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P1 - Patologia I

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Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
Processos patológicos 
 INTRODUÇÃO 
 
 DEFINIÇÃO: estudo (logos) do sofrimento (pathos), 
envolvendo a investigação das causas (etiologia) e 
mecanismos (patogênese) da doença e seus locais, assim 
como as alterações associadas em nível de células, tecidos 
e órgãos (morfológicas – anatomopatológicas - e 
funcionais - fisiopatologia), que resultam em sinais e 
sintomas presentes no paciente. 
- Oferece bases para o entendimento das manifestações 
clínicas, diagnóstico, tratamento, evolução e prognóstico. 
 ETIOLOGIA E PATOGENIA: etiologia (por que?) é a origem da 
doença, que inclui as causas fundamentais e os fatores 
modificadores, enquanto patogenia (como?) se refere às 
etapas do desenvolvimento da doença, descrevendo como 
os fatores etiológicos iniciam as alterações moleculares e 
celulares que originam anormalidades estruturais e 
funcionais que caracterizam a doença. 
 
Tratar a causa elimina o sintoma, tratar o sintoma não 
elimina a causa e permite que ele evolua. 
 
 DOENÇA 
- Estado de sofrimento que vem junto com a sensibilidade, 
irritabilidade, sintomas (manifestação subjetiva) e sinais 
(manifestação objetiva). Através da investigação se organizam 
os sinais com o intuito de nos aproximar o máximo possível dos 
detalhes da doença. 
- Exames avaliam a anatomia, bioquímica etc. e diagnosticam 
a doença. 
- O retardo do diagnóstico coloca a célula em sofrimento, 
podendo adaptá-la aquele ambiente hostil (sobrevivência 
celular apesar das grandes alterações funcionais) pelas 
variações bioquímicas e fisiológicas ou levá-la à morte. 
- A doença pode levar o organismo a funcionar precariamente, 
e a consequência pode ser a morte necrótica (acidental) ou por 
apoptose (programada). 
 
 
 
 
 
 LESÃO 
- Se a capacidade adaptativa é excedida ou se o estresse 
externo é inerentemente nocivo, desenvolve-se a lesão celular. 
- Dentro de certos limites, a lesão é reversível e as células 
retornam a um estado basal estável, entretanto, um estresse 
grave, persistente e de início rápido resulta em lesão 
irreversível e morte das células afetadas. 
- As duas principais características morfológicas da 
lesão celular reversível são a tumefação celular e a 
degeneração gordurosa. 
- Morte celular é um doa ventos mais cruciais na evolução da 
doença em qualquer tecido ou órgão. 
- Processo patológico: 
 Alterações macroscópicas, microscópicas ou moleculares. 
 Transtornos funcionais celulares, teciduais, orgânicos ou 
sistêmicos. 
 cura (com ou sem sequela) 
 Início da lesão → evolução 
 cronicidade, complicação 
ou morte celular. 
 
- Período de incubação: quando há presença do agente causal 
vivo, porém assintomático. 
- Período prodrômico: sintomas inespecíficos, indícios. 
- Período de estado: sintomas específicos. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
- Ação direta dos agentes agressores: lesão pela agente 
agressor, acometendo molecular e morfologicamente a célula. 
- Ex: S. pneumoniae, causador da pneumonia, é uma 
bactéria encapsulada (dificulta o processo de 
fagocitose), que sintetiza a enzima hialuronidase, que 
degrada o ácido hialurônico constituinte do tecido 
conjuntivo; sintetiza também a enzima pneumolisina, 
que tem a capacidade de destruir os pneumócitos – 
células que compõem as paredes dos alvéolos -; e a 
protease IgA, enzima que destrói a imunoglobulina do 
tipo A (essa imunoglobulina tem a capacidade de se 
ligar à superfície dos patógenos, marca-los e fagocitá-
los). 
- Doenças autoimunes são consideras diretas pois o 
causador da lesão são os próprios anticorpos. 
- Ação indireta dos agentes agressores: resposta orgânica 
imune pela destruição do agente causal. Independente da 
doença, sempre há presença do sistema imunológico envolvido. 
- Áreas teciduais que podem ser lesadas: células estromais 
(fazem parte do órgão, mas não são funcionais), células 
parenquimatosas, interstício (estromal ou parenquimatoso), 
circulação e inervações. 
- Causas de lesões: 
 Exógenas: do meio ambiente. 
 Endógenas: do próprio organismo. 
 Criptogenéticas: características genéticas escondidas 
(idiopáticas). 
- Agentes causais: hipóxia e anóxia, reperfusão, radicais livres, 
alteração em ácidos nucleicos, reação imunitária, variação da 
pressão, força mecânica, variações de temperatura, corrente 
elétrica, radiação ionizante, ondas de rádio, vírus, bactérias, 
fungos, parasitas, agentes químicos, poluentes ambientais 
(água, ar e solo), aditivos alimentares, drogas de abuso, 
medicamentos etc. 
 
Adaptações celulares 
 DEFINIÇÕES 
- As adaptações são alterações reversíveis em número, 
tamanho, fenótipo, atividade metabólica ou das funções 
celulares em resposta às alterações no seu ambiente. 
- Adaptações fisiológicas normalmente representam respostas 
celulares à estimulação normal pelos hormônios ou mediadores 
químicos endógenos. 
- Adaptações patológicas são respostas ao estresse que 
permitem às células modularem sua estrutura e função, 
escapando da lesão. 
 
 HIPERTROFIA 
- É o aumento do tamanho das células que resulta em aumento 
do tamanho do órgão. De outro modo, na hipertrofia não existem 
células novas, apenas células maiores, contendo quantidade 
aumentada de proteínas estruturais e organelas. 
- Aumento dos sinais tróficos às células de um 
determinado órgão. Com o aumento da demanda 
funcional de um órgão, este deve se adaptar à nova 
exigência de trabalho. 
 - Processo hipertrófico deve resultar em boa 
vascularização e entrega de nutrientes adequada, 
assim como estar conectado plenamente com o SNC, 
para assim receber o sinal trófico que o fará funcionar 
mais intensamente, caso contrário, o órgão ficará 
hipotrófico ou atrófico. Também é possível haver 
tecidos com células hipertróficas compensatórias e 
atróficas coexistindo (por exemplo em casos de 
paraplegia). 
- Ocorre quando as células possuem capacidade limitada de se 
dividir. Pode ocorre juntamente com a hiperplasia, resultando 
em um órgão aumentado. 
- Hipertrofias podem ajudar na atividade fisiológica. 
Hipertrofias que causam patologias estão relacionadas a 
atividades físicas exageradas e hipertensão (força contrátil e 
número de contrações saem do fisiológico, e a demanda 
cardíaca com força aumentada também podem terminar em 
hipertrofia), por exemplo. 
- Hipertrofia cardíaca: aumento do músculo cardíaco diminui a 
luz do ventrículo e este não consegue se adaptar ao mediastino 
(incapacidade anatômica), resultando em efeito compressivo 
sobre os pulmões. 
 
Útero normal à direita e útero grávido à esquerda. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
 
À esquerda, células musculares lisas uterinas normais; à direita, células 
musculares lisas de útero grávido. 
 
- Hipertrofia da bexiga urinária: obstrução do colo vesical ou do 
fluxo de saída da urina por estenose uretral (hiperplasia 
prostática em homens), ou então por fibrose e contração 
inflamatória da bexiga pós cistite. 
- Quase sempre é uma adaptação à uma lesão que não 
está necessariamente nela. 
- Espessamento da parede muscular acomoda menor 
volume urinário, causando desconforto (vontade 
constante de urinar). 
 
 
 
 HIPOTROFIA/ATROFIA 
- Diminuição do tamanho e volume da célula pela perda de 
substância celular, importante destacar que embora as células 
atróficas tenham sua função diminuída, elas não estão mortas. 
Mecanismo consiste em uma combinação de síntese diminuída 
(redução da atividade metabólica) e degradação proteica 
aumentada nas células. 
- As causas da hipotrofia incluem: 
 Nutrição inadequada – oferta de nutrientes/oxigênio menor 
que o devido, tornando-semenor pela incapacidade de ser 
nutrida. 
 Desuso – os tecido nessa situação têm menor aporte de 
tudo, ex: lesão medular. 
 Compressão – tumores, cistos, aneurismas (dilatação, 
alterações estruturais das paredes de grandes vasos, 
formando imagens saculares e aumentando os riscos de 
ruptura). 
 
 Obstrução vascular – placas de ateroma, trombos etc. 
 Intoxicações - inativam enzimas, alterando o metabolismo 
energético das células (menor geração de ATP). 
 Hormônios – estímulo de proliferação e mantém suas 
características. 
 Inervação – órgão não é mais percebido pelo organismo. 
 Inflamações crônicas – caem no desuso pelo processo de 
dor, além da tendência de não o usar. Linfócitos alteram o 
meio, liberando enzimas que danificam o tecido, podendo 
levar à morte celular. 
- Em várias situações, a atrofia é acompanhada pelo aumento 
da autofagia, resultado do aumento do número de vacúolos 
autofágicos. 
 
Cérebro normal de jovem adulto. 
 
Atrofia do cérebro resultado da redução do suprimento sanguíneo. 
 
- Atrofia cerebral: diminuição e perda gradual dos neurônios 
(atrofia numérica), formando placas senis, com isso, reduz-se 
as conexões interneurais (perda de sinapses). 
- Atrofia muscular: estímulo de movimentação deixa de 
acontecer, logo, tem-se uma redução do número de células e 
não proliferação de novas. 
 
 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
 HIPOPLASIA 
- Diminuição da população celular, com redução de tamanho e 
peso, mas não significativa (tecidos com renovação celular 
constante). Pode ser uma das etapas para se entrar na atrofia. 
- Pode ocorrer fisiologicamente (timo na puberdade e gônadas 
na menopausa, por exemplo) ou patologicamente (medula 
óssea). 
 
 
 HIPERPLASIA 
- Aumento do número de células que ocorre pela proliferação 
de células já diferenciadas e substituição por células-tronco do 
tecido em questão, ou diminuição da destruição celular 
(cessação da apoptose), geralmente resultando no aumento do 
volume. Processo de resposta adaptativa em células que 
sintetizam o DNA e são capazes de se duplicar através de 
mitose. 
- Geralmente causada pela produção anormal de fatores de 
crescimento ou ativação de determinadas vias de sinalização 
intracelular, ativando genes que codificam fatores de 
crescimento reguladores do ciclo celular (proliferação celular). 
- Podem ser fisiológicos, hiperplasia hormonal e compensatória 
(tecido remanescente cresce para compensar perda tecidual 
parcial); ou patológicos, causados por estimulação hormonal 
excessiva ou fatores de crescimento (codificados de fatores 
virais ou genes de células infectadas com agentes invasores). 
- O processo hiperplásico permanece controlado, e se os sinais 
que o iniciam cessam, a hiperplasia desaparece. É com essa 
sensibilidade aos mecanismos de regulação normal que 
diferenciamos hiperplasias patológicas benignas do câncer, que 
possui controle de crescimento desregulado ou ineficaz. 
 
 
 
 
 
 
 
 METAPLASIA 
- Alteração reversível na qual um tipo celular adulto (epitelial 
ou mesenquimal) é substituído por outro tipo celular adulto. 
- Nesse tipo de adaptação, uma célula sensível a determinado 
estresse é substituída por outro tipo celular mais capaz de 
suportar o ambiente hostil, surgindo por uma reprogramação de 
células-tronco que se diferenciam ao longo de outra via em vez 
de alteração fenotípica (transdiferenciação). 
- Expressão de novas proteínas que antes estavam reprimidas, 
dando novas características ao tecido (transformações 
estruturais). 
- Ex: metaplasia epitelial em tabagistas, onde as células da 
traqueia e brônquios, que formam o trato respiratório, de 
característica pseudoestratificado cilíndrico ciliado, substituída 
(pela agressão da fumaça) por pavimentoso, que é mais 
resistente às condições causadas pelo cigarro. Se a agressão 
persistir a fazer alterações celulares, corre-se o risco de uma 
formação metaplásica maligna no epitélio em questão. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
 
 
Processos degenerativos 
 LESÕES REVERSÍVEIS 
- Processos degenerativos são aqueles em que há diminuição 
da função celular causando acúmulos de substâncias no meio 
intracelular devido à desregulação do metabolismo. 
- Os processos são reversíveis, porém, causam grave dano 
celular, isso porque ocorre modificações da morfologia das 
células, com diminuição das funções e alterações bioquímicas 
que resultam no acúmulo de substâncias no interior das células. 
 
 DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA 
- Se dá pelo acúmulo de água e eletrólitos, acarretando edema 
celular, logo essa degeneração consiste em transtorno de 
equilíbrio hidroelétrico. 
- A agressão altera a produção ou consumo de ATP, interferindo 
na integridade da membrana e modificando a atividade da 
bomba de Na/K. 
- As causas podem ser: 
- Hipóxia: comprometimento de energia causa déficit 
na bomba de Na/K, provocando desregulação 
hidroelétrica (hiperconcentração de Na intracelular), 
que leva à passagem de água para o meio intracelular 
por osmose, tornando-a túrgida, podendo romper. 
- Hipertermia: rouba energia (ATPs) do organismo a 
ponto de fazer as bombas de Na/K pararem de 
funcionar. 
- Lesão por radicais livres. 
- Medicamentos inibidores de bombas provocam o 
desequilíbrio iônico. 
- No órgão afetado, causa aumento do peso do órgão, palidez e 
aumento do turgor celular, com formação de vacúolos claros no 
citoplasma. 
- Na lâmina observa-se heterocromia sem deslocamento do 
núcleo para a periferia (vesícula de água). 
 
 
 DEGENERAÇÃO GORDUROSA/ESTEATOSE 
- É a deposição de gorduras no citoplasma de células que 
normalmente não as armazenam, decorrente de um 
metabolismo deficitário das gorduras, por um agente que 
interfere no metabolismo dos ácidos graxos da célula, 
aumentando sua síntese ou dificultando sua utilização, 
transporte ou excreção. 
- Causada por agentes tóxicos, hipóxia, alterações na dieta. 
- A esteatose é a conversão de excessos de calorias em gordura 
por células hepáticas, muito relacionado a má alimentação 
(ingestão excessiva de gorduras, deficiência na síntese de 
apoproteínas por desnutrição), distúrbios no transporte de 
lipoproteínas por alterações no citoesqueleto e uso excessivo 
de álcool. Paciente geralmente desnutrido, pobre em proteínas. 
- Alcoolismo: indivíduo tende a não se alimentar pois 
produz energia a partir do álcool; processo 
degenerativo evolui facilmente para cirrose. 
- Metabolismo do álcool: molécula precisa de 
transformar em uma que seja possível participar do 
Ciclo de Krebs (desidrogenação → hidrogênios 
liberados ficam presos no NAD → formação de 
acetaldeídos → liberação de mais dois hidrogênios → 
formação de acetatos que entram no CK ou não, pois 
não necessitam de mais substrato energético → 
excesso de acetato é convertido em ácido graxo). 
- O lipídeo fica preso no hepatócito e desloca o núcleo para a 
periferia porque não se mistura com a água. Acontece, então, 
compressão capilar (hidrópica) com volume de sangue 
aumentado, mas com dificuldade de fluir pelo órgão, 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
dificultando a entrega de oxigênio e nutrientes, aumentando o 
risco de fibrose). 
- A lesão é comum no fígado, epitélio tubular renal e miocárdio, 
mas pode ser observada também nos músculos esqueléticos e 
no pâncreas. 
- Nas lâminas, pode-se ver vacúolos de gordura dentro das 
células, aparecendo como bolas incolores. 
 
 
 LIPIDOSES 
- Acúmulointracelular de lipídeos que não triglicerídeos. 
- Macrófagos fagocitam essa gordura, mas não conseguem 
digeri-lo pois esse faz parte da composição de membranas, 
nãos sendo reconhecidos como antígenos, acumulando-se. Essa 
fagocitose pode ocorrer em vários tecidos diferentes, mas cada 
um reage de uma forma. 
- Quando ocorre a fagocitose, o macrófago libera 
interleucinas que se comunicam em resposta 
inflamatória, podendo causar efeitos nocivos 
secundários a lipidose. 
- Macrófagos xantomizados: perdem a capacidade de 
exercer sua função. 
- Formação de placas de gordura: macrófagos carregados de 
colesterol (LDL tem maior probabilidade de ser acumulado pois 
é o lipídeo mais circulante em relação ao HDL) aglomerados e 
depositados em uma área. 
- Achados clínicos: xantomas na pele, aterosclerose nas 
artérias e inflamações crônicas. 
 
 
 
 DEGENERAÇÃO HIALINA 
- Acúmulo de proteínas amorfas (material acidófilo) com 
precipitação de imunoglobulinas, no citoplasma das células. 
- Consiste na condensação de filamentos e proteínas que 
formam crepúsculos, acumulando material de origem virótica e 
corpos apoptóticos. 
- O acúmulo de material hialino pode ocorrer por 
acúmulo de radicais livres (alcoolismo, com produção 
de radicais livres que interagem com as proteínas do 
citoesqueleto). 
- Pode ocorrer síndrome da angústia respiratória em 
crianças e adultos (pulmão – acúmulo de substância 
hialina nas membranas alveolares dos pneumócitos II), 
hialinização das Ilhotas de Langherans no diabetes 
(pâncreas) e hipertensão arterial, glomerulonefrites, 
lúpus eritematosos (paredes de vasos). 
- Outro exemplo de deposição proteica ocorre no 
Alzheimer, com acúmulo no SNC de proteínas da 
membrana celular depois que ocorre morte celular 
(resíduo). 
- Pode ser uma alteração nas células ou no espaço extracelular, 
que apresenta aparência homogênea, vítrea e rósea na 
coloração hematoxilina-eosina. 
 
 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
 
 
 GLICOGENOSE 
- Ocorre infiltração glicogênica no mecanismo de hiperglicemia. 
- Pode ocorrer devido a um excesso de glicose sanguínea ou a 
um metabolismo insuficiente (diabetes ou obesidade), doenças 
genéticas, deficiência de enzimas envolvidas na sua 
degradação. 
- Diminuição da insulina → aumento da glicemia → 
glicosúria → reabsorção tubular de glicose → aporte 
excessivo de glicose na célula → acúmulo de 
glicogênio. 
- A glicose não metabolizada é armazenada na forma de 
glicogênio. 
 
 
 
Estudo dirigido 
1. Descreva a fisiopatogenia da degeneração hidrópica. 
2. Cite 5 patologias as quais podem desencadear alterações celulares do tipo degeneração hidrópica. 
3. Explique o que significa a degeneração hialina de Mallory, vista em lâminas histopatológicas de fígado. 
4. Explique o que é hipertrofia e descreva o mecanismo da hipertrofia compensatória. 
5. Defina metaplasia e cite um tipo de metaplasia. 
6. Defina atrofia e cite situações patológicas nas quais podemos observá-la. 
7. Explique o mecanismo bioquímico desencadeador da esteatose no alcoolismo seguido de desnutrição proteica. 
8. Defina lipidose e descreva o que se observa nas lâminas histopatológicas de tecidos com esta alteração. 
9. Diferencia agressões diretas de agressões indiretas em patologia. 
10. Defina hiperplasia e cite efeitos maléficos causados por esse tipo de alteração. 
 
 
Morte celular 
 DEFINIÇÃO 
- Perda das atividades integradas da célula, com consequente 
incapacidade de manutenção de seus mecanismos de 
homeostasia. 
- A morte celular pode ser causada por hipóxia, agentes físicos 
(trauma, radiação), álcool, drogas, poluentes ambientais, vírus, 
bactérias, fungos, mutações, reações imunes, defeitos 
genéticos, desequilíbrios nutricionais. 
- Tipos de morte celular: 
 Necrose: é sempre patológico (geralmente causado por 
traumatismo ou doença), é um tipo passivo de morte 
celular, ocorrendo extravasamento celular. 
 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
 Apoptose: causa dano ao DNA, é um processo fisiológico 
normal ou patológico, há participação ativa da célula, 
programada geneticamente. 
 
- Vulnerabilidade da células: produção de ATP, manutenção da 
integridade da membrana celular, síntese de proteínas e 
enzimas, manutenção. 
 
 LESÃO POR HIPÓXIA 
- A hipóxia se dá por diversas causas que promovem uma baixa 
saturação de oxigênio no sangue do indivíduo. 
- Na hipóxia, há presença de substratos para a glicólise, síntese 
reduzida de ATP na via glicolítica, síntese de lactato e agravo 
da acidose. 
- É importante lembrar a PO2 mínima normal descrita pela 
literatura é de 90%, mas na prática, uma saturação de 93-95% 
já deve causar estranheza. 
- Causadores desse processo: 
 Esteatose circulatória: obstrução por ateroma 
(inflamação com obstrução, mecanismo plaquetário), 
ruptura, vasoconstrição e insuficiência cardíaca. 
 Hematológico: anemias carenciais, anemias devido à 
hemoglobinas anormais e anemias genéticas. 
 Respiratória: pulmão é o órgão responsável pela 
captação de O2 e pela hematose, assim, qualquer 
anormalidade pode causar hipóxia, como enfisema e 
tumores. 
 Aumento da afinidade de oxigênio pela hemoglobina: 
esse aumento de afinidade também faz com que seja 
mais difícil o desprendimento do oxigênio, ou seja, que 
deposite O2 nos tecidos que necessitem, não seguindo 
a velocidade do fluxo. Influenciados pela temperatura, 
pressão, pH etc. 
- Importante lembrar que em muitos casos de intubação, é 
muito comum se associar um diurético junto, uma vez que o 
excesso de oxigênio circulante pode se ligar a hidrogênios 
livres gerados pela patologia e provocar aumento da pressão 
sanguínea, e consequentemente, a geração de edemas. 
QUADRO DE ISQUEMIA 
- Em situação normal, onde há oferta de oxigênio adequada, as 
reações enzimáticas do Ciclo de Krebs transformam e realizam 
a desidrogenação do piruvato, que após uma série de processos, 
é capaz de produzir 8 NADH, 2 FADH e 2 ATP, substratos 
necessários para a realização da fosforilação oxidativa. 
- Quando não há oxigênio para realizar a oxidação das 
moléculas de NADH e FADH dentro da matriz mitocondrial, 
ocorre um aumento da acidez por conta dos H+ livres que 
deveriam ter sido captados pelo O2. 
- Com o aumento da acidez, ocorre uma desnaturação 
progressiva das enzimas capazes de realizar a fosforilação 
oxidativa e o Ciclo de Krebs, iniciando o processo de sofrimento 
celular. 
- Com a dificuldade da célula para realização dos processos 
mais rentáveis em termos energéticos, a célula insiste na 
tentativa de produção de ATP para manter uma sobrevida. 
- Ocorre intensificação da glicólise (processo pouco 
rentável – apenas 2 ATP gerados) que já vinha 
ocorrendo em baixa escala no citoplasma celular. 
- Um dos produtos da glicólise é o ácido pirúvico, que se não for 
utilizado, recebe a doação de hidrogênios dos aceptores 
intermediários (NAD e FAD), se transformando e lactato, um 
componente extremamente ácido, que inicia uma série de 
cadeias destrutivas para a célula. 
- A faixa de variação aceitável de pH é extremamente estreita, 
variando fisiologicamente de 7,38 a 7,42. Em uma condição de 
acidose, onde o pH se encontra menor que 7,38, a célula começa 
a sofrer processos de degeneração importantes. 
- As enzimas do citoplasma perdem seu funcionamento 
ótimo e deixam de ser efetivas, prejudicando inclusive 
o processo de glicólise, único processo de geração de 
ATP vigente na célula no momento. 
- Sem a adequação na produção e ATP, a bomba de sódio e 
potássio para de funcionar, e as moléculas de sódio que 
deveriam sair da célula ficam presas. Esse sódio intracelulargera importante efeito osmótico, fazendo com que grande 
quantidade de água entre na célula e aumente a pressão sobre 
as membranas celulares e organelas. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
- Além disso, a não presença de ATP faz com que ocorra grande 
influxo de cálcio, que é um importante cofator para o aumento 
de enzimas (fosfolipase, proteases, endonucleases) que 
orquestram uma verdadeira destruição dentro da célula, 
responsável pela perda irreparável de microvilosidades, 
formação de bolhas, tumefações do retículo endoplasmático e 
também a destruição da membrana lipídica (degeneração 
hidrópica). 
- Pode-se adicionar no processo de menor síntese de ATP, a 
liberação intracelular e ativação das enzimas lisossômicas, 
causando um processo de diminuição da basofilia e digestão de 
proteínas, e um desprendimento dos ribossomos do retículo 
endoplasmático, causando falha na síntese proteica, logo, 
acúmulo nas organelas. 
 
 
 
 AVERIGUAÇÃO DA MORTE CELULAE E CONSEQUÊNCIAS 
- Pode-se averiguar uma situação de hipóxia e morte celular: 
- Quando a célula começa a desintegrar várias 
enzimas que só existem dentro do citoplasma ou do 
núcleo, aparecendo na circulação. 
- A dosagem de lactato é muito importante para saber 
se está ocorrendo uma situação e acidose celular, uma 
vez que esse produto só é gerado em processos de 
baixa rentabilidade e em situações de hipóxia celular. 
- Para fagocitar os restos de célula presentes na circulação, 
uma série leucocitária é encaminhada, prejudicando ainda mais 
a falta de oxigenação dos tecidos. Eles têm uma grande 
quantidade de espécies reativas de oxigênio, que são átomos 
instáveis que se ligam às poucas moléculas disponíveis de 
oxigênio na circulação. 
- Dentre as consequências da morte celular, pode-se citar a 
eosinofilia (desnaturação proteica e forte afinidade pela eosina, 
tornando-se acidófila), no citoplasma aparecem vacúolos pelo 
desequilíbrio hidroelétrico (digestão enzimática) e calcificação 
nos locais de necrose, que atraem sais de cálcio). 
 
 ATITUDES MÉDICAS 
- Normalmente em quadros de isquemia, é recomendado adotar 
uma estratégia de reperfusão sanguínea para que aumente o 
fluxo e se oxigene os tecidos. 
- Costuma estar associada uma droga que bloqueia a 
sinalização inflamatória. Mesmo que os vestígios celulares 
danificados precisem ser fagocitados, o excesso de espécies 
reativas de oxigênio não compensa. 
- É muito que pacientes infartados apresentem quadros de 
infecção, que ocorrem depois da reperfusão por uma alta de 
leucócitos para combater os restos de células destruídas na 
circulação, fazendo com que se tenha prejuízo da série 
imunológica, e assim, tornam-se mais susceptíveis às infecções 
oportunistas. 
 
 
Necrose 
 DEFINIÇÃO 
- É a morte de parte de um organismo vivo associado com a 
perda da integridade celular devido ao rompimento das 
membranas, do núcleo e das organelas, tendo por consequência 
o extravasamento celular que desencadeia processo 
inflamatório intenso. 
- Ocorre por ação enzimática destrutiva que age na célula após 
um estímulo nocivo frente ao qual a célula não consegue se 
adaptar. 
- As enzimas que realizam esse processo têm como 
objetivo eliminar a célula morta através de leucócitos 
(heterólise) e lisossomos da própria célula lesada 
(autólise). 
- O extravasamento de conteúdos celulares para o ambiente 
tecidual dispara múltiplos sistemas de detecção de padrão 
molecular associado ao perigo (DAMP). 
- Embora não exista qualquer ponto de corte bem estabelecido 
no qual as adaptações celulares e lesão celular se torne 
irreversível, os mecanismos moleculares envolvidos na lesão 
celular e as alterações celulares histologicamente detectáveis 
associadas estão bem definidas. São elas: 
1. Respiração aeróbia, fosforilação oxidativa e produção 
de ATP → causa inicialmente a degeneração hidrópica 
pela falha na bomba de sódio e potássio. 
2. Síntese proteica → lesão celular relacionada à 
esteatose. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
3. Manutenção da integridade da membrana celular → 
diretamente relacionada à necrose. 
4. Manutenção da integridade do genoma → incluindo a 
replicação e o reparo do DNA 
- Todos os agentes prejudiciais atuam interrompendo uma das 
quatro vias celulares, e qualquer falha em uma delas irá levar, 
em última análise, à falha das outras. 
- O processo de necrose sempre é patológico e por ação 
imunológica, diferente da apoptose, além disso, a necrose 
sempre gera um processo inflamatório. 
 
- A autólise é a digestão de um tecido morto por suas próprias 
enzimas. O termo vale tanto para um tecido necrótico num 
organismo vivo como para a decomposição do organismo após 
a morte. A heterólise é a digestão das células necróticas por 
enzimas derivadas dos leucócitos e a desnaturação proteica. 
- A necrose é o evento da parada de funcionamento da célula 
como máquina organizada. A necrofanerose é o aparecimento 
das características morfológicas da necrose no tecido. 
- O tempo para que ocorra varia com o tipo de tecido, 
temperatura, circunstâncias metabólicas e o método 
de observação empregado. 
- Com o microscópio óptico, o tempo para a 
necrofanerose é tipicamente de 6h e com o 
microscópio eletrônico as alterações irreversíveis são 
vistas já após minutos a necrose. 
NECROSE x APOPTOSE 
- Apoptose tem gatilhos específicos para iniciar a lesão celular, 
mediada por receptores, porém ambas podem acontecer ao 
mesmo tempo. 
- Piroptose depende da ativação da caspase1, resultando em 
edema celular, lise e estimulação de reação inflamatória 
(característico de necrose e apoptose). 
- Necroptose depende da ativação de receptor por citocinas e 
outras características que remetem à necrose. 
 
 
 MECANISMO MOLECULAR 
- Obstrução do fluxo sanguíneo acarretando isquemia e lesão 
dos componentes da mitocôndria (cadeia de transporte dos 
elétrons e diminuição de ATP), alterando as vias de bomba de 
Na, glicólise e bomba de Ca. 
 LESÃO REVERSÍVEL 
 Bomba de Na: aumento de Na e Ca intracelular e K 
extracelular, com consequente entrada de água, 
causando edema celular agudo. Resultado: dilatação 
do retículo endoplasmático, separação dos ribossomos 
e diminuição da síntese proteica. 
LESÕES IRREVERSÍVEIS 
 Bomba de Ca: aumenta de Ca intracelular, levando a 
três possíveis situações: 
Ativação da calpaína – relacionada com a destruição 
das membranas dos lisossomos e liberação de 
catepsinas, lesando a célula, resultando em lise 
celular. 
Ativação de fosfolipase A2 – perda de fosfolipídeos e 
danos às organelas (instabilidade de membranas), 
liberando enzimas lisossomais que digerem a célula e 
causam lise celular. 
Transição de permeabilidade mitocondrial – Ca faz 
com que membrana da mitocôndria tenha vários poros 
que causam despolarização, desacoplamento de 
elétrons e falha na produção de ATP, resultando em 
edema e lise mitocondrial e celular. 
 Glicólise: aumento de glicólise causa diminuição de 
glicogênio e aumento de lactato, com isso, há diminuição 
do pH e lesão de reperfusão com produção de espécies 
reativas de oxigênio por membranas danificadas. 
- Lesão de reperfusão: ocorre em células que são relativamente 
resistentes a lesão isquêmica, e sofrem lesão adicional e 
necrose após o reinício da perfusão. 
- O ATP residual (produzido na glicólise), permite que 
as mitocôndrias danificadas mantenham a polarização 
e retornem o seu funcionamento com o reinício da 
perfusão. 
- O baixo pH intracelular resultante estabiliza as 
mitocôndrias e retarda o processo de transição de 
permeabilidade mitocondrial. 
- Durante a reperfusão, tais mitocôndriascontinuam a 
acumular Ca e liberam quantidades significantes de 
espécies reativas de oxigênio no citoplasma. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
- Mitocôndrias normais liberam pequenas quantidades de 
oxigênio molecular na forma de radicais livres superóxidos 
(ROS) como subproduto do transporte de elétrons. 
- Bloqueios na cadeira respiratória (esperado em 
mitocôndrias danificadas) podem levar ao aumento da 
produção de ROS. 
- Ausência de equilíbrio entre os mecanismo 
protetores e a produção de ROS leva ao estresse 
oxidativo no interior da célula. 
 
 
 ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DA LESÃO IRREVERSÍVEL 
 ALTERAÇÃO NA MEMBRANA CELULAR 
- Formação de bolhas na superfície celular pelo 
destacamento da membrana do citoesqueleto. 
- Ruptura de membrana celular pelo enfraquecimento 
diante da redução da síntese proteica e alterações nos 
ácidos graxos de fosfolipídeos, com isso, há liberação do 
material intracelular com formação de massa indistinta 
homogênea eosinofílica (principalmente nas necroses de 
caseificação), vista arroxeada na lâmina. 
- Junções intercelulares frouxas desaparecem pelas 
alterações estruturais na membrana. 
 
À esquerda, célula epitelial normal de túbulo proximal renal; à direita 
célula epitelial lesionada (microvilosidades ausentes e incorporadas 
ao citoplasma, bolhas formadas e expulsas no lúmen, mitocôndrias 
tumefeitas) 
 
 ALTERAÇÕES NAS MITOCÔNDRIAS 
- Condensação da matriz mitocondrial por deficiência de O2. 
- Tumefação mitocondrial pela expansão da camada 
interna com a redução do número de cristas até o 
desaparecimento (sinal de irreversibilidade). 
 
Deposição de material amorfo. 
 
 ALTERAÇÕES NO CITOPLASMA 
- Aumento da acidofilia citoplasmática pelo aumento da 
eosinofilia (coloração rósea na microscopia) por aumento 
de ácido láctico no citosol, desnaturação proteica e 
alterações dos ribossomos (diminuição de RNA no citosol). 
- Granulação citoplasmática por tumefação e posterior 
ruptura de organelas. 
- Homogeneização citoplasmática pela lise das organelas e 
coagulação de proteínas, formando uma massa opaca e 
acidófila (necroses coagulativas). 
 ALTERAÇÕES NUCLEARES 
- Picnose: retração e adensamento do núcleo, que fica mais 
compactado (basofílico). 
- Cariorrexe: fragmentação do núcleo picnótico. 
- Cariólise: degeneração do núcleo (desaparecimento) com 
coloração fraca e pálida. 
 
 
 TIPOS DE NECROSE 
NECROSE COAGULATIVA 
- Forma de necrose tecidual onde a arquitetura dos tecidos 
mortos é preservada por alguns dias, adquirindo uma textura 
firme. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
 
- Acontece porque a lesão não apenas desnatura as proteínas 
estruturais, como também desnatura as enzimas, inibindo a 
proteólise (autólise) da célula morta (células fantasmas). 
- O resultado é a geração de células eosinofílica e anucleadas 
por alguns dias, até que haja digestão por leucócitos e fagócitos. 
- Macroscopicamente possui aspecto amarelo pálido, sem 
brilho, com limites quase precisos de forma irregular 
(circulação dupla ou colateral) ou triangular (circulação 
terminal), dependendo do órgão atingido e do tipo da circulação. 
 
Rim com infarto branco. 
 
- Microscopicamente, há preservação do contorno básico da 
célula coagulada por pelo menos alguns dias e aumento da 
acidofilia intracelular. 
- Lesão característica de infartos em todos os órgãos sólidos, 
com exceção do cérebro. Pode ocorrer na maioria dos infartos 
(após interrupção do fluxo sanguíneo), tumores de crescimento 
rápido, lesões intensas por agentes físicos ou químicos, necrose 
caseosa, gangrena e esteatonecrose. 
 
Células de rim eosinofílica, com túbulos formados por células fantasma. 
 
→ INFARTO BRANCO: possui área de necrose de 
coagulação (isquêmica) ocasionada por hipóxia letal 
local, em território com circulação terminal, causada 
sempre por artérias (oclusão tromboembólica 
compressiva). Os órgãos mais comumente lesados são 
os rins, baço e coração. 
→ INFARTO VERMELHO: possui área de necrose edematosa 
e hemorrágica ocasionada por hipóxia letal local, em 
território com circulação preferencialmente do tipo 
dupla ou colateral (pulmão e fígado). Pode ser causada 
tanto por oclusão arterial como venosa. 
- Ex: qual o diagnóstico do órgão, diagnóstico da doença e lesão 
celular sofrida? 
 
 
 
 
Resposta: Rim, infarto renal branco e necrose coagulativa. 
TEMPO CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS 
0 a 6h Sem alterações visíveis mesmo à microscopia 
óptica. 
6h a 12h Área pálida pouco definida, podendo ter restos 
de sangue ou não (estrias hemorrágicas). 
12h a 24h Área pálida delimitada por halo hiperêmico 
(hemorrágico, cuneiforme, com base voltada 
para a cápsula do órgão e vértice para o vaso 
ocluído). 
24h a 48h Área cuneiforme ou em mapa geográfico (em 
órgãos com circulação dupla). 
2º ao 5º dia Área de halo branco acinzentado leucocitário 
(infiltrado inflamatório) interno ao hiperêmico, 
com deposição de fibrina na serosa capsular. 
5º dia em 
diante 
Início de reparo com proliferação centrípeta 
de fibroblastos e angiogênese para posterior 
cicatrização do local. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
 
- Área 1: região eosinofílica pela necrose, com observação de 
células fantasma. 
- Área 2: com o passar do tempo, a liberação de substâncias a 
partir da necrose, instiga a reação inflamatória, onde 
observamos a faixa de congestão junto com infiltrado 
inflamatório (coloração arroxeada). 
 
Túbulos renais com células anucleadas, indicando área fantasma. Os pontos 
superiores indicam os infiltrados inflamatórios. 
- Ex: qual o diagnóstico do órgão? Qual a lesão celular? 
 
Resposta: área tubular do rim e necrose do túbulo (identificada 
pela cariolise da célula). 
- Isquemia glomerular: glomérulos não sofrem necrose por 
serem predominantemente estruturas conjuntivas e, portanto, 
de metabolismo mais baixo. 
- Ex: diagnóstico? 
 
Resposta: no primeiro quadrado encontramos um quadro de 
isquemia tubular, mas sem ter iniciado ainda a necrose; no 
segundo quadrado encontramos o cilindro pigmentado 
(aglomerado proteico liberado pelas células no processo de 
necrose), muito utilizado para diagnosticar necrose tubular 
aguda. 
 
- Formação de cristais de oxalato de cálcio pela alteração da 
função do túbulo. 
- Ex: diagnóstico do órgão? Lesão celular? 
 
 
Resposta: adeno-hipófise (caracterizada pela presença de 
basófilos, acidófilos e cromófogos) e necrose coagulativa). 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
- Citoplasma eosinofílico, cariolise (núcleo apagado), 
cariorrexe (fragmentação de núcleo) e picnose (núcleo 
compactado). 
- Ex: qual o diagnóstico do órgão? Qual o diagnóstico 
anatomopatológico? Qual a lesão celular? 
 
 
Resposta: baço, infarto do baço por isquemia e necrose 
coagulativa. 
- Ex: qual o diagnóstico do órgão? Qual a lesão celular? 
 
Resposta: baço e duas necroses coagulativas. 
- Ex: qual o diagnóstico do órgão? Qual o diagnóstico 
anatomopatológico? 
 
 
Resposta: coração (miocárdio) e infarto do miocárdio. 
 
- Ex: qual o diagnóstico do órgão? Qual o diagnóstico 
anatomopatológico? Qual a lesão celular? 
 
 
À esquerda, lâmina normal de pulmão; à direita, célula pulmonar 
hemorrágica. 
Resposta: pulmão, infarto vermelho pulmonare necrose 
coagulativa. 
 NECROSE CASEOSA 
- Tipo de necrose coagulativa, frequentemente encontrada em 
focos de infecção por tuberculose, onde o termo caseoso é 
utilizado para designar sua aparência de queijo (ricota). 
- Tem como fisiologia a ação de degradação progressiva e 
irreversível por enzimas em tecidos lesionados. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
 
- Macroscopicamente, as áreas de caseificação apresentam-se 
como massas circunscritas, amarelas, secas e friáveis. 
 
- Microscopicamente, a lesão se mostra a partir de muitas 
células rompidas, com aparência granular amorfa constituída 
de proteínas e lipídeos, rósea, com aspecto granuloso e 
calcificação frequente. 
 
- Diferente da necrose coagulativa, a arquitetura do tecido é 
completamente destruída e os contornos celulares não podem 
ser distinguidos. 
- Normalmente, está dentro de uma borda de inflamação nítida, 
podendo ser chamado de granuloma. 
 
 GRANULOMA: reação inflamatória em que os macrófagos 
sofrem modificações estruturais e funcionais para 
aumentar a eficiência da fagocitose. 
- São constituídos através da segunda linha de defesa do 
hospedeiro pelos macrófagos contendo bacilos 
(principalmente causadores de tuberculose). 
- A partir do contato com o antígeno, há liberação de IL-2 
(interleucina 2) com estimulação dos linfócitos T, que 
liberam citocinas (IFN-gama), que então ativam os 
macrófagos capazes de matar os bacilos. 
- Com os macrófagos ativados, há liberação de citocinas 
(TNF-alfa) e quimiocinas que coagularão as proteínas e 
lipídeos formando os granulomas. 
- A IFM-gama ativadora transformam os macrófagos em 
células epitelioides, que se aglomeram e formam células 
gigantes multinucleadas, gerando os gigantócitos. 
 
- O principal constituinte dos granulomas é a célula epitelioide, 
sendo obrigatório. 
- Célula de Langhans: tipo celular encontrado em condições 
granulomatosas, formado pela fusão de célula epitelioides 
(macrófagos) e caracterizada pela presença de vários núcleos 
arranjados ao redor da periferia celular em forma de ferradura. 
 
- Ex: qual o diagnóstico do órgão? Qual a lesão celular? 
 
Resposta: pulmão, necrose caseosa. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
 
À direita, baço com tuberculose, à esquerda, indicação de caseum no baço. 
 
Tuberculose intestinal, onde observa-se necrose caseoso e granuloma 
incipiente. 
 GANGRENA 
- É um tipo de necrose coagulativa, não considerado um tipo 
específico de morte celular. 
- Conceito normalmente aplicado a um membro (perna, braço 
etc.) que perdeu seu suprimento sanguíneo e fez um processo 
de necrose de coagulação, com várias camadas de tecido 
envolvido. 
- Pode ser dividida em: 
 GANGRENA SECA: área necrótica perde água para o 
ambiente, ficando seca, retraída, com aspecto mumificado, 
de coloração negra (por alteração da hemoglobina). Não 
apresenta o fator de dor. 
- Geralmente está localizada em extremidades, como o 
nariz, orelha e membros. 
- Macroscopicamente, apresenta linha demarcatória 
entre área normal e o tecido necrosado. Sua cor pode 
variar de amarelo esverdeado ao pardo enegrecido em 
decorrência da decomposição da hemoglobina. 
- Pode ocorrer por isquemia causada por doenças 
obstrutivas dos vasos periféricos, congelamento, 
vasoconstrição, diabetes tipo I e II, gessos e bandagens 
muito apertadas. Também ocorre fisiologicamente no 
cordão umbilical. 
 
 
 GANGRENA ÚMIDA: tecido necrótico se contamina com 
bactérias saprófitas que digerem o tecido, amolecendo-
o. Há bolhas pretas e pus fétido abaixo da pele diluída 
na área. 
- Ocorre preferencialmente nos pulmões, intestino, 
glândula mamária e pele. 
- Tem causa a isquemia e liquefação. 
- Pode se espelhar muito mais rápido que a gangrena 
seca e pode levar a complicações potencialmente 
fatais. 
 
 
 
 GANGRENA GASOSA: ocorre quando há contaminação 
pelas bactérias pertencentes ao gênero Clostridium. 
Pode haver produção de gases. 
- Também conhecida como gangrena enfisematosa, 
gangrena crepitante ou gangrena bolhosa. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
- Há ação de bactérias anaeróbicas gasógenas sobre o 
tecido necrosado, com produção de gás (H2, CO2, NH3, 
SH2), ácido acético e ácido butírico (odor característico 
de manteiga rançosa). 
 
 
 ESTEATONECROSE 
- É um tipo de necrose coagulativa do tecido adiposo, 
caracterizada por áreas focais de destruição gordurosa, 
causada principalmente pela liberação de lipases pancreáticas 
no peritônio e cavidade abdominal após lesões traumáticas, 
isquêmicas ou químicas. 
- É bastante observada na pancreatite aguda, em que a ação de 
lipases libera ácidos graxos dos triglicérides, que reagem com 
íons Ca+2 dos líquidos intersticiais, formando sabões insolúveis 
de cálcio, que têm aspecto semelhante a cera de vela (reação 
de saponificação). 
- Ocorre no tecido peripancreático, tecido gorduroso da 
glândula mamária ou qualquer região que houver tecido 
gorduroso em grande quantidade sujeito a trauma intenso. 
- Macroscopicamente, a necrose pancreática exibe alguns 
“triângulos” onde se alojam as cera de vela. 
 
 
Necrose gordurosa no pâncreas. 
 
Necrose gordurosa em mesentério. 
- Ao exame histológico, os foco de necrose exibem contornos 
sombreados de adipócitos necróticos com depósito de cálcio 
basofílico circundados por reações inflamatórias. 
 
 NECROSE LIQUEFATIVA 
- Causada pela interrupção vascular, normalmente observada 
em infecções bacterianas focais ou fúngicas ou por ação de 
proteases de leucócitos. Exemplo: espinhas (acne). 
- Acontece pela presença de microorganismos, que leva a um 
acúmulo de células inflamatórias. Com isso, as enzimas 
hidrolíticas dos leucócitos digerem e liquefazem as células 
mortas, excretando líquido amarelado e viscoso (pus). 
- O líquido purulento se forma em virtude da 
desintegração e necrose do tecido original, 
microorganismos e leucócitos. 
- Zona de necrose adquire consistência mole, semifluida ou 
mesmo liquefeita. 
- SNC: núcleo compactado e citoplasma eosinofílico são os 
sinais de necrose. Micróglia é a célula responsável por defender 
o tecido, atuando quando tem algum estímulo, como por 
exemplo a presença de tecido necrótico, transformando-se em 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
macrófago, fagocita células mortas, virando a célula granulo-
adiposa (tecido rico em lípide) de núcleo excêntrico e 
citoplasma espumoso. 
 
 
- Ocorre em tecidos ricos em lipídeos e pobres em albuminas 
coaguláveis (SNC, suprarrenal e mucosa gástrica) e em 
abcessos (acúmulo localizado de pus num tecido, formando uma 
cavidade delimitada por uma membrana de tecido inflamatório). 
 
 
- As células necróticas são removidas rapidamente por 
fagocitose em toda a área. 
- Não se observa células fantasma, isso porque a 
célula morta é removida muito rapidamente. 
 
 
- Característica observada: proliferação de células 
endoteliais para tentar gerar uma neovascularização 
em resposta ao processo de isquemia. 
- Circulação sistêmica: não costuma haver parada completa, e 
sim uma redução acentuada da circulação, que não impede a 
chegada de células sanguíneas ao local da lesão. 
- Ex: qual o diagnóstico do órgão? Qual o diagnóstico 
anatomopatológico? Qual a lesão celular? 
 
Resposta:cérebro, infarto cerebral, necrose liquefativa. 
 
Resposta: área de infarto vermelho, causando necrose 
liquefativa com hemorragia. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
 
Resposta: célula granulo-adipócito permeando a área com 
hemorragia; coloração amarronzada por conta da produção de 
hemossiderina pela fagocitose das hemácias. 
- Ex: qual o diagnóstico do órgão? Qual o diagnóstico 
anatomopatológico? Qual a artéria lesada? 
 
Resposta: cérebro, infarto cerebral, necrose liquefativa pelo 
obliteração da artéria cerebral média. 
 
 
 
 
Estudo dirigido 
1. Cite duas principais diferenças entre necrose liquefativa e necrose coagulativa. 
2. Sabe-se que existam 4 vias celulares que podem ser interrompidas por agentes prejudiciais, gerando uma lesão celular 
irreversível. Cite-os. 
3. O que é transição de permeabilidade mitocondrial? Qual a sua relação com o processo de necrose? 
4. Caça-palavras: 
 
a) A digestão de um tecido morto por suas próprias enzimas é chamada de 
b) O evento da parada de funcionamento da célula como máquina organizada é denominada de 
c) O aparecimento das características morfológicas da necrose no tecido caracteriza a chamada 
d) O aumento do x intracelular ativas as x que atuam na destruição das membranas lisossomais, levando à liberação de x, 
uma família de proteases, de degradação normalmente ativas no interior do ambiente ácido do lisossomo, um evento 
potencialmente terminal na necrose que leva à lise celular. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
e) O extravasamento de conteúdos celulares para o ambiente tecidual dispara múltiplos sistemas de detecção de x, iniciando 
uma reação x com o intuito de eliminar as células mortas e iniciar o processo de reparo subsequente. 
f) O infarto x gera uma área de necrose do tipo x, sendo ocasionado por hipóxia letal local, em território com circulação 
terminal. 
g) O acúmulo localizado de pus num tecido, formando uma cavidade delimitada por uma membrana de tecido inflamatório é 
denominada de 
h) Quando o tecido necrótico se contamina com bactérias saprófitas, que diferem o tecido, amolecendo-o, pode-se dizer que 
clinicamente o paciente tem uma gangrena 
i) O aspecto de cera de vela observado macroscopicamente no pâncreas é consequência de uma 
j) A coloração nuclear pálida e fraca define a x. Por outro lado, a retração e adensamento do núcleo, com perda da 
individualidade dos grânulos de cromatina é chamada de 
k) A necrose gera um aumento da x citoplasmática. 
 
5. Paciente idoso do sexo masculino chega ao hospital com fortes dores no peito e braço esquerdo, sudorese excessiva, falta de 
ar, confusão mental e agitação. Recebe atendimento, mas vai a óbito em menos de 2h. Na autópsia, a análise microscópica 
observada corresponde à foto abaixo. Diante dessas informações, responda: 
 
 
a) Qual a provável causa da morte do paciente? 
b) O que a seta preta está indicando? 
c) Descreva os achados microscópicos possivelmente encontrados na área apontada pela seta preta. 
 
6. Homem de 50 anos, tabagista, realizou exames de imagem por tosse, com aumento de intensidade nos últimos 3 meses. 
Apresentava emagrecimento intenso, febre ao entardecer em alguns dias e sudorese noturna que o fazia acordar. A radiografia 
demonstrou opacidade infraclavicular e hilar direita (setas). Diante dessas informações, responda: 
 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
a) Qual o diagnóstico provável? 
b) Caso fosse realizada uma biópsia dos locais apontados pelas setas, indique os possíveis achados microscópicos e explique 
o mecanismo envolvido com o desenvolvimento dos achados microscópicos descritos acima. 
 
Apoptose 
 DEFINIÇÃO 
- É uma via de morte celular induzida por um programa de 
suicídio estritamente regulado, no qual as células destinadas a 
morrer ativam enzimas que degradam seu próprio DNA e 
proteínas nucleares e citoplasmáticas. 
- Morte celular não seguida de autólise (digestão do 
tecido morto por suas próprias enzimas), estimulada e 
programada por genes. 
- A membrana plasmática da célula apoptótica permanece 
intacta, mas é alterada de tal maneira que a célula e seus 
fragmentos se tornam alvos atraentes para os fagócitos. 
- Rapidamente as células mortas e seus fragmentos são 
removidos antes que seus conteúdos extravasem, por isso, a 
morte celular por essa via não induz reação inflamatória no 
hospedeiro. 
- Há presença de bolhas na membrana por destruição das 
proteínas de ancoragem do citoesqueleto (como ocorre na 
necrose), cariorrexe (condensação do núcleo) e formação de 
corpos apoptóticos por fragmentação, posteriormente 
fagocitados sem que haja um processo inflamatório. 
- IMPORTÂNICIA: remodelação de órgãos na embriogênese e na 
vida pós-natal, controle da proliferação e da diferenciação 
celular, controle do ciclo celular (falha no G1, por exemplo, 
controlado pelo gene P53). 
- Pode ocorrer por processos fisiológicos normais, como 
substituição de células afim de manter a integridade do tecido, 
embriogênese, falta de fatores de crescimento, ligação com 
linfócitos T com indução da morte por mecanismos de defesa 
contra antígenos; ou então por processos patológicos. 
 
 
 CAUSAS 
 PROCESSOS FISIOLÓGICOS: 
- Organogênese, na remodelação de órgãos (separação dos 
dedos). 
- Atrofia dos órgãos. 
- Involução de tecidos hormônio-dependentes sob privação 
(útero que descama e involui no ciclo menstrual). 
- Eliminação de células após dano, para manter o equilíbrio 
no número de células. 
- Mecanismo de defesa pelos leucócitos. 
- Eliminação em casos de mutação e divisões erradas (P53 
para evitar tumores). 
 
 PROCESSOS PATOLÓGICOS: ocorre sempre que há lesão 
ou dano celular. 
- Lesão ao DNA por radiação (estresse genotóxico), drogas 
citotóxicas anticâncer, radicais livres, vírus ou bactérias, 
erros de replicação etc. 
- Infecções. 
O que irá distinguir se, perante um estresse, a célula irá sofrer 
necrose ou apoptose é o fato de que apoptose é algo já 
programado geneticamente, ou seja, os estímulos patológicos 
são certamente de longo prazo. 
 
 ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS 
- Retração e condensação da cromatina nuclear. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
- Fragmentação do núcleo (cariorrexe) e da célula em si por 
enzimas apoptóticas. 
- Formação de projeções da membrana plasmática para formar 
os corpos apoptóticos. 
- Remoção das células apoptóticas por fagocitose pelos 
leucócitos (sem inflamação). 
- Microscopicamente, observa-se uma massa arredondada ou 
ovalada, fragmentos nucleares basófilos, intenso citoplasma 
eosinofílico e cromatina em grupos na periferia do núcleo. 
 
 
 MECANISMOS DA APOPTOSE 
INIBIDORES DA APOPTOSE INDUTORES DA APOPTOSE 
Genes BCL-2 e BCL-x Glicocorticoides 
Interleucinas Citocinas 
Fatores de crescimento Óxido nítrico 
Testosterona, estradiol, 
progesterona etc. 
Genes Bax, Bad e Bak. 
 
 VIA INTRÍNSECA OU MITOCONDRIAL 
- Principal via de apoptose intracelular, onde ocorre o aumento 
da permeabilidade da membrana da mitocôndria, e isso irá 
aumentar a entrada de íons cálcio. 
- As mitocôndrias são organelas notáveis por e=conterem 
proteínas como o citocromo C, essenciais para a vida. Mas 
algumas dessas proteínas, quando liberadas, iniciam o 
programa de suicídio da apoptose. 
- A liberaçãodessas proteínas é controlada por equilíbrio 
finamente orquestrado entre membros prós e anti-apoptóticos 
da família BCL de proteínas. 
- Fatores de crescimento e outros sinais de 
sobrevivência/supervivência estimulam a produção de 
proteínas anti-apoptóticas. 
- Residem normalmente no citoplasma e nas 
membranas mitocondriais, onde controlam a 
permeabilidade mitocondrial, que impede o 
extravasamento de proteínas mitocondriais que 
possuem capacidade de disparar a morte celular. 
- Quando as células são privadas de sinais de supervivência ou 
seu DNA é lesado, ou ainda quando proteínas anormalmente 
dobradas induzem ao estresse do retículo endoplasmático, os 
sensores de lesão ou estresse são ativados. 
- Esses sensores também são membros da família BCL e 
incluem as proteínas Bim, Bid e Bad, que contêm um único 
“domínio de homologia BCL-2” e são chamadas de proteínas 
BH3. 
- As proteínas BH3, por sua vez, ativam dois efetores críticos 
(pró-apoptose), Bax e Bak, que formam alogômeros que se 
inserem na membrana mitocondrial e criam canais permitindo 
que as proteínas intermembrana extravasem para o 
citoplasma. 
- O resultado da ativação da Bax e Bak, em conjunto com a perda 
das funções protetoras dos membros anti-apoptóticos da 
família BCL, é a liberação para o citoplasma de várias proteínas 
mitocondriais que podem ativar a cascata de caspases, e uma 
delas é o citocromo C. 
- Uma vez liberada no citosol, o citocromo C liga-se a uma 
proteínas Apaf-1, que forma um hexâmero semelhante a uma 
roda, chamada de apoptossomo, capaz de se ligar à caspase-9. 
- Essa ligação com a caspase-9 é um desencadeante crítico da 
via mitocondrial, e enzimas clivam moléculas adjacentes à 
caspase-9 e iniciam o processo de autoamplificação. 
- Outras proteínas entram no citoplasma, onde se ligam e 
neutralizam as proteínas citoplasmáticas que funcionam como 
inibidores fisiológicos da apoptose (IAPs). 
- As IAPs têm como função normal bloquear a ativação 
das caspases, incluindo executoras, como a caspase-
3, e manter as células vivas. 
- Portanto, a neutralização das IAPs permite o início da 
cascata de caspases. 
 
 VIA EXTRÍNSECA OU INICIADA POR RECEPTOR 
- Iniciada pelo envolvimento dos receptores de morte da 
membrana plasmática em uma variedade de células. 
- Receptores de morte são membros da família do receptor TNF, 
que contêm um domínio citoplasmático envolvido nas 
interações proteína-proteína, chamado de domínio de morte, 
pois ele é essencial para a entrega de sinais apoptóticos. 
 - São também conhecidos como TNFR-1 ou Fas. 
- O ligante para Fas é p Fas-L, expressado nas células 
T, que reconhecem antígenos próprios e alguns 
linfócitos T citotóxicos. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
- Quando o Fas-L se liga ao Fas, três ou mais moléculas de Fas 
se reúnem e seus domínios de morte citoplasmáticos formam 
um sítio de ligação para uma proteína adaptadora. 
- Essa proteína também contém um domínio de morte, 
denominada FADD. 
- A FADD, que é aderida aos receptores de morte, se ligam a uma 
forma inativa de caspase-8 ao invés de um domínio de morte. 
- Múltiplas moléculas de pró-caspase-8 são trazidas para a 
proximidade e se clivam entre si para gerar a caspase-8. 
- A enzima, então, inicia a cascata de ativação da caspase, 
ativando outras pró-caspase, mediando a fase de execução da 
apoptose. 
- Essa via de apoptose pode ser iniciada por uma proteína 
chamada FLIP, que se liga à pró-caspase-8, mas não pode clivar 
e ativar a caspase, pois é desprovida de domínio de protease. 
- Alguns vírus e células normais produzem FLIP e usam 
este inibidor para se protegerem da apoptose. 
 
 
 
 
 FASE DE EXECUÇÃO 
- As duas vias de iniciação convergem para uma cascata de 
ativação de caspases que modulam a fase final da apoptose. 
- Depois que uma caspase desencadeante é clivada para gerar 
sua forma ativa, o programa enzimático de morte é posto em 
movimento por ativação rápida e sequencial das caspases 
executoras. 
- As caspases executoras atuam em muitos componentes 
celulares, degradando também os componentes estruturais da 
matriz nuclear, promovendo a fragmentação do núcleo. 
- Algumas etapas desse processo não estão bem definidas. 
 
 REMOÇÃO DAS CÉLULAS MORTAS 
- A formação de corpos apoptóticos quebra as células em 
pequenos fragmentos que são degradados pelos fagócitos. 
- As células apoptóticas e seus fragmentos sofrem várias 
alterações em suas membranas que promovem ativamente sua 
fagocitose de tal modo, que são removidos antes de sofrer 
necrose e liberar seus conteúdos. 
- Em células saudáveis, a fosfatidilserina está presente no 
folheto interno da membrana plasmática, mas nas células 
apoptóticas este fosfolipídeo move-se para fora e é expresso na 
camada externa da membrana, onde é reconhecido por vários 
receptores dos macrófagos. 
- As células que estão morrendo por apoptose, secretam fatores 
solúveis que recrutam fagócitos. 
 Ana Clara Bocato - Medicina T XV 
 
- Alguns corpos apoptóticos expressam a trombospondia, 
(glicoproteína adesiva que é reconhecida pelos fagócitos), 
também podem der revestidos por anticorpos naturais e 
proteínas do sistema complemento, que são reconhecidos pelos 
fagócitos. 
- Os próprios macrófagos podem produzir proteínas que se 
ligam às células apoptóticas e direcionam, assim, as células 
mortas para o engolfamento. 
- Esses processos de fagocitose das células apoptóticas é tão 
eficiente que as células mortas desaparecem dentro de 
minutos, sem deixar traços, e a inflamação é ausente mesma 
em face da extensa apoptose. 
 
 PATOLOGIAS 
APOPTOSE EXCESSIVA 
- Alzheimer ou doenças neurodegenerativas: altos níveis de P53 
(gene supressor de tumor), levando a morte neuronal precoce.] 
- AIDS: indução de apoptose em células sadias do sistema 
imune, pois as células invadidas por vírus deixam de fabricar 
suas proteínas para fabricar a dos invasores. 
- Lesões isquêmicas e doenças do fígado (hepatites). 
 APOPTOSE INSUFICIENTE 
- Cânceres, doenças autoimunes e infecções virais. 
 
 
 
Estudo dirigido 
1. Conceituar a apoptose, enumerando suas características. 
2. Quais as condições fisiológicas da apoptose? 
3. Quais as condições patológicas da apoptose? 
4. Quais são as vias da apoptose? 
5. Analisar os papeis da família BCL-2, das caspases e do citocromo C na apoptose, considerando os eventos patogenéticos 
envolvidos nesse processo. 
6. Descreva o papel das proteínas pró-apoptóticas e das caspases na apoptose. 
7. Qual o papel dos fatores de sobrevivência? Quais são? 
8. Qual o papel da IAP na apoptose? 
9. Relacione a proteína SMAC/DIABLO e IAP na apoptose. 
10. Como funciona a apoptose na via mitocondrial? 
11. Como funciona a apoptose na via extrínseca? 
12. Qual o papel da P53 como guardião do genoma? 
13. Estabeleça as diferenças celulares, morfológicas e mecanismos entre a necrose e apoptose.

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