses agentes exibem a hipertrofia do retículo endoplasmático como uma resposta adaptativa que pode ter consequências funcionais importantes. EX.: os barbitúricos são metabolizados no fígado pelo sistema de oxidase de função mista citocromo P-450, encontrado no retículo endoplasmático agranular. O uso constante de barbitúricos leva a um estado de tolerância, com diminuição do efeito da droga e necessidade de doses maiores. Essa adaptação deve-se ao aumento do volume (hipertrofia) do retículo endoplasmático agranular dos hepatócitos e consequente aumento da atividade enzimática do P-450. Embora as modificações mediadas pelo P-450 sejam sempre acreditadas como “detoxificação”, muitos compostos são convertidos em mais nocivos por esse processo. Além disso, os produtos formados por esse metabolismo oxidativo incluem as espécies reativas de oxigênio (ERO), que podem lesar a célula. As células adaptadas a uma droga possuem capacidade aumentada de metabolizar outros compostos, pelo mesmo sistema. Se pacientes que utilizam fenobarbital para epilepsia aumentam a ingestão de álcool, sofrem uma queda dos níveis de concentração sanguínea do medicamento a níveis subterapêuticos, por causa da indução do retículo endoplasmático agranular em resposta ao álcool. destacação de ribossomos do RE, o que leva a uma diminuição da síntese de proteínas ➔ A célula faz mais respiração anaeróbia → mais glicólise → a célula usa suas reservas de glicogênio, então vai haver menos glicogênio disponível → vai haver mais produção de ácido lático, com consequente diminuição do PH, o que causa condensação da cromatina nuclear Se a hipóxia persiste → há a persistência da perturbação eletrolítica e na síntese de proteínas e lipídeos → agressão na membrana citoplasmática e nas organelas vão ficando cada vez maisintensas, tornando-as inviáveis → incapacidade de repor os componentes perdidos → célula entra em quadro de lesão irreversível ➔ A célula não consegue mais voltas à sua homeostasia quando há a incapacidade de reverter a sua disfunção mitocondrial Lesão Irreversível ➔ Mitocôndria muito prejudicada → não consegue mais retornar às suas funções → célula não consegue mais fazer respiração aeróbica e também não consegue manter todas as suas funções apenas com a glicólise → morte celular • A apoptose é uma via de morte celular, induzida por um programa de suicídio estritamente regulado no qual as células destinadas a morrer ativam enzimas que degradam seu próprio DNA e as proteínas nucleares e citoplasmáticas. Os fragmentos das células apoptóticas então se separam, gerando a aparência responsável pelo nome (apoptose, “cair fora”). A membrana plasmática da célula apoptótica permanece intacta, mas é alterada de tal maneira que a célula e seus fragmentos se tornam alvos atraentes para os fagócitos. Rapidamente, as células mortas e seus fragmentos são removidos antes que seus conteúdos extravasem e, por isso, a morte celular por essa via não induz uma reação inflamatória no hospedeiro. • A apoptose difere da necrose, que é caracterizada pela perda da integridade da membrana, digestão enzimática das células, extravasamento dos conteúdos celulares e, frequentemente, uma reação no hospedeiro. Entretanto, a apoptose e a necrose algumas vezes coexistem, e a apoptose induzida por alguns estímulos patológicos progride para a necrose. • Necrose é o tipo de morte celular que está associado à perda da integridade da membrana e extravasamento dos conteúdos celulares, culminando na dissolução das células, resultante da ação degradativa de enzimas nas células lesadas letalmente. Os conteúdos celulares que escapam sempre iniciam uma reação local do hospedeiro, conhecida como inflamação, no intuito de eliminar as células mortas e iniciar o processo de reparo subsequente. As enzimas responsáveis pela digestão da célula são derivadas dos lisossomos das próprias células que estão morrendo ou dos lisossomos dos leucócitos que são recrutados como parte da reação inflamatória às células mortas. • Restauração do fluxo sanguíneo em determinado tecido/órgão isquêmico ➔ A célula estava recebendo pouco oxigênio → no momento em que a reperfusão é feita, a mitocôndria da célula passa a receber muito oxigênio de uma vez → essa mitocôndria, então, não vai conseguir fazer a redução completa do oxigênio à água (em um quadro normal, o O2 é o receptor final de elétrons, ocorrendo produção de ATP e H2O) → isso vai causar uma produção muito grande de EROS → inicialmente, num quadro de isquemia profunda, a reperfusão vai mais agravar a lesão do que ajudar, pois vai haver a síntese de muitas EROS → isso ocorre porque tecidos em isquemia produzem uma proteína chamada de xantino-oxidase (XO ou XAO), proteína que, quando encontra com o oxigênio, acaba convertendo-o em ânion superóxido (O2 - → radical livre que acaba gerando outros radicais livres, como peróxido de hidrogênio - H2O2) → o aumento dessa concentração de radicais livres permitem que a célula capte mais cálcio → isso ativar várias enzimas, o que pode agravar a lesão. ➔ Outro fator importante é que essa chegada súbita de plasma em determinado tecido/órgão pode gerar um choque osmótico nas células que estão isquêmicas → isso acontece porque a membrana já está lesionada e o citoesqueleto já foi prejudicado → como o sangue vem junto com o plasma, vai haver uma entrada grande de líquido na célula, o que vai gerar um choque osmótico e também pode fazer com que a célula se rompa ➔ A reperfusão, então, pode ajudar a longo prazo, entretanto, a curto prazo ela mais prejudica do que ajuda. Reperfusão
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